Alenônimo,
Os argumentos continuam fracos mesmo assim. Imagine-se crendo no que nós cremos. Imagine-se tomando por premissa que a verdadeira vida não é a da Terra, que somente após a morte é que encontraremos a verdadeira vida. Imagine-se tomando por premissa que tudo o que existe foi planejado por alguém (dê o nome que quiser dar).
Deus poderia ter nos criado sim, perfeitos, com todos os conhecimentos e virtudes no lugar e onde ninguém nunca se desviasse do seu caminho. Mas qual a graça de se chegar lá sem mérito e sem esforço? Não é uma felicidade chegar ao final de anos de faculdade e conseguir se formar? Quem é que se lembra com desprazer das dificuldades que teve no caminho quando alcança o final da estrada? A satisfação é muito maior por poder dizer "eu fui mais forte", e ainda, "se eu fraquejei no caminho, eu consegui me levantar e me recuperar e fui, do mesmo jeito, mais forte". Por outro lado, não é uma vergonha admitir em público que se conseguiu formar carregado nas costas por um colega mais preparado ou porque o professor o passou sem mérito? O que seria pior? As dificuldades são temporais, as lembranças são eternas (ou para toda a vida).
Quanto a Deus não interferir pessoalmente nas nossas vidas, quem lhe garante que Ele não o fizesse (se existisse)? Entretanto, eu acho muito improvável que o fizesse realmente. Eu creria antes que Ele o fizesse através dos seus ministros (anjos ou espíritos superiores, como preferir), assim como o presidente de uma nação não interfere pessoalmente no dia a dia de cada pessoa, mas o faz através de sua equipe de governo. Mas essa interferência, para nós, seria somente no limite que não nos diminuísse o mérito de vencer as dificuldades. Além do mais, existem coisas muito mais nobres para um possível Deus cuidar do que se preocupar diretamente com os nossos pequenos problemas mundanos, problemas esses que estão exclusivamente nas nossas mãos resolver (não precisa de Deus). Não bastaria ter criado o Universo e regular os astros para que tenhamos condições de estar aqui agora conversando?
Admita, só por um instante, as nossas premissas, e você verá que os argumentos usados anteriormente continuam fracos. De duas uma: ou melhora-se a contra-argumentação, ou detroem-se as premissas. Caso contrário, ficamos na mesma.
Um abraço.