O Brasil tem feriados demais?
[...]
Dias festivos costumam ter impacto na produção econômica; mas número de feriados nacionais é parecido com o de muitos outros países.
[...]
Se outros países tem grande quantidade de feriados não significa que devemos ter.
Mas mesmo assim, tem que se analisar cada contexto, incluindo o índice de produtividade.
Em uma semana mais curta por causa do feriado de Tiradentes, na terça-feira, o Rio de Janeiro comemora também o dia de São Jorge, nesta quinta. Enquanto muita gente celebra os dias de descanso, outros se queixam de prejuízos causados pelos feriados.
Basta ver quem celebra e quem lamenta. Aposto que no segundo grupo estão os empresários, que são os que mais bancam as atividades do estado.
Mas será que o Brasil tem feriados em excesso?
Para quem é empresário (no geral), sim, certamente.
É claro que há exceções, como os de turismo e entretenimento.
Se compararmos os números de feriados nacionais com outros países, não parece ser o caso.
Estudo internacional da consultoria em recursos humanos Mercer calculou, no ano passado, que o Brasil tem número de feriados semelhante a países como Canadá, França, Itália e Suécia, com 11 feriados cada.
Certo.
Os Estados Unidos têm 10 feriados nacionais, ainda que empresas privadas não sejam obrigadas a liberar seus funcionários, diz a Mercer.
Não por acaso o EUA é um dos países líderes em produtividade e liberdade econômica.
O Brasil terá em 2015, segundo o Ministério do Planejamento, nove feriados oficiais, sem levar em conta o Carnaval e Corpus Christi, considerados pontos facultativos - mas que significam folga para a maioria dos trabalhadores.
Por favor...
Carnaval (mais a segunda-feira que o precede e a manhã de quarta-feira que o sucede) e Corpus Christi são dias de feriado em TODAS as repartições públicas que conheço por este país.
Mas esse cálculo não leva em conta os diversos feriados estaduais e municipais (por exemplo Sexta-feira da Paixão e aniversários das cidades), nem as "pontes" – aquelas sextas ou segundas-feiras enforcadas quando os feriados caem na quinta ou na terça.
Esta é mais uma excrescência que só pode ser compensada oficialmente pelas grandes e médias empresas e extra-oficialmente pelas pequenas.
Nas repartições públicas o que mais se observam são estas tais "pontes".
Feriados móveis
[...]
Um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados propõe prática semelhante no Brasil: fixa nas segundas-feiras os feriados nacionais que caírem na terça, e nas sextas-feiras os que caírem às quartas ou quintas-feiras.
Na impossibilidade de acabar com os feriados não inclusos na minha lista como aceitáveis, eu avalio que este é um projeto que minora a perda das empresas e da economia no geral.
[...]
As exceções do projeto seriam os feriados nacionais que caírem nos sábados ou domingos e algumas datas específicas – 1º de janeiro, 7 de setembro (Independência), 2 de novembro (Finados) e 25 de dezembro (Natal), que nunca seriam móveis.
Dos supra-relacionados eu eliminaria de imediato os dos dias 02 de novembro e o de 25 de dezembro.
Jornadas
Números de feriados frequentemente são associados a quedas na produção econômica dos países.
Que novidade...
[...]
No segundo trimestre do ano passado, quando o PIB (Produto Interno Bruto) caiu 0,6% em comparação com o trimestre anterior, uma das justificativas do Ministério da Fazenda foi justamente a Copa do Mundo, que reduziu o número de dias trabalhados em muitas empresas e repartições públicas.
E para completar, as mentiras oficiais. Antes os mesmos pilantras, digo, pessoas afirmavam que o PIB cresceria por causa do evento.
Além disso, de volta às comparações internacionais, feriados não necessariamente significam que trabalhamos menos horas no total.
Levando-se em conta a jornada de trabalho regulada por lei no Brasil, de até 44 horas semanais, e descontando-se os feriados e férias, um trabalhador típico brasileiro pode trabalhar ao redor de 2.000 horas anuais, quantidade parecida à de horas trabalhadas por um trabalhador mexicano ou coreano, mas bem superior à média de países como Dinamarca, Holanda e França.
Sim. É um fato.
Mas a maioria dos países compensa isto com uma produtividade maior que a do trabalhador brasileiro.