Temos que levar em consideração aspectos práticos que inviabilizariam o imaginário coletivo de contatos pessoais entre uma civilização extraterrestre e a nossa raça humana, como mostrado em filmes de Spielberg.
Para começar, temos o gigantesco impeditivo das abissais distâncias envolvidas.
Uma civilização que já dominasse o transporte de seus cidadãos entre pontos distantes em galáxias distantes teria que levar em conta métodos que ainda nem sequer temos por onde começar, como os Buracos de Minhoca ou ideias ainda mais exóticas e esdrúxulas não teorizadas. Porque a velocidade da luz é uma tartaruga para transpor fisicamente as distâncias, na "força-bruta". Somente dentro da Via Láctea, temos extremos de 100 mil anos luz. Que viagem pode ser essa em que se leva milhares de anos para se chegar ao destino? O nosso ano zero foi há somente 2 mil. Imagine uma nave viajando por 50 mil anos, isso à velocidade da luz, para chegar na "Parada Planeta Terra". Não rola.
E o que dizer de civilizações em outras galáxias? E o tempo para cruzar tudo isso?
Portanto, uma visita física dos
hermanos chegando e pedindo para falar com o NoçoLíder, ôpa, a política está me atrapalhando, digo, nosso líder, nos moldes de Spielberg, não pode ser levada a sério. Sem falar também na constituição desses seres, se suportariam a nossa gravidade, a nossa atmosfera, se usariam meios de comunicação baseado numa forma que permita emissão de ondas sonoras ou até ondas elétricas ou magnéticas, etc.
Uma possível descoberta vinda dos programas de busca por vida extraterrestre como o SETI até poderia detectar padrões de inteligência lá fora. E isso é o que mais anima, porque seria o mais provável e promissor. Mas somente um contato de longe (e bota longe nisso). O que desanima. E o que desanima ainda mais seria o gigantesco
lag entre uma pergunta e uma resposta, uma vez estabelecida uma linguagem comum e uma comunicação propriamente dita. Se a "residência" desses seres estiver dentro da Via Láctea, teríamos que ter a paciência de esperar milhares de anos para que a nossa pergunta chegasse e outros milhares para que obtivéssemos uma simples resposta. Se eles morassem em outra galáxia, então... Danou-se. Não dá para conversar assim...
Portanto, se os caras lá fora não tiverem descoberto um portal de teletransporte, algo que dobre o espaço-tempo ou coisa parecida, esqueça isso de contato com vida inteligente lá fora de forma corriqueira como a descoberta de uma nova tribo indígena ainda incomunicável.
Qual o impacto na humanidade?
Caso haja a descoberta pelo SETI de vida lá fora (e nisso eu boto fé que irá acontecer mais dia, menos dia), os cientistas e entusiastas do assunto irão brincar na Disneylândia. A população em geral mal se dará conta do que foi descoberto. Mas porque a comunicação será difícil e levará milênios. Durante esse tempo, as novas gerações absorverão sem problemas todas as "novidades" da vida alienígena. Nenhum impacto social.
Caso haja a chegada deles via Portal/Dobra/EmaranhamentoQuântico, sei lá, aí sim, teremos algum impacto social de grande monta.
Mas eu, particularmente, acho praticamente impossível essas coisas. É muito surreal, fantástico, ficcional, deslumbrante. A vida real não costuma ser assim.
Minhas esperanças estão naquela comunicação milenar, mesmo que dê para saber apenas migalhas de cada vez entre uns 50 mil anos e outro tanto, na pergunta e resposta.
Sendo prático e realista, parece que são essas as nossas chances. É o preço de ser um planetinha tão pequeno, afastado e novinho.
Eu daria tudo para dar uma olhada nesse Planeta Terra daqui a uns 2 milhões de anos. E conhecer os nossos futuros parceiros de outras raças planetárias.