Nos últimos dias tenho lido algo a respeito da eutanásia; confesso que me surpreendi com os calorosos debates que são feitos sobre sua descriminalização ou não (no Brasil ela é crime e em quase todos os países do mundo também), pois acreditava que ela era apenas uma questão de "bom senso" :parede2:, uma vez que me parecia óbvio demais matar um doente terminal com pífias chances de cura (para muitos sem cura) e vultosos sofrimentos. Li apenas de maneira superficial, suficiente apenas para me introduzir no assunto, mas mesmo assim deu para ficar um pouco mais informado a respeito. Gostaria que vocês, colegas foristas, me auxiliassem a refinar meu ponto de vista com suas opiniões, e também fomentar o debate aqui no Clube Cético, uma vez que já estão ocorrendo em vários locais, e me parece proveitoso.
Sobre a eutanásia, sou favorável, porém há ressalvas a fazer, uma vez que é algo deveras delicado, onde há um doente em péssimo estado e em muitos casos uma família desesperada :cry:. Para mim,
estando o doente com consciêcia, e caso queira morrer, sua vontade deve ser respeitada, uma vez que a vida é sua (por tal razão, sou também favorável ao suicídio assistido); essa é a eutanásia voluntária. Mesmo nesses casos, muitos se relutam em aceitar a legalização, uma vez que há uma ética na medicina em que o profissional desta área deve sempre lutar pela vida, mesmo nas piores circunstâncias; por outro lado há também a tradição cristã (fortíssima inclusive em nosso Estado leigo) que prega ser a vida, mesmo a mais desgraçada e miserável, como uma graça do criador, portanto seria a eutanásia, de qualquer forma, um crime contra Deus (para mim é ridículo esse ponto de vista, mas não quero estender demais esse texto comentando isto.)
As coisas realmente ficam complicadas quando está o enfermo inconsciente, ou é julgado sem chances de cura pela nossa medicina; sabemos que, apesar de muito eficiente, ela ainda falha e pode matar alguém em estado de coma, por exemplo, que talvez se recuperasse, mesmo sendo julgado seu quadro como irreversível. Então, como fica? E quanto a pacientes terminais onde a família é contra a eutanásia e o doente não pode falar a respeito? Seria justo deixá-lo sofrer bastante por causa dos parentes que desejam estar do lado do moribundo mais uma semana apenas, por exemplo, ou por serem religiosos e temerem castigos de Deus? Esse resquício de vida não vale a pena, e a morte ocorrerá de qualquer maneira, não?

Por outro lado é correcto arrebatar o doente de seus desesperados familiares que desejam estar com ele mais alguns momentos? Fico confuso nesse ponto.
Outro problema que vejo seria a utilização da eutanásia para exterminar doentes pobres em estado grave, que possuiam chances de se recuperar, mas estavam ocupando leitos de hospitais públicos (não que isso inexista com a proibição, mas poderia potenciar um crescimento de tal prática criminosa).
Quanto à eutanásia involuntária, ou seja, aquela feita contra a vontade do doente, sou contra, mesmo que ele se mantenha vivo apenas por medo do inferno, por exemplo; para mim, mesmo em estado crítico, ele tem direito sobre a própria vida e deve arcar com as conseqüências de suas escolhas. (para mim isso semelharia um assassinato).
Não desejo aprofundar mais no assunto por enquanto, porque há o risco de que fique meu texto ainda cansativo e cause apenas tédio aos foristas e cólera aos moderadores

. Portanto fica desta forma mesmo. Que vós achais?