Não estou dando o sentido de bonitinho ou romântico. Mas basta você ver no Código Civil a quantidade de exigências e regras para celebração de um casamento, muito diferente de um contrato civil comum em que basta o instrumento, duas assinaturas, quiçá testemunhas e ta feito. O casamento não é assim, por isso é solene, juridicamente falando. Este The bachelo que você diz é uma espécie de reality show não é? É americano? Lá de fato é diferente e o contrato de casamento não tem nada de solene, até o divórcio é muito simples, rápido e pouco burocrático, é fruto do direito anglo-saxão que neste ponto é diferente do nosso direito romano, ond eo contrato de casamento é sim solene, tendo outra conotação. Lembrando que há países como o Chile, de tradição romana, que nem memso admitem divórcio, justamente pela solenidade, importância e tradição deste contrato. Nossa lei de divórcio também só saiu em 1973. Convenhamos, até para desfazer este contrato é dificil e burocrático.

Exatamente quais exigências a mais você encontrou do que as necessárias para a celebração de um contrato? Você está falando da documentação?
O casamento traz consequências a toda a sociedade, como eu disse, direitos e deveres que os contraentes irão gozar... alguns desses direitos refletem diretamente na economia e a exigência de uma formalidade maior para o casamento só demonstra preocupação do legislador quanto a esse aspecto.
É mais fácil casar do que fechar uma empresa, se você quiser olhar sob o ponto de vista de "dificuldades"...

Você disse que o direito americano (anglo-saxão) considerava a relevância da tradição e perpetuidade desta. É senso comum que o "american way of life" sempre teve sua representação clássica como marido - esposa - filhos. A instituição do casamento por lá é bem mais conservadora que a nossa e não vejo aonde você enxerga essa simplicidade no fim do casamento. Existem as mesmas consequências jurídicas (pensão, guarda, divisão de bens)... a simplicidade a que você se refere só acontece nos casos de anulação, não de divórcio. E nestes, temos as mesmas facilidades...
Só usei o exemplo dos Reality Shows americanos pra você ver a banalização de algo "sagrado" como o matrimônio em uma sociedade conservadora como a americana...
E em Direito, NADA é perpétuo...
O Chile é um país com raízes cristãs ainda maiores que o nosso. O divórcio nunca foi visto com bons olhos pela igreja católica (e acredito, nunca será).
Dá legitimidade sim, tanto é assim normalmente os Estados mais bem estruturados e desenvolvidos são justamente aqueles com fortes instituições, como é o caso dos EUA que desde a independência mantém forte tradição democrática, republicana e constitucional. Não é a toa que hoje o país é tão desenvolvido. O memso não ocorre em nosso país que somente após a queda do regime militar as instituições começaram a se fortalecer, mas mesmo assim, convivemos em legalidade dúbia e instável e é por isso que também estamos onde estamos.
NOS EUA, essa "tradição" foi a mesma que legitimou a escravidão, a proibição ao voto das mulheres e aos negros, a segregação e várias outras coisas hoje que são consideradas "abomináveis"...
O que aconteceu com a perpetuidade dessas instituições tradicionais? Foram derrubadas por quem?
A constituição americana é tão perpétua quanto qualquer outra. Até o momento em que se fazem necessárias emendas que possibilitem ao Direito acompanhar os movimentos sociais...
Bem, existe uma diferença entre novela e realidade, enquanto lá é puramente diversão na realidade as coisas são diferentes. Vamos perguntar aos telespectadores quantos deles achariam legal se a situação se desse com seus filhos. Sensacionalismo dá ibope. Posso crer na pesquisa dependendo da metodologia aplicada.
Ninguém quer ver seus filhos sendo discriminados pelo que são... mas a vida de cada um é da conta de cada um, desde que não prejudique ninguém. Esse raciocínio está sendo incutido aos poucos na cabeça das pessoas. E essa curiosidade na ficção, assim como não choverem reclamações de uma cena parecida é um forte sinal de que a forma de pensar muda.
No mais, a pergunta não é "O que você faria se seu filho fosse gay?" e sim "Qual a sua posição a respeito de casais do mesmo sexo compartilharem os mesmos direitos e benefícios que os casais heterossexuais?" e mais importante, o Por quê de sua opinião...
É desagradável para mim, como deve ser para outros e para outros não. É uma posição estritamente moral.
Na verdade, o termo correto seria "pessoal"...