"Os leitores de livros , uma família em que eu estava entrando sem saber ( sempre achamos que estamos sozinhos em cada descoberta e que cada experiência , da morte ao nascimento ,é aterrorizantemente única) , ampliam ou concentram uma função comum a todos nós. Ler as letras de uma página é apenas um dos seus múltiplos disfarces. O astrônomo lendo um mapa de estrelas que não existem mais ; o arquiteto japonês lendo a terra sobre a qual será erguida uma casa , de modo a protegê-la das forças malignas ; o zoólogo lendo os rastros de animais na floresta ; o jogador lendo os gestos do parceiro antes de lançar a carta vencedora; (...)
E , contudo , em cada caso é o leitor que lê o sentido ; é o leitor que confere a um objeto , lugar ou acontecimento uma certa legibilidade possível , ou que a reconhece neles ; é o leitor que deve atribuir significado a um sistema de signos e depois decifrá-lo. Todos lemos à nós e ao mundo à nossa volta para vislumbrar o que somos e onde estamos. lemos para compreender , ou para começar a compreender. Não podemos deixar de ler. Ler , quase como respirar , é nossa função essencial."
Uma História da Leitura 