https://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem_corporalhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Expressão_facial
Esse tipo de 'raciocínio' de que os homens por meramente existirem aplicam uma opressão passiva sobre qualquer mulher é corriqueiro no Exército da Justiça Social.
Quando eu ainda tinha permissão de comentar na página do Coletivo de Pretxs e Pretxs do meu curso um rapaz gay e pretx apareceu dizendo uma versão disto: que mesmo sem ter intenção um homem é sempre opressor, usou um exemplo genérico de um homem em um ponto de ônibus de madrugada, argumentando que mesmo que não tenha feito nada uma eventual mulher estaria aflita e angustiada pela presença dele e o medo de ser estuprada/assaltada e que por isso ele procurava 'se penitenciar' (no dialeto deles, se desconstruir) e enxergar seus privilégios.
Concordei que a presença de homens em locais ermos à noite de fato deve ser um motivo de ansiedade para uma mulher (ou qualquer outra pessoa), visto que a maior parte dos crimes violentos são cometidos por homens (pelo menos na parte suja do trabalho), mas instei que ele devia se desconstruir duas vezes, já que muitas pessoas tendem a se sentir temerosas da presença de pessoas negras (pelos mesmos motivos que sentem de homens) e ele, como negro, mesmo que involuntariamente, se tornava causa da aflição de muita pessoas apenas pela sua presença, por exemplo, num ponto de ônibus.
Me acusou de 'falsa simetria'.
Tanto homens quanto mulheres, de qualquer cor, temem assaltos, e, mulheres especialmente mais, crimes sexuais. Independentemente da cor do perpetrador. Mas em qualquer caso, as chances serão de ser homens. Especialmente crimes sexuais contra mulheres (mas também contra homens).
Então alguma assimetria existe no mínimo na parte de crime sexual, um pouco (provavelmente "muito"?) elevada nos riscos femininos. Mas, se não me engano, mulheres são vítimas preferenciais para qualquer tipo de assalto/violência.
A assimetria entre cor e sexo também existe no sentido de que, tanto homens quanto mulheres, de qualquer cor, temerão assaltos. Na vasta maior parte do tempo, bem próximo de 100%, cometidos por homens. Tirando cenários bizarros, como uma gangue de alemães com roupas tradicionais da Bavária, você pode esperar qualquer aparência (dos homens), ainda que incidentalmente as chances sejam maiores dentre a vasta variação de pardos, incluindo os mais claros (fenótipos como o do Ronaldo Fenômeno). A associação maior acaba sendo com situações de risco, como ter que parar nos sinais vermelhos em ruas meio vazias, bairros, e não algo diretamente racial.
Com isso eu não estou dizendo que os homens ou negros "devem sentir culpa", "se auto-flagelar", ou sei lá o que. São só fatos, e a maior parte das pessoas não tem culpa alguma disso, mesmo "pertencendo" ao grupo "ameaçador".
O cenário geral é de qualquer forma um que torna difícil não provocar uma espécie de "vergonha alheia" -- que eu imagino que poderia "se aplicar" mesmo a negros/pardos da mesma forma que consigo imaginar o caso com "brasileiros"/latinos (mesmo "brancos") sendo problema em outros países onde latinos (ou brancos/brasileiros) sejam minoria (ou não), e problemática. (Algumas piadas "clássicas" do Chris Rock também expressam algo similar -- incidentalmente provavelmente também muito "celebradas" por racistas brancos).
Vergonha alheia, não rara em outras situações, e que nessa em particular, talvez em pessoas meio problemáticas (por vivência pessoal ou ideologia tosca) acabe se distorcendo de fato num sentimento de "culpa alheia", virando até "culpa própria"(!), e daí virem "recomendações" também problemáticas sobre o que fazer disso.
Bem como sexismo e racismo de fato (com suas similaridades e diferenças), na perspectiva de quem se vê como principal potencial vítima dos outros grupos. É errado, generalizante, e pode chegar à completa imbecilidade, mas não é algo completamente irracional em suas origens.
Expressões como essa desse hipotético sujeito que me parece plagiado, bem como de mandar os meninos da classe "se desculparem", me parecem ainda mais uma forma de expressão empática dessa "vergonha alheia" ("me desculpe pelo comportamento do meu irmão/amigo, ele é bem sem-noção às vezes"), do que algo já problemático, uma auto-flagelação. Embora possa certamente escorregar para algo problemático em pessoas com uma predisposição a culpa meio catastrofista.