Autor Tópico: Usar conhecimento genético para melhorar o próprio humano seria anti-ético?  (Lida 3048 vezes)

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Rhyan

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Re:Usar conhecimento genético para melhorar o próprio humano seria anti-ético?
« Resposta #25 Online: 09 de Junho de 2015, 20:11:10 »
Dawkins entrou numa polêmica feia no twitter quando falou sobre aborto de pessoas com síndrome de Down.

Você descobre que seu filho tem Down no 1º trimestre da gravidez, seu marido/sua esposa concorda com o aborto. Seria imoral? (ignorando que o aborto é ilegal por aqui, supondo que seja permitido no 1º trimestre.)

Offline Pedro Reis

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Re:Usar conhecimento genético para melhorar o próprio humano seria anti-ético?
« Resposta #26 Online: 09 de Junho de 2015, 22:18:34 »
Viviany é homem que gostaria de ser mulher ou é mulher que desejaria ser homem?

Offline Pedro Reis

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Re:Usar conhecimento genético para melhorar o próprio humano seria anti-ético?
« Resposta #27 Online: 09 de Junho de 2015, 22:23:23 »
Viviany nasceu menino.

Vendo as fotos... eu pegaria.

E toda torcida do grêmio também.

Offline El Elyon

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Re:Usar conhecimento genético para melhorar o próprio humano seria anti-ético?
« Resposta #28 Online: 09 de Junho de 2015, 22:36:21 »
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Você descobre que seu filho tem Down no 1º trimestre da gravidez, seu marido/sua esposa concorda com o aborto. Seria imoral?

Dependendo da consideração moral que é dada à identidade genética, sistema nervoso central, senciência, consciência humana e capacidade de sobreviver sem apoio de aparelhos, sim, é. Aborto é de longe, a questão ética mais complexa de se lidar.

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Viviany é homem que gostaria de ser mulher ou é mulher que desejaria ser homem?

Depende - de acordo com qual critério para definir o que é "ser homem" ou "ser mulher"?  :)
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São Beda.

Offline Pedro Reis

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Re:Usar conhecimento genético para melhorar o próprio humano seria anti-ético?
« Resposta #29 Online: 09 de Junho de 2015, 22:39:39 »
Tô fazendo um milhão de coisas ao mesmo tempo e aí acontece isso.

Sorry. As duas mensagens acima são alienígenas neste tópico.

Viviany é um trans que desfilou pregado a uma cruz na parada LGBT de São Paulo. Participou do Concurso Belas da Torcida representando o Grêmio e, observando as fotos, nem em um milhão de anos eu poderia suspeitar se tratar de alguém que na maternidade recebeu sapatinhos azuis.

Então... pra tentar encaixar nesse tópico... a transexualidade de Viviany teria uma causa genética ou ambiental? Se genética, seria ético ( se tal possibilidade existisse ) ajustar o sexo da pessoa antes dela nascer?

Não acredito que todo comportamento sexual seja geneticamente determinado, mas não existe homem com a cinturinha de Viviany. Cintura, braços, mãos, cabelos...

Offline Lorentz

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Re:Usar conhecimento genético para melhorar o próprio humano seria anti-ético?
« Resposta #30 Online: 09 de Junho de 2015, 22:47:43 »
[...] e, observando as fotos, nem em um milhão de anos eu poderia suspeitar se tratar de alguém que na maternidade recebeu sapatinhos azuis.

O queixinho Dolf Lundgren não diz nada?



PS. Tive uma visão desagradável enquanto pesquisava pela imagem dela  :(
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Offline Pedro Reis

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Re:Usar conhecimento genético para melhorar o próprio humano seria anti-ético?
« Resposta #31 Online: 09 de Junho de 2015, 23:01:50 »
Já vi as fotos sabendo que era homem, e achei o rosto ( só o rosto ) sutilmente masculino. Mas sem informação prévia não teria percebido nada.

Quando você reparou nessa foto já sabia que a moça nasceu rapaz?


Offline Lorentz

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Re:Usar conhecimento genético para melhorar o próprio humano seria anti-ético?
« Resposta #32 Online: 09 de Junho de 2015, 23:07:11 »
Já vi as fotos sabendo que era homem, e achei o rosto ( só o rosto ) sutilmente masculino. Mas sem informação prévia não teria percebido nada.

Quando você reparou nessa foto já sabia que a moça nasceu rapaz?



Quando vi as fotos eu já sabia que era trans, então eu já fui com viés. Mas é difícil achar uma trans bonita. Será que sou homofóbico?  :susto:
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Offline Pedro Reis

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Re:Usar conhecimento genético para melhorar o próprio humano seria anti-ético?
« Resposta #33 Online: 10 de Junho de 2015, 02:11:17 »

Eu vejo esta questão do seguinte modo,  poderemos  realmente aumentar quantidade de prazer e diminuir a quantidade de sofrimento nos seres humanos com a utilização da ciência genética para aperfeiçoarmos/melhorar  a espécie humana ?

Eu acredito que sim, por isso sou favorável ao melhoramento genético da espécie Homo sapiens sapiens.  Aliás acho muito estranho que pessoas não adeptas de  crenças em deuses sejam contra o melhoramento  genético da espécie Homo sapiens sapiens.

Se fazemos melhoramentos genéticos com outras espécies porque não podemos fazer com a espécie Homo sapiens sapiens ?  Ela por acaso é uma espécie sagrada na qual não podemos mexer ?   Algum deus acha ruim ?

Tolice, somos uma espécie animal como outras espécies animais, podemos sim aplicar conhecimentos científicos para melhorarmos o que bem entendermos que seja bom.  E é óbvio que estou me referindo a eugenia positiva.








Melhorar a qualidade de vida, você quer dizer.

Sim, se a Medicina puder avançar para a terapia genética seria um grande passo. Mas nesse caso seria a manipulação genética curando ou ajudando a curar doenças de pessoas que já nasceram, que existem e que são ou estão doentes, da mesma maneira que os medicamentos e outras terapias, mas com um potencial bastante além dos recursos que existem hoje.

Aí não vejo grandes problemas ( e eu não ver não quer dizer que não existam ), mas alterar características de pessoas que ainda não nasceram, ou selecionar embriões com base em codificações gênicas, tem implicações muito mais profundas, algumas das quais já foram discutidas aqui.

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Se fazemos melhoramentos genéticos com outras espécies porque não podemos fazer com a espécie Homo sapiens sapiens ?  Ela por acaso é uma espécie sagrada na qual não podemos mexer ?   Algum deus acha ruim ?

Isso me dá arrepios. Os "melhoramentos genéticos" de outras espécies não são melhoramentos de um ponto de vista destas espécies, são melhoramentos zootécnicos e agronômicos. Ou seja, é melhor para o produtor, porém muitas vezes terrível para o animal e quase nunca positivo, quase nunca uma melhor qualidade de vida para o animal. Quase nunca ou nunca.

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Tolice, somos uma espécie animal como outras espécies animais, podemos sim aplicar conhecimentos científicos para melhorarmos o que bem entendermos que seja bom.

O problema está justamente neste "bem entendermos que seja bom". O que os nazistas entendiam que era bom? E na verdade eugenia não foi uma invenção dos nazistas, era uma ideia com bastante aceitação na época. Descobriram que Salvador Allende, que era médico, produziu uma tese sobre eugenia quando jovem. Imagine!, o Salvador Allende.

A experiência mostra que nós, individualmente e como sociedade, nos equivocamos sistematicamente sobre o que pode vir realmente a ser bom. Quando se imagina este tipo de tecnologia a serviço de programas eugênicos só há duas possibilidades: ou estas seleções serão determinadas de cima para baixo, por algum regime com viés totalitário e de acordo com padrões estabelecidos ideologicamente ( quase uma reprodução da experiência nazista ), ou então estas decisões estarão nas mãos de pessoas comuns, que definirão o perfil genético de seus descendentes ( mas por fim de toda espécie humana ) com motivações tão fúteis e inconsequentes quanto às das pessoas também comuns que recorrem a procedimentos médicos invasivos para implantar corpos estranhos em seus próprios organismos, como por exemplo invólucros com gel silicone.
« Última modificação: 10 de Junho de 2015, 02:13:47 por Pedro Reis »

Offline El Elyon

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Re:Usar conhecimento genético para melhorar o próprio humano seria anti-ético?
« Resposta #34 Online: 10 de Junho de 2015, 02:12:02 »
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Então... pra tentar encaixar nesse tópico... a transexualidade de Viviany teria uma causa genética ou ambiental?

No caso específico? Não se sabe, ao menos não sem mapeamento genômico e buscar os alelos mais comumente associado à condição rotulada como trangênero MtF. Eu apostaria que é majoritariamente congênita, mas não necessariamente genética.

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Se genética, seria ético ( se tal possibilidade existisse ) ajustar o sexo da pessoa antes dela nascer?

Se considera a condição transgênera como um distúrbio ou doença, sim.

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Não acredito que todo comportamento sexual seja geneticamente determinado, mas não existe homem com a cinturinha de Viviany. Cintura, braços, mãos, cabelos..

Está vendo essas simpáticas pessoas? Todas elas são portadoras de alguma versão de insensibilidade a andrógenos (provavelmente completa), nasceram com o cromossomo Y e provavelmente não passaram por nenhuma intervenção cirúrgica estética (mas podem ter passado por algumas terapêuticas) para ter características de seu gênero/sexo:

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Offline Pedro Reis

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Re:Usar conhecimento genético para melhorar o próprio humano seria anti-ético?
« Resposta #35 Online: 10 de Junho de 2015, 02:17:18 »
O que é insensibilidade a andrógenos?

Offline Pedro Reis

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Re:Usar conhecimento genético para melhorar o próprio humano seria anti-ético?
« Resposta #36 Online: 10 de Junho de 2015, 02:43:36 »
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Síndrome de insensibilidade a andrógenos (AIS) ou Síndrome de Reifenstein é uma condição caracterizada pela incapacidade parcial ou total da célula para responder aos andrógenos como a testosterona. Esta falta de resposta da célula prejudica ou impede o desenvolvimento do pênis no feto, bem como o desenvolvimento de características sexuais secundárias em indivíduos testiculares na puberdade, mas não prejudica significativamente o desenvolvimento de indivíduos ovariados. 1

Então seria o caso desse.. ou dessa... não sei como dizer... dessa pessoa?

Bom, pode ser, mas há casos conhecidos de homens transsexuais com a genitália masculina plenamente desenvolvida e, do mesmo modo, características físicas extremamente femininas, como formato do rosto, quadris, etc...

No link abaixo pode-se constatar que o corpo de "Viviany" é perfeitamente feminino.

 http://esporte.uol.com.br/belas-da-torcida/2014/gremio/perfil/viviany-beleboni-/#fotoNav=1

Não sei se ela passou por toda uma extensa série de procedimentos cirúrgicos para chegar a este ponto mas existem casos que transsexuais masculinos que apresentam estes mesmos aspectos femininos e possuem genital masculino perfeitamente desenvolvido. Então provavelmente estes não apresentam insensibilidade a andrógenos. Mas estas características femininas não sugerem uma causa genética?

O que você quer dizer quando diferencia genético de congênito?

Offline Pedro Reis

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Re:Usar conhecimento genético para melhorar o próprio humano seria anti-ético?
« Resposta #37 Online: 10 de Junho de 2015, 03:11:30 »
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Síndrome de insensibilidade androgênica moderada (MAIS): quando a genitália externa é semelhante a de uma pessoa diádica testiculada;

Mas há também esta condição.

Offline El Elyon

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Re:Usar conhecimento genético para melhorar o próprio humano seria anti-ético?
« Resposta #38 Online: 10 de Junho de 2015, 04:51:21 »
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Então seria o caso desse.. ou dessa... não sei como dizer... dessa pessoa?

Não sei. Eu só usei a AIS como um exemplo de como você pode ter um "Homem" (ou 44,XY, que é um rótulo mais preciso) com todas as características tipicamente femininas sem ser transgênero (a menos que use uma definição lato-sensu de transgêneros). E bom, provavelmente você pode se referir a essas pessoas como elas.

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Bom, pode ser, mas há casos conhecidos de homens transsexuais com a genitália masculina plenamente desenvolvida e, do mesmo modo, características físicas extremamente femininas, como formato do rosto, quadris, etc...

Claro que há, provavelmente são a maioria dos casos. Tecnicamente as pessoas com algum tipo de AIS são melhor chamadas de intersex - não de transgêneros.

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Mas estas características femininas não sugerem uma causa genética?

Possivelmente, mas eu não tenho informações para responder isso. Que eu saiba, existem muito poucos alelos associados com transgêneros e em nenhum caso os elos causais são claros.

EDIT: Well, embora o número de alelos conhecidos e associados à condição transgênero seja limitado, ao menos nos casos onde ela pode ser vista como danosa (Disforia de Gênero ou Desordem de Identidade de Gênero) há fortes evidências que a variância dessa condição é melhor explicada por fatores genéticos, vide aqui.

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O que você quer dizer quando diferencia genético de congênito?

Congênito é qualquer condição que um bebê nasce com, podendo ser originada tanto de fatores genéticos (aqueles frutos da fecundação) ou de fatores ambientais/acaso (substâncias/hormônios que foi exposta durante a gravidez).
« Última modificação: 10 de Junho de 2015, 04:55:59 por El Elyon »
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