Autor Tópico: Os Dez Mandamentos - Versão Laica  (Lida 2670 vezes)

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Offline Sdelareza

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #25 Online: 28 de Janeiro de 2017, 21:10:18 »
O ateísmo é visto por vários como uma forma de dogmatismo.

O problema não é a pessoa ser ateu, mas ser de qualquer outra crença que não seja católico ou evangélico.

Offline Freya

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #26 Online: 29 de Janeiro de 2017, 03:41:45 »
Muito bem, minha cara Freya; sua exposição prima pela clareza e objetividade embora a complexidade do tema que aborda.
Em princípio eu diria que discordo, aqui e ali, mas relendo com mais atenção vi que não discordava, mas admitiria um novo enfoque, um novo ângulo.
Minha base argumentativa é a defesa da evolução do ethos, e das sociedades como consequência.

Então, se admitimos, no conceito multiculturalismo relativista, i.e. " o multiculturalista radical aceitará qualquer tipo de cultura, de repente porque pensa que tudo vale, pelo fato de a moralidade ser relativa à cultura. " http://www.curtociencia.com/relativismo-e-multiculturalismo
Ora, o costume da ablação ou extirpação do clitóris em certas culturas, aceitas pelo multiculturalismo, há de se submeter e ser contido ante o avanço do pensamento universalista dos direitos do homem. Este é um ponto que interessa e toca diretamente na tendência pela globalização. As premências econômicas das culturas mais pobres e coincidentemente menos esclarecidas, menos civilizadas, conduzirão à aproximação e assimilação de novos valores ético-morais. Evolução. Uma tendência que acabará por fazer desaparecer aqueles costumes tribais.
Ao longo de um tempo maior ou menor, constataremos uma generalização positiva dos hábitos e costumes mais civilizados ao redor do mundo tornando obsoleto o relativismo multicultural.
Daí:
Citar
Por isso, a regra é válida como um exercício de empatia mesmo, e só, não como uma premissa que se pretende logicamente verdadeira para resolver os problemas da humanidade caso fosse aplicada por todos, dada a subjetividade e complexidade do comportamento humano.
 
Sim, mas uma subjetividade e complexidade que tende a esmaecer indo ao encontro de conceitos universalistas.

Muito obrigada, a recíproca é verdadeira.

Pois então, meu caro Spencer, estamos falando da regra de ouro e, enquanto "mandamento" eficaz para evolução ética da civilização, seja na sua versão positiva ou negativa, continuo concordando com o colega Lakatos de que ela não seria, filosoficamente falando, suficientemente abrangente para compreender a complexidade do problema a que se dispõe resolver, visto que toma por referencial aquilo que se deseja (ou não) para si próprio e aos outros, o que logicamente seria um parâmetro bem subjetivo, relativo e variável dada a grande diversidade cultural, e ela me parece estar mais ligada à moral individual ou local.

Já o imperativo categórico de Kant*, que a pesar de também remeter a sentença à vontade do indivíduo (o que ele gostaria de ver sendo praticado no mundo todo), ainda me parece ter um caráter mais universalista na medida em que condiciona as ações a uma aceitação universal (e daí eu fiz referência aos direitos inerentes à existência humana minimamente digna, sobre direitos universais porque qualquer ser humano gostaria de ter garantidos, isto é, ninguém quer morrer, ninguém quer ser torturado, ninguém quer ter sua liberdade cerceada sem justificativa, etc).
Nesse caso, não importa como você gostaria de ser tratado pelos outros, pois suas ações serão guiadas com base no puro dever de agir corretamente, isto é, de forma a não desrespeitar o próximo de qualquer lugar do mundo, agir simplesmente pela razão, não existe um parâmetro subjetivo (o que eu gosto ou não gosto), mas sim a máxima de agir pelo dever ético incondicional, sem visar um fim (no imperativo hipotético a ação visa um fim).

*Não consegui inserir o hiperlink - http://sofos.wikidot.com/imperativo-categorico

Offline Freya

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #27 Online: 29 de Janeiro de 2017, 04:04:06 »
Sobre o texto do seu link, acho que as práticas que não ferem diretos humanos não têm razão de serem perseguidas; não há sentido em se intrometer no véu da muçulmana que quer usá-lo, ou criticar Salim por não comer carne de porco. Mas toda e qualquer prática que ferir a liberdade, a integridade moral e física, a dignidade humana, deve ser combatida sim, não importa se é expansionista ou não. Se, por exemplo, eu tivesse tido o azar do acaso ter me feito nascer em uma sociedade de primatas brutos, de cultura extremamente primitiva, certamente eu gostaria que houvesse organizações internacionais que me defendessem dessas práticas religiosas ou mesmo familiares de mutilação genital, aliás, tenho pena também dos meninos judeus; claro que é menos grave do que remover o clitóris, mas retirar o prepúcio não deixa de ser uma violação à integridade física de um bebê, que é um incapaz e não pode tomar decisões sobre o próprio corpo ainda, e que inclusive pode ter consequências na vida adulta por isso.

Offline Spencer

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #28 Online: 29 de Janeiro de 2017, 15:08:55 »
O ateísmo é visto por vários como uma forma de dogmatismo.

O problema não é a pessoa ser ateu, mas ser de qualquer outra crença que não seja católico ou evangélico.
Sdelareza, acho que são vários os pontos de conflito. Religiosos, entre si, discordam até violentamente às vezes. Também religiosos X ceticos, com menos exacerbação. E aí, nesta salada, entram os Espiritistas X Católicos e Evangélicos...

Neste tópico esperava ouvir dos céticos situações que caracterizassem discriminação da sociedade contra os céticos e ateus. A Neurocientista que motivou o início do tópico não apontou qualquer situação de fato. Fiquei curioso para conhecer as circunstâncias e o tipo de pessoa que manifestava tal tipo de discriminação.

Offline Spencer

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Re:Os Dez Mandamentos - Versão Laica
« Resposta #29 Online: 29 de Janeiro de 2017, 15:13:58 »
Sobre o texto do seu link, acho que as práticas que não ferem diretos humanos não têm razão de serem perseguidas; não há sentido em se intrometer no véu da muçulmana que quer usá-lo, ou criticar Salim por não comer carne de porco. Mas toda e qualquer prática que ferir a liberdade, a integridade moral e física, a dignidade humana, deve ser combatida sim, não importa se é expansionista ou não. Se, por exemplo, eu tivesse tido o azar do acaso ter me feito nascer em uma sociedade de primatas brutos, de cultura extremamente primitiva, certamente eu gostaria que houvesse organizações internacionais que me defendessem dessas práticas religiosas ou mesmo familiares de mutilação genital, aliás, tenho pena também dos meninos judeus; claro que é menos grave do que remover o clitóris, mas retirar o prepúcio não deixa de ser uma violação à integridade física de um bebê, que é um incapaz e não pode tomar decisões sobre o próprio corpo ainda, e que inclusive pode ter consequências na vida adulta por isso.
Concordo Freya. As bizarrices das culturas exóticas certamente desaparecerão com o tempo... e põe tempo nisso. Já aquelas que desrespeitam os direitos do ser humano, sim, precisam ser contestadas energicamente, por indivíduos, instituições e governos.
A questão é, como?

 

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