Autor Tópico: A Indigência do Ensino Básico  (Lida 1684 vezes)

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Offline Eleitor de Mário Oliveira

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A Indigência do Ensino Básico
« Online: 11 de Julho de 2006, 11:09:55 »
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=38961

A indigência do ensino básico, editorial de “O Estado de SP”

Aplicada a 3, 3 milhões de alunos em todo o país, a Prova Brasil, um dos mais importantes mecanismos de avaliação do ensino básico, mostrou que o sistema educacional continua sendo incapaz de formar as novas gerações com um mínimo de eficiência.

As provas foram realizadas em novembro de 2005 em 40.920 escolas públicas urbanas de 5.398 municípios, e os resultados, que acabam de ser divulgados pelo Ministério da Educação, revelam que a grande maioria dos estudantes de 4ª e 8ª série exibe aproveitamento pior do que pífio.

A pontuação alcançada pelas escolas não foi considerada "adequada" em nenhum dos itens avaliados, conforme escalas definidas pelo MEC ("muito crítico", "crítico", "intermediário" e "adequado").

Em português, os alunos tiveram um rendimento classificado como "crítico" e "muito crítico" no exame que analisa a capacidade de ler e compreender um texto.

Na 4ª série, a maioria dos estudantes não consegue entender histórias em quadrinhos mais complexas nem identificar o tema da narrativa. Na 8ª série, eles têm dificuldade para distinguir o sentido metafórico do sentido literal de uma expressão, não sabem localizar informações que expressem sentimentos e opiniões e não conseguem identificar as intenções do autor.

Em matemática, embora a média nacional tenha ficado um pouco acima da de português, situando-se no nível "intermediário", em 16 Estados a maioria esmagadora dos alunos foi reprovada.

Quase todos esses Estados se localizam nas Regiões Norte e Nordeste.

Os estudantes da 4ª série mostraram-se incapazes de ler as horas em relógios de ponteiros e de realizar divisões simples ou multiplicações com números de dois algarismos.

Os alunos da 8ª série não conseguiram trabalhar com porcentagens, não souberam fazer cálculo de conversão de medidas, como de tempo, comprimento ou capacidade, e se revelaram incapazes de trabalhar com frações sem o apoio de figuras.

Concebido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), com apoio dos Estados e municípios, a Prova Brasil expandiu os exames que vinham sendo realizados desde 1995 pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

Mas, enquanto o Saeb é feito por amostragem e envolve a rede privada e as escolas rurais, a Prova Brasil é um exame obrigatório circunscrito às escolas públicas urbanas com mais de 30 alunos.

Por isso, o MEC reconhece que a comparação entre os dois sistemas de avaliação tem de ser feita com ressalvas.

A novidade da Prova Brasil é que ela fornece ao MEC dados sobre o desempenho de cada estabelecimento avaliado, com a distribuição porcentual de alunos e a média obtida nas duas matérias, permitindo dessa maneira a comparação de escola por escola, município por município e Estado por Estado.

Enquanto o Saeb consiste numa macroavaliação do ensino básico, a Prova Brasil oferece às secretarias estaduais e municipais de Educação dados estatísticos que lhes permitam fixar metas de desempenho, estabelecer prioridades de recursos técnicos e financeiros, identificar as necessidades de treinamento de professores, dar tratamento diferenciado às escolas sob sua responsabilidade direta e atender às expectativas das suas comunidades.

Graças a esse aperfeiçoamento dos mecanismos de avaliação do ensino básico, é possível identificar os erros cometidos pelo atual governo, em matéria de política educacional.

Em vez de perder tempo com um demagógico projeto de reforma do ensino superior, que impõe o sistema de cotas para alunos oriundos de escolas públicas, concede representação a sindicatos e movimentos sociais nos órgãos colegiados das instituições de ensino superior e aumenta em R$ 2 bilhões ao ano o orçamento das Universidades federais, sem condicionar a concessão desses recursos a processos de avaliação, o governo deveria ter enfrentado o desafio da revolução qualitativa do ensino básico.

Por seus efeitos distributivos, esse nível de ensino é decisivo para a emancipação social, econômica e cultural das novas gerações e para que o país produza o capital humano de que necessita para crescer.

Infelizmente, como os resultados da Prova Brasil deixam claro, o governo não se conscientizou de que esse é o único caminho para a redução da pobreza e das desigualdades sociais.
(O Estado de SP, 8/7)


Offline Rodion

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #1 Online: 11 de Julho de 2006, 14:14:44 »
engana-se quem pensa que o problema é só com o ensino público...
não consigo ver onde está o problema...
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline n/a

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #2 Online: 11 de Julho de 2006, 19:02:50 »
:brasil:

Offline uiliníli

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #3 Online: 11 de Julho de 2006, 22:17:09 »
Indigência do ensino básico? Estou experimentando a indigência do ensino superior. Estou no terceiro ano de faculdade, não aprendi quase nada e resisto bravamente, porém não sei por quanto tempo, às tentativas dos déspotas dos meus professores de assassinarem a minha criatividade e minha força de vontade. Não vejo a hora de isso tudo acabar, pegar meu diploma e escondê-lo em algum lugar bem frio e escuro. Que o futuro seja melhor, em algum lugar onde me deixem pensar antes de enfiarem toneladas de informação goela abaixo.

Offline n/a

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #4 Online: 12 de Julho de 2006, 01:19:16 »
Não aprendeu quase nada?

Como gostaria que os professores fossem?

Offline uiliníli

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #5 Online: 12 de Julho de 2006, 01:36:40 »
Bom, meu post foi mais um desabafo. A universidade nos sobrecarrega tanto de conteúdo, atividades, relatórios, provas e ainda por cima nós alunos ainda temos a audácia de em meio a isso tudo querermos manter uma vida social também que acaba não havendo tempo para pensar, para ter idéias, para imaginar como fazer as coisas de outro jeito... Os professores são muito inflexíveis, tem que cumprir a sua programação, ministrar o seu conteúdo, mas onde encontramos tempo para refletir de onde as coisas vieram ou como elas poderiam ser melhores?

Além do mais, é praicamente impossível um estudante acumular 100% do conteúdo das aulas ministradas, e mesmo que acumule, dificilmente vai reter. Aí os semestres vão passando, as lacunas de conhecimento vão atrapalhando as disciplinas posteriores, e mais lacunas vão se abrindo. A gente só aprende o que a gente usa constantemente, aí me ensinam no terceiro semestre um conceito que só vai me ser importante no sexto semestre, e aí quando eu chego lá eu já equeci.

Estou muito chateado. Mas tenho esperanças de aprender alguma coisa de verdade na iniciação científica e numa futura pós graduação, porque a graduação cada vez mais eu vejo que não vale nada.

Offline n/a

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #6 Online: 12 de Julho de 2006, 01:43:52 »
Esse sentimento é geral entre os seus colegas?

Offline Rodion

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #7 Online: 12 de Julho de 2006, 08:57:38 »
é compartilhado por mim também, ricardo...
tive só meio ano de aula e não sinto ter aprendido muito. e tenho a impressão de ver muito conhecimento inútil sendo difundido também...
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Offline uiliníli

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #8 Online: 12 de Julho de 2006, 12:01:05 »
Esse sentimento é geral entre os seus colegas?

Não. Os graus de desespero diferem de pessoa para pessoa. Os que restaram no curso, como eu, concordam que é mais por teimosia e por saber que é mais fácil mexer na grade do curso, que é bem flexível, do que mudar para outro a essa altura do campeonato. Semestre que vem acabam a maioria das matérias de Física obrigatórias ao meu curso e a partir daí eu vou ver se dou uma ênfase em Engenharia Química ou Engenharia de Materiais. Sem contar que depois de conhecer o caso de um Engenheiro Cartográfico que virou Astrofísico e publicou três artigos em uma mesma edição da Nature eu me convenci de que tudo é possível, então já estou pensando em conseguir uma pós legal. Aeronáutica, por exemplo é uma boa pedida.

Offline Diegojaf

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #9 Online: 12 de Julho de 2006, 16:30:56 »
Você está em qual período?

Quando iniciei no curso, eu não entendia absolutamente nada do que o professor dizia... paradigma? Hermenêutica? Positivismo?

Meu vocabulário, que eu sempre acreditei ser mais extenso do que o da maioria se mostrou limitadíssimo, eu não entendia nada e comecei a pensar "meu, eu sou uma porta de tão burro"...

Mas eu tentei desesperadamente acompanhar a sala... fui passando nas matérias e quando cheguei no 3º período, consegui um estágio e o mundo virou outro... Tudo começou a fazer sentido e as palavras que eu não entendia no 1º período começaram a pipocar na minha cabeça, mas agora com um significado... por isso eu acredito que o que faz a diferença é a união da prática com a teoria...

Agora, quanto a vida social... você não pode ter tudo... é chato, mas eu fico sem ver meus amigos algumas vezes por 3 semanas seguidas... preciso conciliar estudo e trabalho e isso não é nem um pouco fácil... Não quero ser um daqueles manés que formam "no corredor"... só vão pra facul pra combinar a próxima balada e depois arrumam um emprego no escritório do pai... Já vi caras assim no 7º, 8º período... é deprimente...:?

Tem um amigo meu que faz Eng. de Controle e Automação... o cara não tem vida... ele tá envolvido em um Proj. de Inic. Científica, estuda de manhã e à noite fica na frente do pc fazendo cálculos (:eca:)... Durante as aulas, a gente nem houve falar dele, ele não sai com a gente, não se diverte... a gente zoa, mas sabe que o cara quer ser o melhor no que faz e por isso não podemos ficar putos com esse abandono em período acadêmico...

Foda de exatas pra mim é isso... o cara raramente tem tempo ou oportunidade de estagiar na área de interesse... tem que esperar pela pós-graduação...

E de preferência na Alemanha... :lol:
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #10 Online: 12 de Julho de 2006, 16:57:05 »
Esse sentimento é geral entre os seus colegas?

Não. Os graus de desespero diferem de pessoa para pessoa. Os que restaram no curso, como eu, concordam que é mais por teimosia e por saber que é mais fácil mexer na grade do curso, que é bem flexível, do que mudar para outro a essa altura do campeonato. Semestre que vem acabam a maioria das matérias de Física obrigatórias ao meu curso e a partir daí eu vou ver se dou uma ênfase em Engenharia Química ou Engenharia de Materiais. Sem contar que depois de conhecer o caso de um Engenheiro Cartográfico que virou Astrofísico e publicou três artigos em uma mesma edição da Nature eu me convenci de que tudo é possível, então já estou pensando em conseguir uma pós legal. Aeronáutica, por exemplo é uma boa pedida.

Engenheiro cartográfico americano?

Algum tempo atrás, Gabriel, dei uma olhada, por curiosidade, na comunidade de Engenharia Física no Orkut. Nos tópicos antigos encontrei algumas mensagens suas de quando era calouro, fascinado pelo curso. Não imaginava que tinha mudado de visão quando ao prazer de estudar o que estuda. Mas deve ser normal, de qualquer forma...

Offline uiliníli

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #11 Online: 12 de Julho de 2006, 18:03:00 »
Três anos mudam muita coisa... Mas não acho que só a Engenharia Física tenha esse problema. Como convivo diariamente com os alunos da Física eu sei que eles passam pelas mesmas dificuldades. Os outros engenheiros sofrem poucas e boas também.

Offline Roberto

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #12 Online: 13 de Julho de 2006, 10:33:08 »
Estou muito chateado. Mas tenho esperanças de aprender alguma coisa de verdade na iniciação científica e numa futura pós graduação, porque a graduação cada vez mais eu vejo que não vale nada.

Gabriel, posso te dizer por experiência própria que o que vale a pena mesmo na graduação é a iniciação científica, desde que você seja orientado por um professor que realmente leve a sério o trabalho de pesquisa tocado pelo aluno. Foi o meu caso, felizmente, na Federal de Uberlândia: meu trabalho de IC, inclusive, resultou num artigo publicado na Physical Review B junho passado, e bem poderia ter me valido minha dissertação de mestrado aqui no Brasil se eu não estivesse indo pra Europa.

Como diria o Wanthuirson do Tabajara Futebol Clube, ouça a voz da experiência: escolha bem seu orientador de IC. Privilegie um cara produtivo (nunca deixe de dar uma boa olhada no Currículo Lattes dele) e se informe com ex-orientados pra saber se foram realmente ex-orientados ou "desorientados". Arranjar um orientador que vai te passar um monte de artigos pra ler e te abandonar, sem dar a mínima pro seu projeto, só vai te deixar ainda mais decepcionado com o curso.



Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Offline Roberto

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #13 Online: 13 de Julho de 2006, 11:19:38 »
Agora, quanto a vida social... você não pode ter tudo... é chato, mas eu fico sem ver meus amigos algumas vezes por 3 semanas seguidas... preciso conciliar estudo e trabalho e isso não é nem um pouco fácil... Não quero ser um daqueles manés que formam "no corredor"... só vão pra facul pra combinar a próxima balada e depois arrumam um emprego no escritório do pai... Já vi caras assim no 7º, 8º período... é deprimente...:?

Taí algo realmente difícil: trabalhar e estudar. Fica ainda mais difícil quando o curso é na área de Exatas. Minha sorte foi ter começado o curso já casado e sossegado, senão teria sofrido muito mais. É realmente duro ver o pessoal do Direito e da Administração passar mais tempo fora do que dentro da sala de aula, saber que eles vão passar cinco anos curtindo (literalmente) a vida universitária enquanto você rala feito um condenado, e que depois de formados eles ainda vão ganhar mais do que você.
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Offline Roberto

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #14 Online: 13 de Julho de 2006, 11:20:32 »
é compartilhado por mim também, ricardo...
tive só meio ano de aula e não sinto ter aprendido muito. e tenho a impressão de ver muito conhecimento inútil sendo difundido também...

Tá fazendo o quê, Bruno?
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Offline Diegojaf

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #15 Online: 13 de Julho de 2006, 11:40:40 »
Taí algo realmente difícil: trabalhar e estudar. Fica ainda mais difícil quando o curso é na área de Exatas. Minha sorte foi ter começado o curso já casado e sossegado, senão teria sofrido muito mais. É realmente duro ver o pessoal do Direito e da Administração passar mais tempo fora do que dentro da sala de aula, saber que eles vão passar cinco anos curtindo (literalmente) a vida universitária enquanto você rala feito um condenado, e que depois de formados eles ainda vão ganhar mais do que você.

Minha esperança é que o próprio mercado se encarregue de dar um jeito nesses caras...:?

Só que é mera esperança, já que esses geralmente são filhinhos de papai que tão querendo só um curso superior mesmo...
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline uiliníli

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #16 Online: 13 de Julho de 2006, 12:21:54 »
Roberto, valeu a dica. Estou começando um projeto de iniciação científica agora. Até puxei menos matérias em meu próximo semestre para poder dar prioridade a ela. Espero poder salvar minha graduação assim...

rizk

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #17 Online: 13 de Julho de 2006, 14:43:29 »
(...)
Cara, essa é a minha vida.

O problema é que trabalhar na área me confunde ainda mais. Como é que eu falo pra molecada o que eu aprendi na faculdade? Se eles me perguntam que catzo é, sei lá, formação do estado nacional: eu me escondo debaixo da mesa ou invento uma resposta? Os professores que temos hoje, vemos pelos resultados das provas acima, só fazem enrolar, e ensinar as crianças que é bom, nada.

As coisas estão COMEÇANDO a fazer sentido porque estou estudando sociologia, à parte; é absurdo a gente não ter isso dentro do curso, inclusive.  Estou fazendo isso pra tentar sistematizar a CARALHADA de coisas que eu li nos últimos anos.  Tive a SORTE de ter um professor de teoria da história alemão que também não se conformava com a nossa falta de base teórica, e eu agora estou lendo, tipo, TODOS os teóricos que ele indicou no curso e me aprofundando onde acho que devo. Gastei uma pequena fortuna naquele "dicionário de política" pra ver se dá uma força.
 
É uma carga de leitura alta demais, até para os meus padrões; porque junta isso com as leituras do curso, com o alemão, com o francês... Mas até aí minha vida depende disso, todas as minhas certezas, a minha postura perante o mundo, o que eu vou deixar no mundo quando morrer, etc etc.

Enfim, sentia que quanto mais estudo, menos SEI. Espero que agora isso passe.

Mas tá dando pra ter vida social mesmo assim... nos finais de semana. :lol:

Offline Oceanos

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #18 Online: 13 de Julho de 2006, 20:14:27 »
Gabriel, posso te dizer por experiência própria que o que vale a pena mesmo na graduação é a iniciação científica, desde que você seja orientado por um professor que realmente leve a sério o trabalho de pesquisa tocado pelo aluno. Foi o meu caso, felizmente, na Federal de Uberlândia: meu trabalho de IC, inclusive, resultou num artigo publicado na Physical Review B junho passado, e bem poderia ter me valido minha dissertação de mestrado aqui no Brasil se eu não estivesse indo pra Europa.

Como diria o Wanthuirson do Tabajara Futebol Clube, ouça a voz da experiência: escolha bem seu orientador de IC. Privilegie um cara produtivo (nunca deixe de dar uma boa olhada no Currículo Lattes dele) e se informe com ex-orientados pra saber se foram realmente ex-orientados ou "desorientados". Arranjar um orientador que vai te passar um monte de artigos pra ler e te abandonar, sem dar a mínima pro seu projeto, só vai te deixar ainda mais decepcionado com o curso.
Sabe, lendo essa mensagem eu fico feliz porque cheguei "sozinho" a mesma conclusão que a sua. :)

Offline Roberto

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #19 Online: 14 de Julho de 2006, 09:05:40 »
Roberto, valeu a dica. Estou começando um projeto de iniciação científica agora. Até puxei menos matérias em meu próximo semestre para poder dar prioridade a ela. Espero poder salvar minha graduação assim...

E é sobre o quê o seu projeto, assim, em linhas gerais? Tenho curiosidade pra saber o que seria um projeto de IC em Engenharia Física.
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Offline Roberto

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #20 Online: 14 de Julho de 2006, 09:12:24 »
Taí algo realmente difícil: trabalhar e estudar. Fica ainda mais difícil quando o curso é na área de Exatas. Minha sorte foi ter começado o curso já casado e sossegado, senão teria sofrido muito mais. É realmente duro ver o pessoal do Direito e da Administração passar mais tempo fora do que dentro da sala de aula, saber que eles vão passar cinco anos curtindo (literalmente) a vida universitária enquanto você rala feito um condenado, e que depois de formados eles ainda vão ganhar mais do que você.

Minha esperança é que o próprio mercado se encarregue de dar um jeito nesses caras...:?

Só que é mera esperança, já que esses geralmente são filhinhos de papai que tão querendo só um curso superior mesmo...

Há uma anomalia grave, aliás, gravíssima no Brasil. Ao invés dos nossos universitários almejarem, após formados, abrir uma empresa ou trabalhar no mercado, gerando riqueza e multiplicando as oportunidades de trabalho, querem isto sim... virar funcionários públicos. E o que tem acontecido é isso mesmo, os melhores cérebros formados pelas melhores universidades do país estão indo trabalhar pro Estado, consumindo, não gerando impostos. A atratividade do serviço público, penso eu, é algo que ajuda a explicar porque tanta gente faz Direito no país: matérias de Direito fazem parte de praticamente todos os concursos públicos de maior remuneração, e os melhores cargos públicos (juízes, promotores, procuradores e delegados) são privativos dos bacharéis de Direito.
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Offline uiliníli

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #21 Online: 14 de Julho de 2006, 13:09:07 »
Roberto, valeu a dica. Estou começando um projeto de iniciação científica agora. Até puxei menos matérias em meu próximo semestre para poder dar prioridade a ela. Espero poder salvar minha graduação assim...

E é sobre o quê o seu projeto, assim, em linhas gerais? Tenho curiosidade pra saber o que seria um projeto de IC em Engenharia Física.

Meu projeto não será em Engenharia Física, até porque não existem projetos específicos para EnFi, somente projetos de Física Aplicada mesmo. Um que conta com muitos estudantes de Engenharia Física é o carbono magnético, mas também tem bastante gente nas áreas de semi-condutores, super-condutores e materiais ferromagnéticos. Vários estudantes de Engenharia Física, por outro lado, preferem buscar IC em outras áreas, a maioria vai procurar na Engenharia de Materiais. Eu preferi ir na Engenharia Química, vou trabalhar com modelagem e simulação de processos bioquímicos. Estou estudando bastante cálculo numérico nessas férias.

Offline Rodion

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #22 Online: 14 de Julho de 2006, 14:41:04 »
é compartilhado por mim também, ricardo...
tive só meio ano de aula e não sinto ter aprendido muito. e tenho a impressão de ver muito conhecimento inútil sendo difundido também...

Tá fazendo o quê, Bruno?

direito. mas dizem mesmo que o primeiro ano geralmente é meio brochante.
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Offline Rodion

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #23 Online: 14 de Julho de 2006, 14:43:20 »
Taí algo realmente difícil: trabalhar e estudar. Fica ainda mais difícil quando o curso é na área de Exatas. Minha sorte foi ter começado o curso já casado e sossegado, senão teria sofrido muito mais. É realmente duro ver o pessoal do Direito e da Administração passar mais tempo fora do que dentro da sala de aula, saber que eles vão passar cinco anos curtindo (literalmente) a vida universitária enquanto você rala feito um condenado, e que depois de formados eles ainda vão ganhar mais do que você.

Minha esperança é que o próprio mercado se encarregue de dar um jeito nesses caras...:?

Só que é mera esperança, já que esses geralmente são filhinhos de papai que tão querendo só um curso superior mesmo...

Há uma anomalia grave, aliás, gravíssima no Brasil. Ao invés dos nossos universitários almejarem, após formados, abrir uma empresa ou trabalhar no mercado, gerando riqueza e multiplicando as oportunidades de trabalho, querem isto sim... virar funcionários públicos. E o que tem acontecido é isso mesmo, os melhores cérebros formados pelas melhores universidades do país estão indo trabalhar pro Estado, consumindo, não gerando impostos. A atratividade do serviço público, penso eu, é algo que ajuda a explicar porque tanta gente faz Direito no país: matérias de Direito fazem parte de praticamente todos os concursos públicos de maior remuneração, e os melhores cargos públicos (juízes, promotores, procuradores e delegados) são privativos dos bacharéis de Direito.


um professor meu disse uma vez, em off, que "os piores vão pro setor público".
o que quem sabe possa até fazer sentido em alguns casos, eu mesmo não descarto a possibilidade de um dia acabar mamando nas tetas do estado. mas quero evitar trilhar esse caminho....
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Offline Diegojaf

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Re: A Indigência do Ensino Básico
« Resposta #24 Online: 14 de Julho de 2006, 15:07:41 »
um professor meu disse uma vez, em off, que "os piores vão pro setor público".
o que quem sabe possa até fazer sentido em alguns casos, eu mesmo não descarto a possibilidade de um dia acabar mamando nas tetas do estado. mas quero evitar trilhar esse caminho....

No meu caso espero não ser um desses "piores" de acordo com o seu professor...

Meu curso inteiro de Direito visa um objetivo que tenho desde que estava no 2º grau. Delegado da Polícia Federal...

Por isso tenho um interesse tão grande na área... é minha paixão e acho que com a PF poderei realmente fazer algo de útil...

Sempre tive muito interesse pela área militar em geral, hoje faço estágio em um escritório especializado em Dir. Tributário e apesar de achar muito interessante defender empresas, desejo estar do outro lado... não me senti tão atraido pela advocacia... apesar da moral que dá andar pra cima e pra baixo de terno e gravata e falar termos que ninguém conhece... (nada diferente dos crentes que você vê quarta feira à noite andando com a bíblia debaixo do braço :lol:)...

Simplificando, não estou mais deslumbrado pelo curso como estava antes de estar dentro... amadureci muito, aprendi demais, minha forma de ver hoje está bem mais ampla mas meu objetivo inicial continua... Delegado...

Bruno, faça dependendo do que você quer fazer, faça um estágio assim que puder. As coisas que você aprende só irão realmente fazer sentido quando você pegar na prática. Eu comecei fazendo um estágio voluntário no Juizado Espcial Federal de BH o que me garantiu experiência para conseguir estágio aonde estou hoje...:ok:
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