Autor Tópico: A fronteira do Universo  (Lida 770 vezes)

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Offline Oliver

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A fronteira do Universo
« Online: 28 de Maio de 2006, 12:31:01 »
Einstein mostrou que um Universo estático e esférico era possível, mas logo viu que era instável

"A ciência é uma narrativa sempre em evolução. Novas descobertas são feitas, idéias e teorias são propostas na medida em que avanços tecnológicos e conceituais vão surgindo. É por isso que o conceito de "verdade científica" deve ser visto com muito cuidado: o que parece ser verdade hoje pode não sê-lo amanhã.
Um excelente exemplo disso é a concepção espacial do cosmo. Na Grécia Antiga, Aristóteles propôs um cosmo finito, fechado: a Terra, imóvel no centro, cercada de esferas concêntricas, cada uma carregando um objeto celeste diferente. Não existia um "lado de fora": o cosmo era apenas aquilo. Na medida em que as esferas giravam, giravam também os objetos celestes.
Na Idade Média, a Igreja adotou o esquema de Aristóteles, equacionando a "Primum Mobile" com a morada de Deus, que dirigia o cosmo de sua fronteira. A diferença mais importante é que, enquanto o cosmo aristotélico era eterno, o cosmo cristão medieval havia sido criado no passado.
Apenas no final do século 17, Isaac Newton modificou o esquema, propondo que o cosmo fosse infinito. A partir de então, o cosmo fechado abriu-se, tornando-se cada vez maior e mais exótico, repleto de objetos que só podem ser vistos por telescópios, como galáxias, nebulosas e novos planetas, como Urano, Netuno e Plutão.
Mas foi no século 20 que a grande revolução cosmológica mudou de vez nossa concepção cósmica: em 1917, Einstein aplicou sua nova teoria da relatividade, que equaciona a geometria do espaço com a matéria que o preenche, ao Universo como um todo. Com isso, foi o primeiro a obter, matematicamente, a geometria do cosmo. Mostrou que um Universo estático e esférico era possível, mas logo viu que era instável. A seguir, na década de 1920, descobertas astronômicas demonstraram que o Universo está em expansão constante: as galáxias afastando-se cada vez mais. O cosmo passa a ser plástico, passa a ter uma história: se as galáxias se afastam, no passado estavam mais próximas.
Hoje sabemos que a expansão começou há 14 bilhões de anos. Isso levanta uma questão: o que existe, então, do "lado de fora" do Universo?
A fronteira do Universo visível é determinada pela distância que a luz viajou em 14 bilhões de anos, 14 bilhões de anos-luz. Do lado de fora existe apenas mais Universo: mais galáxias, estrelas, nebulosas. Como escreveu o físico Freeman Dyson, o Universo é infinito em todas as direções.


Fonte: Folha Ciencia/MARCELO GLEISER

Offline HSette

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Re: A fronteira do Universo
« Resposta #1 Online: 28 de Maio de 2006, 12:52:29 »
Não faz sentido, em termos físicos, falar-se em "do lado de fora". O conceito de Universo é tudo que existe, incluindo o próprio tecido espaço-temporal, toda a energia, e toda a matéria.
Mesmo que uma região não mais esteja em contato causal com a Terra, essa região continua sendo parte do Universo (a expansão do espaço faz com que algumas regiões estejam se afastando de nós a velocidades superluminais e isso faz com que nenhuma informação possa ser trocada. É importante frisar que essa velocidade superluminal é decorrente da expansão, e não movimento próprio, não entrando então em contradição com a Relatividade Geral).

Além disso, pelo Princípio Cosmológico, o Universo é isotrópico em larga escala. Assim, o que está além do nosso horizonte visível deve ter as mesmas configurações do que percebemos. E os dados da medição da Radiação Cósmica de Fundo apontam nesse sentido.
Há um Tópico a respeito: ../forum/topic=5415.0.html

Ainda sobre essa questão, ela é, a meu ver, uma das mais fascinantes.

Adquiri semana passada o livro do Brian Greene, O Tecido do Cosmo.
Foi uma ótima aquisição. Recomendo a leitura a todos.


Tomo a liberdade de reproduzir um trecho, pertinente ao tema. A descrição é bastante interessante, e dá o que pensar:

...a idéia de um espaço infinito é bem mais do que apenas acadêmica.
...há evidências crescentes de que a forma global do espaço é plana, e a forma plana e infinita para o espaço é a candidata número um para a estrutura em grande escala do espaço-tempo.
Normalmente imaginamos que o Universo começou como um ponto, em que não há espaço nem tempo exterior. Então, por causa de algum tipo de erupção, o espaço e o tempo desdobraram-se a partir da sua forma compactas e o Universo expandiu-se.
Mas se o espaço for espacialmente infinito, já haveria um espaço infinito no momento do Big-Bang. Nesse momento inicial, a densidade da energia foi ao máximo e a temperatura alcançou um nível incomparavelmente alto, no entanto essas condições extremas existiriam em todos os lugares, e não apenas em um ponto.
... como se tivesse havido muitos Big-Bangs, um em cada ponto de uma extensão espacial infinita.
Depois disso, o espaço inflou-se, mas o seu tamanho global não aumentou, uma vez que algo infinito não pode ser ainda maior. O que aumentou foi a separação métrica entre os objetos como as galáxias (depois que se formaram).

"Eu sei que o Homem Invisível está aqui!"
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Chaves

Offline Oliver

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Re: A fronteira do Universo
« Resposta #2 Online: 28 de Maio de 2006, 19:04:45 »

Além disso, pelo Princípio Cosmológico, o Universo é isotrópico em larga escala. Assim, o que está além do nosso horizonte visível deve ter as mesmas configurações do que percebemos. E os dados da medição da Radiação Cósmica de Fundo apontam nesse sentido.

Além disso, pelo Princípio Cosmológico, o Universo é isotrópico em larga escala. Assim, o que está além do nosso horizonte visível deve ter as mesmas configurações do que percebemos. E os dados da medição da Radiação Cósmica de Fundo apontam nesse sentido.

Só nos resta mesmo medir a energia dos raios cosmicos (particulas subatomicas de alta energia de origem desconhecida)...no futuro, quem sabe, será possivel detectar particulas ressonantes de baixa energia da supercorda...

Tarcísio

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Re: A fronteira do Universo
« Resposta #3 Online: 28 de Maio de 2006, 19:15:42 »
Posso dizer a verdade?

Já li sobre cordas unidimensionais, universo em expansão e suas provas, mas tenho pra mim que as representações do espaço estão muito erradas. Não tenho argumentos contra os conhecimentos considerados corretos, nem a meu favor, mas não entra na minha cabeça essa massa toda dispersa e se dispersando.

Vou ler mais sobre a massa restante do universo pra ver se mudo de opnião, mas estou me tornando um infiel :D.

Offline Hold the Door

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Re: A fronteira do Universo
« Resposta #4 Online: 28 de Maio de 2006, 21:45:18 »
Há um tópico em algum lugar da área ciência discutindo sobre a finitude ou infinitude do universo e sua topologia. Para quem se interessa sobre o assunto, vale a pena dar uma lida.
Hold the door! Hold the door! Ho the door! Ho d-door! Ho door! Hodoor! Hodor! Hodor! Hodor... Hodor...

Offline Steady State

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Re: A fronteira do Universo
« Resposta #5 Online: 15 de Junho de 2006, 19:03:25 »
ola

mas a expansão já é considerada uma verdade cientifica incontestavel?se a ciencia continuar assim logo vai descobrir toda a natureza do cosmo.

Offline Steady State

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Re: A fronteira do Universo
« Resposta #6 Online: 15 de Junho de 2006, 19:04:46 »

mas a expansão já não é considerada uma verdade cientifica incontestavel?se a ciencia continuar assim logo vai descobrir toda a natureza do cosmo.

Offline HSette

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Re: A fronteira do Universo
« Resposta #7 Online: 15 de Junho de 2006, 19:53:59 »
A idéia é essa!

A propósito, veja: ../forum/topic=6566.new
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Chaves

Offline Buckaroo Banzai

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Re: A fronteira do Universo
« Resposta #8 Online: 15 de Junho de 2006, 21:47:07 »
Não faz sentido, em termos físicos, falar-se em "do lado de fora". O conceito de Universo é tudo que existe, incluindo o próprio tecido espaço-temporal, toda a energia, e toda a matéria.

É o que eu acho; uma pequena exceção seria nessas idéias de "multiverso", em que existiriam universos incomunicáveis (talvez com leis físicas diferentes?), separados por sei lá o quê. Se esses universos todos de fato existissem... talvez tenha algum sentido falar em "fora do universo", seja lá o que isso venha a ser exatamente, mas ainda não seria fora do multiverso, que acaba sendo só uma palavra para universo na acepção tradicional...

acho...

 

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