Tive essas matérias e não aprendi nada de útil nelas, a não ser curiosidades sobre o que é que cada pensador pensava. Senso cítico mesmo eu aprendi a ter foi nas aulas de História e Geografia, mas não foi porque meus professores ensinaram isso, foi porque eles falavam tanta idiotice anti-capitalista, inventavam tantas crueldades perpetradas pela "direita", eles faziam parecer as coisas tão simples que em pouco tempo eu aprendi a duvidar de tudo que os meus professores falavam. Se eles diziam uma coisa eu presumia que o certo provavelmente era o contrário...
Adolescentes em idade colegial são muito manipuláveis à doutrinação imposta por seus professores. Eu que fiz colegial no auge dos debates sobre as privatizações e fui forçado a engolir muita abobrinha. Meus professores falavam sobre o assunto de forma extremamente maniqueísta, não apontavam nenhuma possível virtude que justificasse o desejo do governo de realizá-las; a conclusão que eu tinha era de que ou o FHC era muito burro (afinal, até meus professores licensiados pela UESB sabiam mais do que ele, que tinha PhD na França) ou então ele estava passando a mão no dinheiro das privatizações e achava que as pessoas eram tão estúpidas que não iam perceber isso - sendo que até um reles aluno da oitava série como eu podia descobrir isso facilmente, ajudado por seus professores...
Por essas e outras é que eu acho que nem filosofia e nem sociologia, a matéria que deveria ser obrigatória no ensino médio é economia. É um absurdo que a cada quatro anos milhões de novos eleitores apareçam na cena eleitoral alienados do principal debate político travado entre os candidatos antagonistas. É um absurdo que assistamos à propaganda eleitoral sem sabermos direito o que é inflação, o que são juros, o que é dívida externa, o que é dívida interna, quais são os impostos que pagamos, quais são as causas do desemprego, porque há tanta concentração de renda no Brasil... Sem esses conhecimentos ficamos à mercê de candidatos aproveitadores e com más intenções! Os exemplos não são poucos:
- Em 2002, em resposta à proposta de José Serra de gerar 8 milhões de empregos, Lula, sem dar explicações sobre com faria isso, prometeu gerar 10 milhões de empregos.
- Em 2002 Anthony Garotinho, sem explicar com que dinheiro, prometeu aumentar o salário mínimoo para 400 reais, mandando uma banana para o déficit da previdência. No mesmo ano a principal proposta do PCO era aumentar o salário mínimo para increditáveis 1500 reais.
- Para 2006 a candidata Heloísa Helena já prometeu que vai baixar os juros por decreto. Muito oportunista, já que a mídia tem transformado o juros nos vilões do baixo crescimento brasileiro, sem explicar, porém, que as coisas não são tão simples assim.
Além de defesa contra políticos opiortunistas, o conhecimento de economia é útil para candidatos aos cursos de administração, economia e até engenharia, que respondem por larga parcela dos vestibulandos. Poderia inclusive ser cobrada como matéria específica para o vestibular.