Tópico: Gêmeas branca e negra

[Buckaroo Banzai]

Esse episódio do radiolab aborda o tema e esse caso que mencionei:

http://www.radiolab.org/2008/dec/15/race-doesnt-exist-or-does-it/


Achei surpreendente a perspectiva dele. Ele diz que o fez repensar as coisas, que viveu toda sua vida "supondo ser negro", e se pergunta se teria tomado as mesmas decisões, como ir para uma escola de maioria negra, ou casar com sua primeira esposa (negra), se soubesse que "na verdade" não é negro. Também imagina se teria sido tão problemático se casar com a segunda esposa (judia) se soubesse que ele "não é" negro.

Acho que uma das maiores vantagens de se ser "branco" é que esse tipo de coisa simplesmente não faria sentido algum. Não consigo imaginar o que eu iria repensar esse tipo de coisa se em vez de principalmente íbero-descendente com o que mais eventualmente possa ter, fosse significativamente mais africano, índio, ou asiático. No máximo talvez já tivesse experimentado sushi, e olhe lá.

"Eu vou pela cor da pele. Se eu disser que sou 67% europeu, nego vai achar que estou de gozação", disse o músico carioca, pai de dois filhos.

[Geotecton]

"Eu vou pela cor da pele. Se eu disser que sou 67% europeu, nego vai achar que estou de gozação", disse o músico carioca, pai de dois filhos.

Mas, no caso dele, é quase um dilema. 

[Buckaroo Banzai]

Me pergunto se essa notícia teria suscitado repercussões nas piadas do Jô Soares quanto ao Bira ser dinamarquês.

[gogorongon]

Há uns tempos atrás também rolou o maior bafafá porque o Neguinho da Beija Flor teria mais genes europeus que africanos: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/05/070424_dna_neguinho_cg.shtml

Pergunta cretina: Algo assim não deveria desclassificar candidatos a cotas para afrodescendentes?

E se uma pessoa de pele clara tiver ao menos 50% de genes africanos, isso também não deveria servir para garantir a ela o direito a essas cotas?

[Derfel]

Há uns tempos atrás também rolou o maior bafafá porque o Neguinho da Beija Flor teria mais genes europeus que africanos: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/05/070424_dna_neguinho_cg.shtml

Pergunta cretina: Algo assim não deveria desclassificar candidatos a cotas para afrodescendentes?

E se uma pessoa de pele clara tiver ao menos 50% de genes africanos, isso também não deveria servir para garantir a ela o direito a essas cotas?

Não, porque normalmente eles não sabem o que é genética.

[Buckaroo Banzai]

A pergunta do Gorgoron me lembrou uma capa da Veja, duma matéria que provavlemente nem li:



Acho que a motivação/raciocínio por trás da justificativa racial é genealógica, mas não genética. Isso é, presume-se ser descendente de escravos, logo afetado sócio-economicamente pelas conseqüências disso (ou seja, é pobre). Isso independeria de, no fima das contas,  acabar tendo mais genes "de branco" do que de negro (os do fenótipo inclusive).

Mas o foco/critério deveria ser mesmo apenas ou principalmente a condição sócio-econômica.

[Buckaroo Banzai]

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/877676-dna-de-negros-e-pardos-do-brasil-e-60-a-80-europeu.shtml

[Nina]

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/877676-dna-de-negros-e-pardos-do-brasil-e-60-a-80-europeu.shtml

Queria ver como explicam as cotas de posse destes dados...

[Buckaroo Banzai]

O "fluxo de genes" não implicou num "fluxo financeiro" entre as populações, daí ainda vêem as cotas como necessárias, ainda que o critério seja tosco. Não é uma questão literalmente de "pureza racial".

[Sr. Alguém]

Algo que achei interessante, numa materia relacionada:

Romance X violência

O historiador Manolo Florentino, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), reconhece o desequilíbrio sexual destacado por Pena e acrescenta que, entre os portugueses que vinham para o Brasil, a proporção era de oito ou nove homens para cada mulher.

Por outro lado, Florentino refuta a idéia de que grande parte do povo brasileiro tem origem num relacionamento forçado entre o colonizador e a índia ou a escrava.

"A miscigenação brasileira tem muito mais a ver com o português pobre que interage matrimonialmente e sexualmente com as mulheres negras do que propriamente com homens de elite mantendo relações sexuais com mulheres pobres negras escravizadas", afirma o historiador.

Seu argumento é que a maior parte dos portugueses que vinha para cá era de pobres aventureiros que saíam do norte de Portugal e, ao chegar aqui, geralmente sem família, se relacionavam com as índias e africanas.

"É muito mais uma história que reúne pobres amantes de cores diferentes do que violência e estupro, como uma certa vertente quer fazer passar."

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/05/070326_dna_estudo_pena_cg.shtml

Alguns historiadores revisionistas defendem que a miscigenação no Brasil foi majoritariamente violenta.

[Geotecton]

[...]
Alguns historiadores revisionistas defendem que a miscigenação no Brasil foi majoritariamente violenta.

Não sou historiador, mas sempre achei uma lorota todas as narrativas de miscigenação em ambiente de amizade ou, pelo menos, de tolerância.

[Sr. Alguém]

Obviamente houve violencia mas em um nível menor do que supunham os revisionistas.E não só violencia de homens brancos contra índias e negras mas também de índios e quilombolas que sequestravam mulheres, brancas ou não.

[Geotecton]

Obviamente houve violencia mas em um nível menor do que supunham os revisionistas.E não só violencia de homens brancos contra índias e negras mas também de índios e quilombolas que sequestravam mulheres, brancas ou não.

Resumindo: Se não existiu o "ambiente tenebroso" relatado pelos revisionistas, tampouco existiu o "ambiente amistoso" pelos tradicionalistas.