1- 1ª Guerra Mundial;
Conflito entre potências que já tinham muitos domínios coloniais ou territórios (França, Inglaterra e Rússia) e potências emergentes que entraram atrasadas na corrida colonial e buscavam ampliar sua influência. Foi uma disputa puramente econômica; não havia ideologias diferentes em jogo.
2- Revolução Russa de 1917;
Desde meados do século XIX, os marxistas perambulavam pela Europa com O Capital na mão à procura de um país onde eles poderiam fazer a profecia de Marx se cumprir. Acharam finalmente a Rússia, um país onde a situação do povo era tão precária que estavam dispostos a aceitarem qualquer coisa em lugar da situação vigente. A Rússia não tinha o que os demais países europeus tinham para evitar uma revolução socialista: uma burguesia relativamente forte, liberdade e igualdade jurídica para os camponeses e leis trabalhistas que atenuassem sua situação de penúria. Quando os demais países europeus ainda não tinham essas leis, o marxismo ainda não existia (ou não tinha força). A meu ver, o espectro do comunismo foi um dos responsáveis indiretos pela melhora na vida dos trabalhadores dos países industrializados no século XX.
3- Crise de 1929;
O capitalismo (sem intervenções estatais) tem como característica ser cíclico: investimentos iniciais - emprego - renda - consumo - lucro - otimismo - mais investimentos... este processo vai se repetindo até chegar um momento em que o otimismo e a quantidade de investimentos superam o consumo. Então um ciclo inverso se estabelece: pouco consumo - pouco lucro ou prejuízo - pessimismo - diminuição dos investimentos - demissões - mais diminuição no consumo ...
Os economistas liberais diziam que o próprio mercado resolvia essas crises, sem necessidade de intervenções estatais. Eles se baseavam em uma "lei" econômica da época muito difundida, que afirma que "a oferta cria sua própria demanda" (Lei de Say? Não lembro o nome), ou seja, cada produto produzido tem seus fatores de produção (capital e trabalho) remunerados, estes demandarão outros produtos e portanto, ao final das contas, a demanda total igualará a oferta. Essa "lei" não se mostrou válida e, conforme Keynes mostrou, as pessoas podem adiar o consumo através das poupanças. Mas essa poupança, ao contrário do que os economistas liberais pregavam, não era um simples "adiamento do consumo", mas uma proteção contra as incertezas: as pessoas não estavam o tempo todo ávidas por consumir, elas geralmente tendem a diminuir seus consumos quando se encontram inseguras sobre o futuro sem nenhum "trauma" especial por isso. Essa insegurança também afeta os empresários, que deixam de investir. A economia entra então em uma situação bem estranha: empresários com grandes somas de capital parados por medo de investir de um lado e uma grande massa de trabalhadores atrás de empregos para sobreviverem de outro, ou seja, há fatores de produção à vontade, mas não são postos em funcionamento por medo. Por isso, Keynes defende que só o Estado poderá pôr a economia novamente para rodar através de grandes gastos em obras públicas, que gerarão demanda efetiva (pessoas com dinheiro na mão querendo consumir), que encorajará os empresários a investirem para atender à essa demanda criada pela ação do Estado.
No caso da crise de 1929, em um desses "picos" da economia, o otimismo exagerado levou à compra desenfreada de ações na bolsa por parte de inúmeras pessoas e instituições. Um belo dia, deu na telha da maioria dessas pessoas venderem suas ações para "realizarem" seus lucros, quando perceberam que não havia ninguém querendo comprar, apenas vender. O valor das ações caíram. Milhões foram reduzidos a zero (ou seja, jogados fora com a compra das ações). Como a grande maioria das instituições financeiras e empresariais foram envolvidas nessas perdas, o resultado foi óbvio: houve diminuição tanto nos investimentos quanto no consumo (demissões).
4- Ascenção do nazi-fascismo e 2ª Guerra Mundial;
A Primeira Guerra Mundial deixou sequelas econômicas e morais na Alemanha (e em menor parte na Itália). As obrigações de guerra deixaram o Estado quase impotente, levando-o a fazer grandes emissões monetárias que culminaram na hiperinflação e desorganização maior da economia. Ideologias anti-democráticas e anti-parlamentares surgiam, alegando que só um estado forte poderia restabelecer a ordem econômica. Se não fosse a crise de 1929, que fez os EUA retirarem bastante dinheiro da Alemanha e importar menos, agravando sua situação, é provável que o nazismo não teria conseguido subir ao poder. O anti-semitismo era bastante tradicional, e a escolha dos judeus como bodes expiatórios teve grande acolhida. Por fim, o medo da revolução socialista (que esteve próxima na Alemanha) levou as elites a apoiarem o nazismo (as classes médias já estavam fascistas, pois sua ideologia "meio-termo":nem socialistas, nem capitalistas "sanguessugas" era condizente com sua ideologia de se achar injustiçada frente aos ricos, porém superior aos pobres).
Na Itália, o caso é mais tosco: a ideologia predominou. Havia o sonho de reconstruir o Império Romano.
5- Golpe Militar de 1964 no Brasil;
Esse golpe já vinha sendo tentado há muito tempo. Desde que Getúlio Vargas (uma espécie de Bismarck brasileiro) vinha moldando a política econômica brasileira em moldes nacionalistas e desenvolvimentistas, o que incluia a instituição de alguns inevitáveis benefícios aos trabalhadores (tal como fez Bismarck na Alemanha), como salário mínimo corrigível pela inflação, direitos trabalhistas e previdenciários, e também de medidas contrárias aos interesses estrangeiros (restrição de remessas de lucros ao exterior, tarifas e câmbio diferenciados para exportação, importação de bens de capital e demais importações, monopólio da produção de energia e exploração de riquezas minerais por empresas nacionais e estatais, tentativa de criar indústrias de base apenas com investimentos nacionais, etc). A elite brasileira não viu com nenhum tipo de "otimismo" e de "mal necessário" estas medidas. Ela não se aliou, portanto, com o governo nessa empreitada desenvolvimentista (como ocorreu na Alemanha e no Japão). Para piorar a situação, a Guerra Fria trouxe a ideologia comunista para dentro do Brasil, provocando ainda mais apreensão nas elites. Qualquer tipo de medida governamental que beneficiava os trabalhadores passou a ser sinônimo de comunismo a partir daí (como os aumentos de 100% do salário mínimo constantemente feitos por Vargas e Goulart quando ministro. Foi nessa época que o salário mínimo atingiu seu maior valor real na história). Goulart tinha como planos de governo encampar companhias estrangeiras, fazer a reforma agrária e a reforma urbana, acirrando a oposição interna das classes altas e a externa dos EUA. Havia nessa época uma grande politização dos estudantes e do povo (grau nunca mais alcançado) e dos sindicatos. Nesse contexto todo, ocorreu o medo do comunismo (o comunismo de fato e o "comunismo" como entendia a elite brasileira). Com o apoio da classe média e dos EUA, o golpe nasceu. A função do golpe foi eliminar todos os focos de comunismo e de "comunismo" do país, abafar toda a participação política popular e reinvidicações trabalhistas que estavam vivas no período. Como consequencia, a educação pública, a distribuição de renda e a consciência política do povo brasileiro foram transformados nisso que temos hoje.
E mais: incluiu o Brasil entre os países toscos que tiveram ditadura a pouco tempo.
6- Crise mundial estagflacionária a partir de 1973;
Se a crise de 1929 representou uma objeção ao liberalismo, a de 1973 representou uma objeção ao keynesianismo absoluto. Os altos gastos públicos dos governos dos países desenvolvidos com previdência, seguro desemprego, etc acabaram gerando uma oferta que mantinha os preços altos a despeito da crise econômica recessiva que se instalava (provavelmente cíclica). A alta do petróleo detonou de vez a inflação misturada com a recessão, uma mistura nova e estranha (estagflação) que o Brasil conheceu na década de 80: por um lado, as empresas não investem, há desemprego e pouco consumo, mas os preços continuam subindo devido à: altos gastos e emissões do estado, transferências de renda por parte dos Estado que mantém a demanda elevada, indexações de salários e contratos, cultura da inflação, etc. A instabilidade da moeda faz o sistema de preços (nos quais ao agentes econômicos se baseiam para fazerem seus investimentos) entrar em colapso, gerando incertezas que bloqueiam os investimentos. As políticas keynesianas deixam então de ter efeito (a não ser o endividamento dos Estados) e o liberalismo ressurge.
7- Fim da URSS;
Enquanto a crise de 1929 mostrou que a economia não deve ficar 100% a mercê do mercado, o fim da URSS mostrou que a economia não sobrevive sem o mercado. O sistema planificado, baseado em decisões centralizadas quanto ao quê, quando, onde e para quem produzir é obviamente bastante ineficiente. A ausência de democracia impede correções no sistema, que está viciado e elitiza os burocratas, que passam a ter privilégios especiais. Por fim, o isolamento econômico impede que o país exporte sua produção (restringindo o emprego) e importe matérias-prima e tecnologia, tendo que se virar sozinho. A pressão criado pela Guerra Fria: os gastos militares para manter e expandir suas áreas de influência (vitais para a sua economia) desviaram os já poucos recursos para a produção de armamentos, o que, além de levar a economia ao colapso, impediu o aumento do padrão de vida da população. A percepção dessa situação insustentável nos anos 80 levou à abertura política e econômica, que desembocou no fim da URSS.
8- As ações terroristas a partir de 2001;
Um conflito geopolítico (EUA apóiam Israel contra os árabes) que ganhou conotação religiosa. A constante intervenção militar dos EUA na região o tornou o principal bode expiatório e vilão para as mazelas dos palestinos e demais países árabes, que o vêem como um "imperialista" e inimigo do Islã. Daí os ataques.