"Igualdade de oportunidade" é um termo sem sentido e sem nexo com a realidade. A única igualdade possível é aquela perante à lei.
Se favelas da África e da Ásia podem se beneficiar com escolas privadas (que geram lucros), por que as favelas brasileiras não poderiam?
Provavelmente há países com estados menos destrambelhados que os de alguns países sulamericanos, asiáticos e africanos (provavelmente mesmo em países asiáticos, africanos, e talvez até sulamericanos) que conseguem fornecer algum ensino público de forma mais acessível e abrangente do que essas "escapatórias", e então isso é largamente visto como ideal, e "demandado" do governo pela população ("pseudo demandado", talvez), por argumentavelmente ser até melhor no fim das contas supondo que desse certo.
Em segundo lugar, a "tradição" no Brasil parece ser de escolas privadas como algo de elite, não o contrário. Isso é um nicho novo, que deve parecer inerentemente arriscado, pouco atraente. Requer uma índole filantrópica, uma dedicação especial à comunidade ou "causa", em vez de pensar apenas no lucro individual. Provavelmente qualquer pessoa que pudesse atuar nisso também teria mais demanda em situações um pouco melhores, de pessoas menos necessitadas, quase que por definição.
Além da menor demanda significando dinheiro efetivamente disponível para isso, também não devem ser poucos os que não enxergam na educação um investimento importante, por não verem diferença na "realidade deles" entre pessoas que cursaram N ou N+X anos na escola, ou que se dedicaram mais aos estudos.
E mesmo sem essa mentalidade, um dos critérios de cotas sociais (para faculdade especificamente, não sei se existem para outras coisas) ainda pune quem investe financeiramente em educação, o que deve fazer mesmo quem estaria disposto a isso pensar duas vezes antes de tirar o filho da escola pública. Antes disso seriam preferíveis investimentos que não desqualificassem para uma futura cota social na faculdade, a menos que já houvesse uma escola tremendamente boa e bastante acessível.