Autor Tópico: Trecho do Pequeno Príncipe  (Lida 8807 vezes)

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Trecho do Pequeno Príncipe
« Online: 11 de Abril de 2005, 18:47:01 »
Quem nunca leu esse livro? Muito bacana.

O Pequeno Príncipe e a Raposa
Antoine de Saint-Exupéry


(...)

E foi então que apareceu a raposa:

- Bom dia, disse a raposa.

- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.

- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...

- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...

- Sou uma raposa, disse a raposa.

- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...

- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. não me cativaram ainda.

- Ah! desculpa, disse o principezinho.

Após uma reflexão, acrescentou:

- Que quer dizer "cativar"?

- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?

- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer "cativar"?

- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que fazem. Tu procuras galinhas?

- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?

- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."

- Criar laços?

- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...

- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra...

- Oh! não foi na Terra, disse o principezinho.

A raposa pareceu intrigada:

- Num outro planeta?

- Sim.

- Há caçadores nesse planeta?

- Não.

- Que bom! E galinhas?

- Também não.

- Nada é perfeito, suspirou a raposa.

Mas a raposa voltou à sua idéia.

- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.

O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...

A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:

- Por favor... cativa-me! disse ela.

- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.

- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!

- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.

- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...

No dia seguinte o principezinho voltou.

- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.

- Que é um rito? perguntou o principezinho.

- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!

Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:

- Ah! Eu vou chorar.

- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...

- Quis, disse a raposa.

- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.

- Vou, disse a raposa.

- Então, não sais lucrando nada!

- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.

Depois ela acrescentou:

- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.

Foi o principezinho rever as rosas:

- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela á agora única no mundo.

E as rosas estavam desapontadas.

- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.

E voltou, então, à raposa:

- Adeus, disse ele...

- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.

- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.

- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...

- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

(...)

Offline Jasig Aurumalfa

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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #1 Online: 11 de Abril de 2005, 19:02:55 »
Pequeno príncipe...
Porquê ele tinha que morrer?  
Ele se matou com aquela,
serpente.  :cry:
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Offline Atomic Garden

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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #2 Online: 11 de Abril de 2005, 22:28:09 »
Eu já devo ter lido esse livro uma dúzia de vezes.

É lindo.

Offline Osias

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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #3 Online: 12 de Abril de 2005, 08:16:16 »
eu gosto desse livro, estou relendo em Francês, mas cá pra nós, essa é a parte mais gay da história!

Até porque em Francês a raposa é "o" raposa. Vocês sabem, gênero masculindo.

Quanto ao final, interpreto como o filme K-PAX: Ele não veio de droga de planeta nenhum, ele inventou tudo na cabeça dele!

Offline Südenbauer

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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #4 Online: 12 de Abril de 2005, 12:31:01 »
AINDA NÃO LI. NÃO ME CONTEM SOBRE O LIVRO, POR FAVOR.  :(

Offline Osias

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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #5 Online: 12 de Abril de 2005, 12:43:03 »
é só nao entrar no tópico

Offline Atomic Garden

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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #6 Online: 12 de Abril de 2005, 12:59:38 »
E está esperando o quê?

Offline Südenbauer

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Re: Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #7 Online: 12 de Abril de 2005, 13:31:32 »
Citação de: osias
é só nao entrar no tópico

É o que estou fazendo.



ops...

Offline Jasig Aurumalfa

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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #8 Online: 12 de Abril de 2005, 18:17:23 »
Ele num podia morrer...  :cry:
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Offline Rodion

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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #9 Online: 13 de Abril de 2005, 10:52:49 »
porra jasig, eu não precisava saber que ele morre no final!  :x
tá tá. é bonito o trecho, vou ler esse livro algum dia.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Atomic Garden

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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #10 Online: 13 de Abril de 2005, 13:04:46 »
Hein?

Offline Jasig Aurumalfa

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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #11 Online: 13 de Abril de 2005, 19:30:31 »
Aurélio insensível...  :cry:
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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #12 Online: 14 de Abril de 2005, 12:59:08 »
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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #13 Online: 14 de Abril de 2005, 13:15:46 »
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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #14 Online: 14 de Abril de 2005, 13:41:59 »
Começei a ler e não gostei. Você leu?

Offline Südenbauer

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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #15 Online: 14 de Abril de 2005, 14:11:49 »
Li em duas horas, O Alquimista. Tenho amigos que adoram e que compram todos os livros de Paulo Coelho.  |(

Offline Jasig Aurumalfa

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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #16 Online: 14 de Abril de 2005, 14:57:00 »
O Pequeno Príncipe está a trocentos mols de anos luz na frente do Paulo Coelho...
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Offline Osias

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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #17 Online: 14 de Abril de 2005, 14:58:42 »
como é chique falar mal de Paulo Coelho!

Eu nunca vejo nenhum desses "entendidos" de literatura explicar nadinha de porque ele é ruim.

Offline Alenônimo

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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #18 Online: 14 de Abril de 2005, 15:16:45 »
Nunca li Paulo Coelho, mas pelo que me dizem, seus textos são carregados de esoterismo. Isso vende. Só.

Acho ele ruim pois não gosto de coisas esotéricas. Prefiro coisas místicas com aplicação em fantasias. Histórias à lá Tolkien por exemplo...
“A ciência não explica tudo. A religião não explica nada.”

Offline Südenbauer

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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #19 Online: 14 de Abril de 2005, 15:25:16 »
Citação de: osias
Eu nunca vejo nenhum desses "entendidos" de literatura explicar nadinha de porque ele é ruim.

Eu  não entendo nada de Literatura. Odeio os seus livros porque são patéticos, cheios de ignorância e feitos para o senso-comum. E eu não gosto da pessoa do Paulo Coelho por outros diversos motivos que prefiro não comentar.

Poindexter

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Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #20 Online: 14 de Abril de 2005, 15:52:45 »
Pelo que ouço falar de P. Coelho e, pelo que li do Peq. Príncipe neste tópico, os dois são horríveis.

Poindexter

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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #21 Online: 14 de Abril de 2005, 15:55:45 »
Literaratura: você passa o mesmo texto para dois "sábios" do assunto e obtém três versões diferentes do que "o autor quis dizer".

Não considero a literatura como sendo campo do Conhecimento Humano.

Offline Rodion

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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #22 Online: 14 de Abril de 2005, 19:00:52 »
mentecaptos é apelar, hein?
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Jasig Aurumalfa

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Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #23 Online: 14 de Abril de 2005, 20:11:44 »
Poindexter, Pequeno Príncipe é ótimo, tem um fundo ideológico, filosófico e político...
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Offline n/a

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Re: Re.: Trecho do Pequeno Príncipe
« Resposta #24 Online: 14 de Abril de 2005, 20:20:59 »
Citação de: Poindexter
Literaratura: você passa o mesmo texto para dois "sábios" do assunto e obtém três versões diferentes do que "o autor quis dizer".

Não considero a literatura como sendo campo do Conhecimento Humano.


literatura
s. f. 1. Arte de compor escritos, em prosa ou em verso, de acordo com princípios teóricos ou práticos. 2. O exercício dessa arte ou da eloqüência e poesia. 3. O conjunto das obras literárias de um agregado social, ou em dada linguagem, ou referidas a determinado assunto: Literatura infantil, literatura científica, literatura de propaganda ou publicitária. 4. A história das obras literárias do espírito humano. 5. O conjunto dos homens distintos nas letras. ? L. de cordel: a de pouco valor literário, como a das brochuras penduradas em cordel nas bancas dos jornaleiros. L. de ficção: o romance e o conto (também se diz simplesmente ficção). L. oral: conjunto de manifestações culturais transmitidas oralmente.

Não confunda a literatura com os críticos literários.

 

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