Eu já tinha meio jubilado lá no Muro certo (
não virei astrônomo mas aprendi que o mundo dá voltas, coisa que se aprende lá no primário com a tia Maricota) mas voltei aqui só pra me gabar mesmo.
PQP, eu não poderia imaginar de maneira alguma que eu ia estar tão diferente comigo mesmo em sete meses depois. O diário morreu pouco depois de começar, não tive disciplina pra continuar escrevendo, escrevia e esquecia de salvar aí perdia atualização, enfim, muitas das coisas que eu tinha planejado não rolaram bem como eu queria, outras rolaram melhor do que eu queria.
Mas o fato é que talvez eu nunca tenha estado tão bem comigo mesmo em 36 anos de vida. Eu tinha uma muleta, perdi e depois de me desesperar um pouco pensando que não saberia mais andar descobri que não tenho problema algum nas pernas.
Aprendi a valorizar mais minhas qualidades e menos meus defeitos (precisamente o oposto do que fiz a vida inteira). Descobri que sou um professor foda em formação (e ouvi de uma das minhas alunas no fucking Colégio Pedro II: "eu tinha três professores preferidos: fulano, beltrano e ciclano, e agora você", e eu sou só um estagiário que até a pouquíssimo tempo tinha pavor da ideia de ser professor porque achava que nunca saberia dar uma aula direito, tímido deste jeito).
Semana passada eu fui a um show sozinho, do tal Metá Metá, banda paulista de MacumbaJazzFusion que sempre falo aqui. Foi uma das experiências mais fantásticas da minha vida e ainda está sendo. Fiquei sabendo do show 7 horas antes dele começar (liguei deseperado para cinco meninas, mas em cima da hora...uma tinha casamento, outra tava em Piratininga...), o Donatello que começou a escrever este tópico iria ficar se lamentando no barraco dele (sim, essa parte não mudou, ele ainda mora num barraco no Chapadão, mas vai melhorar) que não tinha ninguém pra ir no show da banda nacional que ele mais gosta e que não poderia ir numa noitada sozinho, que ia ficar isolado num canto vendo todo mundo feliz e acompanhado, que seria uma experiência deprimente.
O Donatello de sábado passado saiu correndo do trabalho para o Circo, comprou ingresso, saiu correndo do Circo para casa, largou a mochila, saiu correndo de casa pro Circo de volta, chegou esbaforido numa fila que parecia ser formada apenas por moradores de Leblon-Gávea-São Conrado (tava tenso o bagulho, nunca vi tanta gente com cara de podre de rica por metro quadrado), o que por si só já seria um pavor pro Donatello de janeiro, bateu nas costas de um cara vestido de Dolce e Gabanna ou algo do tipo, o cara fez cara de "sai pra lá, pedinte" mas o Donatello não se fez de rogado, perguntou se era a fila certa, era, agradeceu e entrou, comeu ninguém, foda-se Metá Metá é foda demais, puta que pariu, que noite, ainda teve um tal de Siba depois, não conhecia exceto por duas músicas já gravadas pelo Metá Metá, as letras eram meio ruins (protestos sociais no estilo Chico Buarque dos anos 70) mas as músicas eram legais, dançou todas.
Durante a semana recebeu convites de volta de duas das meninas que não puderam ir, para eventos futuros. Recebeu esporro de outra (linda) por não ter tentado com ela. Podem vir a ser as novas mulheres da minha vida, podem vir a não ser. Podem ser só amizades. Podem ser namoros breves como dois que tive neste tempo e que, embora tenham acabado, deixaram ótimos e aparentemente duradouros sentimentos mútuos (Vinícius de Moraes, afinal, talvez soubesse das coisas). Mas não serão serão novas muletas. Juro.
Na faculdade, o Donatello que até a pouco tempo tremia de ter que segurar na mesa para falar para a própria turma vai falar para um público de 500 pessoas desconhecidas daqui a duas semanas e nem está tão tenso assim.
O Donatello aprendeu a andar sozinho e no final das contas o diário nem ajudou muito mas também não atrapalhou em nada. ´
Se alguém cair nesse tópico e tiver na mesma merda que eu tava em janeiro, faça um diário sim, coisa de boiola é usar olhinho coloridinho com bandeira do Brasil no perfil.