Autor Tópico: Renda Mínima - Imposto Negativo  (Lida 2160 vezes)

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Offline Lakatos

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Renda Mínima - Imposto Negativo
« Online: 23 de Março de 2016, 17:55:13 »
Definição:

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"Trata-se de um mecanismo para prover uma renda mínima garantida para as pessoas adultas que não conseguirem um patamar definido de rendimentos. Simples na sua concepção, este instrumento tem sido defendido por alguns dos mais conceituados economistas de diferentes tendências, como John Kenneth Galbraith, James Tobin, Milton Friedman, dentre outros."

http://www.teoriaedebate.org.br/materias/economia/imposto-negativo-garantia-de-renda-minima

Texto pró (antigo, desprezem as datas):

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Economia: Imposto Negativo - A garantia de renda mínima

Eduardo Matarazzo Suplicy

Constituição da República Federativa do Brasil, no artigo 3º inciso III, expressa que um de seus objetivos fundamentais "é o de erradicar a pobreza, a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais". A proposta aqui especificada tem exatamente este intuito.

Trata-se de um mecanismo para prover uma renda mínima garantida para as pessoas adultas que não conseguirem um patamar definido de rendimentos. Simples na sua concepção, este instrumento tem sido defendido por alguns dos mais conceituados economistas de diferentes tendências, como John Kenneth Galbraith, James Tobin, Milton Friedman, dentre outros. No Brasil, o professor Antonio Maria da Silveira, da Escola de Pós-graduação de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, há mais de dez anos vem defendendo a sua introdução, de maneira original, pois estaria combinada com a injeção de nova moeda na economia, daquela quantidade de moeda que normalmente seria acrescentada para acompanhar o aumento da produção. Também o professor Paul Singer tem proposto ao Partido dos Trabalhadores que seja inserido, em seu programa, o conceito de renda mínima familiar, que tem semelhança com a proposta aqui apresentada.

Da mesma maneira que as pessoas que ganham além de um certo patamar pagam uma proporção de seus rendimentos ao governo, na forma do Imposto de Renda, aquelas que ganham menos passariam a ter o direito de receber uma proporção da diferença, 50%, entre aquele patamar e o seu nível de rendimento. Daí por que o nome Imposto de Renda Negativo.

Vamos supor que o patamar mínimo de rendimento definido seja de Cr$ 45 mil mensais (valor de abril de 1991, daí para frente corrigido pela inflação). Uma pessoa adulta que não obtivesse qualquer rendimento ao mês, por estar desempregada, doente, inválida ou o que quer que seja, teria direito a receber 30% da diferença entre zero e Cr$ 45 mil, portanto Cr$ 13.500 mensais. Se por seu trabalho conseguisse apenas Cr$ 20 mil mensais, teria o direito a receber um complemento igual a 50% da diferença entre Cr$ 45 mil e Cr$ 20 mil, portanto mais Cr$ 12.500. Assim sua renda mensal passaria a ser de Cr$ 32.500. Seria sempre mais vantajoso para a pessoa trabalhar do que não trabalhar.

Uma vantagem do sistema está em dar o direito ao próprio beneficiário de escolher como irá gastar os cruzeiros que recebe, de maneira diferente do que outros mecanismos que visam auxiliar os mais pobres, distribuindo bens ou serviços dos mais diversos. Pois a pessoa, mais do que o administrador governamental, sabe de suas necessidades prioritárias, se prefere gastar em alimentos, material de construção, material escolar para os filhos, num jogo de futebol, numa passagem ou até em numa cerveja.

Uma vez instituído, o Programa de Garantia de Renda Mínima ou Imposto de Renda Negativo poderia substituir outros programas governamentais. Por ser mais abrangente e eficaz, substituiria programas de distribuição de certos tipos de bens como os realizados pela Legião Brasileira de Assistência, freqüentemente vinculados a interesses político-eleitorais.

O Programa de Garantia de Renda Mínima ou do Imposto de Renda Negativo funciona de maneira complementar ao salário-mínimo, tendo algumas vantagens sobre a concepção e funcionamento deste. Muito embora a Constituição diga que o salário-mínimo pago ao trabalhador deve ser "capaz de atender às suas necessidades básicas vitais e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social", o seu valor fixado periodicamente pelo governo tem estado longe de cumprir tais finalidades.

Um aumento brusco do salário-mínimo em direção de poder cumprir o preceito constitucional, tem sido argumentado, poderia acabar sendo frustrado pelas seguintes razões: muitas empresas privadas e públicas, organismos governamentais, especialmente prefeituras nas regiões mais pobres do país, dificilmente teriam condições financeiras de arcar com os custos, o que resultaria em possível aumento de desemprego, particularmente daquelas pessoas cuja contribuição para o aumento do valor da produção fosse considerado abaixo do valor do salário-mínimo fixado; o aumento do custo de salários, se bem acima do ganho em produtividade, poderia causar pressão adicional sobre os preços; o aumento abrupto da massa de salários poderia resultar em aumento conseqüente da procura por bens tipicamente consumidos por assalariados de tal maneira que, se não houver planejado aumento da oferta, resultará também em pressão significativa sobre os preços e/ou em problemas de desabastecimento.

A vantagem da introdução do Programa de Renda Mínima Garantida ou Imposto de Renda Negativo é que não depende da pessoa estar ou não empregada para ter o direito de receber o benefício. É um direito que o cidadão brasileiro passa a ter a partir de uma decisão tomada pelo Congresso Nacional, pela vontade dos representantes do povo que venham a aprovar projeto de lei neste sentido.

Na medida em que estiver bem definida a sua fonte de receita e que esta venha a se realizar, a execução do Programa de Renda Garantida não produzirá pressões inflacionárias, especialmente sobre o custo de produção. Obviamente resultará na criação de um mercado de consumo de baixa renda que poderá incorporar ao mercado de trabalho exatamente a parcela da população que num primeiro momento for beneficiada pelo programa. Isto acarretará um efeito positivo no sentido do aumento da procura por mão-de-obra desqualificada que tem dificuldades de adaptação nos setores modernos de produção, quer por sua baixa especialização (de difícil solução devido à inexistência de formação educacional básica que não pode ser rapidamente formada), quer pela concentração profissional desses setores o que implicaria o deslocamento de novos contingentes populacionais para regiões já adensadas, piorando ainda mais a qualidade de vida nas grandes metrópoles. Há que se levar em conta que um programa desta natureza não seria introduzido senão com a sua previsão no Orçamento da União, com um tempo de pelo menos alguns meses para os agentes econômicos se prepararem para o seu real funcionamento.

Na medida em que o programa tem abrangência nacional, qualquer pessoa que vive na grande ou na pequena cidade, nos estados mais desenvolvidos ou nos mais pobres, perto dos grandes centros ou nas regiões rurais mais longínquas, terá direito ao Imposto de Renda Negativo. Isto terá importante efeito sobre os fluxos de migração no país, propiciando a muitos o direito à sobrevivência sem a necessidade de se deslocar em momentos de desespero por falta total de alternativa.

Sem dúvida, o sistema também aumenta o poder de barganha dos assalariados no mercado de trabalho, na medida em que não precisarão necessariamente se sujeitar a condições repugnantes de emprego, como ainda hoje ocorre em certas regiões do Brasil. São freqüentes as denúncias de trabalho semi-escravo em algumas regiões rurais, particularmente do Norte e Centro-Oeste. Trabalhadores no limiar da condição de sobrevivência são levados para distantes fazendas para lá realizarem trabalhos não condizentes com o oralmente contratado, sendo ameaçados a pagarem suas contas no armazém, maiores do que o valor que teriam direito a receber, com a ameaça de serem mortos se tentassem fugir. Tipicamente, a introdução do mínimo garantido de renda tornaria muito mais difícil tal procedimento.

Os problemas administrativos envolvidos, nestes tempos de informática em que o governo gerencia inúmeros programas complexos como o PIS-Pasep, FGTS, Funrural, Loteria Esportiva, Loto, e da própria arrecadação do Imposto de Renda através da rede bancária são perfeitamente superáveis. Os postos da Empresa de Correios e Telégrafos, em adição à rede bancária, que já são utilizados para inúmeras finalidades, podem também servir na administração do programa.

A questão importante que se coloca é relativa à honestidade das pessoas ao declararem o seu rendimento. Cabe lembrar, entretanto, que não é pelo fato de não se garantir a honestidade absoluta dos que declaram rendimentos para fins de pagamento o Imposto de Renda que se deixa de tributar as pessoas físicas e jurídicas.

Por outro lado, é perfeitamente possível, com exemplos e propósitos sérios por parte das autoridades do país, com o apoio dos meios de comunicação, se criar um clima de encorajamento ao procedimento correto da população, mesmo a mais carente, no sentido de se procurar agir com honestidade nos procedimentos de declaração e recebimento de benefícios. O apoio das comunidades ao programa poderia contribuir para que no plano local se exercesse um natural processo de controle, bem como de sanções morais, e mesmo de multas, para quem viesse fraudar o sistema.

Só se poderia pagar como Imposto de Renda Negativo aquilo que fosse compatível com o grau de desenvolvimento do país, portanto, de Produto Interno Bruto per capita e, especialmente, de receita auferida em termos federais, na medida em que se trata de programa nacional. E, obviamente, para se tornar viável, o programa teria que substituir outros de natureza menos prioritária.

Uma forma alternativa que merece ser seriamente estudada é a proposta feita por Antonio Maria da Silveira, economista especializado na área monetária, que cada vez mais tem estudado filosofia. Observando que, a cada ano, as autoridades monetárias injetam dinheiro na economia, pelo menos na proporção do aumento da produção, para acompanhar o crescimento natural, propôs Silveira que aquela injeção se desse justamente através da distribuição de dinheiro aos mais pobres, ao invés, por exemplo, de estar injetando recursos subsidiados na economia para os grupos mais ricos.

Antonio Maria da Silveira tem argumentado "que as diferenças doutrinárias entre direita e esquerda desaparecem à luz do Programa de Garantia de Renda Mínima. Caso enfoquemos o programa sob a linha marxista sua adequação é imediata, bastando lembrar da distribuição de renda segundo as necessidades".

"Passando aos capitalistas (neoclássicos), sua adequação não é menor, mas é menos óbvia, particularmente para os que ficam em uma análise estática do comportamento humano. Alguns afirmam assim que a complementação em dinheiro e, em particular, a garantia de renda mínima, reduziria a dedicação ao trabalho, ou aumentaria o número dos que não trabalham. É fácil ver que o oposto contém mais verdade, e isto não apenas porque a renda mínima proporciona o fisicamente indispensável para continuar trabalhando, ou ainda antes, para conseguir trabalho, assimilar educação, treinamento etc. No abstrato, a proposição capitalista é a distribuição de renda segundo a contribuição para a produção. Ganha-se o salário que é a remuneração do trabalho, assim como lucros, juros ou aluguéis que remuneram o capital. Uma pergunta simples: por que os ricos trabalham? Como, mesmo na teoria capitalista mais abstrata, trabalho significa desprazer - ricos não deveriam trabalhar. Mas é fácil, sem violar tal lógica, chegar à resposta, bastando reduzir um pouco o nível de abstração. Basta introduzir, no raciocínio, um elemento dinâmico, isto é, o fato de que as aspirações humanas são crescentes. Ricos trabalham porque desejam mais, não importando o que já têm. Vale o mesmo, com mais razão, para os remediados. Logo, com mais razão ainda, para os pobres".

Antonio Maria da Silveira lembra "o comportamento paradoxal de alguns defensores apologéticos do capitalismo. Opõem-se à garantia de renda mínima, argumentando que ninguém deve ganhar sem trabalhar. Será que não ganham rendimentos do capital, pagos aos pequenos ou grandes, que o possuem, independentemente do trabalho que executam? Nunca tiveram nem mesmo caderneta de poupança? Será que desconhecem a herança?"

Para a sociedade brasileira, hoje, caracterizada como uma das que apresenta disparidades sócio-econômicas das mais intensas e graves do mundo - e que tem repetidamente fracassado em suas tentativas de diminuir a pobreza e as desigualdades - a determinação expressa de erradicar a miséria e as suas conseqüências deve se constituir em vontade maior da nação. Faz-se necessária para isto a criação de um instrumento de política econômica que cumpra tal objetivo da maneira melhor e mais eficiente. Acredito que o Programa de Garantia de Renda Mínima seja compatível com os objetivos de construção de uma sociedade mais igualitária, mediante instrumentos democráticos.

Cabe lembrar que as sociedades atualmente mais desenvolvidas instituíram mecanismos de garantia de renda mínima, dentre elas, Suécia, Alemanha, Holanda e França. Neste último país, lei proposta e sancionada pelo presidente François Mitterrand, em 12 de dezembro de 1988, criou a denominada Renda Mínima de Inserção, garantindo a todo cidadão acima de 25 anos, pelo menos, 2 mil francos por mês, mais mil francos por uma segunda pessoa adulta no domicílio, e, ainda, mais seiscentos francos por dependente menor, por um período de três meses, prorrogáveis até doze meses, para que a pessoa se insira na economia. O sistema está para ser avaliado em janeiro de 1992, após três anos de vigência, e então aperfeiçoado. Nos demais países citados, cada criança tem direito a receber uma renda do governo até atingir a idade adulta. Fosse esse mecanismo adotado no Brasil, poderia o mesmo ser considerado um estímulo à natalidade. Eis por que no projeto apresentado ao Senado, a garantia de renda mínima foi proposta aos adultos com mais de 25 anos.

O companheiro Aloizio Mercadante, economista e deputado federal, expressou o receio de que a garantia de renda mínima, na forma apresentada pelo projeto, pudesse estimular o mercado informal e facilitar meios para as empresas contratarem pessoas por salários menores do que de outra forma pagariam, dizendo aos empregados que obtenham o complemento de renda junto ao governo. Em primeiro lugar, a regulamentação da lei pode exigir que o salário pago em qualquer função de trabalho integral seja pelo menos o salário-mínimo ou o salário básico da categoria. Em segundo caso realmente, haja um grande número de pessoas que venham a ser empregadas por causa da introdução do Programa de Garantia de Renda Mínima pode-se presumir que acabará havendo um aumento dos salários em geral, pela maior pressão de demanda o que viria anular aquela preocupação.

Existe a possibilidade desse programa ser introduzido gradualmente. Em 1993, aqueles com sessenta anos ou mais teriam direito ao programa; em 1994, os com 55 anos ou mais; em 1995, os de cinqüenta anos ou mais; e assim por diante, até que no ano 2000, todos acima de 25 anos teriam o direito ao Programa de Garantia de Renda Mínima. Seria um caminho consistente com a meta expressa recentemente por Dom Helder Câmara: o Brasil deve erradicar a pobreza até o ano 2000.

Texto contra (recomendo ler no site por causa dos links e notas):

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“Até mesmo Hayek e Friedman defendem o Bolsa Família”

Fernando Chiocca - Instituto Mises Brasil

Existe alguma ideia pior do que estatizar a esmola, tornando-a assim um dever para uns e um direito para outros?  Por um lado, trata-se de uma imoralidade criminosa subtrair por meio da força a propriedade alheia; por outro, gera dependência e um incentivo à vadiagem.
Muitas pessoas de bom senso, mesmo sem possuir base alguma na teoria econômica ou na de direitos naturais, rejeitam instintivamente tal ideia.  Apesar disso, a ideia começou a ser implantada no Brasil por FHC em 2001, e hoje está em pleno funcionamento.  Embora seja uma ideia tenebrosa, ela encontra respaldo em muitos pensadores associados ao Liberalismo.  O primeiro deles pode ter sido Thomas Paine.  O escritor que participou da Revolução Americana e da Revolução Francesa idealizou uma proposta de "renda mínima" — talvez se baseando no proviso de Locke, o pensador que é um dos pilares do liberalismo.[1]  Muitos outros autores fizeram propostas semelhantes, como Marx, Keynes e Galbraith, e era esperado que defendessem esse redistributivismo.  Mas é absurdo ver nomes associados à defesa da liberdade dando seu aval a este tipo de espoliação.

Quando F. A. Hayek estava escrevendo sua obra Os Fundamentos da Liberdade, ele estava sendo subsidiado pelo Volker Fund.  Nesta mesma época, Murray Rothabrd trabalhava como consultor para o Volker Fund e, em janeiro de 1958, quando Hayek entregou os catorze primeiros capítulos de seu livro, o Volker Fund pediu a Rothbard que desse sua opinião sobre eles.  A análise de Rothbard, além de devastadora, continha uma acurada previsão de como aquele livro seria usado pelos inimigos da liberdade em prol da causa redistributiva.  Devido a seus erros conceituais — com destaque ao conceito de coerção —, Rothbard o classificou como um péssimo livro, um "livro do mal"; além disso, graças ao status de Hayek, o livro foi considerado também como sendo extremamente perigoso, e Rothbard recomendou que se descontinuasse qualquer suporte à finalização e promoção da obra, já que isso seria destrutivo para a causa da liberdade.[2]

Hayek era considerado um dos mais proeminentes líderes intelectuais pró-livre mercado, e como ele estava defendendo que o estado atuasse em inúmeras funções, Rothbard previu que a oposição iria se utilizar do velho artifício de "mas até mesmo Hayek admite que . . ." para argumentar em defesa de suas posições pró-estado.

A previsão que Rothbard teve instantaneamente, assim que bateu os olhos nos primeiros capítulos da obra de Hayek, vem se concretizando desde então.  Por exemplo, para atacar Ron Paul na última corrida presidencial americana, o "economista" esquerdista Paul Krugman usou Hayek contra os opositores da saúde pública:

No passado, conservadores aceitavam a necessidade de uma rede de proteção garantida pelo governo por razões humanitárias.  E não sou eu quem está dizendo isso; quem disse isso foi Friedrich Hayek, o herói intelectual conservador, que declarou especificamente em O Caminho da Servidão seu apoio a um "amplo sistema de serviços sociais" para proteger os cidadãos de "eventualidades comuns", e especificou a área da saúde.

Outro teórico que é considerado um dos maiores defensores do livre mercado e que também fez inúmeras concessões à atuação do estado foi Milton Friedman; e ele é igualmente utilizado pelos detratores do livre mercado, como constatou Hans-Hermann Hoppe anos depois da previsão de Rothbard:

... fazer concessões em nível de teoria, como vemos acontecer, por exemplo, entre liberais moderados como Hayek e Friedman, ou mesmo entre os chamados minarquistas, não apenas denota uma grande falha filosófica, como também é uma atitude, do ponto de vista prático, inútil e contraproducente.  As ideias destas pessoas podem ser — e de fato são — facilmente cooptadas e incorporadas pelos governantes e pelos ideólogos do estado.  Aliás, não é de se estranhar a frequência com que ouvimos estatistas defendendo a agenda estatista dizendo coisas como "até mesmo Hayek (Friedman) diz — ou, nem mesmo Hayek (Friedman) nega — que isto e aquilo deve ser feito pelo estado!"  Pessoalmente, eles até podem ter ficado descontentes com isso, mas não há como negar que suas obras serviram exatamente a este propósito; e, consequentemente, queiram ou não, eles realmente contribuíram para o contínuo e incessante crescimento do poder do estado.

Hayek e Friedman são mundialmente aclamados como os representantes máximos do livre mercado; logo, este artifício não conhece fronteiras — e no Brasil também foi e é utilizado por estatistas.  O primeiro economista brasileiro a propor um programa de renda mínima foi Antônio Maria da Silveira, no artigo Redistribuição de Renda, publicado na Revista Brasileira de Economia, em abril de 1975 — e, para tal, ele se baseou nos trabalhos dos liberais Friedman e Hayek, além de nos de outros economistas socialistas.[3]  E foi um grande amigo de Antônio Maria um dos maiores responsáveis pela implementação do programa assistencialista no Brasil: o senador Eduardo Matarazzo Suplicy.  Juntamente com o senador Cristovam Buarque, eles podem ser considerados os pais do Bolsa Família. E, exatamente como previsto por Rothbard, também se utilizaram do artifício "Até mesmo Hayek e Friedman" na defesa de suas propostas:

Podemos encontrar defensores da renda mínima e do imposto de renda negativo dentre aqueles que se posicionaram com mais eloquência em favor do capitalismo.  Friedrich A. von Hayek, ganhador de um prêmio Nobel de Economia, defende, em O caminho da servidão (1994), no capítulo sobre segurança e liberdade, proteção contra privações físicas severas e garantia de que um mínimo de meios de subsistência deve ser dado a todos.  George Stigler (The economics of minimum wage legislation, American Economic Review, n. 36, jun. 1946) mostrou que o imposto de renda negativo seria a melhor forma de proteger a remuneração daqueles que, de outra forma, ganhariam muito pouco. Milton Friedman popularizou a defesa do imposto de renda negativo como o instrumento mais eficiente no combate à pobreza (Capitalism and freedom, University of Chicago Press, 1962).[4]

Hayek e Friedman poderiam discordar de determinadas particularidades do Bolsa Família ou de outros programas de renda mínima, mas o fato de eles aceitarem conceitualmente um programa estatal de amparo aos necessitados já serviu para desmantelar qualquer oposição que poderia existir a estes programas.  Inclusive, Hayek e Friedman parecem discordar entre si nas particularidades de seus programas.  Hayek declarou que era totalmente contra o programa de Imposto de Renda Negativo de Friedman, e que concordava com a refutação que Henry Hazlitt havia feito dele.  Não obstante, a proposta de Friedman parece ser menos ruim que a de Hayek, pois Friedman a desenvolveu para ser apenas um substituto de outras ações assistencialistas do estado.  E mais, Hayek é mesmo uma figura confusa, parecendo discordar dele próprio.  Nesta entrevista realizada anos após a publicação de suas principais obras, ele se posiciona contra qualquer tipo de redistribuição de renda, pois estas políticas seriam discriminatórias ao fazerem distinção entre diferentes grupos de pessoas — uma posição irreconciliável com seus escritos anteriores.

Friedman também discordou de particularidades de outros programas, como o EITC (Earned income tax credit), mas concordou com o princípio redistributivista, como mostraram Suplicy e o professor Philippe Van Parijs[5] em entrevista que realizaram com Friedman.  Respondendo a uma questão sobre o EITC, Friedman diz:

O EITC contribuiu para erradicar a pobreza nos EUA.  Eu não acredito que tenha sido uma ferramenta extremamente eficiente devido à forma particular pelo qual ele se integra ao imposto de renda.  Tem dado margem a abusos.[6]

E quando Suplicy pede para Friedman comparar sua proposta de Imposto de Renda Negativo à do renda do cidadão, Friedman diz que ambas são semelhantes, como o professor Philippe Van Parijs comenta: "Esta é uma afirmação muita clara da equivalência formal entre os dois esquemas, o que sugere que Friedman é tão a favor de uma proposta quanto de outra".[7]

Detalhes a parte, o maior erro de Hayek e Friedman foi o de não considerarem um princípio elementar de ética e justiça.  Para haver qualquer forma de renda mínima, esta renda tem de vir de algum lugar.  Se o amparo aos mais necessitados vem de Igrejas, instituições ou indivíduos privados, a renda tem origem voluntária, por meio de doações de pessoas que desejam destinar parte de seus bens para caridade.  No entanto, se é o estado quem fornece a renda mínima, então este recurso é obtido por meio da agressão ou da ameaça de agressão física dos produtores, isto é, por meio do roubo.  Frédéric Bastiat expressou brilhantemente este princípio em 1850:

é-me impossível separar a palavra fraternidade da palavra voluntária.  Eu não consigo sinceramente entender como a fraternidade pode ser legalmente forçada, sem que a liberdade seja legalmente destruída e, em consequência, a justiça seja legalmente deturpada. A espoliação legal tem duas raízes: uma delas, como já lhe disse anteriormente, está no egoísmo humano; a outra, na falsa filantropia.[8]

Se algo é compulsório, então não é caridade mas sim agressão.  O conceito de caridade compulsória é contraditório, pois considera apenas o recebedor e ignora o espoliado.  Se caridade significa ajudar, quem é que está ajudando a pessoa que está sendo obrigada, sob a mira de um revólver, a entregar parte de sua renda para que ela seja dada a outra pessoa?  É esta a base de qualquer programa de redistribuição de renda feito pelo estado, pois para haver algo para distribuir é necessário que este algo tenha sido previamente produzido e retirado à força dos produtores.  'Não é seu para dar' é um conceito que até pouco tempo era amplamente compreendido até mesmo por políticos socialistas, como Herbert Hoover, que estendeu os tentáculos do estado a inúmeras áreas, mas tinha ressalvas quanto à caridade:

A assistência voluntária era praticamente a única esfera em que o presidente Hoover parecia preferir de todo o coração a ação voluntária à governamental.  No outono anterior, Hoover havia se recusado a convocar uma sessão especial do Congresso para a assistência ao desemprego dizendo que isso era responsabilidade das agências voluntárias.  De fato, a tradição voluntarista ainda era tão forte nessa área, que a Cruz Vermelha opôs-se a um projeto de lei, no começo de 1931, que lhe concederia US$ 25 milhões para prestar assistência.  A Cruz Vermelha declarou que seus próprios fundos bastavam, e seu Presidente disse a um comitê da Câmara que essa verba do congresso "em grande medida destruiria a doação voluntária".  Muitos líderes locais da Cruz Vermelha opunham-se fortemente a qualquer ajuda federal, e até mesmo a qualquer assistência pública de modo geral, de modo que o projeto de lei, após passar pelo Senado, foi derrubado na Câmara. Muitas organizações privadas de caridade, filantropos e assistentes sociais tinham a mesma opinião.[9]

É inegável que Hayek e Friedman colaboraram muito na luta contra a tirania estatal.  Porém, eles não são nem de longe os autores que melhor representam a liberdade; e é inegável também que eles apoiaram muitas posições contrárias à liberdade.  E é exatamente por causa de todas as concessões que estes autores fizeram aos estatistas, que a esquerda os alçou à posição de maiores e mais radicais representantes do livre mercado, ao passo que pensadores realmente radicais como Mises e Rothbard foram jogados para fora do debate.  Hayek e Friedman são os inimigos que a esquerda adora odiar.  De fato, eles não são inimigos — eles fazem parte da esquerda, e são aceitos e respeitados pelo mainstream (que é esquerdista).[10]

Libertários não seguem pessoas; nós seguimos ideias.  Aqui mesmo no Instituto que leva seu nome, criticamos diversas ideias de Ludwig von Mises, e não pretendemos fazer "culto à personalidade" nem de Mises, nem de Rothbard e nem de ninguém.  Mas o fato é que alguém inevitavelmente será identificado como o líder intelectual de um movimento, e a esquerda já nomeou os atuais "líderes". Não temos líderes, mas se existem pessoas cuja obra representa melhor a defesa da liberdade, estas pessoas são Mises e Rothbard.



O que vocês pensam em relação a esse conceito? Quais são as vantagens e desvantagens? Quais são as condições em que pode ser bem-sucedido ou fracassado?

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #1 Online: 23 de Março de 2016, 18:57:49 »
Pedra no sapato dos libertários "não-bleeding heart". :biglol:


Eu acho que talvez pudesse ser uma das melhores compatilibilizações de políticas sociais redistributivas com livre-mercado, na forma de vouchers, ou junto com eles, se houver diferenças significativas entre as coisas. Ainda que talvez tenha que haver ainda algum subsídio (nem que/talvez preferencialmente impostos mais baixos) para empresas entrarem no "nicho" de ofertas acessíveis, onde talvez haja uma certa lacuna, pelas coisas ou terem sido "de graça" ou muito caras.

Acho que uma condição necessária talvez seja ter restrições ao que se pode comprar, ainda que não tão restrito quanto parecem ser os food stamps americanos (ou seja, aceitar higiene pessoal, pelo menos).

Offline Luiz F.

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #2 Online: 23 de Março de 2016, 21:10:55 »
Por princípio, não teria nada contra, desde que quem recebesse fosse realmente necessitado, cumprisse determinados requisitos, como buscar qualificação profissional, por exemplo, e, em casos que a incapacidade de trabalhar não fosse permanente, o beneficio fosse dado por tempo determinado.
"Você realmente não entende algo se não consegue explicá-lo para sua avó."
Albert Einstein

Offline Lakatos

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #3 Online: 23 de Março de 2016, 21:37:03 »
Por princípio, não teria nada contra, desde que quem recebesse fosse realmente necessitado, cumprisse determinados requisitos, como buscar qualificação profissional, por exemplo, e, em casos que a incapacidade de trabalhar não fosse permanente, o beneficio fosse dado por tempo determinado.

Isso não teria nada a ver com o programa citado. O que você propõe é apenas uma variação de seguro-desemprego + aposentadoria por invalidez.

O objetivo do Renda Mínima é estabelecer um piso que dê conta das necessidades básicas, a fim de erradicar a miséria e substituindo os atuais programas de distribuição de renda. Por definição, todo mundo que não atingisse o piso de ganho receberia uma fração do gap faltante, por isso o nome alternativo de "imposto negativo". É como se fosse uma extensão da tabela do imposto de renda, só que abaixo de determinado nível você recebe ao invés de pagar. A diferença para os programas atuais é que a pessoa receberia o dinheiro e decidiria ela mesma quais seriam as prioridades, ao invés do governo. A diminuição do controle estatal e a centralização dos programas sociais em um só tiraria parte do poder de barganha eleitoral que eles supostamente possuem. O primeiro texto ilustra mais detalhadamente como funcionaria. Na versão mais ampla do programa (que não é a do Suplicy), todo mundo que paga imposto receberia, inclusive os ricos.

Offline Lakatos

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #4 Online: 23 de Março de 2016, 21:42:40 »
Acho que uma condição necessária talvez seja ter restrições ao que se pode comprar, ainda que não tão restrito quanto parecem ser os food stamps americanos (ou seja, aceitar higiene pessoal, pelo menos).

Também penso que deve haver algum nível de restrição.

O grande problema que vejo no programa em si é que possivelmente tornaria o mercado informal altamente atrativo, com muitas pessoas realizando serviços sem registro para poderem "comprovar" rendas menores do que efetivamente obtiveram. A única forma de resolver isso seria adotar a "versão expandida", onde todo mundo recebe, independentemente da renda.

Offline DDV

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #5 Online: 23 de Março de 2016, 21:47:24 »
Eu só defenderia algo do tipo de fosse uma quantia mínima suficiente para não morrer de fome. Qualquer valor acima disso seria, para muita gente, incentivo para não trabalhar ou se aperfeiçoar.

Pode gerar um círculo vicioso que aumenta gradativamente o peso dos inativos sobre os ativos.

 Isso é ainda mais verdade em culturas como a nossa.
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Lakatos

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #6 Online: 23 de Março de 2016, 21:57:31 »
Eu só defenderia algo do tipo de fosse uma quantia mínima suficiente para não morrer de fome. Qualquer valor acima disso seria, para muita gente, incentivo para não trabalhar ou se aperfeiçoar.

Pode gerar um círculo vicioso que aumenta gradativamente o peso dos inativos sobre os ativos.

 Isso é ainda mais verdade em culturas como a nossa.

Eu usaria um conceito mais próximo a "quantia mínima para que a pessoa tenha autonomia para se inserir no mercado de trabalho". Permitir que a pessoa coma mas não tenha o suficiente para saúde, educação e qualificação profissional é que, efetivamente, a tornaria inativa.

Offline Luiz F.

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #7 Online: 23 de Março de 2016, 22:06:14 »
Por princípio, não teria nada contra, desde que quem recebesse fosse realmente necessitado, cumprisse determinados requisitos, como buscar qualificação profissional, por exemplo, e, em casos que a incapacidade de trabalhar não fosse permanente, o beneficio fosse dado por tempo determinado.

Isso não teria nada a ver com o programa citado. O que você propõe é apenas uma variação de seguro-desemprego + aposentadoria por invalidez.

O objetivo do Renda Mínima é estabelecer um piso que dê conta das necessidades básicas, a fim de erradicar a miséria e substituindo os atuais programas de distribuição de renda. Por definição, todo mundo que não atingisse o piso de ganho receberia uma fração do gap faltante, por isso o nome alternativo de "imposto negativo". É como se fosse uma extensão da tabela do imposto de renda, só que abaixo de determinado nível você recebe ao invés de pagar. A diferença para os programas atuais é que a pessoa receberia o dinheiro e decidiria ela mesma quais seriam as prioridades, ao invés do governo. A diminuição do controle estatal e a centralização dos programas sociais em um só tiraria parte do poder de barganha eleitoral que eles supostamente possuem. O primeiro texto ilustra mais detalhadamente como funcionaria. Na versão mais ampla do programa (que não é a do Suplicy), todo mundo que paga imposto receberia, inclusive os ricos.

Na verdade o seguro desemprego é uma variação da renda minima com restrições. :P
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Offline MarceliNNNN

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #8 Online: 25 de Março de 2016, 11:45:11 »
O problema é que esses programas são medidas eleitoreiras e o político não liga muito em fiscalizar o programa. É mais fácil fazer vista grossa para isso e se reeleger depois. Seria mais eficiente e produtivo para a população acabar com o salário mínimo e diminuir os impostos, do que fazer essas políticas.

Offline MarceliNNNN

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #9 Online: 25 de Março de 2016, 11:48:56 »
Acho que uma condição necessária talvez seja ter restrições ao que se pode comprar, ainda que não tão restrito quanto parecem ser os food stamps americanos (ou seja, aceitar higiene pessoal, pelo menos).
Duvido que essa restrição seja eficaz. É fácil burlar, principalmente, se tratando de uma política que aumenta a popularidade de um político. A população finge que compra itens restritos e os políticos fingem que fiscalizam o programa.

Offline DDV

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #10 Online: 25 de Março de 2016, 13:23:56 »
O imposto negativo foi proposto por economistas "neoliberais" como uma alternativa à oferta direta de serviços pelo estado. Ao invés do estado oferecer serviços tais como saúde, educação, previdência, infraestrutura e etc, ele entregaria diretamente nas mãos dos necessitados o (pouco) dinheiro recolhido dos impostos  e eles usariam o sistema privado. Isso seria teoricamente mais eficiente do que o estado oferecendo diretamente os serviços.

Teoricamente faz sentido, na prática, ainda não sei.

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Offline Lakatos

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #11 Online: 25 de Março de 2016, 19:01:57 »
Acho que uma condição necessária talvez seja ter restrições ao que se pode comprar, ainda que não tão restrito quanto parecem ser os food stamps americanos (ou seja, aceitar higiene pessoal, pelo menos).
Duvido que essa restrição seja eficaz. É fácil burlar, principalmente, se tratando de uma política que aumenta a popularidade de um político. A população finge que compra itens restritos e os políticos fingem que fiscalizam o programa.

Havendo vontade, não parece algo tão difícil de fazer. Pode ser uma espécie de cartão aceito apenas em comércios específicos (mercados, mercearias, farmácias) e não aceito em outros (bares, boates). Hoje em dia já há coisas parecidas que funcionam relativamente bem, como o Ticket Alimentação e o Vale Cultura, por exemplo.

Offline MarceliNNNN

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #12 Online: 28 de Março de 2016, 14:26:13 »
Acho que uma condição necessária talvez seja ter restrições ao que se pode comprar, ainda que não tão restrito quanto parecem ser os food stamps americanos (ou seja, aceitar higiene pessoal, pelo menos).
Duvido que essa restrição seja eficaz. É fácil burlar, principalmente, se tratando de uma política que aumenta a popularidade de um político. A população finge que compra itens restritos e os políticos fingem que fiscalizam o programa.

Havendo vontade, não parece algo tão difícil de fazer. Pode ser uma espécie de cartão aceito apenas em comércios específicos (mercados, mercearias, farmácias) e não aceito em outros (bares, boates). Hoje em dia já há coisas parecidas que funcionam relativamente bem, como o Ticket Alimentação e o Vale Cultura, por exemplo.



Pessoas vendem seus tickets de alimentação e é bem fácil achar quem compre. Burlar não é difícil.

Offline Onsigbare

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #13 Online: 28 de Março de 2016, 14:45:07 »
hummm... sparkles corretivos na relação trabalho x money dentro do sistema do capital... hummmm

Offline DDV

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #14 Online: 28 de Março de 2016, 15:59:24 »
Alguém aí apoiaria o "imposto negativo" em substituição à oferta direta de serviços pelo estado?

Eu prefiro um sistema misto, onde o imposto negativo seria pago com vouchers e não com dinheiro.
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Offline _Juca_

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #15 Online: 28 de Março de 2016, 17:51:27 »
Renda mínima é lei no Brasil.

Offline Geotecton

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #16 Online: 28 de Março de 2016, 22:09:35 »
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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #17 Online: 29 de Março de 2016, 10:54:56 »
O Programa de Garantia de Renda Familiar Mínima Municipal – mais conhecido como Programa Renda Mínima é um programa de transferência de renda que assegura a melhoria das condições de vida do grupo familiar, por meio da concessão de benefício financeiro. Tem como objetivos promover o acesso do grupo familiar à rede socioassistencial do território do Município; estimular a frequência escolar e fortalecer os vínculos familiares e a convivência comunitária.
Para participar do Programa as famílias devem ser residentes e domiciliadas no Município de São Paulo há 2 (dois ) anos, na data do cadastramento; ter renda familiar bruta per capita mensal inferior ou igual a R$ 175,00; ter filhos e/ou dependentes, sendo pelo menos um deles com idade inferior a 16 (dezesseis ) anos; e matriculados em escolas com frequência igual ou superior a 85% (oitenta e cinco por cento); possuir carteira de vacinação atualizada dos filhos e/ou dependentes menores de 7 (sete) anos.





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Offline Lakatos

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #18 Online: 29 de Março de 2016, 21:05:57 »
Renda mínima é lei no Brasil.

 :hein:

Existe a lei aprovada em âmbito nacional em 2004, mas ela é só um texto genérico, sem estabelecer metas, sem definir valores nem nada de mais palpável.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.835.htm

Rhyan

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #19 Online: 31 de Março de 2016, 16:52:47 »
Tem fonte pró melhor: http://mercadopopular.org/2013/11/as-raizes-liberais-do-bolsa-familia/

Considerando o gasto com previdência de funcionário público, bolsa BNDES e subsídios para agricultura e indústria, o bolsa família seria o menos problemático. Os problemas do bolsa família são: a forma com que ele vicia as eleições, a ausência de porta de saída e o efeito apenas de curto prazo caso não haja políticas que melhorem a economia.

Offline Lakatos

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #20 Online: 31 de Março de 2016, 17:27:10 »
Tem fonte pró melhor: http://mercadopopular.org/2013/11/as-raizes-liberais-do-bolsa-familia/

Considerando o gasto com previdência de funcionário público, bolsa BNDES e subsídios para agricultura e indústria, o bolsa família seria o menos problemático. Os problemas do bolsa família são: a forma com que ele vicia as eleições, a ausência de porta de saída e o efeito apenas de curto prazo caso não haja políticas que melhorem a economia.

A Renda Mínima é bem diferente do Bolsa Família. Inclusive ataca alguns dos problemas típicos apontados neste.

Rhyan

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #21 Online: 31 de Março de 2016, 17:29:30 »
Ah tá, é especificamente sobre o plano do Friedman, isso?

Offline Lakatos

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #22 Online: 31 de Março de 2016, 17:55:12 »
Ah tá, é especificamente sobre o plano do Friedman, isso?

Sobre o plano do Friedman e a variante do Suplicy, ou projetos similares. Bolsa Família também é um programa de transferência de renda, mas tem muito pouco a ver com a Renda Mínima conceitualmente.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #23 Online: 01 de Abril de 2016, 00:06:41 »


Na Suíça, a política é implementada no mesmo estilo daquelas comemorações onde fazem aqueles bolos enormes nalguma avenida e cada um apanha o quanto puder: despejam toneladas de moedas, e cada um corre para ver o quanto consegue embolsar.


Tem fonte pró melhor: http://mercadopopular.org/2013/11/as-raizes-liberais-do-bolsa-familia/

Considerando o gasto com previdência de funcionário público, bolsa BNDES e subsídios para agricultura e indústria, o bolsa família seria o menos problemático. Os problemas do bolsa família são: a forma com que ele vicia as eleições, a ausência de porta de saída e o efeito apenas de curto prazo caso não haja políticas que melhorem a economia.

A Renda Mínima é bem diferente do Bolsa Família. Inclusive ataca alguns dos problemas típicos apontados neste.

Quais seriam as diferenças mais significativas? A WP cita o BF como exemplo de RM. Imagino que a "incondicionalidade", que talvez nem seja exatamente um requerimento absoluto (ou que faça muito sentido), e ser atrelado a família/mãe, em vez de ao indivíduo qualquer.

Offline Lakatos

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Re:Renda Mínima - Imposto Negativo
« Resposta #24 Online: 01 de Abril de 2016, 20:11:51 »
Quais seriam as diferenças mais significativas? A WP cita o BF como exemplo de RM. Imagino que a "incondicionalidade", que talvez nem seja exatamente um requerimento absoluto (ou que faça muito sentido), e ser atrelado a família/mãe, em vez de ao indivíduo qualquer.

Em minha visão, há uma associação muito forte do Bolsa Família com a atual gestão governamental, enquanto as propostas de RM têm um caráter mais de política de Estado, o que tiraria parte da forte identificação que o BF tem com o PT. Outra diferença é a universalidade da RM em relação ao BF. Em tese, todo cidadão (brasileiro, maior de X anos, etc.) estaria participando automaticamente do programa e teria direito a receber o dinheiro se não alcançasse o piso de rendimentos. Não haveria uma separação rígida entre os "beneficiários" e os "provedores", e até uma pessoa rica ou de classe média poderia se beneficiar em um eventual período de crise. Além disso, a RM tem o caráter de programa "aglutinante", ou seja, pode ser usada para substituir diversas outras iniciativas de assistência social como aposentadoria, seguro-desemprego, salário mínimo, FGTS, etc. "enxugando" boa parte da burocracia estatal envolvida.

A grande "fraqueza" que vejo é a possibilidade de fuga do trabalho formal para o informal para ocultar rendimentos, e não sei qual seria uma boa solução pra isso. O Suplicy fala em encorajamento através mídia, ou seja, basicamente uma campanha forte de propaganda para mostrar para as pessoas como é feio fraudar o governo. Parece ingênuo apostar nisso.
« Última modificação: 01 de Abril de 2016, 20:13:53 por Lakatos »

 

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