"No Brasil só trabalhador paga imposto."
E não fale absurdos. Você tem uma forma de texto, Cláudio, onde querendo mostrar que algo é grande, generaliza e diz que somente aquilo acontece. Como no caso do "nós, brasileiros, somos descendentes de africanos".
É um direito seu escrever como quiser, mas lendo fica completamente estranho e perde toda a credibilidade.
Absurdo é dizer que o rico paga mais impostos do que o pobre.
Por isso eu coloquei um link para um caderno da Fenafisco intitulado "Só os trabalhadores pagam impostos no Brasil" (http://www.reformatributaria.org.br/Caderno1.zip) . Este estudo explica como a carga tributária é distribuida no Brasil e como ela incide mais pesadamente sobre aqueles que detém a menor renda.
Primeiro é preciso estabelecer uma linha e deixar de ser bipolar: não dá para dividir o Brasil em "ricos" e "pobres" como estamos fazendo.
Segundo, o texto coloca o "consumidor" como o responsável final sobre os impostos sobre produto. Entretanto, a maioria do "consumo", ao contrário do pensamento do autor, é da classe média, e não dos "pobres". Uma família com renda mensal de 2000 reais provavelmente também consome todo o seu salário, como uma que ganha 500. Ou seja, consome o mesmo em termos proporcionais (praticamente 100% e mais em valores absolutos).
Terceiro, ele não mostra dados provando que "ricos" não consomem boa parte dos seus salários. Casas em bons bairros, carros caros, eletrodomésticos bons, eletrônicos, produtos de higiene caros, tudo isso é consumo, Cláudio. O absurdo é tanto que, na página 12, ele dá um exemplo comparativo entre um "rico" e um "pobre", e quanto cada um gasta com impostos sobre consumo. Segundo ele, o homem que ganha 10 mil reais gastaria apenas 1000 reais com sustento da família (e provavelmente enterra o resto para não pagar impostos). Nós sabemos que as coisas não são assim.
Então ele diz:
Como a tributação sobre o consumo representa 30% do valor da mercadoria ou serviço, a pessoa que recebe R$ 10.000,00 e consome
R$ 1.000,00 está gastando R$ 300,00 de tributos sobre o consumo.
O trabalhador de baixa renda que ganha R$ 300,00 de salário e consome tudo está gastando R$ 90,00 com tributos sobre o consumo.
Enquanto a pessoa que ganha R$ 10.000,00 paga R$ 300,00 de tributos sobre o consumo, equivalente a 3% do salário, o trabalhador de baixa renda que ganha R$ 300,00 gasta R$ 90,00 com tributos sobre o consumo, o que equivale a 30% do seu salário.
Me parece óbvio que essas estatísticas furam quando se sabe que, na realidade, ninguém que ganha 10 mil gasta só mil. Ainda assim, em termos absolutos, os "ricos" pagam muito mais impostos que os "pobres", mesmo que na tese do autor os tributos pesem menos para os primeiros.
E, por "trabalhadores", podemos entender muita gente, mesmo pessoa com rendas elevadas. Não dá para confundir "trabalhadores'com "pessoas simples".
No momento em que começa a falar de impostos sobre propriedade é um show: até a reforma agrária o autor defende, fugindo completamente do texto. Quando se percebe que esses impostos atigem muito mais os ricos, o autor parte para a defesa de que eles são muito pequenos e deveriam aumentar. Sinceramente, qualquer um que tem uma casa sabe o quando é alto o IPTU. Para os ricos, também. O IPTU de uma casa de 1 milhão no Moema é de cerca de 40% do seu valor total! Pode dar uma olhada
aqui, alguns dizem o valor do imposto.
No momento de falar das heranças, ele diz "
Ou seja, tanto faz se a herança deixada é de 1 bilhão, ou de 10 mil reais, cobram-se os mesmos 4%."
Ora, os "pobres" são mais brasileiros que os "ricos" e merecem privilégios? O mais jutos é que todos pagem a mesma porcentagem, ora!
No momento do imposto de renda, ele questiona novamente esse fato. Ora, os "ricos" são culpados de alguma coisa e merecem ser punidos? O mais justo é que todos paguem a mesma porcetagem! Se eu for competente e passar a ganhar 100 mil reais por mês, o Estado vai me "punir", aumentanto a minha porcentagem? Esse texto segue o pensamento "para o pobre, o herói, tudo! para o rico, o vilão, nada!".
Além disso, em termos absolutos, claro, o rico paga muito mais impostos que o pobre.
Sem contar os camelôs, profissionais informais, etc, que não costumam ser muito ricos e
não pagam impostos sobre renda.
Também sou a favor de um imposto único sobre heranças, e contra um especial para "grandes fortunas", como defende o autor do texto. Mesmo depois de morto o mais competente merece ser "punido" por ter ganho mais dinheiro? Que todos paguem o mesmo tanto!
Sobre os impostos sobre mão-de-obra o autor fala
Assim, as contribuições [cita vários impostos sobre mão de obra] que deveriam sair do lucro dos empregadores, acabam caindo nas costas do conjunto da classe trabalhadora, através da tributação sobre o consumo.
E com isso ...os lucros dos empresários continuam garantidos.Agora ele quer que os empresários desistam do lucro? Virem todos socialistas e abandonem qualquer vontade de ter dinheiro? O padeiro não faz o pão por amor ao trigo, Loredo, é por dinheiro mesmo.
E, sobre o consumo, já falei mais acima.
Depois, quase no final do texto, mostra um quadro comparando a divisão dos impostos no Brasil com outros países. Só um detalhe: todos são de primeiro mundo. Nada de Chile, México ou Argentina. Daí é complicado, né?
Enfim, esperava um texto melhor.