Tópico: Sociedade brasileira demanda demais do estado, diz professor de Harvard

[Osler]

O brasileiro médio é estatólatra, somos historicamente acostumados a viver (e nos adaptar) a uma cultura cartorial, nepotista e personalista.
Somos acostumados a ter o pai Estado resolvendo nossos problemas, lembro (e isso não é um paralelo exato) da época do plebiscito sobre sistema de governo que havia pesquisas de opinião mostrando que grande parte dos brasileiros achava plebiscitos absurdos, porquê esse era um trabalho do parlamentares e não do povo (elaborar leis).  Notem que não era uma crítica a democracia direta, mas sim de ter o trabalho de ir votar no lugar do estado/parlamentar.

As mesmas pessoas de classe média que reclamam da ineficiência de um setor como a saúde não acham estranho, ou afrontoso que existam profissionais que não trabalhem o que deveriam contanto que sejam parentes ou amigos.
TIro como exemplo lá em casa, minha mãe até hoje não se conforma de 1) eu não ter um emprego público e 2) minha justificativa "não tenho tempo para dispor" pois ela acha que 1)"é uma segurança, tem emprego e uma aposentadoria garantida para sempre" e 2) "todo mundo faz isso, porquê você não?"

[Johnny Cash]

Muito bom, Osler.

[Johnny Cash]

Vejam como pessoas que aparentemente concordam num ponto de vista tem princípios bem diferentes.

Não entendi.

Quais pessoas tem quais princípios e concordariam em que?

Você e o Bahadur tem a mesma opinião, mas partem de pontos de vista diferentes. Você não concorda com transferência de renda, nem num cenário de aproveitamento perfeito do dinheiro, o Bahadur não tem problema nenhum com transferência de renda, desde que o dinheiro seja bem usado.

Normalmente me alinho ao raciocínio dele, mas nesse tópico aqui não acho que nossa opinião seja a mesma. Nem prática nem conceitualmente.

[Moro]

Eu geralmente tendo a aceitar que o mercado proverá melhores serviços se as condições corretas forem minimamente mantidas e que isso será necessariamente verdade em cleptocracias como o Brasil.

Mas não dá para ir contra os fatos.  Suécia,  Japão,  Noruega,  Dinamarca etc..  São casos estrondosos de sucesso para qualquer pessoa que não acredite que a perfeição exista.  Todavia,  vale lembrar que Suécia e Japão tem grande índice de liberdade econômica,  apenas tem também um estado que se dispõe a prestar bons serviços e equalizar melhor as diferenças.  Não é que sejam nem de perto intervencionistas.

Já o Brasil,  também não adianta ir contra os fatos.  Tira tudo o que puder das mãos do governo. Isso é tão evidente quanto aplaudir o trabalho do estado sueco.

[Osler]

A única maneira aqui no Brasil seria a completa refundação do Estado, mas não vejo nenhum ator político com um mínimo de importância se atrevendo a triscar nesse e em outros assuntos fundamentais.
Infelizmente tanto o PSDB quanto o PT no Governo desperdiçaram chances quando ainda tinham cacife político para isso.

[Rhyan]

Alguém falou sobre a Suécia?

http://www.libertarianismo.org//artigos/laissez-faire-suecia-rica/

[Moro]

Como disse é fantástica para qualquer um que pense que a perfeição não existe. Passe um mês lá.

[Johnny Cash]

Já o Brasil,  também não adianta ir contra os fatos.  Tira tudo o que puder das mãos do governo. Isso é tão evidente quanto aplaudir o trabalho do estado sueco.

"O Brasil" está sempre nas cabeceiras das nações mais ricas enquanto a população é pobre e está sempre engrossando os indicadores sociais nas últimas fileiras dos rankings mais relevantes.

Dado isso, ter gente morando em palafita (sem outra opção) é um problema? Se é um problema, é responsabilidade de quem resolver, caso o governo seja mandado pro espaço?

[Moro]

Bom,  mesmo não sendo contra programas sociais, não vejo como o estado resolveria esse problema.  Apenas o crescimento da riqueza do país e melhor oferta de emprego poderiam dar conta.  Para que isso ocorra sim o país tem o que contribuir,  com investimentos em infraestrutura e simplificação da burocracia.  Mas não sei se compreendi a pergunta. De fato vejo agente com visões parecidas sobre esse assunto

[Barata Tenno]

O problema não é o estado, e a execução bosta do estado brasileiro. Não precisa acabar com saúde universal, não precisa acabar com programas sociais, mas quanto menor for a participação do estado,  menor a possibilidade de corrupção, cabides de empregos, etc.

[JJ]

O problema não é o estado, e a execução bosta do estado brasileiro. Não precisa acabar com saúde universal, não precisa acabar com programas sociais, mas quanto menor for a participação do estado,  menor a possibilidade de corrupção, cabides de empregos, etc.

E com relação às empresas estatais, o que você acharia de uma proposta de privatizar (pelo real preço de mercado) todas as empresas estatais ?

E uma muito ampla terceirização dos serviços públicos nas atuais autarquias e mesmo na administração direta, o que você acharia de uma proposta como essa ?

E indo além, o que você acharia de uma extinção de autarquias que não cumprem funções realmente essenciais que um Estado deveria cumprir ?

E um programa de vouchers para o ensino, de modo que o governo pudesse deixar de oferecer ensino diretamente, e ao invés disso utilizasse as escolas privadas para oferecer ensino para uma certa faixa de renda ?

E o que fazer com os quase 100 bilhões de deficit das aposentadorias do setor público+ as do INSS ? 

[JJ]

O problema não é o estado, e a execução bosta do estado brasileiro. Não precisa acabar com saúde universal, não precisa acabar com programas sociais, mas quanto menor for a participação do estado,  menor a possibilidade de corrupção, cabides de empregos, etc.

E de forma mais sintética, atualmente contando a tributação+o deficit anual e o seu respectivo financiamento, o governo apropria de cerca de 40% do PIB, você acha que isto deve ser mantido ?  Ou você acha seria melhor para a economia brasileira, e para o poder de compra dos brasileiros, que o governo reduzisse suas despesas até chegar a um patamar de aproximadamente 20 % do PIB, e que assim pudesse reduzir os tributos para cerca de 20% do PIB ? 

[Pagão]

Num recente debate a que assisti sobre as eleições britânicas, alguém referiu que havia países em que os pobres votavam em que lhes prometia assistência e outros países em que os pobres votavam em que lhes prometia a saída da pobreza... A conclusão era a de que, pelo menos em alguns países europeus, os pobres o que queriam era deixar de ser pobres e não propriamente apoio na pobreza...