Mais que o banho de formol, outros métodos de preservação, como o embalsamamento, são dominados por ordens religiosas há séculos. Os capuchinhos de Palermo, por exemplo, prestaram serviços de mumificação à elite siciliana durante mais de 300 anos. Nas catacumbas do convento dos franciscanos há ainda hoje 6.000 múmias produzidas com a aplicação de arsênico. Muitos dos corpos dos santos venerados pelos católicos apresentam sinais e características de preservação compatíveis com processos semelhantes.
"Não se faz segredo de que ocorre embalsamamento dentro da Igreja", diz o padre Zeno Hastenteufel, especialista em história do Vaticano e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Na Igreja, os casos de corpos incorruptos eram exibidos como um sinal de pureza da alma. O Vaticano agora está mais cuidadoso. Faz bem. Em Moscou, o ex-chefão Lenin está embalsamado e perfeito há mais de setenta anos em sua urna de cristal na Praça Vermelha. Em Pequim, o camarada Mao Tsé-tung também descansa sob o vidro, à vista das multidões.
Podem ter sido guias geniais dos povos. Mas de santo não tinham nada.