Evidente que é um espantalho. Libertários defendem que a caridade só faz sentido quando feita de forma voluntária,
Isso é irrelevante para o ponto que fiz, estritamente economico, não moral.
O mesmo investimento, seja feito sob a mira de uma arma ou de livre e espontânea vontade, tem o seu valor economico decorrente do investimento em si, e não da motivação.
Do ponto de vista econômico, a explicação é aquela repetida mil vezes, não existe almoço grátis, e o governo não tem como ser superior à um mercado aberto em nenhum tipo de serviço ou produto.
O governo não está em questão, conforme mencionei repetidas vezes.
Se o governo fazer X é algo fundamentalmente ruim, então será ruim as pessoas livremente fazerem X. Pode ser menos ruim, mas será ainda ruim. (Na verdade, seria pior, já que seriam pessoas fazendo mais eficientemente algo fundamentalmente ruim)
O "X" são políticas de bem estar social, alguma forma de redistribuição dos mais ricos aos mais pobres, ou, "caridade", quando feita não-governamentalmente.
A menos que a ineficiência do governo em tais políticas seja a redistribuição de riquezas se dar apenas na direção contrária (e não deve ser o caso com a Suécia), dos mais pobres aos mais ricos, não temos como dizer que apenas políticas de bem estar social são economicamente ruins, e caridade voluntária não. Elas tem necessariamente que ter efeitos na mesma direção, por mais ineficiente que o estado possa ser.
(Novamente, economicamente; não lidando com o aspecto de moral/voluntariedade, que acho que não era abordado no texto inicial que argumentava contra políticas de bem-estar-social)
Ou seja, a conclusão seria de que a economia de alguma forma se beneficia de haver menor atividade econômica, maior pobreza, e maiores prejuízos decorrentes dela.
Parece uma validação estranha da "teoria das janelas quebradas".
Uma pessoa ingênua em economia poderia imaginar que, se fosse dado aos pobres melhores condições de vida, isso tenderia a ter um efeito benéfico ao reduzir patologias sociais associadas à pobreza e seus custos financeiros, em estar-se facilitando a que os mais pobres se tornem mais produtivos, e assim beneficiando a economia ao todo.
Mas não, de alguma forma isso é ineficiente, mesmo os mais ricos não devem ter essa ilusão de acharem que estariam fazendo um bem a todos em financiarem ações filantrópicas, mitigando a fome, aumentando a educação, reduzindo doenças, etc.
E o manjado espantalho seguinte é dizer que isso vai excluir os pobres do acesso à educação e saúde, mas a teoria e a empiria provam o contrário. Não tem como um serviço ou produto ser bom e acessível senão por meio da concorrência.
Na verdade é um pouco mais complicado que isso. Mas o meu ponto não tem como assunção ou conclusão o estado ser superior em administrar qualquer empreendimento.
Valeria para o anarco-capitalismo imaginário, tal como vale para o mundo real: a economia é melhor com maior participação econômica e com menos problemas decorrentes da pobreza.
E tanto filantropia voluntária quanto políticas de bem-estar social estatais devem levar as coisas um pouco mais nessa direção do que se teria na ausência delas.
Portanto, qualquer condenação a políticas de bem-estar-social que pretenda ser levada a sério como argumentação econômica pura, não como argumentação moral/ideológica, deveria ser específica quanto a problemas num dado modelo, preferencialmente apontando como poderia ser equilibrado no nível "ótimo" em vez de tentar generalizar a conclusão. Já que um "ótimo" é algo que necessariamente deve haver, supondo que maior participação econômica, literalmente mais mercado, e menos problemas decorrentes da pobreza (menos janelas quebradas) são melhores para a economia do que o contrário.