Autor Tópico: África  (Lida 998 vezes)

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Offline Rodion

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África
« Online: 27 de Dezembro de 2005, 11:36:39 »
quem se lembra de james shikwati, o economista queniano que pediu o fim da ajuda internacional à áfrica?
vai algo na mesma linha...

People are starving in Niger - and in Zambia, Zimbabwe, Ethiopia

and elsewhere in Africa - but not because of free markets. Rather,

they are starving because of the lack of markets and their underlying

institutions: property rights, the rule of law and limited government.  

Thompson Ayodele

OS AFRICANOS EM QUEM OS OCIDENTAIS DEVERIAM PRESTAR ATENÇÃO

Dr Lawrence Reed

Na reunião de cúpula do G-8 no último mês de julho, na Escócia, políticos europeus e norte-americanos (todos eles brancos) choraram lágrimas de crocodilo pela penosa situação dos negros africanos. Fazendo eco ao grasnar histriônico de atores, astros de rock, ideólogos socialistas, ditadores do Terceiro Mundo e outros “grandes especialistas” em desenvolvimento, clamaram por mais uma transferência de recursos das nações desenvolvidas para as subdesenvolvidas da África – critério que parecia não excluir nenhum país do continente. Os líderes do G-8 querem que os governos aumentem dramaticamente o nível de ajuda econômica para a África e perdoem as dívidas acumuladas pelos antigos regimes africanos. A magnitude dos subsídios propostos dá novo significado à frase “jogar dinheiro pelo ralo”, geralmente usada em tom pejorativo.

Liderança ousada e imaginativa? Novas soluções criativas para problemas intratáveis? Dificilmente. É mais mera pose política, desculpa para viagens dispendiosas e ignorância da realidade e da economia. A resposta coletiva de pessoas que pensam seria mostrar aos africanos o que fazer por eles mesmos.

Na verdade, esta é a reposta de um número crescente de pessoas na própria África. Não dos governos africanos, claro, que só esperam a ajuda externa escorregar entre seus dedos para chegar a conta-gotas na boca dos famintos cidadãos por eles oprimidos. Certamente não os ricos showmen, como Bono, que lá ficam uns poucos dias e que acham que “sentiram a África” por se aventurarem a sair de um hotel cinco estrelas com uma câmera digital. Estou me referindo aos africanos nativos que são os primeiros a ver o que a ajuda estrangeira tem feito aos seus países, que entendem o que realmente deve ser feito para que um país subdesenvolvido se desenvolva, e que estão escrevendo e falando com uma coragem e erudição que desafia o falido status quo.

Um deles é o ex-professor primário James Shikwati, do Kênia. Com 34 anos fez furor tanto na Europa quanto na África, com uma entrevista publicada em julho pelo periódico alemão Der Spiegel. “Pelo amor de Deus, parem por favor, parem com a ajuda!”, clamava a manchete. Shikwati argumentou que bilhões em ajuda passada somente alimentaram bem nutridas burocracias, estimularam a corrupção e a complacência. Pior, enfraqueceu os fazendeiros e empresários locais que não conseguem competir com a ajuda estrangeira gratuita. “Se as nações industrializadas querem realmente ajudar a África, devem acabar imediatamente com esta ajuda indecente”, declarou. O think tank de Shikwati, o Inter-Region Economic Network estimula a educação para o livre mercado. Patrocina seminários no leste da África focados no treinamento para desenvolver seus próprios talentos empresariais e se opor às políticas governamentais que impedem seu desenvolvimento. Shikwati acredita que não haverá desenvolvimento algum enquanto um grande número de africanos, encorajados por ocidentais estatistas, olharem para si mesmos como vítimas e mendigos. Ao invés de agirem “como uma criança esperando a babá”, diz ele, a África “deveria se levantar e se sustentar por seus próprios pés”.

Leon Louw, da África do Sul, não estava só quando disse coisas parecidas já na década de 70. Neste ano comemora-se o trigésimo aniversário de sua Free Market Foundation em Johannesburg e Capetown. Ele pode comemorá-lo com a certeza de que grupos como o seu e o de Shikwati proliferam na África de hoje – em sintonia com os africanos comuns quando dissecam as políticas governamentais, tanto em seus países, como em todo o mundo. O “debate” político deixou de ser uma litania de prescrições socialistas e de bem estar social, mas foi revivido pela saudável discussão fundada no respeito à lei e à livre empresa.

Na nação mais populosa da África, Nigéria, a crítica à ajuda ocidental ecoa na voz do jornalista Thompson Ayodele. Como fundador e dirigente do Institute of Public Policy Analysis, Ayodele observa que “de 1970 a 2000 a África recebeu em torno de $400 bilhões de dólares em ajuda ocidental. A África recebeu suficiente ajuda dos outros países. Mas se alguém quiser realmente ajudar os africanos pobres a saírem do círculo vicioso de pobreza, deveria estimular o livre comércio, proteger os direitos de propriedade, encorajar a abertura comercial, permitir o florescimento do mercado e reduzir a intervenção governamental na economia”.

Ayodele não quer o dinheiro de Tony Blair mas sim uma reversão da política do mesmo. “O Primeiro Ministro Blair deveria ter o mesmo zelo e compromisso que hoje devota ao promover a ajuda externa e ao cancelamento dos débitos, para acabar com os subsídios que distorcem as trocas comerciais e as tarifas que totalizam $1 bilhão de dólares por dia. Abolir essas políticas faria muito mais para melhorar a vida de milhões de pessoas abatidas pela pobreza na África do que qualquer quantia em ajuda estrangeira”.

Por piores que sejam as barreiras impostas pelos países de fora da África, estas nem chegam perto das barreiras que os governos africanos aplicam entre si. A tarifa média entre os países africanos, segundo o FMI, é 50% maior que no resto do mundo. Números do Banco Mundial indicam que enquanto as nações sub-saharianas conseguem, na compra de commodities agrícolas da Europa, a tarifa média de 19%, elas sobrecarregam seus vizinhos com incríveis 33.6%. Não é por nada que as mercadorias ficam encalhadas nestes países por tempo três vezes maior do que na Europa ocidental. Durante décadas kenianos podiam comprar alimentos da Inglaterra por menos do que conseguiam da vizinha Uganda. Defensores do livre mercado, como Shikwati, imaginam como os kenianos viveriam melhor se eliminassem suas próprias tarifas e comprassem diretamente de Uganda, evitando ainda o custo dos intermediários ingleses. Finalmente, em janeiro de 2005, o livre comércio conseguiu um tento quando vários países da África Oriental assinaram um protocolo alfandegário conjunto que reduziu ou até mesmo eliminou inúmeras tarifas.

A liberdade comercial entre os países africanos é um tema permanente de um dos mais novos think tanks do continente, conhecido como IMANI: Center for Humane Education. Seu fundador, Franklin Cudjoe, acredita que “o principal fator que mantém a África atrasada é o enorme déficit de políticas orientadas para o mercado”. Acrescenta que as restrições ao livre comércio estão na base da imensa ineficiência das indústrias sob a proteção do Estado, às custas dos consumidores. Sua organização educa jovens bolsistas em Ghana, sua terra natal, para promover as necessárias mudanças. Cudjoe fala com brutal honestidade sobre o alto índice de corrupção que rouba a poupança dos cidadãos e o capital dos empresários. Os gastos governamentais na África canalizam tanto a ajuda externa quanto as taxas dolarizadas para os que têm boas conexões políticas. Quando os defensores da ajuda estrangeira gritam que a cada três segundos morre uma criança africana de fome ou doença, Cudjoe pergunta: “Você sabe que os governos africanos roubam $4.700 dólares por segundo?”.

Quando a empresa aérea holandesa KLM quis começar a voar de países vizinhos para Ghana os funcionários do governo pediram propinas. A empresa desistiu. “As nações ocidentais não fazem isto conosco e a ajuda estrangeira somente mantém este sistema funcionando”, diz Cudjoe. É ainda mais difícil entender quando os paises ocidentais são acusados pelos problemas do Zimbabwe quando seu líder, Robert Mugabe, vive como um príncipe enquanto suas políticas marxistas desperdiçam as parcas riquezas do país. Só no último verão os sequazes de Mugabe deslocaram à força mais de 300.000 pessoas numa campanha contra as empresas privadas e seus oponentes políticos. Centenas de milhares estão tiritando em tendas e barracas, suas casas e seus negócios arrasados. Será que alguém, além de Jesse Jackson (N. T. – Pastor comunista americano, ex-candidato a Presidente pelo Partido Democrata) e Al Sharpton (pastor comunista, ativista, ex-candidato a Presidente pelo mesmo partido) acredita que o que o Zimbabwe precisa é do dinheiro do ocidente?

Os defensores do mercado chegaram a uma conclusão famosa expressada nas tiras humorísticas do Pogo: “Encontramos o inimigo e ele somos nós!” Eles entendem que os subsídios podem aplacar a culpa de estrangeiros ingênuos, mesmo que perpetuem as patologias políticas e culturais que criam e sustentem a pobreza que os africanos devem evitar. Avançaram demais e devotaram suas vidas a uma retórica vazia sobre a África.

Se há uma razão para esperança na África certamente não vem da loucura ocidental de jogar dinheiro fora mas porque nativos, como Shikwati, Louw, Ayodele e Cudjoe estão clamando ao mundo para que aprendam as dolorosas lições derivadas das políticas passadas.


O título deste artigo é uma homenagem a Antônio Frederico de Castro Alves, o “poeta dos escravos”. Próximo a ser traduzido será Famines, Fallacies and Free Markets, de Thompson Ayodele.

Introdução e Tradução

de Heitor De Paola
   
http://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=4432
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline uiliníli

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Re.: África
« Resposta #1 Online: 28 de Dezembro de 2005, 00:35:06 »
:clap:  É incrível o quanto até mesmo os mais ardorosos governos liberais têm até hoje tratado a África como um mundo à parte, como se as leis do mercado que se aplicam tão bem ao resto do mundo não valessem também no continente africano. A única explicação que me vem à cabeça é que deve render memso muitos votos doar dinheiro para políticos africanos.

Offline Roberto

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África
« Resposta #2 Online: 28 de Dezembro de 2005, 09:14:38 »
Não me lembro quem disse que as tais ajudas humanitárias são uma forma de tirar dinheiro dos pobres dos países ricos (contribuintes) e dá-lo aos ricos dos países pobres (políticos e burocratas corruptos).
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

ukrainian

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Re.: África
« Resposta #3 Online: 30 de Dezembro de 2005, 17:45:21 »
Como se o principal problema dos países africanos fosse econômico... quanta bobagem.

A África está na situação atual por motivos políticos e sociais. O neocolonialismo capitalista gerou desestabilização política na região, que ainda se mantém, com constantes guerras civis e ditaduras sanguinárias. Com apoio financeiro e político estadunidense, os ditadores das nações africanas mantém o povo em um regime de miséria absoluta e semi-escravidão capitalista.

Se há algum fator econômico nessa situação, é o fato da economia local ser esmagada pelas mercadorias provindas de países europeus / EUA. A indústria local não possui nível de desenvolvimento para competir com a indústria estrangeira, resultando em quebra. É o paraíso liberal.

Offline uiliníli

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Re.: África
« Resposta #4 Online: 31 de Dezembro de 2005, 15:26:22 »
Naturalmente os países africanos que optaram pelo socialismo estão bem melhores, não é ukranium?

ukrainian

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Re: Re.: África
« Resposta #5 Online: 01 de Janeiro de 2006, 00:43:13 »
Citação de: Gabriel dCF
Naturalmente os países africanos que optaram pelo socialismo estão bem melhores, não é ukranium?


Exatamente.

Offline Rodion

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Re.: África
« Resposta #6 Online: 02 de Janeiro de 2006, 06:57:51 »
pensamos, a princípio, que apalachian resolveu virar de direita pra satirizar a direita. agora me parece que ele É de direita e está satirizando a esquerda...
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ukrainian

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Re: Re.: África
« Resposta #7 Online: 03 de Janeiro de 2006, 00:06:06 »
Citação de: bruno
pensamos, a princípio, que apalachian resolveu virar de direita pra satirizar a direita. agora me parece que ele É de direita e está satirizando a esquerda...


Saberia citar uma economia africana que seja socialista?

Offline Rodion

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Re.: África
« Resposta #8 Online: 03 de Janeiro de 2006, 01:22:35 »
plenamente socialista, atualmente, não sei se há. mas quando penso em comunismo na áfrica me lembro do mpla (que teve apoio cubano) na angola, que apesar de estar presente no país desde a independência, depois da queda da urss ficou mais moderado. ainda assim, contribuiu bastante para acentuar a miséria do país... ou então a algéria de ben bella... inclinações ao socialismo, reformas agrárias que não surtiram o resultado desejado, guerrilhas de esquerda, nada disso falta por lá.

mas uma coisa é certa; os países da áfrica subsaariana que estão melhores são logo aqueles que não seguiram a receita que você indica, ukranian. botswana e áfrica do sul, por exemplo. a botswana, através de algumas políticas que você poderia chamar de 'neoliberais' mostrou ao mundo um crescimento recorde de renda per capita um pouco depois da independência na década de 70, bem como uma diversificação da economia (o diamante, que antes respondia por metade do pib, hoje responde por um terço). é um dos destaques africanos...
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Offline Unknown

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Re: África
« Resposta #9 Online: 13 de Abril de 2009, 03:09:24 »
Citar
Novo lugar da África

Exótica, sem personalidade, problemática e carente de ações humanistas. Segundo artigo publicado na Revista Brasileira de Política Internacional, essa maneira de encarar a África não corresponde à complexa realidade do continente e trata de um discurso da vitimização, herdado do ciclo da descolonização, que não tem mais eco na atualidade.

Para José Flávio Sombra Saraiva, professor titular da Universidade de Brasília (UnB), autor do texto, a África é mais complexa, mais autônoma e ocupa um novo lugar na sociedade internacional.

“É uma das últimas fronteiras do capitalismo global, com riquezas naturais e humanas incomensuráveis. O mundo precisa mais da África do que a África do mundo. Lá estão fontes e recursos naturais necessários à sobrevivência do planeta. E suas elites, embora ruins na média geral, estão divididas”, disse à Agência FAPESP.

Autor do livro O lugar da África – A dimensão atlântica da política externa brasileira (Editora UnB, 1996), Saraiva aponta que mesmo diante da crise econômica global e das dificuldades internas de constituição de sociedades e estados modernos, assiste-se no continente africano a “um ciclo positivo”. A África poderia, inclusive, se sair bem do momento de ansiedade por que passam as economias globais.

“As economias no continente cresceram em torno de 5,6% por ano desde o início da década. Tenderão a manter parte desse crescimento nos próximos anos, pois as fontes de financiamento externo emanam dos capitais do Golfo Pérsico e da Ásia. Apesar das crises políticas, como o golpe de estado recente na Guiné, a crise política no Zimbábue ou o conflito de Darfur, assiste-se a processos positivos de democratização de regimes políticos”, disse o autor, que pesquisa o tema desde 1982 e já esteve em mais de 30 países africanos.

Segundo ele, os conceitos negativos que se perpetuam sobre o continente africano presidem parte do desenho ocidentalista patrocinado “ora por interesses de exploração de grandes grupos econômicos internacionais, ora pelas próprias elites africanas para obter recursos e meios de perpetuação do poder local”.

Saraiva não concorda com o “discurso humanista ingênuo” que guia as ações de muitos grupos não-governamentais internacionais. O continente, afirma, é mais complexo e mais autônomo do que se imagina.

“A África profunda não quer esmolas ou modelinhos de culpa ocidental, quer apoio a idéias e projetos de infraestrutura social e econômica. Os chineses aprenderam isso rápido. Estão fazendo uma infiltração muito inteligente no continente africano. O Ocidente vai ficar para trás nessa corrida”, afirmou.

O também diretor do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais aponta que o caso de Moçambique é emblemático. Segundo ele, trata-se de um país com muita probreza, mas que está se equilibrando melhor que seus pares de língua portuguesa na África subsaariana.

“Não é tão rico economicamente como Angola, mas tem práticas políticas de melhor gestão de seus recursos. Suas elites estão menos esgarçadas. É um país que vem normalizando práticas elementares de normalização da máquina pública. Assiste a crescimento relativamente sustentável e suas elites têm um certo pragmatismo na direção do aproveitamento das oportunidades das mudanças globais do momento”, afirmou.

Baixa apreciação

De acordo com o professor do Instituto de Relações Internacionais da UnB, apesar de haver uma elevação do status da África no mundo – com inserção na sociedade internacional –, existe no Brasil, paradoxalmente, uma “baixa apreciação” em relação ao continente. Cada interesse aqui, afirma, cria uma África “a serviço de jogos identitários internos do Brasil”.

“Há, por aqui, uma invenção da África que está mais ligada à história afro-brasileira do que às realidades estruturais que alicerçam a evolução de um continente imenso e muito diversificado em todos os aspectos. Inventamos aqui uma África para consumo interno, ora para elevar as Áfricas que temos dentro de nós, ora para denegri-la”, disse.

Para o pesquisador, essa confusão leva a “muito voluntarismo ingênuo de baixo impacto” no continente e a uma “espécie de autosuficiência e arrogância” ao imaginar que o Brasil tem fórmulas mágicas e modelos prontos para a África.

Apesar disso, Saraiva ressalta que o Brasil rompeu, nos últimos anos, o que chama de “silêncio atlântico”. A retomada da política de diversificação de interesses nas partes menos centrais do capitalismo global levou o país novamente à África.

“A ampliação da representação diplomática no continente e a retomada de projetos estruturais no campo mineral, petrolífero, de infraestrutura social e profissional emanaram mais do Executivo do que dos setores econômicos clássicos. Agora, há um fluxo comercial e empresarial que foi recriado pelo Executivo”, afirmou.

Segundo ele, o Brasil não pode negligenciar as relações de interesse com o continente africano. Do campo estratégico e econômico ao político, multilateral e de interesses a colher, a África é um dos destinos obrigatórios.

“Mas esse desembarque não pode ser feito contra a África, na ambição de ir para resolver problemas de identidades afro-brasileiras. Os chineses, indianos e australianos, que têm pouco de África na sua base sociocultural, estão mais vivos por lá do que nossos discursos de africanidade brasileira”, disse.

Para ler o artigo A África na ordem internacional do século XXI: mudanças epidérmicas ou ensaios de autonomia decisória?, disponível na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui.


"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

 

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