Alckmin defende reforma prejudicial a SP
No afã de conquistar a simpatia do Nordeste à sua candidatura presidencial, o governador Geraldo Alckmin fez ontem em Recife a defesa enfática de uma tese historicamente combatida por governantes de São Paulo. Alckmin declarou-se favorável a uma reforma tributária que modifique a forma de cobrança do ICMs. Em vez de ser cobrado no Estado de origem, o tributo passaria a ser recolhido no Estado de destino.
Alckmin foi categórico. Disse que, embora saiba que a mudança acarretará prejuízos a São Paulo, maior força industrial do país, considera "fundamental" que seja adotada. Declarou que é a única maneira de "promover a desconcentração da renda no país." Assegurou apoio à mudança caso venha a ser eleito presidente da República.
O governador fez uma única ressalva. Disse que a modificação do sistema de cobrança do ICMs "não pode ocorrer do dia para a noite". Defendeu a adoção de uma "fase de transição", para que Estados como São Paulo, exportadores de mercadorias, possam se adaptar.
A manifestação de Alckmin foi feita durante um seminário sobre segurança e emprego. Foi organizado pelo PSDB e pelo PPS de Pernambuco. O governador falou para uma platéia de cerca 400 pessoas. Coube ao deputado Raul Jungmann (PPS-PE), convidado para exercer o papel de "debatedor", provocar Alckmin a respeito do ICMs.
Jungmann disse em sua intervenção que não poderia desconsiderar o fato de que Alckmin falava como candidato à presidência. E perguntou a ele se, eleito sucessor de Lula, apoiaria a mudança na legislação tributária em relação ao ICMs. "O Nordeste precisa deixar de ser tratado como alvo de políticas compensatórias", disse o deputado.
A concordância de Alckmin foi incisiva. "Sei que São Paulo perde, mas temos que pensar no Brasil", disse ele. "Temos que pensar nas cidades de pequeno porte, que não têm fábricas. Há hoje um desequilíbrio muito grande."
À noite, Alckmin participou de um jantar na casa do senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), pré-candidato tucano ao governo de Pernambuco. Desfilou com desenvoltura diante de cerca de cem convivas. Eram empresários e políticos. Entre eles o governador pernambucano Jarbas Vasconcelos (PMDB).
Nesta terça-feira, Alckmin reassumiu o governo de São Paulo. Em avaliações internas, feitas com assessores, considerou sua viagem ao Nordeste "um sucesso". Reafirmou a decisão de continuar cruzando o país para tentar fazer-se mais conhecido fora dos limites de São Paulo.