Cara, vou fazer as perguntas. Mas fique à vontade para não responder se estiver muito fora de sua área, mas minha esperança é que você possa me dizer pelo menos se estou cometendo algum erro grave de premissa:
1 – Essa é a mais fácil, até já fiz. O termo
téssera pode ser usado para qualquer forma geométrica, ou só para hipercubos? Para os demais, ficamos mesmo com a forma genérica (hiperesferas, hiperpirâmides, etc...)?
2 – É “fácil” conceber um buraco negro na relatividade geral clássica. A singularidade causa uma distorção tão grave no espaço-tempo que surge um aclive tão agudo que nada é rápido o suficiente para escapar. Eu sei que é, na verdade, mais complicado que isso, e a distorção causa um desvio tão grande das formas que todos os geodésicos curvam na direção do centro, não havendo rota válida para fora do horizonte de evento. O ponto é: essas explicações são todas
essencialmente geométricas. Quando você inclui a idéia de que a gravidade é comunicada através de partículas (grávitons) que se movem à velocidade da luz... então essas partículas não deviam, também elas, ficar impossibilitadas de se afastar da singularidade, exatamente por não haver rota válida para fora? O buraco negro não devia, portanto, se
autoconter, e nunca projetar efeitos sequer para além da singularidade, menos ainda para fora do horizonte de evento?
2.1 – A única resposta que já vi a essa pergunta em um fórum é que essa questão é irrespondível pois está abarcada na incompatibilidade matemática entre a relatividade e a mecânica quântica. E estaria tudo bem com a resposta, não fosse o fato que a teoria das cordas efetivamente descreve uma unificação possível entre as duas, e portanto, uma forma de tornar factível essa aparente contradição. Eu queria entender exatamente que forma é essa, ainda que a mesma seja só especulativa.
3 – Última pergunta: Radiação de Hawking. Ok, a idéia é que eventos quânticos que ocorrem na borda do horizonte de evento sejam “partidos” pela atração do buraco negro. Assim, a partículas virtuais, impedidas de seu auto-aniquilarem, seriam convertidas em partículas reais, alimentadas pela gravidade do buraco, e que uma parte delas seria projetada para fora, funcionando como uma irradiação que faz com que, com o tempo, o buraco negro eventualmente se evapore.
3.1 – OK. Minha dúvida primordial aqui é: se não existe nenhum mecanismo natural que faça com que as partículas que caiam na singularidade sejam sempre as negativas, os buracos negros não deveriam manter massa constante, recebendo sempre um influxo proporcional de partículas virtuais positivas e negativas? Já pesquisei um bocado esse tópico e o mais perto que vi de uma resposta foi um comentário nesta palestra (
https://www.youtube.com/watch?v=_8bhtEgB8Mo) de Sean Carrol na Royal Society, em que ele afirma que a partícula que cai é sempre a negativa, pois do contrário haveria formação constante de antimatéria no universo.
3.2 – Ou seja, ele sugere que existe um mecanismo que seleciona a partícula virtual negativa como a absorvida pelo buraco negro, causando a irradiação de partículas positivas e a perda de massa na singularidade. Mas não descreve de forma alguma que mecanismo seletor seria esse. Eu só posso imaginar que devido a
entanglement, sempre que a partícula virtual, ao tornar-se real, sofre o colapso de sua função de onda, ela se torna/revela uma partícula positiva, consequentemente tornando a partícula absorvida uma negativa. Mas isso além de ser mera especulação, ainda não fornece o mecanismo que obriga a partícula expelida a ser positiva.
3.3 – O que eu queria saber é: existe esse mecanismo? Tem como descrever o básico der seu funcionamento?
Ok, desculpe se fugi muito da sua especialidade, mas é que eu faço essas duas últimas perguntas
sempre que tenho a oportunidade, sempre na esperança de conhecer alguém que saiba a resposta de pelo menos uma delas.