É sangue mesmo, não é mertiolate"
E todos querem ver
E comentar a novidade.
"É tão emocionante um acidente de verdade"
Estão todos satisfeitos
Com o sucesso do desastre:
Vai passar na televisão
"Por gentileza, aguarde um momento.
Sem carteirinha não tem atendimento -
Carteira de trabalho assinada, sim senhor.
Olha o tumulto: façam fila por favor.
Todos com a documentação.
Quem não tem senha não tem lugar marcado.
Eu sinto muito mas já passa do horário.
Entendo seu problema mas não posso resolver:
É contra o regulamento, está bem aqui, pode ver.
Ordens são ordens.
Em todo caso já temos sua ficha.
Só falta o recibo comprovando residência.
Pra limpar todo esse sangue, chamei a faxineira -
E agora já eu vou indo senão perco a novela
E eu não quero ficar na mão,eu não quero ficar na mão,eu não quero ficar na mão,eu não quero ficar na mão
Fala,Cláudio...Não se irrite tanto,faz mal ao coração

!
Estudei em escolas públicas desde a terceira série do primário.
Bem...acredito que o maior problema das escolas públicas não é a falta de verba,nem baixos salários,nem a falta de infra -estrutura nem,muito menos, aquela história de que os estudantes de escola pública não gostam de estudar( e,pasmem, há quem diga ,já lí até no CC mesmo um post que dizia isto).
O grande problema,ao meu ver,da precariedade no ensino público está no funcionalismo .Já tinha iniciado um tópico semelhante no Ateus.Net falando sobre isso.
Sou radicalmente contra a privatização,ou terceirzação do ensino público ou de outras áreas como saúde,limpesa urbana...Por mim, mesmo em outras áreas(comércio,produção,tranportes) o estado deveria ter participação massiva,que dirá nestas.Pode parecer contraditório,portanto,fazer críticas ao funcionalismo público,mas entendo que este seja um dos maiores motivos da má qualidade do serviço público e ,particularmente,o maior responsável pela péssima qualidade de ensino a que são submetidos, os pobres.
Isso não me impede de defender a manutenção do caráter público e estatal do ensino,nos mesmos termos que vigem atualmente:contratação exclusivamente através de concurso e estabilidade funcional.Entendo que este binômio(concurso + estabilidade) funciona como coquetel de remédios contra a AIDS que eu compararia,no caso,ao nepotismo,à concentração de renda- que se intensifica quando o estado terceiriza funções-, ao privilégio de determinadas áreas geográficas mais abastadas -visto que o interesse comercial se já era prevalente agora seria exclusivo(quem mora no Rio e assiste às brigas entre Estado e concessionária acerca dos futuros caminhos do Metrô sabe do que estou falando)-,à redução da qualificação profissional.Entretanto,assim como o tal coquetel, este binômio tem lá seus efeitos colaterais.E assim como existem casos de pessoas que morrem em decorrência dos efeitos da quimioterapia,e não do câncer propriamente dito,o principal efeito colateral do binômio concurso+estabilidade pode se mostrar tão grave quanto,qual seja o profundo desinteresse da grande parte dos professores de escola pública na evolução intelectual dos alunos,visto que disto não depende a manutenção nem de seus empregos nem de seus salários.
Então o que mais se vê nessas escolas são professores que entram em sala com 40 minutos de atraso,outros que gastam fatias enormes do tempo de aula discutindo futebol com os alunos mais desinteressados,professor que passa o ano todo dando um único conteúdo:tive um de quimica,no primeiro ano,que só passou estrutura fundamental do átomo (número e massa atômicos e níveis de energia),óbvio que todos chegamos ao segundo ano sabendo patavinas de química do primeiro,o livro de primeiro ano tinha 16 capítulos e o filho da puta deu 2...
O que fazer então?Acredito que para este problema a solução fosse muito simples e viável.Criar um mecanismo de avaliação que permitisse definir quais professores conseguiram levar os alunos adiante e quais não tiveram o mesmo desempenho.E dar a cada um desses professores bônus ou descontos salarias de acordo com a evolução que cada aluno tenha apresentado,durante o ano na sua disciplina.
Exemplificando:no final do ano letivo de 2005 os alunos da sexta série da escola municipal X passariam por uma prova sem valor para composição de nota,digamos que a média seja 4,5(deficitária,portanto).Digamos que ano seguinte o professor Fulano de Tal da Silva pegue essa turma, e ao fim do ano ela passe por uma avaliação (agora com conteúdo de sétima série,claro),e tire uma média de 7,2.Bônus máximo,o professor teria conseguido reverter o quadro.
Digamos que ele mantivesse por volta dos 5 pontos:manutenção do salário.
Suponhamos que tem havido uma redução nas notas:corte nos benefícios.
Tenho certeza que se o funcionário público tiver algo a perder com um mal serviço e algo a ganhar com um bom trabalho a atitude muda e os serviços públicos melhoram.O único porém é que essas avaliações têm que garantir to tipo de escudo contra qualquer subjetividade,para garantir que ninguém seja beneficiado por nepotsmo ou sofra perseguições.
E poderiam haver outros mecanismos de avaliação para outra áreas...Exemplo,ao final de cada atendimento em uma clínica do SUS,o usuário receberia uma ficha de avaliação relativa a n pontos do atendimento(isso acontece em algumas empresas privadas:sou doador regular de sangue e em uma das vezes doei em um hemocentro particular,no fim da doação tinha um questionáriozinho pra responder:qual atendente foi mais cordial,qual foi menos,se a enfermeira tinha sido couidaosa...)Neste caso,quanto maior fosse as notas dadas pelos usuários,maior o bônus,claro.