Sou casada há 26 anos; durante este tempo, tanto eu quanto meu marido nos envolvemos com outras pessoas, nada sério, nada de escândalos na família: casos fortuitos e furtivos, motivados por nenhum outro fato a não ser a vontade, pois não há desculpa para isso, queremos fazer e pronto, não se trata de uma briga, uma discussão, um momento de abalo emocional, onde ficaríamos suscetíveis, mas a nossa pura e simples vontade de fazer.
Comer e acasalar não nossas vontades mais fortes, mais prementes e urgentes; acontece que quando deixamos a savana africana, adotamos também certos métodos para garantir nossa sobrevivência, e viver em grupo foi uma delas, assim como a mono ou a poligamia, que no meu ver acontece sazonalmente, dependendo da quantidade de parceiros disponíveis de ambos os sexos; em havendo mais homens que mulheres, mais homens para cada mulher, e vice-versa.
Essa teoria esbarrará na questão do legado genético e no legado patrimonial, ambos descobertos quando entendemos que as mulheres não tinham os filhos sozinhas, que precisavam de um homem para fazer bebês. Perderam as mulheres o posto de deusas e ganharam os homens cornos nas testas, infelizmente, mas as relações se desenvolveram e passaram a ocorrer pelos motivos os mais diversos, que iam desde a manutenção de um clã, ao desejo, puro e simples.
As vantagens genéticas, fundamentadas apenas nas características físicas, como simetria de corpo e face, ganharam as nuances econômicas e de poder de influência, levando homens e mulheres a ampliarem (?) seus leques de opções, então podemos ver uniões de todos os tipos, surgindo uma tendência, por assim dizer: homens ricos, mulheres jovens e bonitas, e mulheres maduras com belos garotões sarados, juntando o útil ao agradável, rsss.
Mas o que tem isso a ver com sentimentos, perguntará o romântico Sergio, e eu respondo que basta interessar ao nosso cérebro, e ele o manterá; se nossos centros de prazer são estimulados, mais estímulos desejarão. Quando o relacionamento é satisfatório, seja na base do” love is in the air”, seja na base do “tiro, porrada e bomba”, enquanto interessar ao cérebro, essa caixinha mágica, armada com tudo que é necessário à nossa sobrevivência, este vai sempre querer “more and more”, nos conduzindo para as situações que sabemos que nos beneficiarão.
“O que faremos amanhã, Cérebro?”
“ O mesmo que fazemos todos as noites, Pink, tentar dominar o mundo...”