Autor Tópico: questões para liberais  (Lida 1204 vezes)

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Offline Pasqually

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questões para liberais
« Online: 15 de Outubro de 2018, 01:58:13 »
Tá, a Internet descobriu o liberalismo e formou-se a nova seita com a solução mágica para todos os nossos problemas.

O argumento mais superficial é o que simplesmente copia e cola o índice de liberdade econômica, tentando fazer passar uma correlação por causalidade, o que seria como dizer por exemplo que o alto número de ateus na Estônia e na França também é responsável pelo alto desenvolvimento humano e educacional desses países, sendo Cambojas uma exceção.

Japão, Coréia do Sul, Austrália, entre outros, são usados como a vitrine mágica do neoliberalismo ideológico, deixando completamente de lado todos os fatores históricos que fizeram estes países chegarem onde estão, para vender a ideia de uma fórmula mágica, que privatizar tudo, cortar direitos e destruir o próprio Estado vai, por si só, fazer você chegar até lá.

Se pesquisarmos o que os governos desses países fizeram, veremos que, na verdade, sempre houve forte atuação no desenvolvimento educacional, tecnológico, científico e estrutura. País nenhum chegou onde chegou simplesmente entregando suas riquezas.

Na cabeça de um reacionário brasileiro, França e Alemanha devem ser ultracomunistas, porque são cheios de direitos trabalhistas, taxam grandes fortunas, tem elevada carga tributária, Educação e Saúde são direitos universais etc. Já por aqui, pelo contrário, desistimos de lutar para que as coisas sejam eficientes e decidimos alugar o Brasil.[/url]

Me expliquem uma coisa -
Por que eles não cortam os direitos de seus próprios trabalhadores?
por que a Alemanha não privatiza o Banco da Alemanha?
por que a França não privatiza o Banco da França?
por que devemos privatizar a exploração de petróleo, mas veio a Noruega e comprou?
com uma ESTATAL da Noruega? e por que ela não privatiza a própria estatal então?
ninguém percebe que estamos sendo feito de tolos por forças obscuras muito interessadas e controlar direta e indiretamente nossa economia e recursos?

E outra -
ninguém percebe o suicídio político que é colocar um Bolsonaro no poder? Uma chapa que não tem coerência, em que cada um diz uma coisa, que tem que mandar o vice calar a boca, que o próprio presidente diz que não vai privatizar Caixa, Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil para logo em seguida vir seu economista na globonews e apresentar como proposta privatizar exatamente essas empresas?

Convenhamos, Bolsonaro é uma porta!

O sucesso daqueles países da vitrine neoliberal não se deveu a simplesmente se abrirem para o mercado, mas a sua forte competitividade em matéria de técnica, educação e ciência que os permitiu conquistar, nas relações comerciais, uma posição para si vantajosa. Eles não são desenvolvidos por serem liberais, são liberais por serem desenvolvidos! Agora, como se espera que um país gigante como o Brasil, o país da escravidão, de desigualdades absurdas, onde muitos não tem acesso nem à informação e tecnologia direito, muito menos técnica ou especialização - vocês realmente pensam que essas forças obscuras, aqui representadas por gente como MBL e Guedes, está realmente preocupado com o nosso desenvolvimento nacional e social?

« Última modificação: 15 de Outubro de 2018, 02:06:30 por Pasqually »
Elus Cohen

Offline Pasqually

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Re:questões para liberais
« Resposta #1 Online: 15 de Outubro de 2018, 02:03:57 »
E mais -
ninguém percebe que as possíveis e inevitáveis cagadas de um governo Bolsonaro mancharão a imagem de um conservadorismo-liberalismo sério no Brasil? A grande população vota nele pelo apelo moralista, mas ainda não faz ideia de como será, na prática, sentir no trabalho e na própria realidade a consequência de medidas extremamente impopulares intencionadas por Guedes. Pensem nisso, porque a longo prazo pode dar é muito mais gás e lenha para um eventual ascensão da esquerda radical ao poder. 50 milhões que votaram em Bolsonaro não são elite e empresariado. Muitos são funcionários públicos, professores, trabalhadores de carteira assinada. Como se sentirão essas pessoas ao ver, na prática, o que um Guedes representava?
Elus Cohen

Offline JJ

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Re:questões para liberais
« Resposta #2 Online: 15 de Outubro de 2018, 02:36:30 »

No tópico "Liberalismo" tem vários posts desmascarando  algumas  crendices e/ou falsidades que muitos  novos crentes liberais econômicos brazucas acreditam e/ou propagam.  Como por exemplo a crendice de que os Estado Unidos não intervém na economia. 

Ou por exemplo a crendice de que o Elon Musk é um exemplo de livre iniciativa que não depende do governo. Tem outras lá, e se você achar outras e  quiser contribuir com o desmascaramento esteja a vontade.


 :biglol:
« Última modificação: 15 de Outubro de 2018, 02:42:20 por JJ »

Offline JJ

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Re:questões para liberais
« Resposta #3 Online: 15 de Outubro de 2018, 02:45:21 »
E mais -
ninguém percebe que as possíveis e inevitáveis cagadas de um governo Bolsonaro mancharão a imagem de um conservadorismo-liberalismo sério no Brasil?


É praticamente certo que a maioria que vai votar no B  nem sabe direito (e muitas vezes nada sabe)  o que é liberalismo,  uma grande parte votará nele porque ele soube encarnar o melhor candidato anti PT.  Desde 1989 tem sido  assim: PT x anti PT.


O B foi muito muito esperto de perceber que  era uma boa hora para ele  representar o Super Anti PT.


« Última modificação: 15 de Outubro de 2018, 02:48:04 por JJ »

Offline Zero

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Re:questões para liberais
« Resposta #4 Online: 15 de Outubro de 2018, 13:05:12 »
O argumento mais superficial é o que simplesmente copia e cola o índice de liberdade econômica, tentando fazer passar uma correlação por causalidade
É errado dar responsabilidade a uma situação baseando-se em apenas um ponto, mas isso não quer dizer que aquele ponto não tenha sido importante para tais resultados.

,o que seria como dizer por exemplo que o alto número de ateus na Estônia e na França também é responsável pelo alto desenvolvimento humano e educacional desses países, sendo Cambojas uma exceção.
Novamente generalizar um fato baseando-o como responsável pela situação/resultado não é correto, você está certo quanto a isso.

Japão, Coréia do Sul, Austrália, entre outros, são usados como a vitrine mágica do neoliberalismo ideológico, deixando completamente de lado todos os fatores históricos que fizeram estes países chegarem onde estão, para vender a ideia de uma fórmula mágica, que privatizar tudo, cortar direitos e destruir o próprio Estado vai, por si só, fazer você chegar até lá.
No fórum não costumo ver liberais que apontem apenas a questão do mercado como solução para tudo, como bem disse anteriormente, essa generalização e especificação da causa e efeito do liberalismo torna-o deturpado. Entretanto, nota-se no liberalismo medidas que visam melhorar o ambiente no qual faz parte, então julgar o Liberalismo como uma utopia como muitos fazem, não me parece correto, da mesma forma que achar que um Estado como o Brasil é coerente e bom.

Se pesquisarmos o que os governos desses países fizeram, veremos que, na verdade, sempre houve forte atuação no desenvolvimento educacional, tecnológico, científico e estrutura. País nenhum chegou onde chegou simplesmente entregando suas riquezas.
Exato. Mas o que fazer quando o próprio Estado (políticos) visam muitas vezes apenas o próprio bem?

Na cabeça de um reacionário brasileiro, França e Alemanha devem ser ultracomunistas, porque são cheios de direitos trabalhistas, taxam grandes fortunas, tem elevada carga tributária, Educação e Saúde são direitos universais etc. Já por aqui, pelo contrário, desistimos de lutar para que as coisas sejam eficientes e decidimos alugar o Brasil.[/url]
São países desenvolvidos, com devida infraestrutura, não que tudo seja uma maravilha, mas quando o Estado é bem gerenciado é possível oferecer bons serviços, e cobrar o devido em troca, mas quando não oferece, achar que o Estatismo é solução, é errôneo.


Me expliquem uma coisa -
Por que eles não cortam os direitos de seus próprios trabalhadores?
por que a Alemanha não privatiza o Banco da Alemanha?
por que a França não privatiza o Banco da França?
por que devemos privatizar a exploração de petróleo, mas veio a Noruega e comprou?
com uma ESTATAL da Noruega? e por que ela não privatiza a própria estatal então?
Não tenho informações suficientes para dar uma resposta definitiva quanto a isso, mas pensando com sensatez, não cortam/privatizam porque talvez não haja necessidade, plausível isso?

ninguém percebe que estamos sendo feito de tolos por forças obscuras muito interessadas e controlar direta e indiretamente nossa economia e recursos?
Isso ocorre desde 1500.

Poderiam ter disso isso da China décadas atrás quando ela abriu as portas para empresas estrangeiras instalarem-se no país, não acha?

E outra -
ninguém percebe o suicídio político que é colocar um Bolsonaro no poder? Uma chapa que não tem coerência, em que cada um diz uma coisa, que tem que mandar o vice calar a boca, que o próprio presidente diz que não vai privatizar Caixa, Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil para logo em seguida vir seu economista na globonews e apresentar como proposta privatizar exatamente essas empresas?

Convenhamos, Bolsonaro é uma porta!

Agora resta escolher o menos pior.
Não achei grande coisa o plano econômico do Haddad. Populismo barato, quem entende minimamente de economia verá que não é um bom plano.

Não admiro Bolsonaro, sequer votei nele, mas entre uma viúva da ditadura com uma equipe razoavelmente boa (apesar de saber que não será mil maravilhas) e um pau mandado como o Haddad, com medidas populistas e ineficazes, o que resta é escolher o menos pior e torcer para que seja melhor do que esperamos.

O sucesso daqueles países da vitrine neoliberal não se deveu a simplesmente se abrirem para o mercado, mas a sua forte competitividade em matéria de técnica, educação e ciência que os permitiu conquistar, nas relações comerciais, uma posição para si vantajosa.
Exato.


Eles não são desenvolvidos por serem liberais, são liberais por serem desenvolvidos!
Liberalismo não teve nenhuma influência nisso? Continuar o Brasil estatista como é, com muita burocracia o desenvolverá semelhante a esses países liberais?


Agora, como se espera que um país gigante como o Brasil, o país da escravidão, de desigualdades absurdas, onde muitos não tem acesso nem à informação e tecnologia direito, muito menos técnica ou especialização - vocês realmente pensam que essas forças obscuras, aqui representadas por gente como MBL e Guedes, está realmente preocupado com o nosso desenvolvimento nacional e social?
O MBL já foi melhor visto por muitos, mas aprendeu a jogar na política, utilizando-se de artifícios sujos (fake news) para crescer. Não os vejo com bons olhos.

Não conheço quem queira entrar na história como alguém que fez péssima atuação em algum ministério. Guedes me traz dúvidas, mas ainda não o vejo com maus olhos. Imagino que terá um relacionamento conturbado com o Mourão por questões ideológicas, é esperar para ver.


Não me considero um radical liberal, vejo Liberalismo com melhores olhos do que o Estatismo, mas não tomei posição forte perante isso.

Sou leigo em questões políticas/econômicas, caso tenha errado em algo, fiquem a vontade para me corrigir.

Offline Cinzu

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Re:questões para liberais
« Resposta #5 Online: 15 de Outubro de 2018, 13:56:22 »
Também fico instigado com os privatizantes anarco-capitalistas que provavelmente só conhecem o liberalismo de Mises.

Inclusive é um dos pontos em que tenho criticado muito o Novo. Vejo eles frequentemente falando sobre privatização e pouco sobre abertura de mercado. Por que ao invés de privatizar de vez a Petrobrás, não estimular antes disso a concorrência no setor? Em primeiro lugar, repensar medidas como subsídios do governo, pois este tipo de benefício desestimula outras empresas a competirem. Poderia ser estudado ainda uma privatização parcial da estatal, com repartições, a fim de quebrar o monopólio e inserir outras empresas privadas no mercado para competirem junto.

Obviamente empresas privadas que exploram bens naturais, devem contribuir para o Fundo Soberano Nacional. Diferente do que muitos pensam, nenhuma chinesa vai roubar nosso petróleo. As empresas privadas vão na verdade comprar, como já fazem, com a diferença que a extração será feita por conta deles. E a estatal não precisa deixar de existir para que isso ocorra.
« Última modificação: 15 de Outubro de 2018, 13:58:39 por Cinzu »
"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar"

Offline Sergiomgbr

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Re:questões para liberais
« Resposta #6 Online: 15 de Outubro de 2018, 14:01:58 »
Também fico instigado com os privatizantes anarco-capitalistas que provavelmente só conhecem o liberalismo de Mises.

Mas por que tanto mimimi? Existe algum resultado paradigmaticamente definitivo de práticas anarcocapitalísticas liberalizantes neoliberalistas privatizantes que deram caôs catratóficos como no oposto do conceito, o comunismo comunista comunistante?
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Cinzu

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Re:questões para liberais
« Resposta #7 Online: 15 de Outubro de 2018, 14:28:04 »
Inversão do ônus da prova. É o mesmo que pedir para alguém provar que Deus não existe.

O anarcocapitalismo é como se fosse a homeopatia da economia.
"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar"

Offline Sergiomgbr

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Re:questões para liberais
« Resposta #8 Online: 15 de Outubro de 2018, 14:56:25 »
Inversão do ônus da prova. É o mesmo que pedir para alguém provar que Deus não existe.

O anarcocapitalismo é como se fosse a homeopatia da economia.
Não, não há nenhum pedido de prova de nada. Se atacam o anarcocapitalismo por meras suposições se trata só de pura especulação. E dialética não se configura em falácia.
« Última modificação: 15 de Outubro de 2018, 14:59:26 por Sergiomgbr »
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Entropia

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Re:questões para liberais
« Resposta #9 Online: 15 de Outubro de 2018, 22:01:17 »
Tá, a Internet descobriu o liberalismo e formou-se a nova seita com a solução mágica para todos os nossos problemas.

Você Já comecou com um espantalho, comecou bem.

O argumento mais superficial é o que simplesmente copia e cola o índice de liberdade econômica, tentando fazer passar uma correlação por causalidade, o que seria como dizer por exemplo que o alto número de ateus na Estônia e na França também é responsável pelo alto desenvolvimento humano e educacional desses países, sendo Cambojas uma exceção.

Japão, Coréia do Sul, Austrália, entre outros, são usados como a vitrine mágica do neoliberalismo ideológico, deixando completamente de lado todos os fatores históricos que fizeram estes países chegarem onde estão, para vender a ideia de uma fórmula mágica, que privatizar tudo, cortar direitos e destruir o próprio Estado vai, por si só, fazer você chegar até lá.

O índice de liberdade econômica está correlacionando com maior Renda per capta e IDH. É verdade que correlacao nao mostra causalidade, mas nao estamos comparando coisas completamente distintas pra inferir alguma causalidade. Maior liberdade econômica como por exemplo, facilidade de empreender, cria maior facilidade de geracao de riqueza, e portanto, crescimento da mesma. Podemos ver que conforme o mundo avanca mais pra liberdade econômica, o índice de pobreza cai. Ainda nao temos causalidade, mas quando a liberdade econômica se correlaciona tanto positivamente com crescimento do PIB, Pib per capta e reducao de pobreza. Pelo menos temos algo com efeito neutro e nao negativo.



Mas nao é só isso. Comparando com os nosso vizinhos, o Chile, infelizmente ou felizmente durante o governo Pinochet teve uma maior abertura de mercado e liberdade econômica, desde entao o PIB per capta deles cresceu furiosamente, sendo o maior da américa latina no momento. Note que o crescimento do PIB per capta foi maior durante o período democrático, o que implica, também, em uma influência de liberdades civis para o crescimento. Isso é uma evidência robusta para se considerar que liberdade econômica é pelo menos de alguma forma benéfica.

https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.PCAP.KD?end=2015&locations=CL-BR-AR&name_desc=true&start=1960&view=chart


Se pesquisarmos o que os governos desses países fizeram, veremos que, na verdade, sempre houve forte atuação no desenvolvimento educacional, tecnológico, científico e estrutura. País nenhum chegou onde chegou simplesmente entregando suas riquezas.

Na cabeça de um reacionário brasileiro, França e Alemanha devem ser ultracomunistas, porque são cheios de direitos trabalhistas, taxam grandes fortunas, tem elevada carga tributária, Educação e Saúde são direitos universais etc. Já por aqui, pelo contrário, desistimos de lutar para que as coisas sejam eficientes e decidimos alugar o Brasil.[/url]


O que isso tem de exclusivo em relação a mercado? Investimento Governamental e mercado aberto nao sao coisas excludentes. Se formos elencar as coisas necessárias para por exemplo, se recuperar mais rapidamente de uma doenca, teremos: Uso de Medicamentos Adequados, maior consumo de água, descanso e etc. O Mercado é como se fosse um dos tratamentos necessários para melhorar os sintomas.

Que Riquezas tem Suica, Nova Zelandia, Coreia do Sul e Chile? Quais Riquezas tem o Brasil? Essas quatro nacoes possuem mercado e se sustentam, Brasil possui riquezas e um mercado altamente fechado e é pobre. Riqueza nao equivale a crescimento. Caso contrário o crescimento das economias dos paises europeus cresceria dramaticamente durante o periodo colonial mercantilista, isso nao ocorreu. A economia global comecou a crescer no século 20, com capitalismo, mercado e liberdade.

Ter Welfare state nao é sinal de comunismo, é apenas sinal de economia rica. Mas welfare state nao é necessário para crescimento, vide Hong Kong. Está mais para o contrário, uma economia que cresceu pode ter welfare state. De novo, estado sozinho nao produz riqueza. Isso é, novamente um espantalho.

Me expliquem uma coisa -
Por que eles não cortam os direitos de seus próprios trabalhadores?
por que a Alemanha não privatiza o Banco da Alemanha?
por que a França não privatiza o Banco da França?
por que devemos privatizar a exploração de petróleo, mas veio a Noruega e comprou?
com uma ESTATAL da Noruega? e por que ela não privatiza a própria estatal então?
ninguém percebe que estamos sendo feito de tolos por forças obscuras muito interessadas e controlar direta e indiretamente nossa economia e recursos?


Porque argumenta com espantalhos? "Cortar direitos" é apenas um espantalho contra a reforma trabalhista da nossa atrasada CLT. A reforma nao é para tirar direitos do trabalhador, mas sim pra evitar desemprego. As leis trabalhistas do Brasil sao extremamente punitivas o que faz o país ter o maior número de processos trabalhistas no mundo.

Livre mercado é diferente de privatização e Governo e Mercado nao sao estruturas autoexcludentes, acho que sua crítica seria válida para anarcocapitalismo e nao liberalismo. O problema maior da Petrobrás nao é o fato de ela ser estatal, mas de ser um monopólio de refino, e ser usada politicamente de cabo a rabo como foi bem mostrado pela lava jato. A Privatizacao da petrobrás visa uma gestao fixa voltada ao lucro e ao mercado, ao invés de ficar a mercê de politicos com bom coracao que nao vao usar a petro para fins politicos. Problemas de nosso país. Mas privatizacao em si nao soluciona nada, o objetivo do mercado é criar competitividade e com isso aumentar a qualidade dos produtos e reduzir o preco. Pergunta aí se querem abrir o mercado pra petrobrás competir com outras empresas?

"Estamos sendo feito de tolos". Teoria da Conspiracao.




E outra -
ninguém percebe o suicídio político que é colocar um Bolsonaro no poder? Uma chapa que não tem coerência, em que cada um diz uma coisa, que tem que mandar o vice calar a boca, que o próprio presidente diz que não vai privatizar Caixa, Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil para logo em seguida vir seu economista na globonews e apresentar como proposta privatizar exatamente essas empresas?

Convenhamos, Bolsonaro é uma porta!

Em termos econômicos um governo do PT seria pior, pois irá expandir os gastos de um país em crise fiscal e com gastos crescentes com previdência irá destruir a economia rapidamente. E ajuste fiscal nao é coisa de liberal, é mainstream econômico mesmo.

Nao confio no Bolsonaro, irei votar nulo, mas até agora, existe de acordo com o plano do PT de uma quebra econômica a curto prazo. A de Bolsonaro será de longo prazo, se se agarrar as suas origens estatistas no meio do governo. O que nao duvido.

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O sucesso daqueles países da vitrine neoliberal não se deveu a simplesmente se abrirem para o mercado, mas a sua forte competitividade em matéria de técnica, educação e ciência que os permitiu conquistar, nas relações comerciais, uma posição para si vantajosa. Eles não são desenvolvidos por serem liberais, são liberais por serem desenvolvidos! Agora, como se espera que um país gigante como o Brasil, o país da escravidão, de desigualdades absurdas, onde muitos não tem acesso nem à informação e tecnologia direito, muito menos técnica ou especialização - vocês realmente pensam que essas forças obscuras, aqui representadas por gente como MBL e Guedes, está realmente preocupado com o nosso desenvolvimento nacional e social?

Chile Cresceu com abertura de mercado, China e Hong Kong cresceram com abertura de mercado, Nova Zelândia também. Protecionismo e subsídios já foram tentados no Brasil e fracassaram, governo Geisel e Dilma nos levaram a crises, acha que é coincidência? Mainstream econômico diz que o motor do crescimento é a produtividade. No Brasil temos empresas improdutivas e cheias de benesses no governo. O plano de Dilma de incentivar empresas nacionais para aumentar o desenvolvimento fracassou, só criaram uma página de jornal cheia de gente presa e uma crise que continua até hoje. Porque? Por que empresas que temos no Brasil sao improdutivas, cheias de privilégio, sem concorrência. Empresas ruins devem falir e melhores devem se reerguer de modo a aumentar a produtividade, concorrência e inovacao. Nacional-Desenvolvimentismo já deu errado duas vezes e nao só aqui no Brasil. Tá na hora do Brasil entrar no mercado.

Sao as evidências, Mercado é benéfico, liberdades sao benéficas. Mas nao sao tudo, mercado é apenas tudo pra anarcocapitalistas, onde em tese tudo seria melhor apenas com as "forcas" do mercado, sao diferentes de liberais que defendem estado enxuto e focado na protecao dos menos favorecidos, enquanto o mercado comanda a economia.

Offline Gauss

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Re:questões para liberais
« Resposta #10 Online: 15 de Outubro de 2018, 22:13:04 »
[...]
O argumento mais superficial é o que simplesmente copia e cola o índice de liberdade econômica, tentando fazer passar uma correlação por causalidade, o que seria como dizer por exemplo que o alto número de ateus na Estônia e na França também é responsável pelo alto desenvolvimento humano e educacional desses países, sendo Cambojas uma exceção.

Japão, Coréia do Sul, Austrália, entre outros, são usados como a vitrine mágica do neoliberalismo ideológico, deixando completamente de lado todos os fatores históricos que fizeram estes países chegarem onde estão, para vender a ideia de uma fórmula mágica, que privatizar tudo, cortar direitos e destruir o próprio Estado vai, por si só, fazer você chegar até lá.
[...]
Isso é falacioso de ambos os lados. O Índice de Liberdade Econômica não mede tamanho do estado. Aliás, mede, mas isso não é necessariamente um fator determinante para influenciar em posições ruins, devido aos outros quesitos medidos. É uma média de várias variáveis. É um índice que mede de um modo geral a qualidade que um país tem para se fazer negócios.

Desses países que você citou, o quesito "Tamanho do governo" é onde eles tem as piores notas.

https://www.heritage.org/index/country/australia

https://www.heritage.org/index/country/japan

https://www.heritage.org/index/country/southkorea

Destaque também para os mercados relativamente mais fechados de Japão e Coreia.
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline Pedro Reis

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Re:questões para liberais
« Resposta #11 Online: 17 de Outubro de 2018, 10:59:23 »
Tá, a Internet descobriu o liberalismo e formou-se a nova seita com a solução mágica para todos os nossos problemas.

Você Já comecou com um espantalho, comecou bem.

O argumento mais superficial é o que simplesmente copia e cola o índice de liberdade econômica, tentando fazer passar uma correlação por causalidade, o que seria como dizer por exemplo que o alto número de ateus na Estônia e na França também é responsável pelo alto desenvolvimento humano e educacional desses países, sendo Cambojas uma exceção.

Japão, Coréia do Sul, Austrália, entre outros, são usados como a vitrine mágica do neoliberalismo ideológico, deixando completamente de lado todos os fatores históricos que fizeram estes países chegarem onde estão, para vender a ideia de uma fórmula mágica, que privatizar tudo, cortar direitos e destruir o próprio Estado vai, por si só, fazer você chegar até lá.

O índice de liberdade econômica está correlacionando com maior Renda per capta e IDH. É verdade que correlacao nao mostra causalidade, mas nao estamos comparando coisas completamente distintas pra inferir alguma causalidade. Maior liberdade econômica como por exemplo, facilidade de empreender, cria maior facilidade de geracao de riqueza, e portanto, crescimento da mesma. Podemos ver que conforme o mundo avanca mais pra liberdade econômica, o índice de pobreza cai. Ainda nao temos causalidade, mas quando a liberdade econômica se correlaciona tanto positivamente com crescimento do PIB, Pib per capta e reducao de pobreza. Pelo menos temos algo com efeito neutro e nao negativo.



Mas nao é só isso. Comparando com os nosso vizinhos, o Chile, infelizmente ou felizmente durante o governo Pinochet teve uma maior abertura de mercado e liberdade econômica, desde entao o PIB per capta deles cresceu furiosamente, sendo o maior da américa latina no momento. Note que o crescimento do PIB per capta foi maior durante o período democrático, o que implica, também, em uma influência de liberdades civis para o crescimento. Isso é uma evidência robusta para se considerar que liberdade econômica é pelo menos de alguma forma benéfica.

https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.PCAP.KD?end=2015&locations=CL-BR-AR&name_desc=true&start=1960&view=chart


Se pesquisarmos o que os governos desses países fizeram, veremos que, na verdade, sempre houve forte atuação no desenvolvimento educacional, tecnológico, científico e estrutura. País nenhum chegou onde chegou simplesmente entregando suas riquezas.

Na cabeça de um reacionário brasileiro, França e Alemanha devem ser ultracomunistas, porque são cheios de direitos trabalhistas, taxam grandes fortunas, tem elevada carga tributária, Educação e Saúde são direitos universais etc. Já por aqui, pelo contrário, desistimos de lutar para que as coisas sejam eficientes e decidimos alugar o Brasil.[/url]


O que isso tem de exclusivo em relação a mercado? Investimento Governamental e mercado aberto nao sao coisas excludentes. Se formos elencar as coisas necessárias para por exemplo, se recuperar mais rapidamente de uma doenca, teremos: Uso de Medicamentos Adequados, maior consumo de água, descanso e etc. O Mercado é como se fosse um dos tratamentos necessários para melhorar os sintomas.

Que Riquezas tem Suica, Nova Zelandia, Coreia do Sul e Chile? Quais Riquezas tem o Brasil? Essas quatro nacoes possuem mercado e se sustentam, Brasil possui riquezas e um mercado altamente fechado e é pobre. Riqueza nao equivale a crescimento. Caso contrário o crescimento das economias dos paises europeus cresceria dramaticamente durante o periodo colonial mercantilista, isso nao ocorreu. A economia global comecou a crescer no século 20, com capitalismo, mercado e liberdade.

Ter Welfare state nao é sinal de comunismo, é apenas sinal de economia rica. Mas welfare state nao é necessário para crescimento, vide Hong Kong. Está mais para o contrário, uma economia que cresceu pode ter welfare state. De novo, estado sozinho nao produz riqueza. Isso é, novamente um espantalho.

Me expliquem uma coisa -
Por que eles não cortam os direitos de seus próprios trabalhadores?
por que a Alemanha não privatiza o Banco da Alemanha?
por que a França não privatiza o Banco da França?
por que devemos privatizar a exploração de petróleo, mas veio a Noruega e comprou?
com uma ESTATAL da Noruega? e por que ela não privatiza a própria estatal então?
ninguém percebe que estamos sendo feito de tolos por forças obscuras muito interessadas e controlar direta e indiretamente nossa economia e recursos?


Porque argumenta com espantalhos? "Cortar direitos" é apenas um espantalho contra a reforma trabalhista da nossa atrasada CLT. A reforma nao é para tirar direitos do trabalhador, mas sim pra evitar desemprego. As leis trabalhistas do Brasil sao extremamente punitivas o que faz o país ter o maior número de processos trabalhistas no mundo.

Livre mercado é diferente de privatização e Governo e Mercado nao sao estruturas autoexcludentes, acho que sua crítica seria válida para anarcocapitalismo e nao liberalismo. O problema maior da Petrobrás nao é o fato de ela ser estatal, mas de ser um monopólio de refino, e ser usada politicamente de cabo a rabo como foi bem mostrado pela lava jato. A Privatizacao da petrobrás visa uma gestao fixa voltada ao lucro e ao mercado, ao invés de ficar a mercê de politicos com bom coracao que nao vao usar a petro para fins politicos. Problemas de nosso país. Mas privatizacao em si nao soluciona nada, o objetivo do mercado é criar competitividade e com isso aumentar a qualidade dos produtos e reduzir o preco. Pergunta aí se querem abrir o mercado pra petrobrás competir com outras empresas?

"Estamos sendo feito de tolos". Teoria da Conspiracao.




E outra -
ninguém percebe o suicídio político que é colocar um Bolsonaro no poder? Uma chapa que não tem coerência, em que cada um diz uma coisa, que tem que mandar o vice calar a boca, que o próprio presidente diz que não vai privatizar Caixa, Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil para logo em seguida vir seu economista na globonews e apresentar como proposta privatizar exatamente essas empresas?

Convenhamos, Bolsonaro é uma porta!

Em termos econômicos um governo do PT seria pior, pois irá expandir os gastos de um país em crise fiscal e com gastos crescentes com previdência irá destruir a economia rapidamente. E ajuste fiscal nao é coisa de liberal, é mainstream econômico mesmo.

Nao confio no Bolsonaro, irei votar nulo, mas até agora, existe de acordo com o plano do PT de uma quebra econômica a curto prazo. A de Bolsonaro será de longo prazo, se se agarrar as suas origens estatistas no meio do governo. O que nao duvido.

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O sucesso daqueles países da vitrine neoliberal não se deveu a simplesmente se abrirem para o mercado, mas a sua forte competitividade em matéria de técnica, educação e ciência que os permitiu conquistar, nas relações comerciais, uma posição para si vantajosa. Eles não são desenvolvidos por serem liberais, são liberais por serem desenvolvidos! Agora, como se espera que um país gigante como o Brasil, o país da escravidão, de desigualdades absurdas, onde muitos não tem acesso nem à informação e tecnologia direito, muito menos técnica ou especialização - vocês realmente pensam que essas forças obscuras, aqui representadas por gente como MBL e Guedes, está realmente preocupado com o nosso desenvolvimento nacional e social?

Chile Cresceu com abertura de mercado, China e Hong Kong cresceram com abertura de mercado, Nova Zelândia também. Protecionismo e subsídios já foram tentados no Brasil e fracassaram, governo Geisel e Dilma nos levaram a crises, acha que é coincidência? Mainstream econômico diz que o motor do crescimento é a produtividade. No Brasil temos empresas improdutivas e cheias de benesses no governo. O plano de Dilma de incentivar empresas nacionais para aumentar o desenvolvimento fracassou, só criaram uma página de jornal cheia de gente presa e uma crise que continua até hoje. Porque? Por que empresas que temos no Brasil sao improdutivas, cheias de privilégio, sem concorrência. Empresas ruins devem falir e melhores devem se reerguer de modo a aumentar a produtividade, concorrência e inovacao. Nacional-Desenvolvimentismo já deu errado duas vezes e nao só aqui no Brasil. Tá na hora do Brasil entrar no mercado.

Sao as evidências, Mercado é benéfico, liberdades sao benéficas. Mas nao sao tudo, mercado é apenas tudo pra anarcocapitalistas, onde em tese tudo seria melhor apenas com as "forcas" do mercado, sao diferentes de liberais que defendem estado enxuto e focado na protecao dos menos favorecidos, enquanto o mercado comanda a economia.

Considero muito boa essa explanação. Por isso mesmo gostaria de te colocar uma questão:

Eu acho que o resultado econômico depende da dinâmica de interação entre uma infinidade de fatores, alguns com maior ou menor peso, que se relacionam entre si de uma maneira extremamente complexa. Parece improvável que um modelo como este possa ser reduzido a uma fórmula.

Talvez algum ou alguns fatores possam ter um peso de influência maior no sucesso ou no fracasso econômico de uma determinada sociedade, mas isso não significa que você tenha aí uma receita de bolo: siga estas determinadas diretrizes e um país irá automaticamente prosperar.

Na verdade se pode provar, no sentido que se daria para "prova" quando falamos de teorema, que uma tal presunção é falsa.

Imagine um economista que siga uma determinada escola qualquer de pensamento econômico, ou ideologia econômica, que se arrogue a fórmula do desenvolvimento e da prosperidade. Então imagine que esta fórmula é aplicada universalmente a todos os países, a todas as economias, o que resultaria? Extinção da miséria, prosperidade para todas as nações, o fim do subdesenvolvimento?

Bom, se tomarmos como parâmetro de prosperidade o estilo de vida e consumo dos chamados "países de primeiro mundo", fica evidente que não pode existir a fórmula econômica da prosperidade universal. Simplesmente porque não existem recursos suficientes no planeta para garantir esse nível de conforto material para todos os seus mais de 7 bilhões de habitantes.

Então não se pode dizer que  pobreza e subdesenvolvimento são unicamente determinados por escolhas equivocadas. A desigualdade que garante a riqueza de uma minoria é inerente à competição por recursos finitos que precisa existir entre economias, onde só algumas poucas podem vencer. É como uma Copa do Mundo onde só existe uma taça e um título, e mesmo que todos os times joguem igualmente bem no final vai continuar havendo apenas um campeão.

Mas ainda se poderia argumentar que mesmo assim existem maneiras ótimas e maneiras péssimas de se jogar esta competição. E que certamente o time campeão será algum que jogou de maneira ótima.

Contudo se as dinâmicas econômicas forem, como parecem ser, melhor modeladas por um sistema caótico ( semelhante ao clima, por exemplo ) então pode não ser tão simples. Como você classificaria o índice de liberdade econômica no início do regime nazista? Quando os nazistas assumiram o poder, isso significou aumento ou diminuição de liberdade econômica? Instituíram um Estado enxuto?

Porque o milagre econômico na Alemanha nazista não tem precedentes. Em menos de 3 anos o país foi do caos a uma das maiores potências mundiais. E o crescimento da China também impressiona. Outro país que não parece estar seguindo os principais conselhos da cartilha liberal.

Por outro lado o Paraguai é, e já há muitas décadas, o país de economia mais aberta da América do Sul. E um dos mais fracassados também.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:questões para liberais
« Resposta #12 Online: 17 de Outubro de 2018, 15:23:16 »
E mais -
ninguém percebe que as possíveis e inevitáveis cagadas de um governo Bolsonaro mancharão a imagem de um conservadorismo-liberalismo sério no Brasil? A grande população vota nele pelo apelo moralista, mas ainda não faz ideia de como será, na prática, sentir no trabalho e na própria realidade a consequência de medidas extremamente impopulares intencionadas por Guedes. Pensem nisso, porque a longo prazo pode dar é muito mais gás e lenha para um eventual ascensão da esquerda radical ao poder. 50 milhões que votaram em Bolsonaro não são elite e empresariado. Muitos são funcionários públicos, professores, trabalhadores de carteira assinada. Como se sentirão essas pessoas ao ver, na prática, o que um Guedes representava?

Isso supondo que verão o que Guedes deseja, já que o próprio tem opiniões contrastantes, recentes até, posteriores a sua suposta "conversão" religonômica. Ainda que alguns críticos (conservadores até) tenham dito que fundamentalmente o trabalho de quarta série "plano de governo" de Bolsonaro torna Guedes o "ditador" de fato.

O que é consonante com umas críticas rasas (provavelmente desonestas) de que "o liberalismo sempre necessitou de ser imposto por ditaduras, como a de Pinochet".

Offline Gauss

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Re:questões para liberais
« Resposta #13 Online: 17 de Outubro de 2018, 23:50:01 »
[...]

Por outro lado o Paraguai é, e já há muitas décadas, o país de economia mais aberta da América do Sul. E um dos mais fracassados também.

Posso estar enganado, mas a economia mais aberta da América do Sul não é a do Chile?

https://www.heritage.org/index/country/chile

https://www.heritage.org/index/country/paraguay

Segundo a Heritage,  a segunda mais aberta é a do Uruguai, Seguido por Colômbia, Peru e depois o Paraguai.
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline Pedro Reis

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Re:questões para liberais
« Resposta #14 Online: 18 de Outubro de 2018, 00:49:29 »
Talvez isto seja verdade hoje, mas desde a década de 70 o Paraguai tinha uma economia não aberta, mas escancarada, se comparada ao padrão de protecionismo nos países do nosso subcontinente. Não por acaso Paraguai se tornou sinônimo de produtos importados, muambados e falsificados.

Citação de:  Revista Exame
ECONOMIA

Paraguai é a economia mais aberta da AL, afirma análise

A previsão de crescimento da economia paraguaia para 2014 é de 4,8%, segundo o Banco Central do país

Assunção – A economia do Paraguai é a mais aberta da América Latina ao comércio exterior, após um grande salto em transações com o estrangeiro na última década, segundo uma análise divulgada nesta sexta-feira pelo Centro de Análise e Difusão da Economia Paraguaia (Cadep).
[...]

https://exame.abril.com.br/economia/paraguai-e-a-economia-mais-aberta-da-america-latina/

Este ano a diretora do FMI fez rasgados elogios ao Paraguai.

No twitter.


FMI

@FMInoticias
 .@Lagarde: “Paraguay tiene una de las economías más fuerte en todo #LatAm, ha tenido un crecimiento sólido, y esto fue en un ambiente que no era necesariamente lo más favorable.” #FMInoticias #LagardeEnPy

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Mas um terço da população é miserável.

Offline Sergiomgbr

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Re:questões para liberais
« Resposta #15 Online: 18 de Outubro de 2018, 00:59:22 »
Ter economia aberta mas sem organização institucional e estabilidade político econômica não é o bastante para propiciar um ambiente de investimentos  favorável. Este é o Paraguai de até recentemente.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Pedro Reis

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Re:questões para liberais
« Resposta #16 Online: 18 de Outubro de 2018, 00:59:59 »
A pobreza também teria aumentado em 2017.

Citar
Aumenta la pobreza en el país durante era Cartes

Según la Encuesta Permanente de Hogares (EPH), la pobreza total durante el gobierno de Horacio Cartes se incremetó con relación al año pasado, de 26.58% a 28.86% . Esto significa que al menos 1.950.000 paraguayos son pobres.


http://www.abc.com.py/nacionales/aumenta-pobreza-en-paraguay-1604219.html

O desemprego aumentou em 8,4% e a dívida das famílias em 60%.



Offline Pedro Reis

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Re:questões para liberais
« Resposta #17 Online: 18 de Outubro de 2018, 01:00:56 »
Ter economia aberta mas sem organização institucional e estabilidade político econômica não é o bastante para propiciar um ambiente de investimentos  favorável. Este é o Paraguai de até recentemente.

O problema não parece estar nos investimentos. Investimentos o Paraguai tem recebido muitos.

Offline Pedro Reis

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Re:questões para liberais
« Resposta #18 Online: 18 de Outubro de 2018, 01:05:21 »
Esse comentário de um paraguaio é interessante.

Citar
es inaceptable tener pobreza en un pais de 7 millones de habitantes, que viven solo 4millones, es inaceptable tener pobreza, cuando de los 7 millones, 3 millones estan fuera del pais !porquelas condiciones no estan dadas, y es inaceptable solicitar colocaciones de bonos, por pagar deudas de gobiernos anteriores, desde cualquier punto de vista, estos procedimientos o estas operaciones, en cada cinco años,las promesas electorales seran siempre iguales, por mantenerle a sus votantes en las LIMOSNAS DE SIEMPRE, TRABAJO, SALUD Y EDUCACION, si al guna vez, lograra algun gobierno, un desarrollo REAL un crecimiento REAL, con los BONOS SOBERANOS, ya no estariamos mendigando o reclamando u objetando, las malas administraciones de la riquezas que este pais tiene, administrados por unos pocos, invocando, movimientos partidarios pasiones partidarias para beneficios de unos pocos con deudas de todo un pueblo. LAMENTABLE NUESTRA CLASE POLITICA ANTIPATRIOTAS INSACIABLES Y CODICIOSAS.

Não sei se estes números são fidedignos, mas apesar da economia aberta o Paraguai viu um grande êxodo da sua população. E faz sentido observar que com tantos paraguaios vivendo fora, e provavelmente muitos enviando recursos a seus familiares no país, choca que um terço da população ainda residente seja miserável.

Offline Sergiomgbr

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Re:questões para liberais
« Resposta #19 Online: 18 de Outubro de 2018, 01:20:50 »
Parece que o Paraguay tem recebido investimentos apesar de sua sua precariedade em vários segmentos sócios econômicos.

Citar
"Apesar da perspectiva positiva para os próximos anos, o crescimento da economia paraguaia deve encontrar barreiras. Por exemplo, a baixa qualificação da mão de obra paraguaia, destaca o professor de economia do Insper Otto Nogami.

O FMI faz o mesmo alerta em seu relatório. Até agora, segundo o fundo, os sólidos fundamentos macroeconômicos – com crescimento baixa inflação e conta públicas estváveis -, além de demografia favorável, menor custo de importação de petróleo e setor elétrico competitivo, ajudaram a sustentar o crescimento do país no curto prazo. Já no ano passado, contudo, a economia experimentou uma perda de impulso, em grande parte ligada à desaceleração do preço das commodities.

No médio prazo, as ameaças ao crescimento aumentaram, principalmente do lado externo, com o risco de um declínio mais profundo do Brasil ou um recuo ainda maior do preço das commodities agrícolas, alerta o FMI. Para Nogami, o plano de atração de investimentos, um dos motores do PIB paraguaio, tende a ficar limitado pelas deficiências estruturais e gargalos do país. Neste sentido, a recomendação do FMI ao vizinho guarani é que o país encare alguns desafios prioritários e promova um crescimento mais inclusivo, reduzindo a pobreza, fortalecendo os quadros políticos e aumentando a produtividade."


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/politica/republica/paraguai-reinventa-economia-e-vai-de-primo-pobre-a-estrela-da-america-latina-6k7nm8k52792th72ue1028irw/
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Até onde eu sei eu não sei.

Offline Geotecton

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Re:questões para liberais
« Resposta #20 Online: 18 de Outubro de 2018, 08:59:20 »
Parece que o Paraguay tem recebido investimentos apesar de sua sua precariedade em vários segmentos sócios econômicos.

Citar
"Apesar da perspectiva positiva para os próximos anos, o crescimento da economia paraguaia deve encontrar barreiras. Por exemplo, a baixa qualificação da mão de obra paraguaia, destaca o professor de economia do Insper Otto Nogami.

O FMI faz o mesmo alerta em seu relatório. Até agora, segundo o fundo, os sólidos fundamentos macroeconômicos – com crescimento baixa inflação e conta públicas estváveis -, além de demografia favorável, menor custo de importação de petróleo e setor elétrico competitivo, ajudaram a sustentar o crescimento do país no curto prazo. Já no ano passado, contudo, a economia experimentou uma perda de impulso, em grande parte ligada à desaceleração do preço das commodities.

No médio prazo, as ameaças ao crescimento aumentaram, principalmente do lado externo, com o risco de um declínio mais profundo do Brasil ou um recuo ainda maior do preço das commodities agrícolas, alerta o FMI. Para Nogami, o plano de atração de investimentos, um dos motores do PIB paraguaio, tende a ficar limitado pelas deficiências estruturais e gargalos do país. Neste sentido, a recomendação do FMI ao vizinho guarani é que o país encare alguns desafios prioritários e promova um crescimento mais inclusivo, reduzindo a pobreza, fortalecendo os quadros políticos e aumentando a produtividade."


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/politica/republica/paraguai-reinventa-economia-e-vai-de-primo-pobre-a-estrela-da-america-latina-6k7nm8k52792th72ue1028irw/
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Sim, o Paraguai tem recebido investimentos porquê diminuiu uma série de impostos e ofertou um conjunto grande de benefícios.

Mas continua um país precário e duvido que mude este perfil nos próximos 30 anos.
Foto USGS

Offline JJ

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Re:questões para liberais
« Resposta #21 Online: 18 de Outubro de 2018, 10:29:24 »

O que você pode fazer pelo Brasil III – Contra a Seita Liberal



2017 pode ser um ano espetacular, vai ajudar? A perspectiva mais realista hoje é de -3% de PIB, desemprego subindo para 14% e violência ascendente. Contudo do lado Institucional temos a Cármen no STF, Fachin na Lava Jato, Moro e outros juízes federais firmes, Dallagnol com o garantismo integral na PGR, Odebrecht entregando todo o esquema em todos os setores onde se envolveu. Impunidade se esfacelando, institucionalmente.


Eu não acreditava conseguir ver este tipo de cenário em vida. Políticos e empresários corruptos na cadeia. Este processo está muito bem encaminhado com excelentes lideranças. O Executivo deve cair nos próximos meses com a cassação da chapa e os 70% corruptos no Congresso vão encontrar seus destinos mais cedo ou mais tarde.

Continuamos com um outro problema, mais relevante para nosso padrão de vida, a destruição econômica que estamos sofrendo. R$3 trilhões desde 2014 em perdas de PIB e endividamento do governo. A causa deste estrago não tem nada a ver com partido político. É gestão macro-econômica. É uso de falsidade ideológica e má fé na interpretação de teorias econômicas. Trata-se de uma “Seita Liberal” envolvendo Copom, Bacen, economistas-chefe das principais instituições financeiras do Brasil, ex-presidentes e ex-diretores do Bacen, professores e colunistas econômicos dos principais jornais brasileiros.


Todos menosprezando os ensinamentos dos principais gênios em Economia da humanidade (Smith, Keynes e Friedman) para manipular o mercado brasileiro a favor do rentismo do setor financeiro, perpetuando nossa vergonhosa concentração de renda. O Liberalismo na gestão econômica é um conceito inteligente (laissez-faire), assim como a maximização da demanda agregada de Keynes, e o monetarismo de Friedman, contudo tem que ser usado sempre com o objetivo de maximizar a riqueza do país como um todo, não só de certos grupos de interesse.


Aqui entra seu livre-arbítrio. Todo mundo errado e só o bloguista sabe o caminho das pedras? Infelizmente parece a situação do Copérnico com o heliocentrismo no Renascimento. É por isso que denominei de Seita. Fé cega. Só que eu não descobri o caminho das pedras. Estudei o que a humanidade desenvolveu e só estou repassando ao Brasileiro. Estude, use seu livre arbítrio e reflita. Estamos perdendo R$5B por dia útil e nossas vidas não param de piorar. O problema não é corrupção, é macro-econômico.

Friedman, pai do monetarismo, defende política expansionista de base monetária em situação recessiva com ociosidade de mão-de-obra. Juros moderados, 0-1% real, selic de 5%. Estamos a 13%, 9% de juro real. Reprimindo arrecadação fiscal, aumentando despesas financeiras e criando déficit nominal de 8-10% do PIB que derruba o PIB em 3 a 3,8% ao ano. Maximização de emprego e moderação de juros estão na missão do FED. A Seita Liberal colocou na missão do Bacen a minimização de inflação a qualquer custo. Não tem foco em geração de riqueza (missão da Economia).


Câmbio flutuante em país rico em commodities agrícolas e minerais sobrevaloriza a moeda criando o fenômeno da doença holandesa que destrói o setor industrial e reprime a demanda agregada. Maximização da demanda agregada é a única forma para combater o desemprego conforme estudado por Keynes. Câmbio flutuante não garante esta maximização. Esta situação é ainda mais penosa quando acompanhada de déficit nominal de 10% que elimina a capacidade de investimento do governo, reprimindo ainda mais a demanda agregada.


Uso de juros para combater a inflação vai contra o princípio de laissez-faire de Smith. Ele interfere na formação de preços da economia que garante o bom equilíbrio entre demanda e oferta. Além disto o déficit nominal criado pelos juros gera forte pressões inflacionárias desnecessárias, principalmente se o governo optar por imprimir dinheiro para cobri-lo.


Estou aqui iluminando o leitor. Reflita. Com certeza sua vida está sendo muito prejudicada por tudo isto e, consequentemente, toda a nossa comunidade. Não foi inércia que ajudou a resolução de nossos problemas de corrupção, não será inércia que nos ajudará na questão macro-econômica. Desafios pela frente:


Derrubar a chapa para forçar mudança na gestão macro-econômica; nova eleição democrática forçará uma agenda que priorize o emprego
Expor as irregularidades de governança e má fé do Copom e do Bacen


Enfrentar a feitiçaria da Seita Liberal nos debates e nas mídias. O objetivo de toda ação macro-econômica é aumentar a riqueza de nosso país e melhorar a distribuição de renda. Agora, não daqui a 10 anos.


O conceito republicano que gera desenvolvimento começou no Brasil só em 1889 enquanto nos EUA foi em 1776 com a Independência. Perdemos a onda da industrialização mundial ao ficar junto a Portugal que por privilegiar a agricultura tornou-se o país mais atrasado da Europa Ocidental. Tivemos alguns grandes líderes como os Inconfidentes, Dom Pedro II, Getúlio Vargas, JK, Castello Branco e teríamos Tancredo se não tivesse falecido. Entramos em um hiato. Ordem e Progresso é um tema positivista que veio junto com a República. Já está na hora de retomarmos nosso caminho.


Dêem uma olhada: Macro-economia para Crescimento Inclusivo.


https://crescimentoinclusivo.blog/2017/02/05/o-que-voce-pode-fazer-pelo-brasil-iii-contra-a-seita-liberal/


« Última modificação: 18 de Outubro de 2018, 10:46:55 por JJ »

Offline -Huxley-

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Re:questões para liberais
« Resposta #22 Online: 18 de Outubro de 2018, 10:46:55 »

"Liberalismo Econômico na China": um projeto para o Brasil


Tal como lá, precisaremos reestatizar a Vale e a Companhia Siderúrgica Nacional, manter a Eletrobras, retomar a política de conteúdo local da Petrobras e seu controle sobre o Pré-Sal, abrir dois novos BNDES, outro Banco do Brasil e outra Caixa, impor controle de capitais, e fazer a reforma agrária mais radical que o mundo já viu
Por Isabela Nogueira e Eduardo Costa Pinto  14/03/2018 10:46
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Em artigo recente para a Folha de S.Paulo intitulado “Excesso de liberalismo econômico está por trás do crescimento da China”, Samuel Pessôa argumenta que a China tem um Estado mínimo em comparação com o Brasil, dado que tanto a carga tributária quanto os gastos sociais chineses são bem menores (em proporção ao PIB) do que os brasileiros. Segundo ele, isso faz com que a taxa de poupança dos chineses seja muito alta. Portanto, o sucesso do crescimento na China estaria baseado no suposto “liberalismo chinês”: baixa carga tributária, baixo gasto social e alta poupança. Estas seriam as reais causas dos juros baixos na economia chinesa.


O ponto crítico desse diagnóstico não está somente no problema teórico que separa ortodoxos e heterodoxos nas determinações causais da relação poupança-investimento[1], mas, sobretudo, no seu completo desconhecimento da dinâmica capitalista na China.


 A fórmula chinesa para política monetária não poderia ser mais heterodoxa: a taxa de juros é mantida baixa de maneira previsível, administrada e estável em virtude de fortes controles de capitais e de um sistema financeiro controlado pelo Estado.


Os controles de capitais preveem restrições pesadas a investimentos em portfólio, a dívidas em moeda estrangeira e a repatriações. Os bancos comerciais estatais são responsáveis pelo grosso da oferta de crédito – e quatro deles já são os quatro maiores bancos do mundo em termos de capitalização. Três enormes bancos de desenvolvimento, obviamente sob controle do Conselho de Estado, orientam o financiamento de longo prazo. As taxas de juros baixas são garantidas por um processo de financeirização com características chinesas que nada tem a ver com a globalização financeira que toma conta de boa parte do mundo e do Brasil. Ao contrário de nós, a financeirização chinesa esteve finamente articulada com um processo virtuoso de investimento e industrialização com progresso técnico.


A financeirização com características chinesas é dirigida por um sistema bancário essencialmente estatal, regulada via controle de capitais e sob intenso comando sobre o capital internacional. Poucos países do mundo regularam o investimento estrangeiro direto em prol do desenvolvimento nacional como os chineses. Desde a obrigatoriedade para formação de joint-ventures com parceiros locais até os acordos para transferência de tecnologia e a definição geográfica da localização do investimento externo, todos esses elementos sempre foram guiados pelo Estado.


Crédito estatal, e não a poupança das famílias, foram cruciais para impulsionar as obras de infraestrutura. Esses investimentos massivos foram operados por empresas que são, nos nódulos da acumulação, igualmente estatais. Em estudo de 2017 sobre desigualdades e a propriedade estatal em diferentes economias do mundo, Piketty, Li e Zucman concluem que fatia da riqueza pública na riqueza nacional na China está em torno de 30% desde meados dos anos 2000 até 2015 (último dado). Isso é significativamente diferente dos Estados Unidos ou da maioria dos países da Europa Ocidental, onde a riqueza pública está virtualmente em torno de zero.


Na China, a propriedade estatal está nos nódulos da acumulação. O Estado afeta a taxa e a direção do investimento por meio do seu controle de gigantescas empresas em petróleo, siderurgia, energia, petroquímica, telecomunicação, ferrovias, sistema bancário e por aí vai. Isso explica, inclusive, a tributação menor em proporção ao PIB e, ao mesmo tempo, uma capacidade de intervenção direta na economia muito maior do que no Brasil. São essas empresas que, articuladas a um sistema nacional de inovação, fizeram parte de algumas das políticas industriais mais exitosas da história recente. Todas aproveitando algo muito caro aos heterodoxos keynesianos: a enorme demanda interna chinesa. O sistema de trens de alta velocidade que Samuel menciona, montado e operado por empresas chinesas estatais, está na fronteira tecnológica do setor e é um caso clássico de articulação da política industrial puxada pelas estatais com um sistema nacional de inovação baseado, entre outras coisas, na monumental demanda doméstica.


O crescimento chinês, entretanto, veio acompanhado daquelas que são as contradições mais perversas do capitalismo. Aqui é necessário historicizar o que Samuel retrata estaticamente. Os baixos gastos sociais em proporção ao PIB são fruto do vácuo de proteção social a partir do desmonte do antigo sistema socialista. Isso levou ao acirramento do conflito de classes no país e, como resposta do Estado, a um conjunto de políticas públicas conhecidas como “sociedade harmoniosa”.


Desde meados dos anos 2000, os gastos públicos com saúde e educação crescem na China em proporção ao PIB enquanto o país se vê envolto em lutas e debates sobre que tipo de Estado de bem-estar será formado. Fato é que entre meados dos anos 90 e meados dos anos 2000 – período de reduzidos gastos sociais –, a proteção social chinesa esteve ancorada em um pilar estrutural: o direito de uso da terra para centena de milhões de camponeses. Isso Samuel ignora. A distribuição equitativa do direito de uso da terra agrícola em pequenos lotes de menos de 1 hectare por família foi a principal rede de proteção social para famílias pobres e trabalhadores migrantes em face ao desmonte do antigo sistema comunal. Além do sistema político repressor, foi também a estrutura agrária que assegurou que não houvesse convulsão social em meio a tantas rupturas sociais.


Em meio a essa transição de uma economia planificada socialista para um capitalismo de Estado, também uma nova classe capitalista foi surgindo. Muitos “capitalistas vermelhos” nasceram da noite para o dia pelo acesso privilegiado às antigas empresas estatais privatizadas. Aqui o forte nacionalismo do Partido Comunista da China (PCC) ficou evidente ao, por exemplo, nem sequer cogitar a entrada de estrangeiros na compra das pequenas e médias SOEs (State-Owned Enterprises) privatizadas. Em meio a tantas mudanças na estrutura política e ideológica da China pós-revolução, uma característica não muda: a busca da modernização como instrumento de fortalecimento nacional. A estratégia chinesa é orientada por uma clara visão de que os condicionantes externos são cruciais para a trajetória de crescimento da sua economia.


Assim como Samuel, nós apoiamos a implementação do “liberalismo econômico chinês” no Brasil. Para tanto, precisaremos reestatizar a Vale e a Companhia Siderúrgica Nacional, manter a Eletrobras, retomar a política de conteúdo local da Petrobras e seu controle sobre o Pré-Sal, abrir dois novos BNDES, outro Banco do Brasil e outra Caixa, impor controle de capitais, e fazer a reforma agrária mais radical que o mundo já viu. Além de traçar estratégias nacionais autônomas que operem segundo as fraturas que se abrem e que se fecham no sistema internacional.


Uni-vos, brasileiros, pelo “excesso de liberalismo econômico chinês”! 




* Isabela Nogueira e Eduardo Costa Pinto são professores do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ) e pesquisadores do LabChina (Laboratório de Estudos em Economia Política da China).

[1] Algumas das características marcantes das análises ortodoxas na economia estão na sua estática comparativa e na derivação lógica de leis gerais a partir de hipóteses ad hoc e microeconômicas. Nas suas versões mais puras, trata-se de trabalhos sem historicidade e completamente despreocupados com a formação social sobre as quais se debruçam.


https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Poder-e-Contrapoder/-Liberalismo-Economico-na-China-um-projeto-para-o-Brasil/55/39584







Vários sofismas ridículos no artigo. Como o de que o gasto social da China cresce mais do que no Brasil (o que não é verdade, pois a comparação mais verdadeira é que usa a relação gasto público/PIB, cujo aumento desenfreado é o verdadeiro foco das críticas no nosso país). Outro sofisma é a de que a China tem uma taxa de juros baixa sem inflação alta por causa da manipulação do BC e não porque a taxa de juros de equilíbrio de lá (determinada pela oferta e demanda de poupança) permite isso.

Em nenhum momento, foi demonstrado a evidência de relação de causalidade entre o crescimento da China e tais medidas dirigistas exclusivas mencionadas no artigo (outros fatores de intervenção negativa podem ter ajudado mais). Dilma fez a mesma coisa em várias dessas coisas e conseguiu o que queria?

Essa turminha da escola desenvolvimentista da UFRJ é a mesma que compunha a formulação da Nova Matriz Econômica do governo Dilma. O JJ realmente gosta de fazer reverência ao fracasso.
« Última modificação: 18 de Outubro de 2018, 10:51:20 por -Huxley- »

Offline JJ

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Re:questões para liberais
« Resposta #23 Online: 18 de Outubro de 2018, 10:52:46 »

Nem a ultra mega crise de 2008 do sistema capitalistão mundial  e  a  ultra mega intervenção do  Estadão (e o fato do Estadão americano ser muitíssimo presente na economia americana do século 20 e 21 (e também muitíssimo interventor na economia mundial), e também ter imposto grandes taxas alfandegárias no século 19)  americano  parece fazer alguns news  liberais  brazucas,  adeptos da velharia do século 18,  enxergarem a realidade das limitações da carcomida doutrina.





« Última modificação: 18 de Outubro de 2018, 11:09:45 por JJ »

Offline -Huxley-

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Re:questões para liberais
« Resposta #24 Online: 18 de Outubro de 2018, 11:08:55 »


Nem a ultra mega crise de 2008 do sistema capitalistão mundial  e  a  ultra mega intervenção do  Estadão (e o fato do Estadão americano ser muitíssimo presente na economia americana do século 20 e 21 (e também muitíssimo interventor na economia mundial), e também ter imposto grandes taxas alfandegárias no século 19)  americano  parece fazer alguns news  liberais  brazucas  adeptos da velharia do século 18 enxergarem a realidade das limitações da carcomida doutrina.

Mais uma vez começou o argumento do espantalho e o apelo as ilusões correlacionais.

O sistema bancário americano pré-crise 2008 possuia claros problemas de subintervencionismo e superintervencionismo destrutivos, com o primeiro sendo a essência do problema do segundo.  Reconhecer isso não em afeta nada um doutrina política que nem receituária é (falo do Liberalismo Clássico, não do "Liberalismo" Construtivista de Mises e companhia, que também tem críticas ao sistema bancário americano, especialmente o sistema de reservas fracionárias).

Com relação aos tarifaços de importação do século 19 nos países ricos de industrialização antiga terem sido responsáveis pelo desenvolvimento destes, sem comentários. É um argumento no mesmo nível de dizer que o frio causa o causa do desenvolvimento dos países do Norte.

« Última modificação: 18 de Outubro de 2018, 11:12:38 por -Huxley- »

 

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