Autor Tópico: A versão de diferentes correntes políticas para alguns fatos históricos.  (Lida 2760 vezes)

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Offline CoqueiroVermelho

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Re: A versão de diferentes correntes políticas para alguns fatos históricos.
« Resposta #25 Online: 20 de Julho de 2006, 04:00:30 »
Fico imaginando se tivesse mesmo um contra golpe e uma cambada de soldados Made in USA desembarcando para descer o pau nos brasileiro... e claro como sempre para “nos livrar dos malvados comedores de criancinhas”.
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Offline Partiti

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Re: A versão de diferentes correntes políticas para alguns fatos históricos.
« Resposta #26 Online: 20 de Julho de 2006, 11:16:05 »
eu acredito, e tenho motivos para tal, que não eram pequenas as chances de que, ainda que não necessariamente em 64, ainda que não necessariamente no governo jango, a estrelinha vermelha acabaria balançando ao vento no rio de janeiro. ora, havia comícios pra lá e pra cá, lembro-me até do point dizendo dos números impressionantes de pessoas na rua. não é necessário um exército de intelectuais pra fazer uma revolução, mas somente alguns destes e uma massa inculta pra seguir. ora, só de trabalhadores ligados aos sindicatos já deviam ser milhões na época. o que nunca faltou neste país foi idiota útil.

Ah, tá bom, por causa de alguns números de pessoas em alguns comícios que você ouviu serem muitos, então a revolução aconteceria... Eu já falei, a massa inculta no Brasil difcilmente se revolta, além do intelectual no fuindo não ter nenhuma identificação com a massa. E nem intelectual a gente tinha direito, nó maxímo uns simpatizantes, mas ninguém querendo derrubar o governo na marra (fora o Prestes)

veja bem, partiti; se uma das duas superpotências mundiais empreendia um enorme esforço em perverter as instituições alheias, exigia-se, logo, um contra-esforço. nenhuma democracia imatura como a nossa sobreviveria. até os italianos pelejaram pra não cair sob o jugo vermelho!

Jugo vermelho?  |(

Faça um favor: Sem retórica comunistofóbica, não tem motivo para isso, tanto eu quanto você somos mais inteligentes que isto.

e outra coisa; hoje temos ex-agentes soviéticos abrindo a boca, falando da sujeira que a kgb andou aprontando pela américa latina, a situação está mais clara (embora pra muita gente o véu ainda não tenha caído..). mas e na época? se me perguntar o que eu faria no lugar de castelo branco, eu digo; a mesmíssima coisa. claro que depois vêm os outros presidentes e fazem merda, e não falo do campo humanitário.

Agente sempre teve dos dois lados, o própio Prestes era um. Mas lembre-se que após a revolução cubana, que aconteceu meio que no susto para os dois lados, os EUA nunca deixariam nada que fosse mais remotamente ligado ao comunismo assumir na América. A URSS tentava uma coisa ou outra, mas tava no fundo jogando verde. Nem se compara a espionagem na Europa, por exemplo.
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Offline DDV

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Re: A versão de diferentes correntes políticas para alguns fatos históricos.
« Resposta #27 Online: 24 de Setembro de 2006, 02:05:48 »


1- 1ª Guerra Mundial;

Conflito entre potências que já tinham muitos domínios coloniais ou territórios (França, Inglaterra e Rússia) e potências emergentes que entraram atrasadas na corrida colonial e buscavam ampliar sua influência. Foi uma disputa puramente econômica; não havia ideologias diferentes em jogo.

2-  Revolução Russa de 1917;

Desde meados do século XIX, os marxistas perambulavam pela Europa com O Capital na mão à procura de um país onde eles poderiam fazer a profecia de Marx se cumprir. Acharam finalmente a Rússia, um país onde a situação do povo era tão precária que estavam dispostos a aceitarem qualquer coisa em lugar da situação vigente. A Rússia não tinha o que os demais países europeus tinham para evitar uma revolução socialista: uma burguesia relativamente forte, liberdade e igualdade jurídica para os camponeses e leis trabalhistas que atenuassem sua situação de penúria. Quando os demais países europeus ainda não tinham essas leis, o marxismo ainda não existia (ou não tinha força).  A meu ver, o espectro do comunismo foi um dos responsáveis indiretos pela melhora na vida dos trabalhadores dos países industrializados no século XX.

3-  Crise de 1929;

O capitalismo (sem intervenções estatais) tem como característica ser cíclico: investimentos iniciais - emprego - renda - consumo - lucro - otimismo - mais investimentos...  este processo vai se repetindo até chegar um momento em que o otimismo e a quantidade de investimentos superam o consumo. Então um ciclo inverso se estabelece: pouco consumo - pouco lucro ou prejuízo - pessimismo - diminuição dos investimentos - demissões - mais diminuição no consumo ...

Os economistas liberais diziam que o próprio mercado resolvia essas crises, sem necessidade de intervenções estatais. Eles se baseavam em uma "lei" econômica da época muito difundida, que afirma que "a oferta cria sua própria demanda" (Lei de Say? Não lembro o nome), ou seja, cada produto produzido tem seus fatores de produção (capital e trabalho) remunerados, estes demandarão outros produtos e portanto, ao final das contas, a demanda total igualará a oferta. Essa "lei" não se mostrou válida e, conforme Keynes mostrou, as pessoas podem adiar o consumo através das poupanças. Mas essa poupança, ao contrário do que os economistas liberais pregavam, não era um simples "adiamento do consumo", mas uma proteção contra as incertezas: as pessoas não estavam o tempo todo ávidas por consumir, elas geralmente tendem a diminuir seus consumos quando se encontram inseguras sobre o futuro sem nenhum "trauma" especial por isso. Essa insegurança também afeta os empresários, que deixam de investir. A economia entra então em uma situação bem estranha: empresários com grandes somas de capital parados por medo de investir de um lado e uma grande massa de trabalhadores atrás de empregos para sobreviverem de outro, ou seja, há fatores de produção à vontade, mas não são postos em funcionamento por medo. Por isso, Keynes defende que só o Estado poderá pôr a economia novamente para rodar através de grandes gastos em obras públicas, que gerarão demanda efetiva (pessoas com dinheiro na mão querendo consumir), que encorajará os empresários a investirem para atender à essa demanda criada pela ação do Estado.

No caso da crise de 1929, em um desses "picos" da economia, o otimismo exagerado levou à compra desenfreada de ações na bolsa por parte de inúmeras pessoas e instituições. Um belo dia, deu na telha da maioria dessas pessoas venderem suas ações para "realizarem" seus lucros, quando perceberam que não havia ninguém querendo comprar, apenas vender. O valor das ações caíram. Milhões foram reduzidos a zero (ou seja, jogados fora com a compra das ações). Como a grande maioria das instituições financeiras e empresariais foram envolvidas nessas perdas, o resultado foi óbvio: houve diminuição tanto nos investimentos quanto no consumo (demissões).

 
4-  Ascenção do nazi-fascismo e 2ª Guerra Mundial;

A Primeira Guerra Mundial deixou sequelas econômicas e morais na Alemanha (e em menor parte na Itália). As obrigações de guerra deixaram o Estado quase impotente, levando-o a fazer grandes emissões monetárias que culminaram na hiperinflação e desorganização maior da economia. Ideologias anti-democráticas e anti-parlamentares surgiam, alegando que só um estado forte poderia restabelecer a ordem econômica. Se não fosse a crise de 1929, que fez os EUA retirarem bastante dinheiro da Alemanha e importar menos, agravando sua situação, é provável que o nazismo não teria conseguido subir ao poder. O anti-semitismo era bastante tradicional, e a escolha dos judeus como bodes expiatórios teve grande acolhida. Por fim, o medo da revolução socialista (que esteve próxima na Alemanha) levou as elites a apoiarem o nazismo (as classes médias já estavam fascistas, pois sua ideologia "meio-termo":nem socialistas, nem capitalistas "sanguessugas" era condizente com sua ideologia de se achar injustiçada frente aos ricos, porém superior aos pobres).
 Na Itália, o caso é mais tosco: a ideologia predominou. Havia o sonho de reconstruir o Império Romano.
 

5- Golpe Militar de 1964 no Brasil;

Esse golpe já vinha sendo tentado há muito tempo. Desde que Getúlio Vargas (uma espécie de Bismarck brasileiro) vinha moldando a política econômica brasileira em moldes nacionalistas e desenvolvimentistas, o que incluia a instituição de alguns inevitáveis benefícios aos trabalhadores (tal como fez Bismarck na Alemanha), como salário mínimo corrigível pela inflação, direitos trabalhistas e previdenciários, e também de medidas contrárias aos interesses estrangeiros (restrição de remessas de lucros ao exterior, tarifas e câmbio diferenciados para exportação, importação de bens de capital e demais importações, monopólio da produção de energia e exploração de riquezas minerais por empresas nacionais e estatais, tentativa de criar indústrias de base apenas com investimentos nacionais, etc). A elite brasileira não viu com nenhum tipo de "otimismo" e de "mal necessário" estas medidas. Ela não se aliou, portanto, com o governo nessa empreitada desenvolvimentista (como ocorreu na Alemanha e no Japão). Para piorar a situação, a Guerra Fria trouxe a ideologia comunista para dentro do Brasil, provocando ainda mais apreensão nas elites. Qualquer tipo de medida governamental que beneficiava os trabalhadores passou a ser sinônimo de comunismo a partir daí (como os aumentos de 100% do salário mínimo constantemente feitos por Vargas e Goulart quando ministro. Foi nessa época que o salário mínimo atingiu seu maior valor real na história).  Goulart tinha como planos de governo encampar companhias estrangeiras, fazer a reforma agrária e a reforma urbana, acirrando a oposição interna das classes altas e a externa dos EUA. Havia nessa época uma grande politização dos estudantes e do povo (grau nunca mais alcançado) e dos sindicatos. Nesse contexto todo, ocorreu o medo do comunismo (o comunismo de fato e o "comunismo" como entendia a elite brasileira). Com o apoio da classe média e dos EUA, o golpe nasceu. A função do golpe foi eliminar todos os focos de comunismo e de "comunismo" do país, abafar toda a participação política popular e reinvidicações trabalhistas que estavam vivas no período. Como consequencia, a educação pública, a distribuição de renda e a consciência política do povo brasileiro foram transformados nisso que temos hoje.

E mais: incluiu o Brasil entre os países toscos que tiveram ditadura a pouco tempo.


6-  Crise mundial estagflacionária a partir de 1973;

Se a crise de 1929 representou uma objeção ao liberalismo, a de 1973 representou uma objeção ao keynesianismo absoluto. Os altos gastos públicos dos governos dos países desenvolvidos com previdência, seguro desemprego, etc acabaram gerando uma oferta que mantinha os preços altos a despeito da crise econômica recessiva que se instalava (provavelmente cíclica). A alta do petróleo detonou de vez a inflação misturada com a recessão, uma mistura nova e estranha (estagflação) que o Brasil conheceu na década de 80: por um lado, as empresas não investem, há desemprego e pouco consumo, mas os preços continuam subindo devido à: altos gastos e emissões do estado, transferências de renda por parte dos Estado que mantém a demanda elevada, indexações de salários e contratos, cultura da inflação, etc.  A instabilidade da moeda faz o sistema de preços (nos quais ao agentes econômicos se baseiam para fazerem seus investimentos) entrar em colapso, gerando incertezas que bloqueiam os investimentos. As políticas keynesianas deixam então de ter efeito (a não ser o endividamento dos Estados) e o liberalismo ressurge.


7- Fim da URSS;

Enquanto a crise de 1929 mostrou que a economia não deve ficar 100% a mercê do mercado, o fim da URSS mostrou que a economia não sobrevive sem o mercado. O sistema planificado, baseado em decisões centralizadas quanto ao quê, quando, onde e para quem produzir é obviamente bastante ineficiente. A ausência de democracia impede correções no sistema, que está viciado e elitiza os burocratas, que passam a ter privilégios especiais. Por fim, o isolamento econômico impede que o país exporte sua produção (restringindo o emprego) e importe matérias-prima e tecnologia, tendo que se virar sozinho. A pressão criado pela Guerra Fria: os gastos militares para manter e expandir suas áreas de influência (vitais para a sua economia) desviaram os já poucos recursos para a produção de armamentos, o que, além de levar a economia ao colapso, impediu o aumento do padrão de vida da população. A percepção dessa situação insustentável nos anos 80 levou à abertura política e econômica, que desembocou no fim da URSS.


8- As ações terroristas a partir de 2001;

Um conflito geopolítico (EUA apóiam Israel contra os árabes) que ganhou conotação religiosa. A constante intervenção militar dos EUA na região o tornou o principal bode expiatório e vilão para as mazelas dos palestinos e demais países árabes, que o vêem como um "imperialista" e inimigo do Islã. Daí os ataques.
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Buckaroo Banzai

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Re:A versão de diferentes correntes políticas para alguns fatos históricos.
« Resposta #28 Online: 18 de Dezembro de 2016, 20:59:03 »
Não acho que seja uma falha fundamental na defesa do mercado e menor regulação do mesmo (na verdade, acho que mal se relaciona), mas segundo antropólogos, a origem do capital não se deu exatamente como descreveu Adam Smith.

<a href="https://www.youtube.com/v/94BtOtGVqLw" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/94BtOtGVqLw</a>

Eu também tinha uma noção mais adam-smithiana da coisa, como sendo meio que o uso crescente, mais ou menos espontâneo, de um bem como meio de troca universal. Mas na verdade era comum que não houvesse tantas trocas assim, diretas, mas que fossem baseadas em "débito"/crédito não contabilizado - expectativa de reciprocidade. O capital seria principalmente uma ferramenta do estado para sustentar/gerenciar seus exércitos, e quando o estado cai, também cai a utilização da moeda como meio de troca (não totalmente).

Assim sendo, parece que os anarco-comunistas talvez tenham alguma vantagem em sua teoria, comparados os anarco-capitalistas, pelo menos em se tratando de algo com precedentes históricos. Anarco-capitalistas de certa forma então se aproximam algo mais de visionários de algo novo, como os crentes no projeto Vênus.

Offline Gauss

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Re:A versão de diferentes correntes políticas para alguns fatos históricos.
« Resposta #29 Online: 18 de Dezembro de 2016, 23:04:06 »
Já houve um experimento anarquista na vida real. Não sei se seria um anarco-comunismo ou se aproximaria de um anarco-capitalismo, mas o fato é que quase morreram de fome. ::)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B4nia_Cec%C3%ADlia
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:A versão de diferentes correntes políticas para alguns fatos históricos.
« Resposta #30 Online: 18 de Dezembro de 2016, 23:06:51 »
Há outras comunidades anarquistas em andamento, não sei em que pé andam.

Mas acho que essa "economia sem capital" mais "natural" que trocas com moedas como intermediário não chegaria a ser comunismo, também. Apenas não é algo que se possa dizer, "minha nossa, mas como isso é capitalista, meu deus, nunca vi algo tão capitalista na minha vida".

 

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