O Papa Francisco afirmou, em discurso na Pontifícia Academia de Ciências na segunda-feira, que a Teoria da Evolução e o Big Bang são reais. Francisco criticou quem interpreta a Bíblia achando que Deus agiu como "um mago, com uma varinha mágica capaz de criar todas as coisas". As informações são do jornal o Globo.
http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/mundo/noticia/2014/10/papa-afirma-que-teoria-da-evolucao-e-big-bang-sao-verdadeiras-4630537.html
Eu, sinceramente, estou um pouco impressionado e curioso em relação a esse Papa, ele é bem pra frentex...
João Paulo II já havia dito a mesma coisa porque faz parte da estratégia da ICAR há pelo menos 30 anos, qual seja, ela "reconhece" a Ciência mas aproveita para inserir e citar, de algum modo, o deus judaico-cristão.
Há menos de 600 anos ela ditava o modo de 'ver o mundo', subordinando a Ciência e a Filosofia à teologia. Hoje ela vai a reboque da Ciência e da Filosofia, ao passo que a teologia hoje é algo um pouco além de um anacronismo acadêmico.
Acha que o Papa não acredita de fato na teoria da evolução e do big bang? Que as usa e as aceita publicamente apenas da boca pra fora como estratégia religiosa para atrair jovens e adultos que hoje estão mais familiarizado com a visão de mundo científica e moderna do que com a visão de mundo religiosa medieval?
Eu acho que ele "acredita" sim em ambas teorias, do mesmo modo que duvido que alguém da ICAR esteja muito preocupado com o que os jovens e adultos católicos pensam sobre o assunto. E o motivo é simples: Desde tenra idade a ideologização e o duplipensar são impostos para todos os partícipes da religião (católica romana, no caso), de tal modo que as duas teorias são facilmente adaptadas para a 'cosmogonia católica'.
Eu estou inclinado a pensar que não é simples estratégia da ICAR, me parece provável que o papa acredita mesmo na teoria da evolução e do big bang, como teorias que explicam satisfatoriamente a origem da vida e do universo como os conhecemos hoje,
Se você fizer um retrospecto da relação entre a Ciência, a Filosofia e a teologia católica, irá constatar que até o final do século XVII a teologia predominava sobre as outras duas de forma clara, com avanços e recuos pontuais. Mas a partir do século XVIII as duas primeiras começaram a sair do jugo da última por causa da perda progressiva de poder temporal da ICAR e do grande avanço do conhecimento científico e da elaboração de novas 'escolas' filosóficas.
e por acreditar também no Deus bíblico judaico-cristão, arrumou um jeito de conciliar suas duas crenças numa só,
O ato conspícuo do duplipensar.
interpretando metaforicamente partes que antes se interpretadas literalmente entrariam em contradição com a ciência. Esta interpretação predominantemente metafórica de passagens bíblicas não é algo novo, já existia na época de Spinoza e mesmo muito antes dele.
Eis exatamente o cerne da questão.
A leitura inicial da Bíblia admitia-a como literal e inerrante. Na medida que o conhecimento avançou, os responsáveis pela doutrina foram mudando a postura. Mas não se enganem, eles foram forçados a isto. Basta lembrar que há menos de 300 anos ainda se queimavam pessoas por apostasia e a ICAR e as demais igrejas protestantes mantinham as sociedades sob forte jugo, incluindo os 'homens pensantes'.
Na Geologia, por exemplo, ainda eram comuns citações bíblicas em textos da área até o primeiro terço dos anos de 1800. Adaptações de hipóteses para trechos do dilúvio, por exemplo, ainda eram frequentes, mesmo que alguns autores já soubessem que eram anacrônicas. Mas todos tinham medo de se tornarem párias ou perderem o financiamento de mecenas ou até mesmo da própria ICAR.
E a filosofia metafísica spinoziana sempre foi claramente rejeitada pela ICAR.
Abraços!
Retribuo.