Autor Tópico: Os estragos do chavismo na Venezuela  (Lida 123349 vezes)

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Offline JJ

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2675 Online: 08 de Fevereiro de 2019, 10:34:33 »
Oferecer salvo conduto para o Maduro (e que ele possa levar também uma boa grana $$  para se aposentar num exílio) também me parece uma boa ideia. 


Só depois se ele não aceitar é que se deveria pensar em medidas de força bruta.


 :ar15:
« Última modificação: 08 de Fevereiro de 2019, 11:00:06 por JJ »

Offline Gorducho

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2676 Online: 08 de Fevereiro de 2019, 10:36:09 »
O Brasil se tiver alguma pretensão de deixar de ser irrelevante, tem que se coçar e assumir responsabilidades na sua esfera teórica de influencia.
Causa tem bem concreta: os problemas que estão sendo causados nas áreas fronteiriças pelo chavismo.

Offline JJ

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2677 Online: 08 de Fevereiro de 2019, 11:06:25 »
O Brasil se tiver alguma pretensão de deixar de ser irrelevante, tem que se coçar e assumir responsabilidades na sua esfera teórica de influencia.
Causa tem bem concreta: os problemas que estão sendo causados nas áreas fronteiriças pelo chavismo.


Concordo. A Constituição Federal atual impede intervenção militar direta, mas pelo menos algum tipo de apoio  (para os americanos e para a oposição interna) acho que é possível e que deveria ser feito.  Caso contrário o Brasil perderá uma boa oportunidade de mostrar que tem um mínimo de relevância geopolítica na América do Sul,  e o novo governo, ao meu ver, mostraria que não passa de um "anticomunista" bravateiro.


 
« Última modificação: 08 de Fevereiro de 2019, 11:23:37 por JJ »

Offline Cinzu

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2678 Online: 08 de Fevereiro de 2019, 12:09:22 »
Utilidade pública: 10 falácias sobre a situação da Venezuela

Citar
1 - Os americanos querem derrubar o regime chavista por anos

O golpe de 2002 contra Chávez entrou em colapso por falta de apoio americano. Os americanos têm sido o principal cliente [1] da única exportação significativa da Venezuela, o petróleo, pagando ao regime chavista mais de US $ 1 bilhão por mês em dinheiro vivo. Foi apenas na semana passada que as sanções foram aplicadas à indústria do petróleo como um todo.

2 - Os problemas da Venezuela estão ligados às sanções ocidentais

É ridículo sugerir [2] que essas restrições menores tinham algo a ver com uma crise econômica que estava bem encaminhada uma década antes. As primeiras sanções em 2015 visaram apenas funcionários do regime corrupto. Em 2017, algumas pequenas sanções foram introduzidas, impedindo os americanos de comprarem dívidas das companhias petrolíferas, o que quase ninguém queria comprar, de qualquer forma. Até então, a capacidade de endividamento do país há muito havia se esgotado. A política interna, e não a intervenção estrangeira, levou a esta crise.

3 - O colapso da economia foi causado por especuladores e rentistas

Quando as empresas não podem operar porque os controles de preços [3] as tornaram antieconômicas e os investidores temem a nacionalização sem compensação, uma economia entrará em colapso muito rapidamente. A escassez tem ocorrido desde 2005. O absurdo imaginário sobre o acúmulo de itens não é mais do que propaganda do regime destinada a desviar a atenção do fracasso da política.

4 - Chávez e Maduro estão do lado dos pobres

A taxa de pobreza é agora de 93%. Os principais chavistas, por outro lado, são agora extraordinariamente ricos. A própria ministra das Finanças de Chávez admitiu ter roubado 1 bilhão de dólares [4]. A família de Chávez agora possui 17 propriedades rurais abrangendo mais de 100.000 acres e possui ativos líquidos de 550 milhões de dólares. Isso sem contar sua filha Maria, cujo patrimônio líquido é de mais de 4,2 bilhões de dólares.

5 - Corrupção acontece em todos os países

Na Venezuela, a corrupção foi elevada a uma forma de arte, com um sistema fraudulento de troca de moeda [5] que permite ao regime doar milhões de dólares a seus amigos. As empresas estatais são criadas para criar oportunidades de corrupção para seus gerentes chavistas através de contratos fraudulentos e o controle de preços, que leva a venda de mercadorias ao mercado negro [6].

6 - A queda dos preços do petróleo no final de 2014 causou problemas econômicos na Venezuela

Outros grandes países exportadores de petróleo não foram forçados a enfrentar dificuldades semelhantes como resultado de uma queda nos preços. Os altos preços do petróleo antes de 2014 apenas ajudaram a disfarçar o caminho desastroso que o país estava tomando. A Venezuela usara os altos preços para tomar emprestados enormes quantias, que depois foram "esticadas" para pagar. Também distribuía mais de 200.000 barris de petróleo por dia - metade dos quais ia para Cuba. O regime havia destruído o resto da economia produtiva, por isso sua dependência do petróleo aumentou tanto. O principal problema de seu setor de petróleo não é tanto os preços - que naturalmente sobem e baixam -, mas a redução da capacidade por má administração. A Venezuela agora produz apenas um terço do petróleo de antes, tanto quanto o fez quando Chávez chegou ao poder, o mesmo nível da década de 1940.

7 - O governo de Maduro sobreviveu porque as pessoas estão preparadas para defendê-lo - com suas vidas se necessário

O regime, suas forças de segurança e milícias contratadas têm aterrorizado o povo. Isso é particularmente verdadeiro nas favelas mais pobres, onde a "Operação para Libertar o Povo" reivindicou cerca de 10 mil vidas. A Organização dos Estados Americanos encaminhou o governo venezuelano ao Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade, citando 8.000 assassinatos extrajudiciais, 12.000 detenções arbitrárias e a detenção de 13.000 presos políticos. É duvidoso que muitas das forças do regime estejam preparadas para arriscar suas vidas defendendo-o. Afinal de contas, os principais militares do regime correram quando um drone com defeito apareceu acima de um desfile militar. Eles estão nisso por dinheiro, não por suas vidas.

8 - Maduro não foi democraticamente eleito?

Não, ele não foi. A eleição em si foi convocada por um corpo ilegítimo, a “Assembléia Nacional Constituinte” (criada por Maduro para suplantar a legítima Assembléia Nacional) que impedia a participação de muitos partidos políticos da oposição [7] . Muitos candidatos populares da oposição foram presos pelo governo, impedidos de participar da eleição ou forçados ao exílio. A comunidade internacional e a Assembleia Nacional rejeitaram os resultados e apelaram a eleições livres e justas.

9 - O Presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, acaba de se nomear Presidente. Isso é um golpe?

A constituição venezuelana prevê que o presidente da Assembléia Nacional se torne presidente interino quando não houver um presidente indicado de acordo com a constituição. É tarefa do presidente interino organizar eleições livres e justas para escolher um novo presidente. Juan Guaido está apenas seguindo os requisitos constitucionais.

10 - Se a oposição tomar o poder, isso significaria o fim dos programas sociais que forneceram saúde e educação gratuitas, sem mencionar a erradicação da desnutrição.

Quais programas sociais? O sistema de saúde desmoronou [8] e poucas crianças vão à escola [9] . Quanto à desnutrição, 7 milhões de pessoas sofrem de desnutrição, as crianças estão morrendo e a taxa de fome triplicou desde 2010 [10]. A oposição prometeu introduzir políticas econômicas racionais para que os gastos sociais possam ser retomados.


Referências:

[1] https://www.adamsmith.org/blog/how-the-usa-keeps-the-venezuelan-regime-afloat
[2] https://www.adamsmith.org/blog/venezuela-campaign-sanctions
[3] https://www.adamsmith.org/blog/venezuela-campaign-the-seized-means-of-production
[4] https://www.adamsmith.org/blog/venezuela-campaign-chavismo-paid-big-time?fbclid=IwAR0tcgWh129iPedHcP9JLZIEkNEvg3pTXX6uHKDR2F9pZjIUv9MVDyoOqLI
[5] https://www.adamsmith.org/blog/venezuela-campaign-the-amazing-corruption-machine?fbclid=IwAR0DnAQv3CSQjb0PjKDg-kDnZR7JJ7Ne20CzyuLAWyJoHRWWCwlVZWGwEFM
[6] https://www.adamsmith.org/blog/venezuela-campaign-building-crisis-cements-maduros-failed-legacy
[7] Essa entrevista com o Guaidó explica um pouco disso: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-47039958
[8] https://www.adamsmith.org/blog/venezuela-campaign-a-state-of-ill-health?fbclid=IwAR3z_G1u14hAL54EGoWR4I00PN3wt7tedgBc8m82_YLMKtOJfwoNS5PTkjg
[9] https://www.adamsmith.org/blog/the-schools-crisis-venezuela
[10] https://www.miamiherald.com/latest-news/article221526775.html
"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar"

Offline JJ

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2679 Online: 08 de Fevereiro de 2019, 13:19:52 »


O Fenómeno Chavista e o socialismo do século XXI



Porquê falar nisto


A nossa quarta conclusão é a de que a política concreta, aquela que afecta a vida de milhões e milhões de cidadãos, é refém dos interesses do capital financeiro. Os governos, mesmo os de correntes moderadas, têm revelado a sua incapacidade para romper com esta realidade. Compete a quantos têm clara consciência disto lançarem, nos seus países e solidariamente, as bases de uma nova política que relance a esperança num mundo melhor.
1

A missão traçada pelo povo venezuelano e o governo revolucionário que lidera o presidente Hugo Chávez não se conclui com as transformações institucionais e a implementação faseada de um modelo de desenvolvimento alternativo. Trata-se de consolidar a revolução política, social, económica e cultural, para assim acabar com o modelo do capitalismo selvagem e favorecer a criação colectiva de uma sociedade verdadeiramente democrática, solidária, sustentável e soberana, centrada nos valores nacionais e da América Latina, os ideias bolivarianos, a justiça social e os direitos humanos efectivos.

É por isso que avança a transformação das relações de poder e a autodeterminação cultural, política e económica do nosso povo em transição intuitiva ao novo socialismo do século XXI 2

Sorrateiramente... Sem ter sido convidado... De início quase ignorado, quer pelo estado-maior do império, ou nos debates do movimento alterglobalista, “el processo”, o processo revolucionário bolivariano de há uns tempos para cá parece que entrou definitivamente nos cálculos de todos quantos desejam travar o pesadelo neo-liberal e reconstruir um caminho alternativo, socialista, para o mundo. De facto, relendo a passagem acima transcrita do documento fundador do bloco, que outro fenómeno tem de então para cá, lançado mais bases de esperança numa nova política que rompa o ciclo a que temos estado sujeitos???


A quase 20 anos de distância da queda do muro, no início de uma nova era em que se anuncia a destruição do estado social, em que se relegitima a tortura como método de investigação policial e a lei do mais forte impera sem máscaras na política internacional a reconstrução de alternativas ideológicas, sociais e políticas ao sistema dominante é mais do que necessária, determinante para vencer a barbárie, o irracional, que cada vez mais invade todos as áreas da sociedade.


Mais, passado o banho maria dos anos 90 em que mais uma vez o fim da história foi decretado, eis que ela regressa na alvorada deste século já com algumas coisas para contar, da blitz krieg rumsfeldiana engolida nas areias do deserto da babilónia e repelida pelas montanhas da fenícia, ao redespertar rubro da
américa latina. À redescoberta que mesmo aqui ao pé, logo depois dos pirinéus, o povo organizado é capaz de derrotar propostas de destruição do trabalho com direitos e de dizer não, por mais bem empacotada, explicada, defendida por sábios e todos os partidos da situação, a esta Europa que nos querem impor neo-liberal.


Isto para não falar de outros exemplos um pouco menos empolgantes, Lula(PT) lá e Bertinoti(RC) cá, ambos com um bom pedigree de esquerda, apoio de fortes movimentos sociais, mas políticas um tanto ou quanto insatisfatórias para o volume de expectativas que foram gerando antes de se porem ao leme do aparelho de estado (sendo verdade que estes partidos devem ser julgados não apenas pelo desempenho no destino mas também pelo que fizeram ao longo do caminho)... O chamado movimento anti globalização teve o seu apogeu em Génova3 e os Fóruns, que são isso mesmo, fóruns, o que não é nada pouco, mas por
si só não produzem política e movimento capaz de alterar a relação de forças.


I think it will be useful if the Global Justice movement—and there are many different strands in it—
came and saw what’s going on here. What’s the problem? Go into the shantytowns, see what the lives of
the people are, see what their lives were before this regime came into power. And don’t go on the basis of
stereotypes. You cannot change the world without taking power, that is the example of Venezuela. Chávez
is improving the lives of ordinary people, and that’s why it’s difficult to topple him—otherwise he would
be toppled. So it’s something that people in the Global Justice movement have to understand, this is
serious politics. It’s pointless just chanting slogans, because for the ordinary people on whose behalf you
claim to be fighting getting an education, free medicine, cheap food is much much more important than
all the slogans put together.
4


Alterar a relação de forças, alargar os limites do possível, eis os pontos centrais na estratégia política dos que, como nós, se confrontam com poderes vastamente superiores e hostis. A experiência Venezuelana é um exemplo de como isso é exequível. De como é possível, nomeadamente: eliminar a
iliteracia; universalizar os cuidados de saúde prestados; fazer frente ao império, às suas guerras de domínio pelo médio oriente ou à tentativa de dominação económica da américa latina através da ALCA.

E “não só resistir” mas contrapor, dar saída, dar alternativa: contra a ALCA, a ALBA; contra a miséria e continuísmo as Missões e uma Quinta República.
A Revolução Bolivariana não apenas anuncia, concretiza. Para além disso, determinante na avaliação que faço do governo venezuelano, da direcção política da Revolução Bolívariana, é a sua preocupação contínua e vincada com o empowerment da população, acima de tudo daquela que sempre foi excluída do
processo de tomada de decisões públicas, da preocupação em fomentar a democracia participativa/directa para além do jogo parlamentar e de criar órgãos de poder popular. Neste virar do século o governo Venezuelano, o fenómeno Chavista foi o que deu origem ao mais consequente, palpável e com provas
dadas 5  desafio à ordem Imperial/Neo-liberal.




[...]




https://www.esquerda.net/media/soc_venezuela_textomaior.pdf


Offline Geotecton

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2680 Online: 08 de Fevereiro de 2019, 13:23:05 »
O descrito na postagem anterior não ocorreu no Brasil, durante o petismo, porque a base econômica brasileira é muito mais forte e diversificada e por causa da maior solidez da sociedade e das instituições.

Mesmo assim o petismo fez um aparelhamento estatal como jamais havia ocorrido na república pós-ditadura.
« Última modificação: 08 de Fevereiro de 2019, 15:46:54 por Geotecton »
Foto USGS

Offline JJ

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2681 Online: 08 de Fevereiro de 2019, 13:23:40 »
O Socialismo do Século XXI





O que de mais relevante está a acontecer a nível mundial, acontece à margem das teorias dominantes e, até, em contradição com elas. Há vinte anos, o pensamento político conservador declarou o fim da história, a chegada da paz perpétua dominada pelo desenvolvimento “normal” do capitalismo – em liberdade e para benefício de todos – finalmente liberto da concorrência do socialismo, lançado este irremediavelmente no lixo da história.


À revelia de todas estas previsões, houve, neste período, mais guerra que paz, as desigualdades sociais agravaram-se, a fome, as pandemias e a violência intensificaram-se, a China “desenvolveu-se” sem liberdade e mediante violações massivas dos direitos humanos e, finalmente, o socialismo voltou à agenda política de alguns países. Concentro-me neste último porque ele constitui um desafio tanto ao pensamento político conservador, como ao pensamento político progressista.


A ausência de alternativa ao capitalismo foi tão interiorizada por um como por outro. Daí que, no campo progressista, tenham dominado “terceiras vias”, buscando encontrar no capitalismo a solução dos problemas que o socialismo não soubera resolver.


Em 2005, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, colocou na agenda política o objectivo de construir o “socialismo do século XXI”. Desde então, dois outros governantes – tal como Chávez, democraticamente eleitos –, Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador), tomaram a mesma opção. Qual o significado deste aparente desmentido do fim da história? Qual o perfil da alternativa proposta ao capitalismo? Que potencialidades e riscos ela contém?


O socialismo reemerge porque o capitalismo neoliberal, não só não cumpriu as suas promessas, como tentou disfarçar esse facto com arrogância militar e cultural; porque a sua voracidade de recursos naturais o envolveu em guerras injustas e acabou por dar poder a alguns países que os detêm; porque Cuba – qualquer que seja a opinião a respeito do seu regime – continua a ser um exemplo de solidariedade internacional e de dignidade na resistência contra a superpotência; porque, desde 2001, o Fórum Social Mundial tem vindo a apontar para futuros pós-capitalistas, ainda que sem os definir; porque nesse processo ganharam força e visibilidade movimentos sociais, cujas lutas pela terra, pela água, pela soberania alimentar, pelo fim da dívida externa e das discriminações raciais e sexuais, pela identidade cultural e por uma sociedade justa e ecologicamente equilibrada parecem estar votadas ao fracasso no marco do capitalismo neoliberal.


O socialismo do séc. XXI, como o próprio nome indica, define-se, por enquanto, melhor pelo que não é do que pelo que é: não quer ser igual ao socialismo do séc. XX, cujos erros e fracassos não quer repetir. Não basta, porém, afirmar tal intenção. É preciso realizar um debate profundo sobre os erros e fracassos para que seja credível a vontade de evitá-los. Quando, em dezembro passado, o presidente Chávez anunciou o propósito de criar um partido socialista unificado a partir de diferentes partidos que apoiam o governo, o temor que tal gerou de, com isso, estar a propor um regime de partido único de tipo soviético, é bem demonstrativo de como estão vivas as memórias do passado recente.


Se tal desidentificação em relação ao socialismo do séc. XX for levada a cabo de maneira consequente, alguns dos seguintes traços da alternativa deverão emergir: um regime pacífico e democrático assente na complementaridade entre a democracia representativa e a democracia participativa; legitimidade da diversidade de opiniões, não havendo lugar para a figura sinistra do “inimigo do povo”; modo de produção menos assente na propriedade estatal dos meios de produção do que na associação de produtores; regime misto de propriedade onde coexistem a propriedade privada, estatal e colectiva (cooperativa); concorrência por um período prolongado entre a economia do egoísmo e a economia do altruísmo, digamos, entre Windows Microsoft e Linux; sistema que saiba competir com o capitalismo na geração de riqueza e lhe seja superior no respeito pela natureza e na justiça distributiva; nova forma de Estado experimental, mais descentralizada e transparente, de modo a facilitar o controle público do Estado e a criação de espaços públicos não estatais; reconhecimento da interculturalidade e da plurinacionalidade (onde for caso disso); luta permanente contra a corrupção e os privilégios decorrentes da burocracia ou da lealdade partidária; promoção da educação, dos conhecimentos (científicos e outros) e do fim das discriminações sexuais, raciais e religiosas como prioridades governativas.


Será tal alternativa possível? A questão está em aberto. Nas condições do tempo presente, parece mais difícil que nunca implantar o socialismo num só país, mas, por outro lado, não se imagina que o mesmo modelo se aplique em diferentes países. Não haverá, pois, socialismo e sim socialismos do séc. XXI. Terão em comum reconhecerem-se na definição de socialismo como democracia sem fim.



Boaventura de Sousa Santos  24/05/2007 00:00



https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/O-Socialismo-do-Seculo-XXI/4/13428
« Última modificação: 08 de Fevereiro de 2019, 13:33:10 por JJ »

Offline Sergiomgbr

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2682 Online: 08 de Fevereiro de 2019, 13:46:43 »
Cada vez mais ler fontes esquerdalóides me aborrece. Meus olhos passam por sobre as letras, palavras e frases como se fosse uma obrigação chegar logo no ponto final, e mudando constantemente o ritmo como se fosse leitura dinâmica. Meu cérebro começa a pensar o barulho do caminhão de gás, que buzina de longe, no miado do gato do vizinho, no som da geladeira, na  ideia de ir buscar pão na padaria, como que querendo se omitir de registrar o que está escrito ali, absolutamente desimportante e enfadonho de ler, as vezes até repugnante.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Sergiomgbr

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2683 Online: 08 de Fevereiro de 2019, 13:54:15 »
Esses artigos que o JJ posta já vou logo na fonte pra ver se não vou ler besteira inútil. Absolutamente tudo que tem viés esquerdista é pateticamente inútil. Acho que esse fenômeno de aversão a esquerdopatia se ainda não foi, deveria ser estudado.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline -Huxley-

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2684 Online: 08 de Fevereiro de 2019, 22:35:28 »
É possível que o cacarejo inútil se mantenha por um bom tempo. Uma guerra com a Venezuela teria uma dimensão mais similar a guerra do Iraque do que a guerra do Panamá, o que seria capaz de inflar significativamente o já problemático déficit orçamentário público americano.



Mas seria necessária uma guerra direta ?


Ao meu ver um caminho mais adequado é o fornecimento de dinheiro*, e se necessário também armas e treinamento para a oposição interna, e talvez em último caso o uso de comandos e/ou drones.


* E o bloqueio de contas e fundos externos para o Maduro juntamente com a disponibilização deles para o Guaidó já é um bom passo nessa direção.


* Também seria interessante disponibilizar alguns milhões de dólares para comprar comandantes militares (malas com muitos dólares verdinhos podem ter mais efeito benéfico e eficaz  do que fuzis e metralhadoras).

$$$$$$$$$$$$$$




Difícil saber se os militares venezuelanos acreditarão na anistia prometida por Guaidó e cooperarão, pois a constituição venezuelana proíbe anistia de crimes de lesa-humanidade. Armar a suposta oposição é um tiro no escuro.

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2685 Online: 09 de Fevereiro de 2019, 00:04:33 »
Oferecer salvo conduto para o Maduro (e que ele possa levar também uma boa grana $$  para se aposentar num exílio) também me parece uma boa ideia. 


Só depois se ele não aceitar é que se deveria pensar em medidas de força bruta.


 :ar15:

O cara está metido com o narcotráfico, não pode aceitar nem que queira.


Offline JJ

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2686 Online: 09 de Fevereiro de 2019, 04:36:34 »
Cada vez mais ler fontes esquerdalóides me aborrece. Meus olhos passam por sobre as letras, palavras e frases como se fosse uma obrigação chegar logo no ponto final, e mudando constantemente o ritmo como se fosse leitura dinâmica. Meu cérebro começa a pensar o barulho do caminhão de gás, que buzina de longe, no miado do gato do vizinho, no som da geladeira, na  ideia de ir buscar pão na padaria, como que querendo se omitir de registrar o que está escrito ali, absolutamente desimportante e enfadonho de ler, as vezes até repugnante.


Ler um texto que possa conter algumas ideias que contrariem a posição política do leitor, mesmo que razoavelmente bem escrito,  pode trazer algum desprazer, e tentar apontar, com precisão, os possíveis erros, é algo trabalhoso e que demanda tempo e conhecimento bem embasado. Talvez a pessoa até tenha feito isso anteriormente, mas agora ela não se sente estimulada o suficiente para fazer isso de novo, ou talvez ela nunca tenha feito, por nunca ter tido a capacidade para tal. Então, há uma série de fatores que podem fazer com que simplesmente uma pessoa desista de ler um texto com posições políticas que não sejam as dela.

Isso vale tanto para o leitor direitista que se depara com fontes que julga "esquerdalóides”, como para o o leitor esquerdista  que se depara com fontes que julga "direitalóides”.  E quanto mais for o direitismo ou o esquerdismo do leitor  combinado com quanto mais o leitor julgar a fonte como "esquerdalóide" ou "direitalóide", provavelmente mais haverá a tendência do  leitor ignorar o texto.  Ou seja quanto mais extremista for o leitor.

« Última modificação: 09 de Fevereiro de 2019, 05:19:28 por JJ »

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2687 Online: 10 de Fevereiro de 2019, 05:16:30 »
Mais um general se declara contrário ao Maduro.

Offline JJ

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2688 Online: 10 de Fevereiro de 2019, 22:45:44 »
Crise na Venezuela: como Maduro conseguiu manter lealdade dos militares

Roberto Lameirinhas


De São Paulo para a BBC News Brasil
8 fevereiro 2019


Maduro passou as últimas semanas participando de cerimônias em unidades militares e fazendo chamados à 'lealdade bolivariana'

Juan Guaidó, autoproclamado presidente venezuelano, já é o político mais bem-sucedido no esforço de desgastar o chavismo. A estratégia de oferecer anistia a militares que aderirem a ele tem sido a chave desse sucesso.

Com a oferta e o crescente apoio externo a seu movimento, Guaidó assistiu a alguns episódios esporádicos de dissidência nos quartéis, mas ainda insuficientes para retirar definitivamente o suporte das Forças Armadas que mantém Nicolás Maduro no poder – apesar do país estar quase falido.

"Para os militares, a situação do terreno permanece obscura", explica um diplomata latino-americano familiarizado com o processo político venezuelano.

‘Parte da esquerda não aprende as lições da história’, diz Mujica sobre crise na Venezuela

Qual é o papel dos militares na Venezuela em crise

Clique para assinar o canal da BBC News Brasil no YouTube


"Há um temor de que o relativo descontentamento de soldados, cabos e sargentos com a situação política e econômica do país contamine oficiais de patente intermediária e leve a um confronto mais extenso. Por outro lado, os comandantes militares e da Guarda Nacional Bolivariana que construíram carreiras e enriqueceram com o chavismo desconfiam da capacidade de Guaidó de cumprir com os compromissos de anistia."


Até agora, o mais graúdo militar a declarar apoio a Gaudió foi o general da Força Aérea Francisco Esteban Yánez Rodriguez. "Me dirijo a vocês para informá-los que não reconheço a autoridade ditatorial e autoritária de Nicolás Maduro e reconheço o deputado Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela", diz ele em um vídeo divulgado nas redes sociais.



[...]


Vejam no link:


https://www.bbc.com/portuguese/internacional-47161281
« Última modificação: 10 de Fevereiro de 2019, 22:52:22 por JJ »

Offline JJ

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2689 Online: 10 de Fevereiro de 2019, 22:51:11 »


Basicamente o Chavez e depois o Maduro compraram a lealdade dos comandantes militares. 

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2690 Online: 10 de Fevereiro de 2019, 22:57:27 »
Lealdade comprada acaba junto com o dinheiro.

Offline JJ

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2691 Online: 10 de Fevereiro de 2019, 23:16:20 »
Lealdade comprada acaba junto com o dinheiro.


Só que o dinheiro não acabou para a  minoria  comprada (os líderes, os que mandam),  ele acabou para o povão. Mas, os líderes comprados estão bem. 

« Última modificação: 10 de Fevereiro de 2019, 23:18:43 por JJ »

Offline JJ

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2692 Online: 10 de Fevereiro de 2019, 23:21:15 »


Numa ditadura não é necessário que a maioria esteja bem, basta que uma minoria suficientemente poderosa (nos devidos postos de comando) esteja.



Offline JJ

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2693 Online: 10 de Fevereiro de 2019, 23:22:49 »


Ditaduras podem perdurar mesmo que a maioria do povo esteja na miséria.




Offline Gigaview

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2694 Online: 11 de Fevereiro de 2019, 23:27:19 »
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline -Huxley-

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2695 Online: 11 de Fevereiro de 2019, 23:45:04 »

Offline JJ

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2696 Online: 12 de Fevereiro de 2019, 09:09:05 »

Juan Guaidó arma que primeira carga de ajuda já foi entregue na Venezuela


Principal rota usada pelos caminhões com a ajuda humanitária está bloqueada por defensores de Nicolás Maduro


[...]


O regime de Nicolás Maduro rejeita o carregamento e bloqueou uma ponte na fronteira com a Colômbia para impedir a chegada dos alimentos e remédios (leia
mais no m da reportagem). Guaidó não informou como a ajuda chegou aos venezuelanos.


"Cumprindo com as nossas competências, hoje entregamos a primeira carga de insumos da ajuda humanitária à Associação de Centros de Saúde com 85 mil
suplementos que se traduzem em 1.700.000 rações nutricionais para crianças e 4.500 suplementos para grávidas", escreveu Guaidó na sua conta do Twitter.


[...]


https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/02/11/juan-guaido-afirma-que-primeira-carga-de-ajuda-ja-foi-entregue-na-venezuela.ghtml



Offline JJ

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2697 Online: 12 de Fevereiro de 2019, 09:25:10 »
Estou considerando os Estados Unidos um tanto quanto frouxos,  os caras tem uma gigantesca máquina de guerra, porque não colocam logo em prática a doutrina Monroe ?


O Trump é o cara do politicamente incorreto só na conversa ?  É só conversa fiada ?


Até na América do Sul  a China e a Rússia  podem se intrometer sem temerem ações enérgicas dos EUA ?


Os EUA viraram molóides ?


Só fazem operação fúria urgente no continente  americano se for contra uma ilhinha furreca tipo Granada ?


Aqueles grandes Navios Aeródromos de 100.000 toneladas de deslocamento são apenas para exibição, para tirar fotos bonitas e imponentes e para postar vídeos no Youtube  ?


 :D


« Última modificação: 12 de Fevereiro de 2019, 10:38:40 por JJ »

Offline Gorducho

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2698 Online: 12 de Fevereiro de 2019, 10:11:54 »
Fornecer essa "ajuda humanitária" só vai fortalecer e prolongar o regime chavista.
Foi só cacarejos mesmo. Tentaram aplicar uma de joão-sem-braço achando que os chavistas iam arrepiar  :nojo:
« Última modificação: 12 de Fevereiro de 2019, 10:14:17 por Gorducho »

Offline JJ

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Re:Os estragos do chavismo na Venezuela
« Resposta #2699 Online: 12 de Fevereiro de 2019, 10:40:19 »


O Trump está preocupado mesmo é com fazer o muro.  Essa é a grande prioridade dele.



 

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