Koryo Ishii T. e Giakos G.C , 1992, Transmit Radio Messages Faster than Light- Microwaves & RF
Pelo jeito as conclusões deste artigo são consideradas controversas, como se pode constatar pelo seguinte comentário:
The commenter argues that the results reported by G.C. Giakos and T.K. Ishii in the above-titled paper of microwave propagation exceeding the speed of light contradict Maxwell's equations. Limitations of the experiment are examined. The authors defend their results.
Controversas?
Ora, se contradiz a teoria de Maxwell, então pior pra teoria.
Segundo o método cientifico, o que interessa é o resultado experimental, e nao a teoria.

Essa é muito boa. Questionar um resultado experimental porque ele está em desacordo com a teoria

"Segundo o método científico": Pedrão, o que é o "método científico"? Podes (fundamentadamente) nos mostrar quais são os (supostos) postulados do método científico?
Mas já me adianto: é evidente que tens um problema comum de (falta de) entendimento de como opera a ciência. As teorias de maior sucesso já produzidas pelo intelecto humano questionaram resultados experimentais, com muita prodedência e elegância. O difícil será encontrares quem tenha paciência de te mostrar isso. Eu vou fazer um pedacinho desta tarefa, e depois julgarei se vale à pena continuar contigo:
O programa de Bohr surgiu basicamente com a necessidade de se explicar a
estabilidade atômica no modelo de Rutherford, postulando, entre outros, que não havia
emissão contínua de radiação nos átomos, senão quando da passagem do sistema de um
estado para outro (níveis atômicos). Uma primeira vitória do programa de Bohr foi a predição
teórica dos comprimentos de onda das linhas do espectro do hidrogênio. Alguns destes
comprimentos de onda já eram então conhecidos (séries de Balmer e Paschen), mas o
programa de Bohr predisse novas séries só mais tarde descobertas, representando, assim, uma
fantástica corroboração de seu conteúdo.
Mas nem todo o conteúdo do programa inicial de Bohr foi corroborado. Era também
conhecida experimentalmente uma série, a série ultravioleta de Pickering-Fowler,
supostamente válida para o hidrogênio onde o programa dizia não haver nenhuma. Isto
poderia representar uma refutação e, portanto, uma potencial derrota para o programa de
Bohr, uma vez que uma (falta de) predição sua parecia degenerar o programa em função da
constatação empírica. Mas ao estender seu modelo para o hélio ionizado, Bohr conseguiu
“prever” o espectro anômalo, não explicado pelo modelo inicial para o hidrogênio. O seu
modelo estendido continha alterações que o faziam um rival para o primeiro modelo, para o
hidrogênio. Bohr sugeriu então um “experimento crucial”, no qual um tubo cheio de uma
mistura de hélio e cloro produziria a série anômala, possivelmente com linhas até mais fortes
que as conhecidas. E sem mesmo olhar para os experimentos que produziam a referida série
não explicada por seu primeiro modelo, Bohr conseguiu então explicar, mediante seu modelo
para o hélio ionizado, a famigerada série de Pickering-Fowler: era um ataque direto à teoria
observacional dos referidos pesquisadores. E Bohr estava certo. Como Lakatos gosta de dizer,
mais uma vez um experimentador recebeu uma lição de um teórico (Lakatos, 1979).
Mas, mesmo reconhecendo que sua série era de hélio e não de hidrogênio, em seguida
Fowler objetou que os comprimentos de onda diferiam dos valores preditos pelo segundo
modelo de Bohr. Este, por sua vez, deixou claro como conhecia o operar de uma teoria.
Admitiu prontamente que fizera simplificações, como o cálculo baseado no elétron
descrevendo uma órbita ao redor de um ponto fixo e a questão da massa reduzida para
problemas de dois corpos. Com estes e outros cuidados, Bohr produziu um programa ainda
mais refinado, com resultados ainda melhores, levando Fowler a aceitar, mais uma vez, a
vitória de Bohr.
Os sucessivos modelos de Bohr objetivando-se a explicação de um modelo atômico
consistente mostram dramaticamente o poder heurístico de um programa de pesquisa, que
pode progredir mesmo com elementos inconsistentes e sem apoio direto na observação!
Representando os sucessivos modelos de Bohr como M1, M2, M3, etc., Lakatos diz:
“A aparente refutação de M2 converteu-se numa vitória para M3; e era claro que M2 e
M3 teriam sido desenvolvidos dentro do programa de pesquisa – talvez até M17 ou
M20 – sem nenhum estímulo da observação ou da experiência” (Lakatos, 1979, p.
183).Todo dado empírico responde a uma teoria, ainda que observacional. Assim, perceba que mesmo que um resultado experimental não seja frontalmente atacado, o modo pelo qual se relaciona com a teoria é passível de sofrer uma reorientação fenomenológica, como o presente caso de Bohr.
Como Dbohr sugeriu, um dado que contrarie o eletromagnetismo (velocidade acima da luz) exige, naturalmente, corroborações fantásticas. Atenção, não digo que não exista esta possibilidade. Apenas afirmo que esta corroboração NÃO EXISTE até o presente momento. E, por favor, tente perceber que um resultado, em um artigo, obtido por um pesquisador, sempre tem um longo caminho a percorrer até se tornar parte do establishment científico. E, infelizmente, infelizmente mesmo, é sério, a maior parte dos resultados dissonantes são simplesmente esquecidos como mais uma tentativa (louvável e muito bem-vinda) de se contradizer algo muito bem posto e corroborado. As importantes exceções acabam virando episódios revolucionários, é claro, nos mostrando que sempre devemos ter muito cuidado, também, em aceitar como peremptórios os resultados da ciência. As certezas residem em solo pouco firme, sabemos. Mas, naturalmente, o discernimento para ver onde seus anseios se situam é contigo.
LAKATOS, I. O Falseamento e a Metodologia dos Programas de Pesquisa Científica. In:
I. Lakatos; A Musgrave (Org.). A Crítica e o Desenvolvimento do Conhecimento. São Paulo:
Cultrix, EDUSP, p. 109-243. 1979.