Autor Tópico: Leandro Narloch - o Mito  (Lida 2779 vezes)

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Rhyan

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Leandro Narloch - o Mito
« Online: 16 de Fevereiro de 2015, 04:40:01 »
11/02/2015 às 16:31 \ Economia
A economia do Masoquistão, o país dos masoquistas


O Masoquistão, país de dimensões continentais situado abaixo da linha do Equador, é a terra dos masoquistas. O governo dessa estranha nação se esforça para tornar a vida um eterno inferno, enquanto os cidadãos escolhem os políticos que mais os castigam. Hoje falaremos da economia do Masoquistão, área em que esse padrão de comportamento se revela de forma mais patológica.

As empresas estatais do Masoquistão oferecem serviços terríveis, criam rombos no orçamento, estão atoladas em corrupção e de vez em quando abrigam acidentes de trabalho com explosões e morte de operários. Por isso mesmo os cidadãos as consideram orgulho nacional – e são radicalmente contra propostas de privatização. Na campanha eleitoral, candidatos se valem desse tabu para trocar acusações. “Você vai privatizar! Vai nos livrar daquela empresa que nos faz tanto mal!”, diz um candidato. “Pelo contrário, vou reestatizar”, responde o adversário.

Jovens estão entre os defensores mais radicais do sofrimento causado pelas estatais e pelo urbanismo do Masoquistão. Enquanto a Justiça e a imprensa revelam escândalos bilionários de corrupção na maior empresa estatal do país, jovens manifestantes tomam as ruas, depredam bancos e queimam carros reivindicando:

- Queremos mais estatais! Lutamos por uma grande estatal do transporte coletivo!

Os políticos com mais sucesso no Masoquistão estão sempre atentos a formas de aumentar a agonia dos cidadãos. Um caso exemplar dessa tendência ocorreu em dezembro de 2013. Em pleno período de férias, quando milhares de pessoas se preparavam para viajar ao exterior, o governo elevou o aumento do imposto para compras internacionais no cartão de crédito. A medida foi considerada urgente para garantir a preocupação dos habitantes mesmo quando estivessem fora do país.

As leis trabalhistas do Masoquistão são conhecidas no mundo inteiro por tirar o incentivo a contratações e empurrar metade dos trabalhadores do país à informalidade. Por isso mesmo, quando o governo pensa em flexibilizar as leis, provoca uma gritaria geral da população. Rapidamente o governo volta atrás; diz que foi um mal-entendido e promete seguir atrapalhando os trabalhadores.

Todos no Masoquistão sabem que poderiam comprar carros, computadores, remédios, máquinas, equipamentos médicos e uma infinidade de produtos muito mais baratos no exterior. Ora, isso seria fácil demais. Para evitar algo que poderia ser considerado felicidade, todos por ali concordam que é preciso elevar barreiras alfandegárias e dificultar a compra de importados.  Sem concorrência, as montadoras nacionais produzem carros mais caros, de pior qualidade e com menos segurança que os importados. Tudo o que masoquistaneses mais desejam.

É verdade que nem tudo no cotidiano do Masoquistão é sofrimento. Alguns empreendedores até conseguiram facilitar a vida dos moradores, fornecendo a eles comida barata, aparelhos eletrônicos e remédios a doenças antes incuráveis. Se os masoquistaneses gostam? Nada. Eles culpam as empresas e o agronegócio por todos os problemas do país. Aprendem na escola a odiar grandes empresas e idolatrar líderes que lutaram contra o capitalismo, empobreceram países e ergueram ditaduras.

Na história recente do Masoquistão, uma presidente se destacou por esculhambar a economia inteira. Aumentou a dívida pública, descuidou da inflação, quebrou contratos e afugentou investidores e empresários que criariam empregos. Foi reeleita com festa pela população.

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/cacador-de-mitos/2015/02/11/a-economia-do-masoquistao-o-pais-dos-masoquistas/
« Última modificação: 31 de Maio de 2015, 20:20:04 por Geotecton »

Rhyan

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Re:A economia do Masoquistão, o país dos masoquistas
« Resposta #1 Online: 31 de Maio de 2015, 19:39:28 »
Por favor, alguém da moderação poderia mudar o título do tópico para "Leandro Narloch - o Mito"?

Vou deixar esse tópico para postar as coisas interessantes que ele escreve ou diz em vez de criar novos tópicos toda hora.

Rhyan

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Re:A economia do Masoquistão, o país dos masoquistas
« Resposta #2 Online: 31 de Maio de 2015, 19:40:59 »
Leandro Narloch - Não Vai Dar Certo - Semana da Liberdade - Rede Liberdade

<a href="https://www.youtube.com/v/-CTuu-mWxTQ" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/-CTuu-mWxTQ</a>

Essa palestra é hilária!

Rhyan

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Re:A economia do Masoquistão, o país dos masoquistas
« Resposta #3 Online: 31 de Maio de 2015, 19:43:48 »
27/05/2015 às 19:12 \ Prisões
Adam Smith na cadeia



Prisão de San Pedro, em La Paz: lucro, negócios e propriedade privada dentro da cadeia

A morte de nove pessoas no presídio de Feira de Santana no domingo mostra que o sistema carcerário brasileiro continua o mesmo. A falência me parece não só financeira, mas de ideias. Há décadas insistimos no mesmo modelo de prisões; há décadas o modelo prova dar errado.

Pois aqui vai uma ideia nova: é preciso deixar de proibir e passar a incentivar o comércio e a propriedade privada nos presídios brasileiros.

Sabe-se pelo menos desde o Iluminismo que o comércio é uma força pacificadora. Voltaire, Montesquieu e Adam Smith acreditavam nisso. “O espírito do comércio cedo ou tarde apodera-se de todo o povo e não pode existir lado a lado com a guerra”, escreveu Kant num tratado sobre a paz. Nas últimas décadas, estudiosos de prevenção de conflitos reavivaram esse raciocínio: se países dependem demais uns dos outros, a possibilidade de uma guerra entre eles é pequena.

A teoria também vale para pavilhões de um presídio. Se presos se envolvem em trocas voluntárias, renunciam a conquistas predatórias (como invadir o pavilhão vizinho e se apropriar das posses do inimigo) em nome de ganhos repetidos do comércio com os vizinhos. A reputação, a benevolência e o respeito a contratos – três das “virtudes burguesas” – se tornam vantagens.

Alguém pode considerar um experimentalismo maluco essa ideia de levar lucro e pequenos negócios a presídios, mas isso já é realidade em muitas prisões. O melhor caso é de San Pedro, a maior prisão de La Paz (e onde ficaram aqueles corintianos acusados de matar um menino com um sinalizador). Quem estiver pela cidade e precisar cortar o cabelo pode escolher o cabeleireiro da cadeia. O visitante também pode comer nas barracas de comida e contratar serviços dos sapateiros e carpinteiros presos. Se estiver sem hotel, basta pagar cerca de 50 dólares por uma noite na prisão. Há ainda eletricistas, contadores e uma agência de turismo que organiza as visitas dos turistas.


O cabeleireiro atende turistas dentro da prisão


A cadeia tem restaurantes e diversas barracas de comida

Tudo isso é mantido pelos 1500 presos. San Pedro não tem grades nas celas. A polícia sequer entra na cadeia – apenas dois guardas fazem a segurança da porta principal, pelo lado de fora. Os presos criam as regras e resolvem conflitos sozinhos. É permitido, por exemplo, que mulheres e crianças morem dentro da cadeia. Mas é expressamente proibido discutir ou brigar perto das crianças.


Mulheres e crianças podem morar com os familiares presos

A grande diferença do presídio de San Pedro é que ele tem tudo aquilo que falta na América Latina: mercado livre, respeito a contratos e segurança de propriedade. Uma pequena imobiliária, também mantida pelos presos, negocia o valor das celas. Quem não tem dinheiro dorme numa cela gratuita – quase tão ruim quanto as das prisões brasileiras. Por 1500 dólares dá pra contratar um pedreiro para reformar um espaço ou adquirir uma suíte.

Mas a liberdade de comprar e vender não é uma panaceia. A violência contra estupradores e contra quem rouba outros presos é comum em San Pedro. O lugar continua sendo uma prisão – e prisões têm entraves fundamentais para a vida em harmonia, como a impossibilidade de recusar a convivência com quem não coopera ou migrar para ambientes menos predatórios. No entanto, como diz o economista David Skarbek, professor de economia do crime organizado do King’s College, não há em San Pedro algo muito comum em outras cadeias: a exploração de um grupo mais forte sobre os mais fracos.

Em termos de reintegração social, presídios como esse saem na frente.  Pouca gente discorda que presos devem trabalhar enquanto cumprem a pena  – mas por que se limitar a um trabalho passivo, como cortar pedras ou capinar um terreno? Nada melhor para deixar o mundo do crime que aprender lucrar criando negócios e resolvendo problemas dos outros.

@lnarloch

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/cacador-de-mitos/2015/05/27/adam-smith-na-cadeia/

Rhyan

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Re:A economia do Masoquistão, o país dos masoquistas
« Resposta #4 Online: 31 de Maio de 2015, 19:45:59 »
29/05/2015 às 12:10 \ Economia, Escolha Pública
Chico Buarque e a teoria da irracionalidade racional




Alguns amigos ficaram espantados com a entrevista do cantor Chico Buarque ao El País, na segunda-feira. Justamente quando líderes históricos abandonam o PT e o Congresso Estadual do partido em São Paulo sofre falta de participantes, Chico Buarque não só segue apoiando o PT como considera a crise do partido pura intriga da oposição. “Querem enfraquecer o governo para que, em 2018, o PT chegue desgastado nas eleições”, disse ele.

Houve quem chamasse o cantor de louco ou desinformado, mas na verdade a posição de Chico Buarque é racional e coerente com incentivos econômicos. Do ponto de vista da economia da política, é vantajoso teimar numa opinião errada.

Explico a ideia comparando duas situações:

SITUAÇÃO A – Chico Buarque precisa comprar um apartamento em Paris. A decisão cabe 100% a ele. Se escolher mal, Chico Buarque será o maior afetado pelo equívoco.

SITUAÇÃO B – Chico Buarque precisa decidir em quem votar. A decisão cabe não só a ele, mas a outros 142 milhões de eleitores. Dificilmente a eleição dará empate, por isso o voto dele não fará diferença alguma. É incerta a influência que o apoio de Chico Buarque ao candidato A ou B terá sobre outros eleitores. Na remota hipótese da influência de Chico Buarque decidir uma eleição, ele será pouco afetado por uma eventual decisão errada. O prejuízo causado pela decisão será dividido por 200 milhões de brasileiros. Chico Buarque será um dos menos afetados – afinal sempre pode dar um tempo do Brasil em seu apartamento em Paris.

A teoria da ignorância racional, formulada em 1957 pelo economista Anthony Downs, explica por que eleitores gastam tão pouco tempo para escolher o melhor candidato. Os eleitores intuitivamente sabem que cada voto tem um peso muito pequeno e dificilmente decidirá uma eleição. Ora, se tempo é dinheiro, e gastar tempo escolhendo um político terá pouco efeito nas urnas, então é racional ser um eleitor ignorante. A Situação A traz bem mais incentivos para uma boa decisão que a Situação B.

Em 2001, o economista Bryan Caplan refinou o raciocínio de Downs apresentando a teoria da irracionalidade racional. Se Downs acreditava que é racional pensar pouco, Caplan foi mais longe: é racional pensar bobagem e insistir em equívocos sobre a política. Se os eleitores se satisfazem mantendo algumas crenças, e se o custo de manter essas crenças é baixo, ser irracional se torna racional. “Em eleições com milhões de eleitores, a probabilidade de uma crença individual errada causar políticas ruins é quase nula”, diz Caplan. “Por isso é previsível que os eleitores adotem seu pior comportamento cognitivo” e exibam “ausência de espírito crítico, irritabilidade, credulidade a simplicidade”.

Em geral, quanto menor o custo de uma crença ao indivíduo, maior a demanda para ela:


O gráfico que explica Chico Buarque: se o custo da irracionalidade cai, a demanda por ela aumenta

A teoria de Caplan explica por que tanta gente teima em partidos e ideologias obsoletas mesmo quando eles se revelam pura fraude. Se o eleitor é uma figura pública, então é ainda maior o custo de mudar de ideia. Seria preciso admitir a todos a estupidez pregressa.

Por isso eu peço aos meus amigos que parem de dizer que Chico Buarque é louco, insensato ou sonhático. O homem obedece a incentivos econômicos. Está em total controle de suas faculdades mentais.

@lnarloch

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/cacador-de-mitos/2015/05/29/chico-buarque-e-a-teoria-da-irracionalidade-racional/

Rhyan

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Re:A economia do Masoquistão, o país dos masoquistas
« Resposta #5 Online: 31 de Maio de 2015, 19:49:26 »
22/05/2015 às 13:52 \ Imigração
Como dar R$ 1500 a cada imigrante haitiano – sem tirar nada dos brasileiros




Por que tantos haitianos que vêm ao Brasil chegam pelo Acre? Não é preciso saber muito de geografia para perceber que o Acre fica meio fora de mão entre o Haiti e São Paulo ou Santa Catarina, para onde vai a maioria dos imigrantes. Então por que entrar pela Amazônia?

Dias desses acordei intrigado com esse mistério e fui à Pastoral do Imigrante, no centro de São Paulo, para esclarecê-la com os próprios haitianos recém-chegados. A resposta que me deram é aquela de sempre: o problema é o governo.

“É muito difícil conseguir um visto na embaixada do Brasil em Porto Príncipe”, me disse Jacques (não quis dar o sobrenome), de 23 anos, há duas semanas no Brasil. Haitianos que possuem visto podem vir a São Paulo em 11 horas -  o visto e a passagem de ida e volta saem por R$ 3500. Sem visto, a alternativa é pegar um avião para o Equador, atravessar todo o Peru (pagando coiotes e subornando policiais pelo caminho) e entrar ao Brasil pelo Acre. “Leva uns 10 dias e sai pelo menos R$ 5 mil”, me disse o haitiano Jacques.

Ou seja: cada visto que a embaixada concede resulta numa economia de R$ 1500 aos imigrantes. Mas o escritório brasileiro em Porto Príncipe não dá conta do trabalho. Chegou a receber 26 mil telefonemas num só dia, mas só conseguiu atender cinquenta. A cota mensal de vistos de esgota em poucos dias. A burocracia imposta pelo governo brasileiro agrava a crise migratória e cria mercado para os coiotes. Os haitianos chegam aqui com menos dinheiro e sem documentos para arranjar um emprego decente. E sem passagem de volta caso não arranjem emprego.

É mais um exemplo do que o escritor mexicano Octavio Paz chamou de “ogro filantrópico”. O Estado esculhamba a história toda, atrapalha e empobrece quem já é pobre e depois, como se nada tivesse acontecido, seus representantes aparecem na TV dizendo que estão muito preocupados com a situação dos mais pobres.

@lnarloch

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/cacador-de-mitos/2015/05/22/como-dar-r-1500-a-cada-imigrante-haitiano-sem-tirar-nada-dos-brasileiros/

Rhyan

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Re:A economia do Masoquistão, o país dos masoquistas
« Resposta #6 Online: 31 de Maio de 2015, 19:52:11 »
24/03/2015 às 15:55 \ Saúde
Quem é o mocinho e quem é o bandido nesta história?




No dia 12 de março, um grupo de homens armados entrou num depósito de medicamentos no bairro do Jabaquara, em São Paulo. Os homens renderam o segurança e levaram centenas de caixas de remédios para Aids e hepatite C, além de antialérgicos, colírios e antivirais.

Não eram remédios comuns, e sim produtos importados, caríssimos e difíceis de encontrar. Alguns deles, que custam mais de 20 mil dólares, já estavam pagos pelos pacientes que os utilizariam e logo seriam entregues a médicos e clínicas especializadas.

Os homens também levaram computadores e documentos que consideraram ter algum valor. Também exigiram que o estabelecimento quitasse dívidas que teria contraído com a organização da qual eles fazem parte, apesar do dono do estabelecimento não concordar com a dívida.

O estranho é que, depois de levarem as caixas de medicamentos, os homens não tentaram fugir nem se esconderam. Pelo contrário: anunciaram o feito pela internet. Lançaram até mesmo uma nota à imprensa, que dizia assim:

Operação Addison combate comércio ilegal de medicamentos

A Polícia Federal e a Receita Federal colocaram em curso, nessa quinta-feira (12), esquema para combater o comércio e a importação irregular de medicamentos. Uma pessoa foi presa e, assim como os demais investigados, poderá responder pelo crime de importar medicamento sem o devido registro.

Durante a investigação, Polícia e Receita descobriram uma empresa que realizava compras no exterior sem autorização necessária da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e sem o devido recolhimento de tributos. No depósito da empresa, localizado no Jabaquara, zona sul de São Paulo, um homem foi preso em flagrante.

De acordo com a Receita Federal, entre os remédios importados irregularmente estão drogas utilizadas para o tratamento de doenças como Aids e hepatite C, além de antialérgicos, colírios, antivirais e hormônios.


Ah, sim, é bom dizer que aqueles homens armados não se consideram criminosos – na verdade são agentes do estado brasileiro. Combateram o que a Receita Federal entende como um crime: fornecer remédios a pessoas com doenças graves que, por causa da burocracia da demora da Anvisa ou dos impostos de importação sobre medicamentos, não teriam uma forma mais simples de obtê-los.

Difícil decidir quem é mocinho e quem é bandido nesta história.

@lnarloch

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/cacador-de-mitos/2015/03/24/quem-e-o-mocinho-e-quem-e-o-bandido-nesta-historia/

Rhyan

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Re:Leandro Narloch - o Mito
« Resposta #7 Online: 14 de Junho de 2015, 09:44:59 »
12/06/2015 às 17:33 \ Violência
Mito: “os jovens matam porque foram esquecidos pelo estado”



Enterro de uma das vítimas do estupro coletivo em Castelo do Piauí

O naturalista suíço Louis Agassiz tinha uma obsessão pelo racismo científico. Acreditava que as etnias eram espécies humanas separadas e que misturá-las transformava os homens em delinquentes e degenerados. Ao visitar o Brasil, em 1865, Agassiz deu uma olhadela pelas ruas do Rio de Janeiro e achou ter entendido a causa da pobreza e da criminalidade do país. “Quem duvida dos males da mistura de raças que venha ao Brasil, pois não poderá negar uma deterioração decorrente da amálgama de raças”, escreveu ele.

Agassiz foi vítima de dois erros. O primeiro é a falácia de relação e causa. Ele observou dois fenômenos acompanhados (mestiçagem e pobreza) e acreditou que um era a causa do outro. Também usou suas próprias bandeiras políticas para explicar o mundo –  uma armadilha mais ou menos assim: “eu defendo X; se algo acontece de errado no mundo, eu vou logo acreditar que é por falta de X e que não há outra solução senão X”.

Tem muita gente cometendo os mesmos erros hoje. De forma tão descuidada quanto o naturalista suíço, estão usando suas bandeiras políticas – a educação pública, a luta contra a miséria e a desigualdade – para explicar por que os jovens que cometem crimes.

Por exemplo, quando o ciclista foi esfaqueado na Lagoa Rodrigo de Freitas por menores de idade, o jornal Extra sugeriu que os garotos se tornaram assassinos porque não tinham ido para a escola:



Já a jornalista Claudia Colucci, ao falar sobre o silêncio ao redor do terrível estupro de quatro jovens no Piauí, parece ter esclarecido o que motivou os quatro menores envolvidos no crime:

Quem são esses menores? Semianalfabetos, usuários de drogas, miseráveis, com famílias desestruturadas e com histórias de loucuras, abusos e abandono.

É o caso de perguntar: o analfabetismo e a pobreza, que atingem dezenas de milhões de brasileiros, levam mesmo os homens jovens a raptar, torturar, estuprar, furar os olhos, apedrejar e jogar do penhasco meninas indefesas?

É verdade que, em muitos casos, a baixa educação e alguns fatores econômicos acompanham a violência. Mas daí há um bom caminho para provar que um é a causa do outro. É bem provável, por exemplo, que as centenas de piauienses que foram ao enterro de uma das vítimas e se consternaram com o caso tinham o mesmo perfil de escolaridade e renda dos agressores.

O próprio Piauí contraria a tese de que a miséria causa violência. Depois do Maranhão, é o estado mais pobre do Brasil. E um dos menos violentos – a taxa de homicídios só é menor em São Paulo e Santa Catarina. Agora imagine se multiplicássemos a população do Piauí por cinquenta e cortássemos 40% do seu território. Chegaríamos a um país como Bangladesh, onde 150 milhões de miseráveis convivem com uma das menores taxas de homicídio do mundo – apenas 2,5 homicídios por 100 mil habitantes, um décimo da taxa brasileira.

O perfil de internos de prisões para menores de idade também contraria a crença de que agressores são vítimas da miséria. Uma pesquisa da Fundação Casa de Campinas de 2013 mostra que, de 277 internos, 80% vêm de famílias com casa própria, e metade têm renda superior a 2 mil reais. As taxas de escolaridade dos menores presos eram similares às de fora da cadeia.

Se não é a pobreza, seria então a desigualdade o motor da pobreza? Essa eu deixo com o psicólogo americano Steven Pinker, autor de um excelente compêndio sobre violência humana, o livro Os Bons Anjos da Nossa Natureza. Pinker aponta uma falácia de relação e causa: países mais desiguais geralmente são mais violentos, mas isso não quer dizer que desigualdade cause violência:

O problema de invocar a desigualdade para explicar mudanças na violência é que, embora ela se correlacione com a violência se compararmos estados e países, não se correlaciona com a violência ao longo do tempo em um estado ou país, possivelmente porque a verdadeira causa das diferenças não é a desigualdade em si, mas características estáveis como a governança do estado ou a cultura, que afetam tanto a desigualdade como a violência.

Um exemplo que Pinker fornece é o dos Estados Unidos: a desigualdade atingiu um mínimo em 1968, quando a criminalidade estava no auge, e subiu entre 1990 e 2000, enquanto a violência despencou.

Outra razão sempre citada são as famílias desestruturadas. Crescer sem o pai ou a mãe leva os jovens ao crime? Difícil saber. Segundo o IBGE, em 16% das famílias brasileiras, a mãe cuida sozinha dos filhos (famílias só com o pai e os filhos são 2% do total). Mas somente 0,01% dos adolescentes comete crimes (a confiar na estatística de quem é contra a redução da maioridade penal).

O mais provável, nesse caso, é a relação inversa: em ambientes com maior criminalidade, é mais comum haver mães solteiras. Os filhos delas acabam virando criminosos não por falta do pai, mas porque crescem num ambiente criminoso. Pinker tem um raciocínio parecido:

Embora filhos indesejados possam vir a cometer crimes ao crescer, é mais provável que as mulheres em ambientes propensos ao crime tenham mais filhos indesejados do que a indesejabilidade cause diretamente o comportamento criminoso.

A ideia de que a ausência do estado causa todos os problemas do mundo é sedutora. Mas na hora de estudar as origens da violência é melhor deixar ideologias de lado.

@lnarloch

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/cacador-de-mitos/2015/06/12/mito-os-jovens-matam-porque-foram-esquecidos-pelo-estado/

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Leandro Narloch - o Mito
« Resposta #8 Online: 14 de Junho de 2015, 17:42:07 »
Quem são esses menores? Semianalfabetos, usuários de drogas, miseráveis, com famílias desestruturadas e com histórias de loucuras, abusos e abandono.

É o caso de perguntar: o analfabetismo e a pobreza, que atingem dezenas de milhões de brasileiros, levam mesmo os homens jovens a raptar, torturar, estuprar, furar os olhos, apedrejar e jogar do penhasco meninas indefesas?

Existe associação causal minimamente "social" (complexa) que resista a esse tipo de questionamento ingênuo?

Como, más condições de saneamento básico, "causarem" doenças.

"Mas ora, são dezenas de milhões que vivem nas assim chamadas 'más condições' de 'saneamento' 'básico', mas não são todos esses que adoecem".

"São dezenas de milhões que praticam sexo sem uso de contraceptivos, mas não é de todas essas relações sexuais que resulta gravidez/se contrai doenças supostamente sexualmente transmissíveis"

"São dezenas de milhões que não são vacinados, mas não são nem de longe todos esses a contrair a doença de suposta origem germinal à qual alegadamente estariam sendo protegidos pela assim chamada vacinação"


Citar
É verdade que, em muitos casos, a baixa educação e alguns fatores econômicos acompanham a violência. Mas daí há um bom caminho para provar que um é a causa do outro.

De forma similar, essas "outras coisas" citadas acompanham os "contextos de risco", seja por uma associação mais intrínseca (como sexo e fecundação), ou por uma mais incidental, histórica, "particular" de uma conjuntura.

No caso, esse tipo de crime parece mais comum entre os pobres; nos EUA, parece que estupros (mas que não terminam em morte) são mais comuns por membros de fraternidades de brancos ricos. Enquanto que no caso dos mais ricos, "ganhar dinheiro demais" dificilmente será visto como parte muito essencial da "etiologia" da coisa (ainda que haja alguma ligação com a prática de estupro e ser "mimado" demais), pobreza está mais comumente associada a uma menor qualidade de vida de modo geral, incluindo aí maiores chances de ser vítima de crimes e abusos/violência.

http://www.nij.gov/topics/crime/child-abuse/pages/impact-on-arrest-victimization.aspx

Poor concentration: Poverty reduces brainpower needed for navigating other areas of life
http://www.princeton.edu/main/news/archive/S37/75/69M50/index.xml?section=topstories

Malnutrition In Early Years Leads To Low IQ And Later Antisocial Behavior, USC Study Finds
http://www.sciencedaily.com/releases/2004/11/041117005027.htm

lower IQ has been linked to greater and riskier drinking among young adult men
http://www.sciencedaily.com/releases/2015/02/150220190744.htm

Infections can affect your IQ
http://www.sciencedaily.com/releases/2015/05/150521095016.htm

Etc. Ainda tem fatores sociais/culturais, também segregados em diferentes culturas de classe e subculturas.



Citar
Uma pesquisa da Fundação Casa de Campinas de 2013 mostra que, de 277 internos, 80% vêm de famílias com casa própria, e metade têm renda superior a 2 mil reais. As taxas de escolaridade dos menores presos eram similares às de fora da cadeia.

O quão típico será isso?

Citar
80% dos menores presos no ES não têm ensino fundamental, diz Iases
...
Os dados fazem parte de um mapeamento realizado pelo estado, que mostra que o perfil do menor infrator capixaba é um jovem de 17 anos, filho de pais separados, com renda familiar até dois salários mínimos e sem ensino fundamental completo, de acordo com o Iases.
...

http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2012/03/80-dos-menores-presos-no-es-nao-tem-ensino-fundamental-diz-iases.html



...

Citar
http://veja.abril.com.br/blog/cacador-de-mitos/2015/03/24/quem-e-o-mocinho-e-quem-e-o-bandido-nesta-historia/
Eu li "cagador de mitos".

Rhyan

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Re:Leandro Narloch - o Mito
« Resposta #9 Online: 15 de Junho de 2015, 11:08:58 »
Que falta de saneamento básico cause doenças é um fato óbvio, que pobreza e desigualdade criam psicopatas e bandidos já é muito mais complexo é duvidoso. A verdade é que a grande maioria dos pobres são pessoas honestas e trabalhadoras.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Leandro Narloch - o Mito
« Resposta #10 Online: 15 de Junho de 2015, 18:44:34 »
E que a maioria dos criminosos violentos são pobres, ainda assim.

Não que tenha sido sempre restrito assim:

Citar
How murder fell out of fashion with the rich
Murder has become largely confined to the poor and disadvantaged whereas historical records show that in times gone past it was used equally by all levels of society.

This is taken from a 1997 study called ‘The Decline of Elite Homocide’, published in the journal Criminology, which attempts to explain how homicide has become less democratic over time.

Citar
The criminological literature consistently reports a negative relationship between social status and interpersonal homicide. Regardless of the setting studied, homicide tends, with just a few exceptions, to be concentrated among low-status groups, such as the poor, the unemployed, the young, and cultural minorities. Yet robust as it is, this relationship is confined to modern societies. In the premodern era, homicide was found at all levels of the social hierarchy, including its higher echelons.

What explains these facts? Why is homicide largely confined to low status people today but was not in the societies studied by anthropologists and historians? Why has elite homicide declined? The answer developed here builds on a theory advanced by Donald Black (1983), which argues that violent conflict is a function of the unavailability of law. In modern societies, low social status and law are antagonistic, and the result is that legal means of resolving conflict are effectively unavailable to those at the bottom of the social pyramid. In earlier societies, law tended to be unavailable to everybody, irrespective of their social standing.

Link to DOI entry and summary for study.

http://mindhacks.com/2010/07/24/how-murder-fell-out-of-fashion-with-the-rich/





Ainda relacionado:

Citar
http://en.wikipedia.org/wiki/Correlates_of_crime

[...] Socioeconomic factors

Higher total socioeconomic status (usually measured using the three variables income (or wealth), occupational level, and years of education) correlate with less crime. Longer education is associated with less crime. Higher income/wealth have a somewhat inconsistent correlation with less crime with the exception of self-report illegal drug use for which there is no relation. Higher parental socioeconomic status probably have an inverse relationship with crime.[1]

High frequency of changing jobs and high frequency of unemployment for a person correlate with criminality.[1]

Somewhat inconsistent evidence indicates that there is a relationship between low income, percentage under the poverty line, few years of education, and high income inequality in an area and more crime in the area.[1]

The relationship between the state of the economy and crime rates is inconsistent among the studies. The same for differences in unemployment between different regions and crime rates. There is a slight tendency in the majority of the studies for higher unemployment rate to be positively associated with crime rates.[1]

[...]

Rhyan

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Re:Leandro Narloch - o Mito
« Resposta #11 Online: 16 de Junho de 2015, 18:16:05 »
Tem mais a ver com cultura, educação e oportunidades do que com o renda mesmo.

Rhyan

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Re:Leandro Narloch - o Mito
« Resposta #12 Online: 20 de Outubro de 2015, 17:45:14 »
Como a maconha pode diminuir a miséria do sertão
A legalização da droga criaria empregos e prosperidade na região mais pobre do país
Por: Leandro Narloch  19/10/2015 às 9:27


Harry Browne, político e analista financeiro americano, costuma afirmar que o estado quebra as pernas dos cidadãos só para depois dar muletas a eles e dizer “vejam só, se não fosse o governo, vocês não seriam capazes de andar”.

Isso é especialmente verdade para o sertão nordestino.

Com pouca chuva, muito sol e solo arenoso, o sertão é uma região excelente para o plantio de maconha. Se a droga fosse legalizada, fazendas de maconha renderiam lucros milionários, criariam empregos, aqueceriam a venda de máquinas e fertilizantes e reduziriam a dependência da população ao Bolsa-Família. O Brasil ainda seria um exportador mundial de uma valiosa matéria-prima para fibras, remédios e cigarros.

Mas o próprio governo impede esse desenvolvimento. Como a maconha é proibida, os sertanejos que optam pelo seu cultivo se tornam criminosos. Só no mês passado, uma operação da Polícia Federal no sertão de Pernambuco destruiu 320 mil pés de maconha.

Operações como essa são máquinas perfeitas de pobreza. Desperdiçam recursos escassos do governo (helicópteros e dezenas de policiais) para destruir a riqueza de gente não exatamente endinheirada.

Sem poder cultivar uma das poucas espécies para o qual o sertão é adequado, só resta aos sertanejos se apoiar nas muletas do Bolsa-Família.

@lnarloch

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/cacador-de-mitos/economia/como-a-maconha-pode-diminuir-a-miseria-do-sertao-nordestino/


Offline Sr. Alguém

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Re:Leandro Narloch - o Mito
« Resposta #13 Online: 01 de Dezembro de 2015, 18:20:03 »
Citar
"Guia politicamente incorreto da história do Brasil" vai para TV

Sucesso de venda como livro, "Guia politicamente incorreto da história do Brasil" vai virar série, com oito episódios, pelo History Channel.

O autor Leandro Narloch irá participar do desenvolvimento do programa, com direção de Matheus Ruas, do Studio Fly. A Ancine liberou a captação de R$ 1.895.710 em recursos para a série, que deve ir ao ar em 2016.

http://blogs.oglobo.globo.com/lauro-jardim/post/guia-politicamente-incorreto-da-historia-do-brasil-vai-para-tv.html

Ué ?  :umm:

Se você acha que sua crença é baseada na razão, você a defenderá com argumentos e não pela força e renunciará a ela se seus argumentos se mostrarem inválidos. (Bertrand Russell)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo_secular
http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberalismo_social

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Leandro Narloch - o Mito
« Resposta #14 Online: 01 de Dezembro de 2015, 18:25:09 »
Já vi casos de pessoas com tendências libertárias ou que se rotulam assim, que são argumentavelmente mais coerentes e fazem coisas como se desassociar de associações que passam a receber fundos do governo.

Mas não acho necessariamente incompatível (sem saber detalhes da ideologia desse cara). Você pode achar que o estado está sempre enfiando o pé na jaca e em geral não deveria financiar produção cultural, mas se ela existe, você ainda pode achar que aquilo que tem a dizer ao menos seria um bom uso dessa verba.

Offline Lorentz

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Re:Leandro Narloch - o Mito
« Resposta #15 Online: 01 de Dezembro de 2015, 18:44:06 »
É uma armadilha.
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Rhyan

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Re:Leandro Narloch - o Mito
« Resposta #16 Online: 31 de Março de 2016, 17:48:41 »
Discordo dele sobre a lei ser boa.


Offline JJ

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Re:Leandro Narloch - o Mito
« Resposta #17 Online: 01 de Abril de 2016, 14:12:50 »
Como a maconha pode diminuir a miséria do sertão
A legalização da droga criaria empregos e prosperidade na região mais pobre do país
Por: Leandro Narloch  19/10/2015 às 9:27


Harry Browne, político e analista financeiro americano, costuma afirmar que o estado quebra as pernas dos cidadãos só para depois dar muletas a eles e dizer “vejam só, se não fosse o governo, vocês não seriam capazes de andar”.

Isso é especialmente verdade para o sertão nordestino.

Com pouca chuva, muito sol e solo arenoso, o sertão é uma região excelente para o plantio de maconha. Se a droga fosse legalizada, fazendas de maconha renderiam lucros milionários, criariam empregos, aqueceriam a venda de máquinas e fertilizantes e reduziriam a dependência da população ao Bolsa-Família. O Brasil ainda seria um exportador mundial de uma valiosa matéria-prima para fibras, remédios e cigarros.

Mas o próprio governo impede esse desenvolvimento. Como a maconha é proibida, os sertanejos que optam pelo seu cultivo se tornam criminosos. Só no mês passado, uma operação da Polícia Federal no sertão de Pernambuco destruiu 320 mil pés de maconha.

Operações como essa são máquinas perfeitas de pobreza. Desperdiçam recursos escassos do governo (helicópteros e dezenas de policiais) para destruir a riqueza de gente não exatamente endinheirada.

Sem poder cultivar uma das poucas espécies para o qual o sertão é adequado, só resta aos sertanejos se apoiar nas muletas do Bolsa-Família.

@lnarloch

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/cacador-de-mitos/economia/como-a-maconha-pode-diminuir-a-miseria-do-sertao-nordestino/





Concordo plenamente, o Estado muitas vezes é um grande destruidor de riquezas.  E as ações de agentes estatais muitas vezes contribuem para manter a pobreza.



Offline Onsigbare

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Re:Leandro Narloch - o Mito
« Resposta #18 Online: 01 de Abril de 2016, 14:46:09 »
Eu fico vendo discussão se a miséria, falta de condições de lazer, higiene, etc e tal causam ou não aquilo ou isto, mas não vejo nada, ou pouca coisa discutindo por estes mesmos, se miséria, etc e tal é tão aceita, e normalíssimo,  neste sistema. (Pois parece).

É mais ou menos que ficar discutindo se água que cai da goteira está prejudicando os eletrodomésticos, ou não, e achar a goteira uma coisa convivível, pois durmo no outro quarto.  Não,  defende aquele boy da Abril, tvs queimam, é normal, não se pode relacionar uma coisa com outra, é um mimimi daqueles que vivem sob as goteiras, só para tentarem não conviviver com as goteiras. Os que defendem estes tipos são aproveitadores. Goteiras são normais nesta casa, azar de quem vive sob elas.

« Última modificação: 01 de Abril de 2016, 14:56:02 por Onsigbare »

Offline JJ

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Re:Leandro Narloch - o Mito
« Resposta #19 Online: 01 de Abril de 2016, 15:08:44 »
Eu fico vendo discussão se a miséria, falta de condições de lazer, higiene, etc e tal causam ou não aquilo ou isto, mas não vejo nada, ou pouca coisa discutindo por estes mesmos, se miséria, etc e tal é tão aceita, e normalíssimo,  neste sistema. (Pois parece).


E qual você acha que seja o melhor caminho para aumentar a riqueza produzida em um país :


A) Mais presença do Estado na economia,  mais interferência do Estado na economia;


B) Menos presença do Estado na economia,  menos interferência do Estado na economia, e mais livre mercado.




Offline Buckaroo Banzai

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Re:Leandro Narloch - o Mito
« Resposta #20 Online: 01 de Abril de 2016, 15:32:36 »
Eu fico vendo discussão se a miséria, falta de condições de lazer, higiene, etc e tal causam ou não aquilo ou isto, mas não vejo nada, ou pouca coisa discutindo por estes mesmos, se miséria, etc e tal é tão aceita, e normalíssimo,  neste sistema. (Pois parece).

É comum abordagens que tocam num assunto não se debruçarem sobre todos os aspectos possíveis, mas terem algum foco.

Parece que sua percepção sobre as coisas é deliberadamente seletiva.

No texto imediatamente precedente à sua mensagem, o autor especula que a proibição do cultivo de maconha é uma barreiras à prosperidade impostas pelo estado, afetando principalmente as regiões mais pobres. Quão quer que a legalização desse cultivo fosse realmente melhorar a situação nessas regiões ou não, levantar a hipótese já é algo que "sugere" fortemente que, como para provavelmente 99% da população normal não-capitalista-espantalho, ele considera pobreza e miséria como coisas indesejáveis, sim.







Interessante essa prisão de San Pedro. Lembra a Delancey Street Foundation, mas parece algo mais mesclado/integrado ao sistema oficial em vez de uma coisa alternativa/paralela.

Offline Onsigbare

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Re:Leandro Narloch - o Mito
« Resposta #21 Online: 01 de Abril de 2016, 18:28:32 »
Citar
E qual você acha que seja o melhor caminho para aumentar a riqueza produzida em um país :

Talvez esse país já seja rico o suficiente, a questão seria a distribuição desta riqueza.

Citar
Parece que sua percepção sobre as coisas é deliberadamente seletiva.

No caso da maconha, tenho minhas dúvidas quem lucraria realmente com a produção em escala da mesma, mais uma vez não é a quantidade, e sim a qualidade do gerenciamento das riquezas que fazem um sistema melhor. 

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Leandro Narloch - o Mito
« Resposta #22 Online: 01 de Abril de 2016, 18:39:33 »
Qualquer produção em grande escala vai gerar empregos e renda, mesmo que haja aqueles que ganhem proporcionalmente mais do que os empregados diretamente na linha de produção e distribuição, o que não é intrinsecamente problemático, mas algo natural de diferente valorização de trabalho de acordo com a especialização profissional.

Mas isso de maconha me parece otimismo afobado. Não entendo das condições ideais de cultivo, mas não me surpreenderia se a região não fosse a mais favorável a isso, dentre todas as outras, e não fosse conseguir lá grande crescimento econômico com essa legalização, por outras com melhor infra-estrutura (talvez até mesmo se com condições inferiores para cultivo em si) fossem se sair melhor. A menos que talvez fosse uma espécie de "zona-franca" maconhística, estabelecendo legalmente uma vantagem.

O que de qualquer forma ainda levanta as questões outros possíveis problemas vindos de se legalizar a exploração industrial do lucro com mais um vício, em vez de se ter apenas descriminalização de produção caseira.

Offline Lorentz

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Re:Leandro Narloch - o Mito
« Resposta #23 Online: 01 de Abril de 2016, 20:06:33 »
Citar
E qual você acha que seja o melhor caminho para aumentar a riqueza produzida em um país :

Talvez esse país já seja rico o suficiente, a questão seria a distribuição desta riqueza.

 :)

 :?

 :|

:(

 :o

:susto:
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Offline JJ

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Re:Leandro Narloch - o Mito
« Resposta #24 Online: 01 de Abril de 2016, 22:33:27 »

O que de qualquer forma ainda levanta as questões outros possíveis problemas vindos de se legalizar a exploração industrial do lucro com mais um vício, em vez de se ter apenas descriminalização de produção caseira.



Também poderíamos pensar ao contrário: quais possíveis problemas teríamos vindos de se criminalizar a exploração industrial do vício na droga álcool ?


Quais seriam as possíveis consequências do tráfico de drogas alcoólicas ?


O que é melhor: legalizar a produção de drogas alcoólicas ou criminalizá-la ?


 
« Última modificação: 01 de Abril de 2016, 22:37:19 por JJ »

 

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