Estou puto com a Veja, eles fizeram uma edição histórica dedicada a João Paulo II. Eis que eu estava lendo a edição especial, quando me surge um infeliz trecho:
“A última imagem de João Paulo II, registrada poucos dias antes de sua morte, é de uma pungência capaz de emocionar o mais duro coração ateu: mostra papa à janela de seu apartamento privado, com uma expressão de dor...”
Vou escrever à Veja:
Venho através desse e-mail criticar um trecho da Edição Histórica da revista Veja sobre o papa João Paulo II. No texto do editor Mário Sabino, ele faz uma infeliz menção às emoções de uma pessoa atéia: “A última imagem de João Paulo II, registrada poucos dias antes de sua morte, é de uma pungência capaz de emocionar o mais duro coração ateu...”.
Eu como ateu, me senti de certa forma ofendido com essa frase de Sabino. Gosto muito da leitura da Veja, mas me dói o meu “coração duro” ao ler algo de tamanha ofensa e falta de conhecimento. Ateísmo é a descrença na existência de Deus. Essa definição não tem nenhuma ligação com o grau emotivo de uma pessoa. Um ateu é quem não acredita em Deus, não é quem tem coração duro. Uma pessoa pode muito bem ser atéia e ser uma ótima pessoa, a moralidade não necessita de crença religiosa, vide Buda. Comentário muito infeliz do editor da Veja, espero que levem em consideração essa mensagem de que um ateu não é necessariamente uma pessoa imoral. Um exemplo sou eu mesmo, ás vezes me impressiono em como sou mais cristão do que muitas pessoas que rezam todas as noites e vão á missa todos os domingos em nome de Cristo. Certa vez perguntaram ao escritor português, ganhador do Prêmio Nobel, José Saramago, como um ateu como ele podia ser tão bom. Ele simplesmente respondeu, eu é que não entendo em como uma pessoa que acredita em um Deus bom pode ser tão má.
Lembrem-se disto, ser ateu, não significa não ser emotivo ou ser imoral, só significa não acreditar em deus, e não é por causa disso que uma pessoa tem de ser má. Hitler era uma pessoa de coração duro que acreditava em Deus.
É com grande pesar que mando essa mensagem à revista Veja por um descuidado tão penoso, uma frase muito preconceituosa, coisa que uma das maiores revistas do país deveria evitar.
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Críticas e reconstruções de meu texto são bem vindas.