Mas falências não são o que acontecem o tempo todo nas reestruturações produtivas? Como diabos poderia haver introdução massiva das lâmpadas elétricas se os produtores de lamparinas não falissem?
Mesmo que isso seja um ganho em longo prazo, há um problema no mínimo em curto prazo.
Ao mesmo tempo, pode ser que a situação não seja bem análoga a esse caso de substituição de uma tecnologia arcaica por uma melhor.
Supondo um país ter vantagens sobre outro em todos os produtos, ele teria vantagem maior em algumas mercadorias que em outras, e importariam artigos em que sua vantagem fosse mínima, para poder empregar quantidade maior de sua própria mão-de-obra e de seu capital nas mercadorias em que a vantagem fosse máxima.
Isso assume um planejamento central da economia. Tanto trabalhadores quanto fábricas menos competitivas deverão tender preferir continuar em seu ramo, e no caso, a indústria Européia deve estar em melhores condições de avançar em eficiência. Praticamente em tudo que envolver "ciência", P&D. O Brasil deve levar vantagem mais onde a mão-de-obra barata for algo significativo. Supondo ainda que as reformas diversas facilitem potencializar isso.
Já pararam para pensar que o México tem vantagens comparativas na indústria também? Onde está o exemplo prático de que a América Anglo-saxônica seria uma baleia auto-suficiente e que tenderia a deixar o México sem indústrias, sem exportações industriais e sem empregos suficientes?
A situação do México "versus" EUA e Canadá nos anos 90 e é fortemente análoga a Brasil "versus" Europa nos anos 2020?
Acho que deve haver diversas diferenças, tanto em situação de economia mais "pura" como essas fases de desenvolvimento industrial, que compliquem fazer qualquer generalização.
Não estou dizendo que isso seria necessariamente negativo, pode até calhar de ser de nossa situação ser mais oportuna do que a mexicana nos anos 90, não sei.
E já não basta todo o mal que o fiasco do protecionismo causou na desindustrialização do Brasil? O Brasil tem que se desindustrializar ainda mais e desacelerar ainda mais a taxa de crescimento de produtividade da indústria para entenderem que o protecionismo é um fiasco?
Não é necessariamente feito o argumento que protecionismo é do balacobaco e que o país tem que ser completamente fechado.
Alguns estudos apontam uma correlação entre abertura comercial e maior desemprego. Acho que vi no blog do freakonomics ou no blog do Mark Tahoma, talvez Brad Delong, talvez algo mais liberal/libertário como EconLog ou Marginal Revolution. Mas era algo meio "secundário". Algo como uma meta-análise ou série de meta-análises que mostravam como era positivo coisas nas linhas de liberdade econômica, com uma
pequena correlação negativa nesse ponto. Alguém nos comentários até pediu mais informações, não sei se teve. (Procurei um bocado e não consegui achar, ao mesmo tempo a maior parte dos estudos com os quais esbarrava tinha conclusões na direção contrária, embora na maior parte do tempo entre países desenvolvidos. Nada no sentido mais pessimista/não-tão-abertura-são-mil-maravilhas com que me deparei buscando referenciava algum estudo empírico.)
Eu apenas "não sei." Como alguns dos entrevistados no podcast mencionaram, ao menos implicitamente (de modo geral foram mais otimistas, separei esses trechos apenas por falarem dos problemas e este ser o tema aqui), não é necessariamente uma situação de ganho generalizado, alguns setores podem se dar mal. Isso não é necessariamente ruim, pode haver adaptação resultando eventualmente numa situação melhor, mas é difícil prever qual seria o "saldo" geral.