Levando em conta a raiz do conservadorismo na história filosófica-acadêmica, difícil é não é ter uma visão generosa com o conservadorismo, e não o contrário. Aparentemente, conservadores-raiz são aqueles que entenderam intuitivamente o Efeito Lindy. Um vídeo do Pondé trata bem desse assunto...
Isso é um pouco similar à toda a discussão entre "direita e esquerda" e onde nazismo se encaixa e etc.
Socialistóides vão ter suas colocações, "ah, mas eu não sou leninista-stalinista, eu defendo o comunismo de Bakunin, blablablá."
Pode até existir todas essas distinções técnicas, mas no uso comum "comunista"/"socialista" tende ao "tankie"/chavista, desejando uma tendência a estatização generalizada e alta intervenção estatal (como proibindo terceirizações, tentando estabelecer direitos trabalhistas bem onerosos, etc). Ou talvez, mais do que isso, alinhamento burro a quem quer que seja "vermelho" e esteja fazendo um discurso com os clichês necessários, que incidentalmente terão essas tendências menos liberais.
De maneira similar, "conservadores" geralmente serão vistos e auto-rotulados como o pessoal que têm como prioridades coisas como ser anti-aborto, anti-legalização das drogas, pró polícia mais dura/violenta, "defesa dos bons valores e costumes" (vulgo ser anti- mamadeira de piroca e kit gay, também possivelmente anti-putaria), além de visões beirando/adentrando classismo e racismo, com variados graus de eufemismo ou velamento. No Brasil e nos EUA, também são bastante anti-ciência.
Falando nisso, complementando com mais alguns casos de conservadores que fogem do último padrão:
https://www.youtube.com/v/IGTVFTxBI1sQuem faz isso se esquece que, no outro lado do espectro político, o progressismo, tem as antas do esquerdismo cultural pós-moderno que falam em "apropriação cultural", "opressão da mulher pelo patriarcado (e pelos homens, de uma forma geral)", multiculturalismo que tolera intolerância, etc. Uma visão de progressista que enfatizasse o pós-modernismo seria considerado pura propaganda direitista antiprogressista e não mereceria comentário.
De fato tem muita asneira desse lado também, porém parece consideravelmente mais comum um esquerdismo/progressivismo moderado/não-imbecil que incorre nas coisas mais estapafúrdias apenas de maneira mais incidental, talvez um pouco acrítico e condescendente (e sujeito a "infiltrações") com o extremo estapafúrdio por este ser mais fundamentalmente bem-intencionado ("defendendo aos oprimidos").
Eu não veria necessidade de criar um tópico perguntando, por exemplo "progressivismo racional e não ultra-vitimista paranóico?" Exigirá um pouco mais de esforço "peneirar" as visões mais caricatas-mas-reais, absurdas, do que encontrar perspectivas progressistas razoáveis. O razoável/moderado é quase o padrão daqueles que não se rotulem como "conservadores," "anti-feministas," etc. Peneirar o radicalismo só é facilitado por já haver uma quantidade razoável de pessoas dedicadas a isso, que compilam a estes casos de "espantalhos legítimos".
E por isso mesmo boa parte dos auto-rotulados conservadores vão atacar em larga escala a mídia mainstream, Hollywood, etc. Indo para o lado mais bizarro (Alex Jones), vão ainda ter aqueles que dizem que "o conservadorismo é agora a contra-cultura," evidenciando um mainstream relativamente progressista a que eles antagonizam (material desses caras é promovido no Brasil pelos "tradutores de direita").
PS.: "pós modernismo" de maneira até pior que termos como "conservadorismo," "liberalismo", "socialismo," acabou virando sinônimo de algo como "maluquices filosofóides," sendo aplicado a diversas correntes filosóficas (ou pseudo-filosóficas) e tendo muito pouco a ver com um significado acadêmico.
Digo isso porque tanto o conservadorismo quanto o progressismo podem ser racionais, pois tanto a defesa de status quo quanto mudança muito veloz e sem melhora adaptativa podem ser rejeitadas em ambas as doutrinas.
Perfeito.