Autor Tópico: Pré-Sal??  (Lida 1422 vezes)

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Offline Feliperj

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Re:Pré-Sal??
« Resposta #25 Online: 06 de Fevereiro de 2016, 18:40:07 »
Desde a guerra fria ficou claro que duas potências nucleares NÃO entram em confronto direto! Fazem(ziam) isso através de suas áreas de influência. Esse tipo de situação não vai ajudar em nada, caso esse problema monetário se concretize!



É bom lembrar também que antes existia a doutrina MAD.  Hoje, pelo que eu saiba, ela não existe mais.

Isso não é doutrina, é uma constatação. Então, ela exsite até hoje! Ninguém desenvolveu (pelo que sabemo) o programa "Guerra nas Estrelas".

Offline JJ

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Re:Pré-Sal??
« Resposta #26 Online: 06 de Fevereiro de 2016, 18:40:25 »

Essas ogivas talvez nem funcionem mais. Os softwares estão em coisas assim:




Vai nessa. Vai mesmo. Fique tranquilo. Bem tranquilo.





Offline JJ

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Re:Pré-Sal??
« Resposta #27 Online: 06 de Fevereiro de 2016, 18:52:01 »
As Reais Ameaças Nucleares na Atualidade

Nenhum Estado pode ter exata certeza sobre as capacidades de seus concorrentes e, portanto, devem se preparar para os piores cenários e "pensar o impensável".

Leonam dos Santos Guimarães
Diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente
Eletrobrás Termonuclear SA – ELETRONUCLEAR
leonam@eletronuclear.gov.br


A era atômica tornou suicida uma guerra entre as potências nucleares. Ela criou o risco de que um confronto convencional entre potências nucleares poderia levar a uma escalada catastrófica e, assim, permitiu evitar uma terceira guerra mundial. No entanto, a era atômica não eliminou, longe disso, a tendência inerente da humanidade em competir pela supremacia. Os Estados não podem confiar em intenções e, portanto, avaliam as capacidades dos seus adversários.

Nenhum Estado pode ter exata certeza sobre as capacidades de seus concorrentes e, portanto, devem se preparar para os piores cenários e "pensar o impensável". Toda humanidade espera que as ameaças nucleares na atualidade nunca se configurem na volta do efetivo emprego militar das armas nucleares, passados 70 anos dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki.

Entretanto, a questão estratégica que se coloca é a mesma colocada magistralmente por Sun-Tzu em “A Arte da Guerra”: “você pode imaginar o que eu faria se eu pudesse fazer tudo o que eu posso?”.


Introdução

Desde os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, as armas nucleares têm ocupado um lugar de destaque na segurança mundial. Toda uma nova disciplina acadêmica de estudos estratégicos [1] surgiu para fornecer os fundamentos teóricos aos líderes políticos envolvidos na tomada de decisão sobre seu emprego. Com efeito, as armas nucleares foram o fundamento da estratégia americana para defender a Europa em face de um poder militar convencional soviético numericamente superior durante a Guerra Fria [2].

Nessa época, a maior parte do debate esteve focado no equilíbrio nuclear EUA-URSS, sem dúvida a ameaça mais provável e mais perigosa. Esse equilíbrio foi mantido com base na doutrina da “Mutual Assured Destruction” [3] MAD, ou seja, na manutenção de um status quo no qual nenhuma das duas superpotências poderia vencer uma guerra nuclear, pois se a guerra fosse iniciada por uma delas, ambas acabariam destruídas. O desenvolvimento de sistemas antimísseis balísticos (ABM [4] ) e Iniciativa de Defesa Estratégica (SDI [5]) foram grandes ameaças a esse equilíbrio. Os ABM foram objeto de tratado específico limitando seu uso [6] e a SDI é muitas vezes apontada como uma das principais causas da queda da URSS.

Desde o colapso da URSS, entretanto, as armas nucleares continuam sendo uma das principais preocupações geopolíticas mundiais. No entanto, o debate internacional decorrente não é focado nos países que possuem arsenais nucleares operacionais (EUA, Rússia, China, França, Grã-Bretanha, Índia, Paquistão, Israel). A grande visibilidade da política externa dos “cinco grandes”, membros do Conselho de Segurança da ONU, está nas hipotéticas armas nucleares operacionais que estados classificados como "rogue" (Coréia do Norte, Irã, Iraque, Síria, Líbia, entre outros), bem como grupos terroristas, não têm (com sucesso até agora, exceto no caso da Coréia do Norte).

Por outro lado, a comunidade não-governamental dos estudos estratégicos nucleares foi sendo eclipsada pela comunidade da não-proliferação e controle de armas [7], que se esforça para tentar abolir as bombas nucleares, mas que muito pouco foca na busca pela minimização o perigo real que aquelas bombas que existem nos arsenais nucleares dos EUA, Rússia, França, Grã-Bretanha, China, Índia, Paquistão e Israel representam.

Sem nenhuma dúvida, essas atividades são importantes e necessárias. No entanto, eles criaram um vácuo, na medida em que muito pouco se discute (e muito menos se minimiza) as ameaças nucleares reais que o mundo de hoje enfrenta. Infelizmente, essas ameaças, tão discutidas durante a Guerra Fria, não desapareceram com a queda do muro de Berlim. Com a esperança de provocar esse necessário debate, vamos tentar identificar as ameaças nucleares reais que se acredita serem as mais perigosas e sobre as quais pouco se discute.
 

MIRVs asiáticos

Como já discutido em artigo anterior [8], a ameaça nuclear mais perigosa que o mundo enfrenta atualmente é a perspectiva de China e Índia obterem “Multiple independently targetable reentry vehicles” (MIRV). Os MIRVs [9] permitem aos mísseis balísticos transportarem múltiplas ogivas nucleares cada uma sendo destinada a um alvo diferente.

Durante a Guerra Fria, a introdução de mísseis MIRV desestabilizou muito o equilíbrio nuclear EUA-URSS, tornando os arsenais nucleares mais suscetíveis de serem destruídos por um primeiro ataque de surpresa inimigo, ou seja, criaram a possibilidade de um dos lados ganhar a guerra nuclear. Para compensar este risco, EUA e URSS construíram mais armas nucleares e as dispersaram por um maior número de locais.

Isto seria especialmente problemático caso o mesmo se repetisse agora para a Índia e China, que têm mantido arsenais nucleares extremamente pequenos em relação aos mantidos pelos EUA e URSS/Rússia. O impacto mais imediato da China e da Índia obterem MIRVs será a expansão de seus respectivos arsenais nucleares. O impacto, entretanto, não será limitado somente aos dois países. Por um lado, um arsenal nuclear indiano em rápida expansão deixará o Paquistão temeroso de que seu arsenal possa ser destruído em um primeiro ataque. É provável que, em resposta, o Paquistão expanda seu próprio arsenal tão rapidamente quanto possível e busque também obter seus próprios mísseis MIRV (talvez com a ajuda da China).

Da mesma forma, a Rússia depende cada vez mais de seu massivo arsenal nuclear para "compensar" uma relativa perda de poder militar convencional. Como a modernização militar da China continua, Moscou vai se tornar ainda mais dependente de suas armas nucleares para dissuadir os chineses. Assim, é absolutamente crucial que a Rússia mantenha uma grande vantagem sobre a China no domínio nuclear. Um arsenal nuclear chinês em rápida expansão comprometeria muito isso. No futuro poderá ocorrer que os mísseis MIRV da China invalidem todos os esforços de controle de armas dos EUA e Rússia ao longo de décadas.

Armas Nucleares Táticas do Paquistão

Ao contrário do que aparenta numa primeira vista, o Paquistão não adquiriu armas nucleares para combater o arsenal da Índia, mas para "compensar" sua inferioridade em termos de poder militar convencional. Aliás, essa foi a mesma motivação de Israel.

Na verdade, a decisão paquistanesa de buscar armas nucleares foi feita em uma reunião em Janeiro 1972 em Multan, no sul de Punjab, Paquistão. No mês anterior, o poder militar do Paquistão tinha sido gravemente humilhado em sua guerra com a Índia [10], o que resultou no então Paquistão Oriental tornar-se o atual Estado independente de Bangladesh. Esta perda de quase metade do seu território fez o Paquistão aumentar ainda mais sua inferioridade em termos de população (de 5:1 para 10:1 em favor da Índia) e potencial econômico. Essa guerra de 1971 também destruiu a crença predominante no Paquistão de que seu poder militar seria qualitativamente superior às forças armadas indianas e reforçou a ideia de que a Índia buscava desmantelar e absorver o país.

Como resultado, não é surpreendente que o Paquistão esteja buscando armas nucleares táticas [11] para usar no campo de batalha contra a Índia, especialmente à luz da doutrina militar indiana de "Cold Start" [12]. Afinal, a OTAN até hoje possui armas nucleares táticas na Europa e Turquia [13] que foram originalmente instaladas para compensar a superioridade convencional da URSS, o que indica que a motivação permanece com a Rússia, não tendo sido afetada pela queda do muro de Berlim e fim da URSS.

No entanto, as armas nucleares táticas devem ser vistas com muita cautela, especialmente quando operadas por um país como o Paquistão. Por um lado, as armas nucleares táticas ressaltam a disposição do Paquistão em empregar armas nucleares, mesmo que seja para responder a ameaças convencionais. Além disso, de forma a serem eficazes, as armas nucleares táticas do Paquistão teriam que ser mantidas em estado de prontidão para serem empregadas em curto prazo. Mais ainda, uma vez instaladas na linha de frente, os comandantes no campo de batalha provavelmente teriam que ter autoridade para empregá-las, aumentando o perigo de uso indevido. Finalmente, as armas nucleares táticas seriam mais suscetíveis a roubos por qualquer um dos inúmeros grupos terroristas que atuam na região.
 
Evolução na Precisão e Velocidade dos Mísseis


Um grande esforço tecnológico vem sendo aplicado ao aperfeiçoamento da precisão das armas convencionais. Uma munição guiada de precisão ou “bomba inteligente” (“Precison Guided Munition” [14], “Smart Bomb” [15]) é uma arma com guiagem ativa com a intenção de acertar com precisão um alvo específico, minimizando danos colaterais. Todos já vimos vídeos dessas armas em ação realizando os chamados “bombardeios cirúrgicos”.


Entretanto, pouco ou mesmo nada se discute sobre como essa evolução na precisão dos mísseis afeta as armas nucleares. Essa evolução, entretanto, que tem o potencial de minar o equilíbrio estratégico nuclear. A aquisição de mísseis de alta precisão pelas potências nucleares pode significar o fim da estratégia da Destruição Mútua Assegurada [16] (MAD) e da consequente doutrina relacionada ao não primeiro uso de armas nucleares [17]. Isso porque seu emprego pode permitir o sucesso de um primeiro ataque de surpresa [18] e, com isso, uma potência poderia vencer uma guerra nuclear, causando danos limitados ao oponente.


A estratégia MAD se fundamenta em dois pressupostos básicos. Em primeiro lugar, que as superpotências nucleares sempre teriam capacidade de um segundo ataque de retaliação que tornaria impossível para uma delas destruir o arsenal nuclear da outra com um ataque surpresa. Em segundo lugar, que o poder destrutivo das armas termonucleares e a natureza indiscriminada da destruição por elas provocada torna seu uso abominável. Relacionado ao MAD está o preceito de que nenhuma superpotência poderia vencer a outra num conflito termonuclear.


A evolução na precisão dos mísseis pode anular esses pressupostos. Para começar, a incrível precisão dos sistemas de mísseis modernos torna a destruição total do arsenal nuclear do oponente em um primeiro ataque de surpresa bem sucedido muito mais plausível. Isto é particularmente verdadeiro contra potências nucleares que têm, pelo menos por enquanto, arsenais nucleares relativamente pequenos em comparação com Rússia e os EUA.


No entanto, após a modelagem de um potencial primeiro ataque contra as forças estratégicas da Rússia, Lieber e Press [19] concluíram que os EUA poderiam, com um alto grau de probabilidade, ter sucesso na destruição total do arsenal nuclear de um oponente, mesmo que ele seja de porte massivo como o da Rússia. Na verdade, esses autores alegam que os formuladores de políticas dos EUA construíram efetivamente suas forças estratégicas com o objetivo de ter a capacidade de empregar armas nucleares para destruir as forças estratégicas de qualquer outro país, ou seja, de obter a primazia estratégica.


Com efeito, o esforço para neutralizar as forças estratégicas do adversário e alcançar a primazia se estende por quase todos os domínios da guerra moderna, não se limitando à capacidade de ataque nuclear. Por exemplo, inclui os sistemas de defesa contra mísseis balísticos (ABM), a guerra antissubmarino, a inteligência eletrônica, sistemas de vigilância e reconhecimento, a guerra cibernética ofensiva, ataque convencional de precisão de curto, médio e longo alcance.


Além de comprometer a MAD, a crescente precisão dos mísseis modernos também potencialmente enfraquece a doutrina de não primeiro uso de armas nucleares. Esta doutrina foi construída em grande parte sobre o conceito de que as armas nucleares eram moralmente repugnantes porque seu poder de destruição maciça e as severas consequências radiológicas colaterais correspondentes iriam dizimar populações indiscriminadamente. No entanto, é a precisão que determina a letalidade de arma nuclear. Fazer uma arma duas vezes mais precisa tem o mesmo efeito sobre a letalidade como fazer uma ogiva oito vezes mais potente [20]. Dito de outra forma, fazer um míssil duas vezes mais preciso exigiria apenas um oitavo do poder explosivo de sua cabeça de combate para manter a mesma letalidade. Além disso, as consequências radiológicas são proporcionais ao poder explosivo da arma e decaem de acordo com o quadrado da distância do ponto da explosão [21],o que minimiza os impactos colaterais.


Conclui-se, portanto, que com a evolução da precisão, as bombas nucleares podem se tornar uma arma de guerra passível de emprego numa situação de conflito grave ou guerra. Essa evolução permitiria destruir instalações nucleares protegidas de um inimigo com armas de baixo poder explosivo, reduzindo assim em muito as consequências radiológicas e os danos colaterais. De fato, usando um modelo de computador do Pentágono [22], especialistas estimam que um ataque nuclear americano contra silos de mísseis balísticos (ICBM [23]) da China usando armas de alto poder explosivo detonadas no solo poderia matar entre 3 e 4 milhões de pessoas. Usando armas precisas de poder explosivo reduzido este número cairia para menos de 700 vítimas.


Simultaneamente ao aumento da precisão, um grande desenvolvimento tecnológico vem ocorrendo também na velocidade. Os mísseis de cruzeiro modernos [24] podem atingir velocidades não só supersônicas como hipersônicas (mais de cinco vezes a velocidade do som). Por exemplo, o míssil BrahMos-II [25], em desenvolvimento pela Índia e Rússia, pode atingir a velocidade de Mach 7 (8.575 km/h). A China [26] e EUA [27] também desenvolvem mísseis hipersônicos.


Sistemas como o “Prompt Global Strike”, em desenvolvimento pelos EUA, que poderia lançar um ataque com mísseis de precisão que atingiriam seus alvos em até uma hora, podem inviabilizar a ação dos sistemas de alerta antecipado das demais potências nucleares, impedindo-as de responder a um ataque devido aos curtíssimos tempos envolvidos.


O desenvolvimento de mísseis de mísseis hipersônicos de grande precisão aumenta em muito a probabilidade de sucesso de uma potência nuclear destruir totalmente o arsenal de outra sem que essa tenha como responder a tal ataque de surpresa. Isso comprometeria de forma irreversível a estratégia MAD e a doutrina de não primeiro uso, amplificando enormemente a ameaça de uma guerra nuclear. Passaria a vigorar a síndrome “use them or lose them”.



Modernização militar da China

A modernização militar da China [28] é uma ameaça nuclear mais do que hipotética. No mínimo ela vai forçar a Rússia a se tornar cada vez mais dependente de suas armas nucleares. É provável que isto seja verdadeiro para a Índia também. Mesmo os EUA podem se encontrar num futuro não tão distante também numa situação em que deva mais uma vez recorrer às armas nucleares para deter um inimigo convencional superior em um teatro de operações distante [29], como foi no caso do pós Segunda Guerra Mundial.

Como sua superioridade convencional crescendo e seus interesses se expandindo, a modernização militar da China vai servir como um poderoso motivador para os seus vizinhos construírem suas próprias forças nucleares. Se os EUA não forem capazes de exercer uma efetiva estratégia de contenção da China como fez com a URSS, o Japão seria dos primeiros a questionar sua política de não possuir armas nucleares [30].

Na verdade, a necessidade de dissuadir ameaças militares convencionais esmagadoras tem sido a força motriz por trás da decisão de muitos Estados obterem armas nucleares. Por exemplo, a França tomou a decisão de construir armas nucleares poucos dias depois que a OTAN decidiu rearmar a Alemanha Ocidental. Tendo em conta que os seus inimigos árabes eram muito maiores e mais povoados do que Israel, e inclinadas à destruição deste último, David Ben-Gurion considerou as armas nucleares essenciais no início da existência do Estado judeu. Como mencionado acima, essa lógica foi aplicada pelos líderes paquistaneses também.

Não é impensável, então, que países como o Japão, Vietnã, Taiwan e Coréia do Sul ainda vão sentir a necessidade de adquirir armas nucleares para compensar a superioridade convencional da China, especialmente quando se considera as disputas territoriais que Beijing mantém com a maioria deles. Além disso, a Coreia do Sul, Taiwan e, especialmente, Japão têm programas nucleares avançados que fariam com que fosse relativamente fácil e barato construir a bomba.

Abolição das Armas Nucleares

Enquanto as armas nucleares parecem ainda ter muito futuro, particularmente na Ásia, a comunidade da não proliferação e controle de armas trabalha incansavelmente para impedi-lo. De fato, desde 11/09, a causa “Global Zero [31] tem expandido muito suas fileiras e ganhou apoio de líderes políticos importantes, como o presidente Obama (Declaração de Praga, 2009 [32]). Infelizmente, essa causa, por mais nobre que seja, é perigosa. Graças à sua capacidade de impedir conflitos entre as grandes potências, a única coisa pior do que as armas nucleares seria, paradoxalmente, um mundo sem elas.

Considere-se uma estimativa conservadora de vítimas mortais da Segunda Guerra Mundial de 60 milhões de pessoas, ou cerca de 3% da população mundial na época. Numa terceira guerra mundial não nuclear igualmente letal, portanto, seria esperada a morte de pelo menos 210 milhões de pessoas. Entretanto, a sofisticação das armas convencionais modernas e a urbanização muito maior fariam com que essa hipotética terceira guerra mundial não nuclear fosse muito mais letal do que a Segunda Guerra Mundial, apesar dos avanços na medicina reduzirem parcialmente essa letalidade.

Isso por si só seria uma tragédia sem precedentes na história da humanidade. O maior perigo, no entanto, é que tal conflito não permaneceria convencional por muito tempo [33]. As propostas de desarmamento nuclear global existentes não oferecem nenhum mecanismo concebível para garantir que tal guerra permanecesse não nuclear. Na verdade, o senso comum sugere que imediatamente após o início das hostilidades, se não mesmo no período de preparação para a guerra em si, todas as potências nucleares anteriores fariam uma rápida corrida armamentista para reconstruir suas forças nucleares no mais curto espaço de tempo.


O resultado não seria apenas uma volta ao mundo com armas nucleares que habitamos. Em vez disso, alguns países reconstruiriam suas armas nucleares mais rapidamente do que outros e nenhum deles poderiam ter certeza do progresso seus rivais teriam feito. Os "vencedores" nesta renovada corrida armamentista nuclear teriam, então, todo o incentivo para o emprego imediato de suas novas capacidades nucleares contra os seus adversários, num esforço para acabar rapidamente com o conflito, eliminando as capacidades nucleares dos oponentes, ou simplesmente por medo de que outros o façam antes, lançando um ataque debilitante sobre seu arsenal nuclear pequeno e vulnerável. Não haveria destruição mutuamente assegurada em tal ambiente, prevalecendo a síndrome “use them or lose them”.


Conclusões

A era atômica tornou suicida uma guerra entre as potências nucleares. Ela criou o risco de que um confronto convencional entre potências nucleares poderia levar a uma escalada catastrófica e, assim, permitiu evitar uma terceira guerra mundial. No entanto, a era atômica não eliminou, longe disso, a tendência inerente da humanidade em competir pela supremacia. Os Estados não podem confiar em intenções e, portanto, avaliam as capacidades dos seus adversários. Nenhum Estado pode ter exata certeza sobre as capacidades de seus concorrentes e, portanto, devem se preparar para os piores cenários e "pensar o impensável".


Toda humanidade espera que as ameaças nucleares na atualidade nunca se configurem na volta do efetivo emprego militar das armas nucleares, passados 70 anos dos bombardeios de Hiroxima e Nagazaki. Entretanto, a questão estratégica que se coloca é a mesma colocada magistralmente por Sun-Tzu em “A Arte da Guerra”: “você pode imaginar o que eu faria se eu pudesse fazer tudo o que eu posso?”.

 

[1] Nuclear strategy, http://en.wikipedia.org/wiki/Nuclear_strategy
[2] Guerra Fria, http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Fria
[3] Mutual assured destruction, http://en.wikipedia.org/wiki/Mutual_assured_destruction
[4] Anti-ballistic missile, http://en.wikipedia.org/wiki/Anti-ballistic_missile
[5] Strategic Defense Initiative, http://en.wikipedia.org/wiki/Strategic_Defense_Initiative
[6] Anti-Ballistic Missile Treaty, http://en.wikipedia.org/wiki/Anti-Ballistic_Missile_Treaty
[7] Por exemplo, Center for Arms Control and Non-Proliferation, http://armscontrolcenter.org/
[8] Ninguém está falando da mais perigosa ameaça nuclear de hoje, http://www.jornal.ceiri.com.br/ninguem-esta-falando-da-mais-perigosa-ameaca-nuclear-de-hoje-desenvolvimento-de-misseis-mirv-pela-china-e-india/
[9] Multiple independently targetable reentry vehicle, http://en.wikipedia.org/wiki/Multiple_independently_targetable_reentry_vehicle
[10] Indo-Pakistani War of 1971, http://en.wikipedia.org/wiki/Indo-Pakistani_War_of_1971
[11] Tactical nuclear weapon, http://en.wikipedia.org/wiki/Tactical_nuclear_weapon
[12] Cold Start (military doctrine), http://en.wikipedia.org/wiki/Cold_Start_(military_doctrine)
[13] U.S. Nuclear Weapons in Europe: Critical for Transatlantic Security, http://www.heritage.org/research/reports/2014/02/us-nuclear-weapons-in-europe-critical-for-transatlantic-security
[14]Precision-guided munition, http://en.wikipedia.org/wiki/Precision-guided_munition
[15] Guided bomb, http://en.wikipedia.org/wiki/Guided_bomb
[16] The End of MAD?, http://www.mitpressjournals.org/doi/pdf/10.1162/isec.2006.30.4.7
[17] No first use, http://en.wikipedia.org/wiki/No_first_use
[18] Pre-emptive nuclear strike, http://en.wikipedia.org/wiki/Pre-emptive_nuclear_strike
[19] The Rise of U.S. Nuclear Primacy, http://www.foreignaffairs.com/articles/61508/keir-a-lieber-and-daryl-g-press/the-rise-of-us-nuclear-primacy
[20] First Strike!: The Pentagon's Strategy for Nuclear War, https://books.google.com.br/books?id=x__CgnLTLqkC&printsec=frontcover&dq=first+strike&hl=pt-BR&sa=X&ei=y7HrVLztIda4ogTSiYCwDw&ved=0CCcQ6AEwAA#v=onepage&q=first strike&f=false
[21] Inverse-square law, http://en.wikipedia.org/wiki/Inverse-square_law
[22] The Nukes We Need, http://www.foreignaffairs.com/articles/65481/keir-a-lieber-and-daryl-g-press/the-nukes-we-need
[23] Intercontinental ballistic missile, http://en.wikipedia.org/wiki/Intercontinental_ballistic_missile
[24] Cruise missile, http://en.wikipedia.org/wiki/Cruise_missile
[25] BrahMos-II, http://en.wikipedia.org/wiki/BrahMos-II
[26] China's New Hypersonic Missile Can Scream Past US Air Defenses, http://gizmodo.com/chinas-new-hypersonic-missile-can-scream-past-us-air-d-1501458331
[27] Prompt Global Strike, http://en.wikipedia.org/wiki/Prompt_Global_Strike
[28] The global implications of China’s military modernization, https://www.ihs.com/articles/features/chinas-military-modernization.html
[29] Welcome to China and America's Nuclear Nightmare, http://nationalinterest.org/feature/welcome-china-americas-nuclear-nightmare-11891
[30] Japan's non-nuclear weapons policy, http://en.wikipedia.org/wiki/Japan's_non-nuclear_weapons_policy
[31] Global Zero, http://www.globalzero.org/
[32] Prague Agenda: What it means ro Brazil, https://www.academia.edu/4551215/Prague_Agenda_What_it_means_ro_Brazil
[33] A Global Zero World Would Be MAD, http://thediplomat.com/2014/03/a-global-zero-world-would-be-mad/


http://www.defesanet.com.br/nuclear/noticia/18298/As-Reais-Ameacas-Nucleares-na-Atualidade/

« Última modificação: 06 de Fevereiro de 2016, 20:16:32 por JJ »

Offline Feliperj

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Re:Pré-Sal??
« Resposta #28 Online: 06 de Fevereiro de 2016, 18:54:40 »

Essas ogivas talvez nem funcionem mais. Os softwares estão em coisas assim:




Vai nessa. Vai mesmo. Fique tranquilo. Bem tranquilo.

Bom, se é para botar lenha na fogueira, praticamente todas as mudanças monetárias do século XX para cá foram precedidas ou seguidas de grades guerras - mundiais, ou disputas de grandes lideranças em algum país!!!


Offline JJ

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Re:Pré-Sal??
« Resposta #29 Online: 06 de Fevereiro de 2016, 19:07:43 »

Parece que tem gente que acha que a  MAD ainda está em vigor.  O que eu acredito é que hoje em dia há muitos falcões que acreditam que podem usar armas nucleares com sucesso.


« Última modificação: 06 de Fevereiro de 2016, 19:11:24 por JJ »

Offline El Elyon

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Re:Pré-Sal??
« Resposta #30 Online: 06 de Fevereiro de 2016, 19:27:17 »
Citar
O que eu acredito é que hoje em dia há muitos falcões que acreditam que podem usar armas nucleares com sucesso.

É uma possibilidade, mas com a relativa predominância que Guerras por Procuração e noção da Guerra de Quarta Geração tem ganho após a Queda do Muro de Berlim, a demonstração de relativa "fraqueza" dos dois maiores atores militares do Século XXI em conflitos tradicionais e o aumento de "Big Players" potenciais em conflitos (China e União Europeia) mostram que os Falcões podem continuar com sua disposição a usar suas garras em qualquer oponente, mas Realpolitik ainda continua vencendo. Por quanto tempo, eu não faço ideia (e nem faz sentido, guerras são basicamente imprevisíveis).
"As long as the Colossus stands, Rome will stand, when the Colossus falls, Rome will also fall, when Rome falls, so falls the world."

São Beda.

Offline Geotecton

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Re:Pré-Sal??
« Resposta #31 Online: 06 de Fevereiro de 2016, 19:57:11 »
Desde a guerra fria ficou claro que duas potências nucleares NÃO entram em confronto direto! Fazem(ziam) isso através de suas áreas de influência. Esse tipo de situação não vai ajudar em nada, caso esse problema monetário se concretize!



É bom lembrar também que antes existia a doutrina MAD.  Hoje, pelo que eu saiba, ela não existe mais.

Isso não é doutrina, é uma constatação. Então, ela exsite até hoje! Ninguém desenvolveu (pelo que sabemo) o programa "Guerra nas Estrelas".

A doutrina MAD continua ate hoje embora não seja mais mencionada.

E muita coisa avançou do programa original "Guerra nas Estrelas", especialmente a parte de mísseis anti-balísticos e de lasers.
Foto USGS

Offline JJ

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Re:Pré-Sal??
« Resposta #32 Online: 06 de Fevereiro de 2016, 20:23:36 »

Essas ogivas talvez nem funcionem mais. Os softwares estão em coisas assim:
Vai nessa. Vai mesmo. Fique tranquilo. Bem tranquilo.

Bom, se é para botar lenha na fogueira, praticamente todas as mudanças monetárias do século XX para cá foram precedidas ou seguidas de grades guerras - mundiais, ou disputas de grandes lideranças em algum país!!!


Pois é,  e me parece que tem coisas acontecendo nessa direção.  Particularmente, eu não estou gostando nenhum pouco do rumo que as coisas estão tomando.


 :medo:



Offline JJ

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Re:Pré-Sal??
« Resposta #33 Online: 07 de Fevereiro de 2016, 07:47:17 »


O petróleo despenca, e a Arábia Saudita sorri


O governo de Riad perde com a queda de preços, mas celebra instabilidade no Irã e teste à nova indústria petrolífera norte-americana

Na terça-feira 6, o preço do petróleo nos mercados de Londres e Nova York, referências para o resto do mundo, ficou abaixo dos 52 dólares, menor valor desde 2009. A brusca queda recente, de 55% desde a metade de 2014, é resultado de uma oferta elevada, marcada por picos de produção na Rússia, no Iraque e nos Estados Unidos, e demanda comprimida pela lentidão das economias de China, Japão e países europeus. O cenário deveria provocar preocupação na Arábia Saudita, maior exportadora e dona da maior capacidade de produção de petróleo do mundo, mas a monarquia se mostra tranquila. A queda de preços é ruim para o governo saudita, mas pior para seu maior inimigo, o Irã, e serve para testar a força da crescente produção norte-americana, que causa apreensão em Riad por minimizar a dependência que Washington tem do petróleo saudita.

Em 21 de dezembro, em reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) na Áustria, a Arábia Saudita revelou sua serenidade com o tombo do preço do petróleo. Sem conseguir um acordo com países de fora do cartel, como a Rússia e o México, a Opep decidiu não reduzir suas metas de produção, o que faria a cotação do barril crescer. A opção pela regulação do preço a partir da lógica do mercado foi um afastamento da tradição da Opep, comandada pelos sauditas. Ao longo das últimas quatro décadas, o cartel petrolífero tirou e injetou barris no mercado sempre que os preços escaparam aos limites desejados, para cima ou para baixo. Desta vez, sem a mesma capacidade de influenciar o mercado, os sauditas aceitaram pagar para ver até onde a queda vai. O governo de Riad nega estar conspirando para prejudicar determinadas nações, mas parece óbvio que a família real observa o resultado de sua aposta com a expectativa de obter dividendos políticos.

Não há dúvidas de que o petróleo em baixa prejudica a Arábia Saudita. A economia do país é pouco diversificada e muito dependente do setor petrolífero, responsável por 85% das exportações e 50% do PIB. Entre 2014 e 2015, a receita do petróleo deve cair 88%, sendo responsável por um déficit de 39 bilhões de dólares no orçamento saudita, o maior da história, o que acarretará cortes de gastos públicos e, possivelmente, alguma instabilidade política. Ainda assim, a Arábia Saudita pode suportar o baque – além de reservas monetárias de 750 bilhões de dólares, o País tem o menor custo de produção de petróleo no mundo, de cerca de cinco dólares por barril. Se cortasse sua produção sem uma combinação prévia com países de fora da Opep e promovesse a elevação do preço do petróleo, a Arábia Saudita poderia perder cotas de mercado. Foi isso o que ocorreu nos anos 1980, quando o barril foi vendido a menos de 10 dólares e os sauditas perderam clientes ao cortar sua própria produção, enquanto outros países mantiveram-na, vendendo seu petróleo por um preço mais baixo.


Em um cenário de disputa por mercado, a Arábia Saudita poderia perder espaço para aliados, como os Emirados Árabes Unidos e o Kuwait, mas também para países que vê como rivais. Um deles é a Rússia, que segue apoiando o ditador sírio Bashar al-Assad, o qual os sauditas tentam derrubar. Outro é o Irã, visto como o maior inimigo da Arábia Saudita. Além de apoiar Assad, o regime iraniano, visto como ameaça existencial, contrapõe os interesses sauditas em quase todos os pontos nevrálgicos do Oriente Médio.


O Irã como alvo


A queda atual do preço do petróleo atinge duramente as ambições de Teerã em um momento sensível. No próximo dia 15, negociadores iranianos vão se encontrar novamente com emissários de Alemanha, China, EUA, França, Reino Unido e Rússia para tentar chegar a um acordo sobre o programa nuclear. A Arábia Saudita jamais apoiou o diálogo com o Irã – ao contrário, o país árabe faz lobby para que os Estados Unidos resolvam a questão por meios militares, bombardeando as instalações nucleares iranianas para “cortar a cabeça da cobra”. Sem condições de direcionar a política externa dos EUA, a Arábia Saudita trabalha para desestabilizar o Irã.

O ímpeto pelo acordo nuclear é comandado por Hassan Rouhani, presidente do Irã. Rouhani trava uma batalha interna com setores linha-dura, contrários ao diálogo com os EUA, e tem vendido a ideia de que a solução para os graves problemas econômicos do país é o acordo nuclear e o fim das sanções impostas por EUA e Europa. Para manter o impulso pelo diálogo, Rouhani precisa de apoio popular e este depende significativamente da situação da economia. Após um acerto provisório com as potências em novembro de 2013, algumas sanções contra o Irã foram aliviadas. Isso facilitou a recuperação econômica do país, marcada pela reversão da recessão e pelo fim da alta da inflação, mas a diminuição do lucro do petróleo provocará um duro impacto nas contas iranianas. Metade das receitas do país é oriunda do setor petrolífero, e Teerã precisaria, segundo o FMI, de um barril cotado a 136 dólares para ter um orçamento balanceado. Com o petróleo vendido perto dos 50 dólares, as dificuldades serão tremendas. Por isso, a partir de março, entrará em vigor no Irã um orçamento bastante austero, com aumento de impostos e redução de subsídios para alimentos e combustível. São medidas impopulares, que podem erodir o apoio a Rouhani e dificultar o diálogo, exatamente o que os sauditas desejam.


Os EUA como alvo


Além de ver o sofrimento do Irã, a Arábia Saudita espera obter um segundo dividendo político-econômico com a brusca queda do preço do petróleo: testar a resiliência da produção norte-americana do petróleo de folhelho (shale oil, em inglês), uma rocha sedimentar que é explorada por meio de técnicas conhecidas como fratura hidráulica e perfuração horizontal. Nos últimos anos, essa indústria se desenvolveu de forma impressionante nos EUA.

A revolução do folhelho é um fenômeno que dificilmente ocorreria em outro país que não os Estados Unidos. Graças a um sistema regulatório que permite um investimento rápido e a uma legislação que dá ao dono da terra (e não ao governo) os direitos de mineração, a produção nas formações de folhelho foi acelerada e hoje envolve 6 mil companhias diferentes disputando e aquecendo um mercado abastecido por 4 milhões de poços nos EUA. Neste cenário, a produção norte-americana de petróleo cresceu 60% desde 2008 e, até 2016, o país pode se tornar o maior produtor do mundo, ultrapassando a Arábia Saudita. Há tanto petróleo no mercado dos EUA que o país se tornou autossuficiente e, em junho, pela primeira vez em quatro décadas, o governo autorizou exportações de petróleo cru.

O folhelho colocou Washington na rota de uma independência energética que preocupa os sauditas, pois poderia minar a antiga parceria entre os dois países, baseada na troca de segurança militar pela segurança energética. Para a Arábia Saudita, o preço baixo do petróleo pode ser um obstáculo para a novata indústria norte-americana, uma vez que a maioria dos milhares de empresários envolvidos na produção tem grandes dívidas, feitas para financiar o início da exploração.


Está claro que a Arábia Saudita resolveu deixar arder um mercado em chamas. Encastelados em reservas gigantescas de petróleo e dólares e com a produção mais barata do mundo, os sauditas vão perder, mas menos do que seus rivais e até aliados. De quebra, vão ver alguns possíveis concorrentes saírem do mercado ou adiarem explorações consideradas demasiado caras, como no Ártico ou em águas profundas – caso do pré-sal da Petrobras, o que ajudar a explicar a queda nas ações da estatal brasileira.


O conforto saudita com a depreciação acelerada do petróleo é tão grande que, em 22 de dezembro, o ministro saudita do Petróleo, Ali al-Naimi, não colocou prazo para acabar com a estratégia de não interferir no mercado. Questionado pela CNN até quando seu governo manteria a produção constante, foi conciso: “para sempre”.


http://www.cartacapital.com.br/internacional/o-petroleo-despenca-e-a-arabia-saudita-sorri-3244.html
« Última modificação: 07 de Fevereiro de 2016, 07:54:35 por JJ »

Offline JJ

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Re:Pré-Sal??
« Resposta #34 Online: 07 de Fevereiro de 2016, 08:01:57 »
Ola Geo,

E quais empresas já quebraram?

http://www.pennlive.com/news/2016/01/oil_and_gas_drillers_facing_ba.html

http://www.haynesboone.com/~/media/files/attorney%20publications/2016/energy_bankruptcy_monitor/oil_patch_bankruptcy_20160106.ashx

Os bancos já vem aumentando significativamente suas provisões para perdas referentes à essa indústria. Além disso, tenho um amigo que trabalha em uma consultoria no setor de petróleo lá nos EUA e me falou que a situação é muito delicada. Os pequenos produtores estão caindo um atrás do outro, e cada vez mais a velocidade aumenta!

Abs
Felipe


E complementando a resposta do Felipe:


Tensões na Opep e crise chinesa intensificam queda de preço do petróleo

10/01/2016 15h42
Guillermo Ximenis.


Londres, 10 jan (EFE).- As crescentes tensões dentro da Opep, que dificultam um corte na produção no curto prazo, e as turbulências da economia chinesa, que dispararam os temores sobre o futuro da demanda, intensificaram uma sangria nos preços do petróleo, queda que os analistas ainda não veem fim.

O confronto diplomático entre Arábia Saudita e Irã, principais poderes sunita e xiita no Oriente Médio, respectivamente, e dois dos maiores produtores da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), desencadeou esta semana uma nova queda nos preços, acelerada pelo caos nas bolsas chinesas, cujas negociações foram suspendidas duas vezes.

A conjunção desses dois fatores colocou o petróleo em níveis vistos pela última vez em meados de 2004, com uma queda de perto de 11% entre segunda e sexta-feira, e somou -70% no último ano e meio.

A execução de um clérigo xiita na Arábia Saudita, que acendeu de novo o conflito no Oriente Médio, coincide com os planos do Irã para voltar a exportar petróleo e gás quando forem levantadas as sanções por seu programa nuclear, nos próximos meses.

Grande parte do um milhão de barris diários que o Irã deve acrescentar à oferta global estará dirigida à Ásia, mercado dominado até há pouco tempo pela Arábia Saudita, mas onde produtores como Iraque e Rússia começam a ganhar terreno.

Com um novo concorrente dentro da Opep, e diante do possível arrefecimento da economia chinesa, que ameaça reduzir a demanda, a Arábia Saudita dificilmente aceitará uma redução do teto de produção, o que aumentaria os preços, mas poria em risco sua fração de mercado.

Ao contrário, alguns analistas acreditam que a Arábia Saudita poderia inclusive utilizar a oferta de petróleo como mais uma arma contra o Irã, e voltar a ampliar seu bombeamento para que os baixos preços diminuam a atração dos campos de petróleo iranianos para as petrolíferas estrangeiras.

"Nenhuma das partes vai querer ceder", disse à Agência Efe Michael Hewson, analista chefe da consultoria CMC Markets, para quem "neste momento não há apetite algum para cortar a produção". Ele acredita que os preços podem continuar caindo a curto prazo até níveis próximos aos US$ 25 o barril.

Só se as tensões entre esses países derivarem em um - improvável - conflito militar, os analistas veem possibilidades de os preços serem jogados para o alto.

"Se o conflito chegasse a conter fisicamente a produção, isso poderia levar a uma alta dos preços. No entanto, neste momento há um enorme excesso de oferta nos mercados, por isso o conflito entre Arábia Saudita e Irã teria que ser mais grave do que os de ocasiões anteriores para que chegar a influenciar dessa forma", assinalou David Elmes, chefe da Rede de Pesquisa Global em Energia da Universidade britânica de Warwick.

Além desse cenário hipotético, o retorno do Irã aos mercados contribuirá no curto prazo para manter os preços baixos, mas com o tempo servirá para separar do mercado produtores externos à Opep, cuja produção é cara demais na conjuntura atual, o que, paradoxalmente, poderia beneficiar tanto Arábia Saudita quanto Irã.

A queda de braço até agora dentro da Opep, liderada pela Arábia Saudita, e com a oposição de seus membros mais modestos, como Venezuela, Equador, Nigéria, serviu para pôr em dificuldades a nascente indústria do xisto americano, que ameaçava fazer sombra aos cartéis tradicionais do petróleo.


O auge do "fracking" (hidrofraturação) e de outras técnicas de extração não tradicionais deram entrada na última década para várias companhias de tamanho modesto para o mercado do petróleo, principalmente nos Estados Unidos.


Essas empresas, sustentadas em sua maior parte por créditos assinados quando os preços estavam altos, passam agora por graves dificuldades, enquanto as grandes petrolíferas, ainda sem tanto aperto, se viram obrigadas a reduzir drasticamente seus investimentos.


Esse cenário ajudará em algum momento a reduzir a oferta global sem necessidade de a Opep dar o braço a torcer reduzindo seu bombeamento, o que começaria a elevar os preços, que podem levar anos para se recuperar, segundo os especialistas.


http://economia.uol.com.br/noticias/efe/2016/01/10/tensoes-na-opep-e-crise-chinesa-intensificam-queda-de-preco-do-petroleo.htm#comentarios
« Última modificação: 07 de Fevereiro de 2016, 08:27:50 por JJ »

Offline JJ

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Re:Pré-Sal??
« Resposta #35 Online: 07 de Fevereiro de 2016, 08:09:34 »


Então, esse nível de preços não é sustentável. Com a queda/controle do Shale e a redução dos investimentos na exploração de novos poços, teremos um declínio na produção num futuro bem próximo (1-2 anos), o que provavelmente irá levar o preço do petróleo a níveis bem elevados!

Abs
Felipe


Eu penso que a Arábia Saudita tem  condições e poder suficiente para manter essa guerra econômica por bem mais tempo  do que 1-2 anos.  Acho que eles podem manter isso facilmente por 10 anos ou mais. O custo de produção deles é muito baixo, cerca de 5 doláres o barril.  E eles tem grandes reservas de dólares (cerca de 750 bilhões de dólares nas reservas).






Offline Feliperj

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Re:Pré-Sal??
« Resposta #36 Online: 07 de Fevereiro de 2016, 14:41:15 »


Então, esse nível de preços não é sustentável. Com a queda/controle do Shale e a redução dos investimentos na exploração de novos poços, teremos um declínio na produção num futuro bem próximo (1-2 anos), o que provavelmente irá levar o preço do petróleo a níveis bem elevados!

Abs
Felipe


Eu penso que a Arábia Saudita tem  condições e poder suficiente para manter essa guerra econômica por bem mais tempo  do que 1-2 anos.  Acho que eles podem manter isso facilmente por 10 anos ou mais. O custo de produção deles é muito baixo, cerca de 5 doláres o barril.  E eles tem grandes reservas de dólares (cerca de 750 bilhões de dólares nas reservas).

Ola JJ,

O ponto é que a Arabia Saudita sozinha está muito longe de suprir a demanda mundial. Os investimentos da industria estão despencando, e boa parte desses investimentos é apenas para manter o nível de produção atual. Além disso, o objetivo dela é acabar com o Shale, o que, em minha opinião, ocorrerá nesse horizonte de 1-2 anos.

Uma outra questão é que a Arabia é sustentada pela industria do petróleo. Então, o seu breakeven é bem superior ao breakeven da sua empresa de petróleo. O défcit já está explodindo, e no nível atual, essas reservas vão ser exauridas rapidamente para cobrir esse défcit.

Abs
Felipe

Offline Feliperj

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Re:Pré-Sal??
« Resposta #37 Online: 07 de Fevereiro de 2016, 15:20:58 »
Mais um passo rumo ao "fim do dolar" e do sistema monetário atual!

http://www.zerohedge.com/news/2016-02-07/iran-says-no-thanks-dollars-demands-euro-payment-oil-sales

Offline Geotecton

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Re:Pré-Sal??
« Resposta #38 Online: 07 de Fevereiro de 2016, 16:13:43 »
Mais um passo rumo ao "fim do dolar" e do sistema monetário atual!

http://www.zerohedge.com/news/2016-02-07/iran-says-no-thanks-dollars-demands-euro-payment-oil-sales


Isto não é uma questão técnica.

É uma decisão política.

E da pior estirpe porque a situação do euro é mais frágil que a do dólar estadunidense.
Foto USGS

Offline JJ

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Re:Pré-Sal??
« Resposta #39 Online: 07 de Fevereiro de 2016, 16:32:42 »
O ‘crash’ do petróleo

As preocupações sobre a economia chinesa afundam os preços e sacodem as Bolsas


21 JAN 2016 - 00:00   CET


Seria excessivo interpretar as convulsões das Bolsas mundiais como o efeito direto da queda do preço do petróleo. Os temores que afetam a economia global, causa final das frequentes quedas (na terça-feira os mercados europeus caíram entre 2% e 3% em mais um dia desastroso), têm raízes mais profundas; o crash dos preços do petróleo é apenas uma ramificação perigosa que pode ter consequências danosas para a estabilidade de vários países produtores.

O núcleo dessa crise está na China. Os mercados de investimento entendem que Pequim não está sendo capaz de recuperar o nível de crescimento suficiente para sustentar o emprego; o dinheiro está fugindo do país, a ponto de que algumas estimativas particulares quantificam a fuga de capitais em cerca de 140 bilhões de dólares (cerca de 575 bilhões de reais) em dezembro; as reservas chinesas de divisas caíram cerca de 500 bilhões em 2015.

A crise chinesa está semeando o pânico nas expectativas de crescimento global, como divulgou na terça-feira — com muita moderação — o Fundo Monetário Internacional. A cadeia causal já está formada e só poderá ser rompida se Pequim demonstrar que pode reconduzir sua economia a taxas superiores a 9%, se for capaz de construir um mercado de ações relativamente estável e se não lhe escapar a desvalorização do renminbi.

O crash do petróleo é um efeito colateral dessa crise, mas com efeitos devastadores. Desde agosto se pode observar que existe uma correlação praticamente exata entre a queda da moeda chinesa e a queda do preço do brent. É verdade que a queda dos preços pode ser explicada por fatores conjunturais: o excesso de oferta (embora não explique a brusca queda dos preços), a entrada do Irã no mercado da produção (por enquanto modesta), a vontade política da Arábia Saudita de punir países como Rússia e Venezuela ou a tática diabólica de baixar os preços adotada pelos sauditas para acabar com o fracking, que acabou por ser irreversível.

Mas o fator decisivo é que no curto prazo ninguém espera a recuperação chinesa nem a do grupo de países emergentes. Com um agravante que faz do naufrágio do petróleo um pesadelo estratégico de curto prazo: a OPEP perdeu a capacidade de controlar a produção e, por conseguinte, os preços. Os países consumidores organizaram políticas de economia de energia que, mesmo a duras penas, estão dando resultados; o inverno não está sendo rigoroso e o consumo baixou; mas a OPEP não pode modular a produção, porque seus membros não sobreviveriam com quotas menores de mercado.

Provavelmente o pior ainda está por vir. Sem necessidade de recorrer ao catastrofismo daqueles que sustentam que está acontecendo um terremoto pior do que o crash de 2008, é preciso notar que vários países produtores já estão enfrentando sérias dificuldades. É muito provável que tais dificuldades os levem a recorrer ao Fundo Monetário Internacional (o caso mais evidente é a Venezuela). Se a crise da China e sua perigosa ramificação do crash do petróleo não for corrigida, a economia mundial corre o risco de uma desaceleração brusca e perigosa.


http://brasil.elpais.com/brasil/2016/01/20/opinion/1453318001_710206.html


Offline JJ

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Re:Pré-Sal??
« Resposta #40 Online: 07 de Fevereiro de 2016, 16:37:43 »

Além dos problemas que nós temos com o Lula e com o partido dele, ainda estamos tendo uma série de notícias ruins vindas do exterior.


 :medo:
« Última modificação: 07 de Fevereiro de 2016, 16:40:18 por JJ »

 

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