Ad hominem raso.
É perfeitamente lógico você argumentar, "as regras deveriam ser diferentes para todos, isso faria um mundo melhor," ao mesmo tempo em que admite perder a competitividade se sozinho, espontaneamente, agisse de acordo com as regras sugeridas. E argumentavelmente você tem maiores chances de fazer lobby para uma mudança geral de regras se não se sacrifica jogando por elas enquanto os demais estão em condição de vantagem.
Esse papo de "prejudicar a competitividade" só faria sentido se Engels investisse e reinvestisse quase tudo que ganhasse. Acontece que o Engels tinha um consumo grande (obviamente, esses recursos não eram destinados a investimento), típico de boêmio, e transformar a maior parte desse consumo em doação de bens afetaria em nada o status quo da eficácia de seus negócios. O que aconteceu com ele pode ser o que Mário Henrique Simonsen ironicamente já disse: "Lágrima de intelectual não enche barriga de pobre, assim como o vazio da barriga do pobre não estraga férias europeias de intelectual". Não existe qualquer argumento ad hominen em apontar que o próprio autor não acredita no que diz porque não age de acordo com o que diz. O quanto você "acredita" em alguma coisa pode se manisfestar somente do que você está disposto a arriscar por ela.
Não me contrataram para advogado de Friedrich Engels e eu realmente não sei qual era a índole desse homem, mas o seu argumento faria mais sentido para alguém como Edir Macedo ou Silas Malafaia.
Estes comprovam pelo comportamento que não acreditam no que pregam.
Fazer caridade é bom, mas Engels não pregava caridade. E ele certamente sabia que caridade não mudaria a estrutura da sociedade. Caridade muitos já faziam e de pouquíssimo adiantava.
Eu não posso concluir que ele não acreditava nas suas ideias porque não doava dinheiro aos pobres ( nem sei se doava ). Porque a ideologia que ele ajudou a construir não preconizava que a solução para a injustiça social viria da caridade.