O Imposto Negativo seria uma substituição à oferta direta de serviços pelo estado.
Ao invés do estado ofertar serviços, ele dá o dinheiro e as pessoas usam o sistema privado.
Acham uma boa idéia?
Eu acho interessante, a princípio.
O grande problema do Imposto Negativo é o que os economistas chamam de "efeito cobra". Vemos o efeito cobra no Bolsa Família, versão menor do IN, em que pessoas escolhem deliberadamente emprego informal cuja renda oficial é R$ 0,00 para receber o benefício. Há quem pense que o efeito cobra só não é extremamente significativo porque o benefício monetário do Bolsa Família é relativamente pequeno.
O melhor seria se o estado pagasse as despesas das pessoas pobres. Mas os
vouchers também sofrem do problema que acontece na oferta direta de serviços pelo estado sem cobrar nada. Como mostram Steven Levitt e Stephen Dubner no livro
Pense como um Freak, o problema de não se cobrar nada se chama "sobreconsumo", que gera uma regulação ineficaz da escassez. Algo semelhante a ideia de um shopping não cobrar nada para estacionamento: as pessoas que não querem comprar no shopping vão querer estacionar lá, roubando a vaga inclusive de quem se disporia a pagar para estacionar lá e usufruir dos serviços das lojas do shopping. Assim, uma possível solução para o problema seria oferecer subsídio parcial (80%, por exemplo), e, quem sabe, oferecer financiamento à juro zero para despesas maiores (cirurgia, por exemplo). Tem uma empresa estatal no Brasil que faz isso com seus empregados. Para maiores informações, eu sugiro que vocês pesquisem sobre o Saúde Caixa, o plano de saúde dos empregados da Caixa Econômica Federal.
Outra sugestão para combinar com a ideia do parágrafo anterior seria o federalismo. O governo central de um país seria responsável pelo estado guarda-noturno. Já os programas sociais seriam geridos exclusivamente pelas unidades de federação e/ou municípios. Assim, se um programa social desastrado surgir, o número de pessoas afetadas não seria tão grande, e elas teriam a opção dentro migrar dentro do país para buscar um programa melhor. A Suíça segue esse padrão, pelo menos parcialmente. Li na Wikipédia que somente 30% do orçamento público do país fica com o governo central.