Autor Tópico: Os Dez Mandamentos - Versão Laica  (Lida 2669 vezes)

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Offline Spencer

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Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Online: 23 de Janeiro de 2017, 23:09:07 »
Este é um texto de uma Neurocientista que admiro muito.

Sou ateia e sinto-me discriminada. Pronto, falei.
Pouco importa o que Dilma e Serra de fato pensam sobre aborto. Em campanha, eles dirão o que o povo brasileiro deseja ouvir - e não os culpo nem um pouco por isso. Se o que o povo deseja ouvir é que o(a) futuro(a) chefe de nosso Estado teoricamente laico é temente a Deus e aos valores das religiões católica e evangélica, assim será. Por quê? Porque, no nosso país, ser ateu é feio. Ateus não são confiáveis. Ateus não podem ser chefes de Estado nem devem confessar em cadeia nacional sua não-crença, como minha mãe bem me advertiu lá no começo da minha carreira de declarações públicas ("Olha o Fernando Henrique, até ele passou a falar em Deus!").

Segui o conselho de minha mãe por dez anos, resignada e crendo que, de fato, pouco deveria importar para os outros se eu pessoalmente acreditava ou não em Deus ou seguia alguma religião em particular. Mas agora, irritada ao ver os jornais e as campanhas políticas dominadas pelo discurso religioso, resolvi que não me calo mais: sou ateia, sinto-me discriminada por causa de minha crença na não-existência de um Deus (nem de vários), e agora vou fazer ativamente campanha em prol do respeito à não-crença.

.................................
Trata-se de Suzana Herculano-Houzel, neurocientista que definiu através de experiência inédita qual o verdadeiro número de neurônios no córtex cerebral.

Algumas vezes ouvi dizer que céticos são discriminados. A pergunta é: como? Mesmo nos dias de hoje?
Gostaria de, com a ajuda dos amigos do fcc, aprofundar um pouco esta questão... e suas consequências.

Offline Spencer

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #1 Online: 23 de Janeiro de 2017, 23:14:43 »
 Ainda com a palavra nossa Neurocientista:

"Em seu livro Deus, um delírio, Dawkins propõe novos dez mandamentos, que transcendem qualquer religião ou religiosidade. Simples, belos, ao alcance de todos. São eles:

1- Não faça aos outros o que não quer que façam com você [embora eu ainda prefira a versão positiva da Regra de Ouro: Trate os outros como você gostaria de ser tratado]

2- Em todas as coisas, faça de tudo para não provocar o mal;

3- Trate os outros seres humanos, as outras criaturas e o mundo em geral com amor, honestidade, fidelidade e respeito;

4- Não ignore o mal nem evite administrar a justiça, mas sempre esteja disposto a perdoar erros que tenham sido reconhecidos por livre e espontânea vontade e lamentados com honestidade;

5- Viva a vida com um sentimento de alegria e deslumbramento;

6- Sempre tente aprender algo de novo;

7- Ponha todas as coisas à prova; sempre compare suas ideias com os fatos, e esteja disposto a descartar mesmo a crença mais cara se ela não se adequar a eles;

8- Jamais se autocensure ou fuja da dissidência; sempre respeite o direito dos outros de discordar de você;

9- Crie opiniões independentes com base em seu próprio raciocínio e em sua experiência; não se permita ser dirigido pelos outros;

10- Questione tudo.
 

Não é o máximo? Dá para ser cristão, judeu, muçulmano, hindu, ateu - e seguir os mesmos mandamentos. Todos ganham, independentemente de religião, e ninguém fica de fora."

Offline DDV

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #2 Online: 24 de Janeiro de 2017, 00:33:56 »
Eu gostei das leis do Profeta Lebioda, do jogo Witcher 3.


 1- Sempre diga a verdade, exceto se a mesma lhe colocar em risco: nesse caso, minta.

 2- Ame o seu próximo, mas não exagere demais em sua demonstração de afeto, pois ele pode entender isso errado.


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Offline Spencer

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #3 Online: 24 de Janeiro de 2017, 06:44:41 »
DDV, não conheço o jogo, mas pelas leis do profeta deve ser bem interessante. :ok:

Citar
Segui o conselho de minha mãe por dez anos, resignada e crendo que, de fato, pouco deveria importar para os outros se eu pessoalmente acreditava ou não em Deus ou seguia alguma religião em particular. Mas agora, irritada ao ver os jornais e as campanhas políticas dominadas pelo discurso religioso, resolvi que não me calo mais: sou ateia, sinto-me discriminada por causa de minha crença na não-existência de um Deus (nem de vários), e agora vou fazer ativamente campanha em prol do respeito à não-crença.
Aqui está um problema: não acredito que nossa sociedade se importa realmente com o fato de que alguém acredita ou não em Deus.
Talvez, melhor dizendo, certamente se ela fosse mais religiosa, não haveria tanta violência e tantos desatinos.


Offline Shadow

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #4 Online: 24 de Janeiro de 2017, 07:53:37 »
Eu gostei das leis do Profeta Lebioda, do jogo Witcher 3.


 1- Sempre diga a verdade, exceto se a mesma lhe colocar em risco: nesse caso, minta.

 2- Ame o seu próximo, mas não exagere demais em sua demonstração de afeto, pois ele pode entender isso errado.


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Eu sigo o abençoado Rhalah Ricota:





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Offline Brienne of Tarth

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #5 Online: 24 de Janeiro de 2017, 11:11:32 »
Talvez, melhor dizendo, certamente se ela fosse mais religiosa, não haveria tanta violência e tantos desatinos.

Desculpe, Spencer, mas a realidade discorda de você:

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/04/150414_religiao_gallup_cc
GNOSE

Offline Fabrício

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #6 Online: 24 de Janeiro de 2017, 12:22:47 »
Eu gostei das leis do Profeta Lebioda, do jogo Witcher 3.


 1- Sempre diga a verdade, exceto se a mesma lhe colocar em risco: nesse caso, minta.

 2- Ame o seu próximo, mas não exagere demais em sua demonstração de afeto, pois ele pode entender isso errado.


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Excelente jogo, o melhor que já joguei. Lebioda é um sábio!
"Deus prefere os ateus"

Offline Spencer

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #7 Online: 24 de Janeiro de 2017, 12:48:06 »
Talvez, melhor dizendo, certamente se ela fosse mais religiosa, não haveria tanta violência e tantos desatinos.

Desculpe, Spencer, mas a realidade discorda de você:

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/04/150414_religiao_gallup_cc
Muito interessante, o link.

Mas, quando eu disse que "se nossa sociedade fosse mais religiosa", queria me referir a uma sociedade em que o homem vivenciasse sua crença; assim, respeitando às leis e ao semelhante... tipo os mandamentos do Richard Dawkins.

Hoje, as religiões servem como capa para encobrir as deficiências morais do ser humano, contudo conferem uma aparência respeitável aos que se entregam aos seus rituais, liturgias e pregações.

Faço uma reflexão sobre isto e gostaria que me ajudassem;
quando uma pessoa espontaneamente procura uma religião, o faz na esperança de que esta possa ajudá-lo a se desvencilhar dos erros que pesam na consciência e assim, aliviado, tocar a vida e encontrar seu Criador.
Passado um tempo verifica que aquelas práticas não somente são inúteis como ressaltam certa hipocrisia e misticismo.
Então raciocina, digamos quase sub conscientemente: - "continuo o mesmo homem em nada modificado, mas as preces e práticas devem servir para alguma coisa.
Aqui as pessoas me aceitam e respeitam e além disto tenho agora um novo grupo de convivência que me traz alguns benefícios."
Eclode o corporativismo, e passa agora a combater as outras crenças.
Está traçado o perfil do homem religioso.
Naturalmente exceções existem.

Offline homemcinza

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #8 Online: 24 de Janeiro de 2017, 13:37:09 »
Citar
queria me referir a uma sociedade em que o homem vivenciasse sua crença; assim, respeitando às leis e ao semelhante

o homem bomba esta vivenciando sua crença.

o cara que é contra união homossexual esta vivenciando sua crença.

o homem que diz que o outro grupo é pagão infiel e deve ser eliminado esta vivenciando sua crença.

não precisamos ser religiosos e sim respeitar uns aos outros independente de religião. Religiões tem carater polissemico, portanto cada um tira o que quiser dos textos ali encontrados. Nossos pressupostos devem partir de outro lugar que não a seara religiosa.
Ceticismo é para poucos!

Offline Spencer

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #9 Online: 25 de Janeiro de 2017, 00:30:06 »
Citar
queria me referir a uma sociedade em que o homem vivenciasse sua crença; assim, respeitando às leis e ao semelhante

o homem bomba esta vivenciando sua crença.

o cara que é contra união homossexual esta vivenciando sua crença.

o homem que diz que o outro grupo é pagão infiel e deve ser eliminado esta vivenciando sua crença.

não precisamos ser religiosos e sim respeitar uns aos outros independente de religião. Religiões tem carater polissemico, portanto cada um tira o que quiser dos textos ali encontrados. Nossos pressupostos devem partir de outro lugar que não a seara religiosa.
Grey, muito perspicaz sua observação.
Entretanto a pergunta seria, de qual fonte poderíamos receber estes pressupostos?

Naturalmente, de uma boa educação no lar complementada por um razoável embasamento intelecto-moral.

Não me atrevo a citar números mas estatisticamente qual a proporção de lares, no nosso país, capazes de atender a tais requisitos?
Estamos em meio a uma multidão desorientada, por um lado composta de homens simples mas ignorantes, e por outro lado criaturas perversas prontas a tirar proveito de qualquer situação que lhes favoreça a sagacidade.

No entanto, os simples e ignorantes, incomodados pelos acicates da desigualdade social, estarão, talvez, buscando um consolo e um freio, nas religiões. 
O medo dos suplícios infernais, constantemente apregoados por padres e pastores tem funcionado desde priscas eras da humanidade.
Quero dizer que aquele homem que respeita leis e os direitos de seu semelhante, não são homens comuns. E ainda assim, raramente serão completamente íntegros.
Grey, você tocou nas chagas abertas das sociedades humanas. Onde o homem de bem?
Acredito piamente que chegaremos a um patamar de equilíbrio em que a paz social será alcançada, mas ainda precisaremos de tempo.

Offline DDV

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #10 Online: 25 de Janeiro de 2017, 03:35:57 »
1- Não faça aos outros o que não quer que façam com você [embora eu ainda prefira a versão positiva da Regra de Ouro: Trate os outros como você gostaria de ser tratado]

Só a versão negativa é adequada.

Pela versão positiva, um sadomasoquista ou homossexual poderiam sair agarrando geral e estarem de acordo com a regra.

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline Muad'Dib

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #11 Online: 25 de Janeiro de 2017, 07:29:36 »
1- Não faça aos outros o que não quer que façam com você [embora eu ainda prefira a versão positiva da Regra de Ouro: Trate os outros como você gostaria de ser tratado]

Só a versão negativa é adequada.

Pela versão positiva, um sadomasoquista ou homossexual poderiam sair agarrando geral e estarem de acordo com a regra.

Você está dizendo que homossexuais são pessoas degeneradas que pensam exclusivamente em sexo, desejosos de serem agarrados constantemente por pessoas do mesmo sexo para transarem onde quer que seja? E que se nós --como sociedade-- nos basearmos na versão positiva da regra áurea nós certamente teremos problemas com certos grupos de pessoas que não controlam a própria sexualidade?

Você não pode estar falando sério,

Offline AlienígenA

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #12 Online: 25 de Janeiro de 2017, 09:13:41 »
1- Não faça aos outros o que não quer que façam com você [embora eu ainda prefira a versão positiva da Regra de Ouro: Trate os outros como você gostaria de ser tratado]

Só a versão negativa é adequada.

Pela versão positiva, um sadomasoquista ou homossexual poderiam sair agarrando geral e estarem de acordo com a regra.

Pós-Verdade.   
« Última modificação: 25 de Janeiro de 2017, 09:16:01 por AlienígenA »

Offline Lakatos

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #13 Online: 25 de Janeiro de 2017, 09:26:39 »
A versão negativa também tem problemas.

Offline Muad'Dib

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #14 Online: 25 de Janeiro de 2017, 09:49:04 »
A versão negativa também tem problemas.

Quais?

Os dez mandamentos acima foram escritos sobre a presunção de que quem for usá-los possui um bom senso mínimo.

Offline Muad'Dib

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #15 Online: 25 de Janeiro de 2017, 10:27:55 »
Ainda com a palavra nossa Neurocientista:

"Em seu livro Deus, um delírio, Dawkins propõe novos dez mandamentos, que transcendem qualquer religião ou religiosidade. Simples, belos, ao alcance de todos. São eles:

1- Não faça aos outros o que não quer que façam com você [embora eu ainda prefira a versão positiva da Regra de Ouro: Trate os outros como você gostaria de ser tratado]

2- Em todas as coisas, faça de tudo para não provocar o mal;

3- Trate os outros seres humanos, as outras criaturas e o mundo em geral com amor, honestidade, fidelidade e respeito;

4- Não ignore o mal nem evite administrar a justiça, mas sempre esteja disposto a perdoar erros que tenham sido reconhecidos por livre e espontânea vontade e lamentados com honestidade;

5- Viva a vida com um sentimento de alegria e deslumbramento;

6- Sempre tente aprender algo de novo;

7- Ponha todas as coisas à prova; sempre compare suas ideias com os fatos, e esteja disposto a descartar mesmo a crença mais cara se ela não se adequar a eles;

8- Jamais se autocensure ou fuja da dissidência; sempre respeite o direito dos outros de discordar de você;

9- Crie opiniões independentes com base em seu próprio raciocínio e em sua experiência; não se permita ser dirigido pelos outros;

10- Questione tudo.
 

Não é o máximo? Dá para ser cristão, judeu, muçulmano, hindu, ateu - e seguir os mesmos mandamentos. Todos ganham, independentemente de religião, e ninguém fica de fora."

11- Aja de modo a que os efeitos da tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma autêntica vida humana sobre a Terra.

http://revistas.ufpr.br/made/article/viewFile/14115/10882

Offline Lakatos

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #16 Online: 25 de Janeiro de 2017, 11:53:54 »
A versão negativa também tem problemas.

Quais?

Os dez mandamentos acima foram escritos sobre a presunção de que quem for usá-los possui um bom senso mínimo.

Se você não quer que façam caridade para você, então você também não deveria fazer para os outros. Se você não quer que te mantenham vivo em caso de doença incapacitante, então você também não deveria manter os outros vivos nessa situação. Se você não quer ser cremado quando morrer, então não deve cremar o corpo de outras pessoas. E por aí vai. Há várias coisas que pessoas podem escolher evitar para si mas que não são necessariamente más que façam para os outros.

Offline AlienígenA

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #17 Online: 25 de Janeiro de 2017, 12:30:37 »
É brincadeira, né? Não sou só eu que interpreto as regras de prata e ouro como um convite a exercer a empatia, certo?  :)

Offline Lakatos

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #18 Online: 25 de Janeiro de 2017, 12:42:21 »
É brincadeira, né? Não sou só eu que interpreto as regras de prata e ouro como um convite a exercer a empatia, certo?  :)

É apenas a limitação inerente a uma regra de poucas palavras com pretensão de ser diretriz para algo completo como a ética humana. Se para ela funcionar é necessário aliar a um bom-senso que se pressupõe das pessoas, então podemos tirar a regra e manter apenas o bom-senso, provavelmente com resultados tão bons ou melhores.

Offline Spencer

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #19 Online: 25 de Janeiro de 2017, 12:54:22 »
Citar
11- Aja de modo a que os efeitos da tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma autêntica vida humana sobre a Terra.

http://revistas.ufpr.br/made/article/viewFile/14115/10882
 
O link que Wowbagger cita, abre praticamente um novo patamar para a consciência moral, do indivíduo e da sociedade.
A responsabilidade que se assume perante as gerações seguintes ao se desconhecer o impacto ambiental provocado pela visão do ganho e do lucro ao se tratar a natureza como simples fonte de insumos e matéria prima para as indústrias de abordagem tecno-científica.

Perante aquela proposição, abre-se uma frente de batalha onde céticos e crentes assumem responsabilidades comuns com louvável visão do devir
« Última modificação: 25 de Janeiro de 2017, 13:02:11 por Spencer »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #20 Online: 25 de Janeiro de 2017, 14:23:20 »
1- Não faça aos outros o que não quer que façam com você [embora eu ainda prefira a versão positiva da Regra de Ouro: Trate os outros como você gostaria de ser tratado]

Só a versão negativa é adequada.

Pela versão positiva, um sadomasoquista ou homossexual poderiam sair agarrando geral e estarem de acordo com a regra.

Pós-Verdade.   

A versão "trate aos outros como eles gostariam de ser tratados" é positiva, negativa, ou o que?

Que adendo se pode colocar aí para não ser exatamente uma outra forma de escrever "seja um capacho/escravo dos outros", mas apenas se evadir do (pseudo?) problema de uma falta de tato/empatia em imaginar que as demais pessoas podem ter critérios um pouco diferentes, e que devemos procurar respeitá-los dentro do possível/não-absurdo?

Offline Freya

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #21 Online: 25 de Janeiro de 2017, 21:16:55 »
É brincadeira, né? Não sou só eu que interpreto as regras de prata e ouro como um convite a exercer a empatia, certo?  :)

É apenas a limitação inerente a uma regra de poucas palavras com pretensão de ser diretriz para algo completo como a ética humana. Se para ela funcionar é necessário aliar a um bom-senso que se pressupõe das pessoas, então podemos tirar a regra e manter apenas o bom-senso, provavelmente com resultados tão bons ou melhores.

Entraria aí, então, a noção do imperativo categórico de Kant? Já que se a máxima da tua ação devesse tornar-se uma lei universal, esta lei deve conciliar interesses mínimos/comuns a todos os povos, o que poderia remeter a uma noção de direitos humanos (universalidade de direitos). Mas ainda assim é complicado de nortear uma ação com base no que cada um deseja, individualmente, ver se tornar uma lei universal, o ISIS que o diga.

A versão "trate aos outros como eles gostariam de ser tratados" é positiva, negativa, ou o que?

É humanista secular.  :hihi:
« Última modificação: 25 de Janeiro de 2017, 21:20:32 por Freya »

Offline Spencer

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #22 Online: 26 de Janeiro de 2017, 00:45:40 »
É brincadeira, né? Não sou só eu que interpreto as regras de prata e ouro como um convite a exercer a empatia, certo?  :)

É apenas a limitação inerente a uma regra de poucas palavras com pretensão de ser diretriz para algo completo como a ética humana. Se para ela funcionar é necessário aliar a um bom-senso que se pressupõe das pessoas, então podemos tirar a regra e manter apenas o bom-senso, provavelmente com resultados tão bons ou melhores.

Entraria aí, então, a noção do imperativo categórico de Kant? Já que se a máxima da tua ação devesse tornar-se uma lei universal, esta lei deve conciliar interesses mínimos/comuns a todos os povos, o que poderia remeter a uma noção de direitos humanos (universalidade de direitos). Mas ainda assim é complicado de nortear uma ação com base no que cada um deseja, individualmente, ver se tornar uma lei universal, o ISIS que o diga.

A versão "trate aos outros como eles gostariam de ser tratados" é positiva, negativa, ou o que?

É humanista secular.  :hihi:
Um tanto de Reducionismo semântico pode ajudar:
Eu diria a Lakatos que não se trata simplesmente de um bom senso, pois realmente isto seria limitante, mas um senso de conotação universal, pois o Bem é sempre o Bem enquanto o Mal é apenas o estágio inicial do Bem.

Freya menciona a deficiência da regra de ouro pois estaria sujeita às inclinações pessoais. Mas a regra não contempla extremos de comportamento. Se um homem é feliz causando mal ao outro, será ponto fora da curva.

Eu diria simplesmente, Positivo: faça aos outros o que gostaria que lhe fizessem.
Negativo Não faça ao seu semelhante aquilo que não gostaria que ele lhe fizesse.

Offline Freya

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #23 Online: 26 de Janeiro de 2017, 21:45:51 »
Freya menciona a deficiência da regra de ouro pois estaria sujeita às inclinações pessoais. Mas a regra não contempla extremos de comportamento. Se um homem é feliz causando mal ao outro, será ponto fora da curva.

Eu diria simplesmente, Positivo: faça aos outros o que gostaria que lhe fizessem.
Negativo Não faça ao seu semelhante aquilo que não gostaria que ele lhe fizesse.

Em algumas culturas não é exceção, e sim a regra.

E aproveitando o gancho, é sob este prisma que o multiculturalismo relativista se torna rejeitável e as pessoas clamam pelos direitos humanos, porque quando se trata de direitos concernentes à humanidade, à condição de existência digna mínima do ser humano, e que deveriam ser universais dada a natureza do bem tutelado, não podemos simplesmente depender do que um homem deseja ao outro, ou no que a maioria das pessoas de um determinado lugar considera bom ou mal; é preciso defender, legalmente, a garantia desses direitos, ainda que isso signifique atropelar algumas tradições religiosas e aniquilar alguns hábitos e crenças culturais, bem como defender hábitos culturais que são objetivamente verificáveis como sendo melhores ou mais compatíveis com o atual estágio de civilização da sociedade contemporânea, devendo as ações e ideias que violam esses direitos fundamentais básicos serem extirpadas como um tumor maligno, antes que crie metástases e foda a porra toda, rs.

Por isso, a regra é válida como um exercício de empatia mesmo, e só, não como uma premissa que se pretende logicamente verdadeira para resolver os problemas da humanidade caso fosse aplicada por todos, dada a subjetividade e complexidade do comportamento humano.

« Última modificação: 26 de Janeiro de 2017, 21:50:52 por Freya »

Offline Spencer

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #24 Online: 28 de Janeiro de 2017, 16:47:41 »

Freya menciona a deficiência da regra de ouro pois estaria sujeita às inclinações pessoais. Mas a regra não contempla extremos de comportamento. Se um homem é feliz causando mal ao outro, será ponto fora da curva.

Eu diria simplesmente, Positivo: faça aos outros o que gostaria que lhe fizessem.
Negativo Não faça ao seu semelhante aquilo que não gostaria que ele lhe fizesse.

Em algumas culturas não é exceção, e sim a regra.

E aproveitando o gancho, é sob este prisma que o multiculturalismo relativista se torna rejeitável e as pessoas clamam pelos direitos humanos, porque quando se trata de direitos concernentes à humanidade, à condição de existência digna mínima do ser humano, e que deveriam ser universais dada a natureza do bem tutelado, não podemos simplesmente depender do que um homem deseja ao outro, ou no que a maioria das pessoas de um determinado lugar considera bom ou mal; é preciso defender, legalmente, a garantia desses direitos, ainda que isso signifique atropelar algumas tradições religiosas e aniquilar alguns hábitos e crenças culturais, bem como defender hábitos culturais que são objetivamente verificáveis como sendo melhores ou mais compatíveis com o atual estágio de civilização da sociedade contemporânea, devendo as ações e ideias que violam esses direitos fundamentais básicos serem extirpadas como um tumor maligno, antes que crie metástases e foda a porra toda, rs.

Por isso, a regra é válida como um exercício de empatia mesmo, e só, não como uma premissa que se pretende logicamente verdadeira para resolver os problemas da humanidade caso fosse aplicada por todos, dada a subjetividade e complexidade do comportamento humano.
Citar

Muito bem, minha cara Freya; sua exposição prima pela clareza e objetividade embora a complexidade do tema que aborda.
Em princípio eu diria que discordo, aqui e ali, mas relendo com mais atenção vi que não discordava, mas admitiria um novo enfoque, um novo ângulo.
Minha base argumentativa é a defesa da evolução do ethos, e das sociedades como consequência.

Então, se admitimos, no conceito multiculturalismo relativista, i.e. " o multiculturalista radical aceitará qualquer tipo de cultura, de repente porque pensa que tudo vale, pelo fato de a moralidade ser relativa à cultura. " http://www.curtociencia.com/relativismo-e-multiculturalismo
Ora, o costume da ablação ou extirpação do clitóris em certas culturas, aceitas pelo multiculturalismo, há de se submeter e ser contido ante o avanço do pensamento universalista dos direitos do homem. Este é um ponto que interessa e toca diretamente na tendência pela globalização. As premências econômicas das culturas mais pobres e coincidentemente menos esclarecidas, menos civilizadas, conduzirão à aproximação e assimilação de novos valores ético-morais. Evolução. Uma tendência que acabará por fazer desaparecer aqueles costumes tribais.
Ao longo de um tempo maior ou menor, constataremos uma generalização positiva dos hábitos e costumes mais civilizados ao redor do mundo tornando obsoleto o relativismo multicultural.
Daí:
Citar
Por isso, a regra é válida como um exercício de empatia mesmo, e só, não como uma premissa que se pretende logicamente verdadeira para resolver os problemas da humanidade caso fosse aplicada por todos, dada a subjetividade e complexidade do comportamento humano.
 
Sim, mas uma subjetividade e complexidade que tende a esmaecer indo ao encontro de conceitos universalistas.

« Última modificação: 28 de Janeiro de 2017, 16:55:50 por Spencer »

 

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