Esse problema meu é médico e não teológico. Se uma criança nasce com problemas no fígado ou faltando uma perna ninguém diz que "Deus errou". Tentar curar uma criança que nasceu com algum problema de má-formação não é desafiar a Deus.
Se eu nasci com cérebro de mulher mas corpo de homem, é a mesma coisa. Não há tratamento para corrigir o cérebro, talvez nunca exista, e se existisse eu não sei se o aceitaria. Então corrige-se o corpo. Isso é uma questão congênita, não moral, espiritual nem nada.
Certo, você encara como uma disfunção (sempre bom tomar cuidado com estas alegações, para não dar motivo para discriminações ou preconceitos ainda maiores). Acho esta uma questão mais complicada do que um problema no fígado. Se é um problema, uma disfunção, ela pode ser tratada por outros meios. Não é possível fazer uma cirurgia no cérebro e arrumar, mas algum medicamento além de acompanhamento por psicólogo e psiquiatra talvez sejam mais indicados, principalmente se você é XY. Se você é XY, seu "problema" realmente é comportamental. Em geral, quem acredita no deus cristão, acredita em alma, e acredita que todo comportamento humano é da alma. Em geral também acreditam que Deus coloca a alma no corpo que ele quiser, ou não? Assim, Deus colocou a alma com comportamento feminio em um corpo masculino. Ele não errou? Mudar cérebro (comportamento, se fosse ou for possível) ou corpo, não é ir contra uma vontade divina?
De qualquer forma, acho interessante este ponto de vista.
Quanto a perguntar o pastor, o pastor é meu pai (literalmente falando... pai biológico... marido a minha mãe... mãe biológica... pegou?) e eu conheço o suficiente pra prever a resposta e a expressão facil que ele fará dizendo "mudar o nome... não muda nada!"
Certo. Seu pai é dos poucos pastores que teriam esta atitude.
Agora, a questão não é simplesmente mudar o nome. A proposta da mudança no nome vem justamente do fato de que há muito mais semelhança entre um chimpanzé e um ser humano do que se imaginava. É nos colocar definitivamente ao lado dos chimpanzés, não superiores a eles.
Uma coisa é aceitar a mudança no nome. Outra é aceitar o posicionamento. E quanto a isso, o que seu pai acha?