Dia 26 de Julho de 2006. A cerca de duas semanas, iniciou-se, para variar no Oriente Médio, um novo conflito armado, uma nova guerra. Dessa vez temos dois personagens, novos e velhos ao mesmo tempo. Como dizia a música de Cazuza “Vejo o futuro repetir o passado, vejo um museu de grandes novidades”, por sinal, um passado não tão longínquo, somente algumas 5, 4, ou 3 décadas atrás. Israel e um grupo para-militar (ou seria terrorista?) denominado “Hizbollah”, “Partido de Deus” em árabe. Nome ousado, ideologia ousada, objetivos ousados. Ousados ao ponto de querer a destruição total do estado de israel (sim, estado minúsculo). Ousado ao ponto de sequestrar soldados israelenses, e, assim, iniciar uma guerra. Façamos primeiro uma dissertação sobre Israel, sobre o Líbano e o Hizbollah, e depois sobre a península Arábica de modo geral e sua situação.
Criado em 1947, por assembléia geral da ONU, o Estado de Israel, único estado oficialmente Judaico, apesar de possuir minorias muçulmanas, católicas, e outras, é o centro e símbolo principal do judaísmo no mundo. Desde sempre, assolado por guerras contra árabes, estando isolado numa península com predominância muçulmana, cercado de inimigos por todos os lados. Cresceu quatro vezes mais, desde o primeiro território definido pela ONU, defendeu seu território, conquistou outros territórios, e, sobreviveu até hoje. Essa é a principal característica do povo judeu: a sobrevivência. Desde os tempos da mesopotâmia, o “povo de Judá”, sobrevive, mudando de lugar, sofrendo, persistindo. Povo detentor de muitas riquezas, apesar de todos os empecilhos. Povo odiado por muitos. Povo que já sofreu várias vezes nas mãos de grandes líderes, Nabucodonosor, Hitler, et cetera. É de se admirar tamanha capacidade de sobrevivência e de reerguimento.
Não abordarei aqui a história de Israel no século XX, mas sim, tentarei dar meu parecer relativo à sociedade israelense e sua mentalidade. Todos as nações em volta de Israel, desejam, sem dúvida alguma, sua extirpação total do mapa. Israel é um povo isolado, que vê em seus vizinhos, uma ameaça existencial. É um povo carregado de guerras e rancor. Podemos afirmar que, a ameaça existencial, gera uma quebra de qualquer sensibilidade para com semelhantes, e, um sentimento de ódio relativo ao motivo do sentimento temeroso. Esse é o povo de Israel. Um povo que odeia aqueles que querem sua exterminação. Um povo antigo, que, já teve várias vezes sua existência ameaçada. Um gato acuado. O ódio que sucede ao medo. O instinto de defesa.
O governo de Israel declarou guerra ao Líbano, justificando-a como “guerra ao terror”, e, acusando o governo libanês de “complacência” quanto ao “grupo terrorista” Hizbollah. Porém, a guerra entre tais nações está se mostrando muitíssimo brutal, principalmente pelo lado israelense, que, já matou mais de 400 civis no território adversário. Dentre esses civis, temos, brasileiros, italianos, chineses, finlandeses, e diversos outros. Hospitais, escolas, abrigos humanitários, todos, bombardeados. Crianças e mulheres mortas, orfãs, aleijadas. E essa brutalidade do governo? Como pode ser explicada? Justifica-se acusar alguém de terrorista, quando se mata inocentes, de forma odiosa? Esse é o governo de Israel, um governo brutal e desprovido de razão, só ódio e covardia. Um governo que reflete perfeitamente o caráter de seu povo, não generalizando, mas falando da grande maioria. O governo conta com o apoio de 80 % da população israelense, que, aprova e odeia seus semelhantes vizinhos. E por quê? Simplesmente medo, temor ao ódio alheio, receio de perder sua própria existência. Um povo orfão, solitário, que, usa uma espada para se defender. Um povo que precisa de tratamento, de vida nova, de paz de espírito, assim como seus vizinhos também precisam.
Israel tem um exército de baixo contigente, porém, muito bem preparado. Possuidor de uma boa artilharia e aeronáutica, contando com o apoio da tecnologia bélica americana, e, com tecnologia naval inglesa. Tornou-se uma das maiores forças militares de sua península, só podendo ser contestado pelo Egito ao sul. Combate em duas frentes, uma ao sul, na famosa faixa de Gaza, onde, o distinto povo da Palestina, luta pela sua autonomia, e, ataca e sofre ataques da loucura israelense. Analistas consideram, que, Israel pode ter sérios prejuízos nessa guerra, por estar combatendo em duas frentes, e, por sofrer bastante com o elemento surpresa que o Hizbollah pode usar, além do que, a população civil dos seus países vizinhos também nutre um ódio intenso contra eles.
Hizbollah/Líbano. Um país muçulmano, antigo também, autônomo, apoiado por seus vizinhos Síria, e, pelo Irã, que, detêm em seu território um grupo para-militar chamado Hizbolllah, cujo um dos objetivos é o extermínio completo do estado de Israel e do povo judaico que nele vive. O Hizobollah não se constitui somente num grupo para-militar, mas num grupo que atua no desenvolvimento social de seus país, financiando e construindo escolas, hospitais, centros residênciais, entre outros. Aclamado pelo povo libanês, o Hizbollah exerce influência no pensamento de sua nação, controlando meios de comunicação, e, grande parte das diretrizes pedagógicas do mesmo. O Hizbollah não é tido como “grupo terrorista” pela ONU, sendo considerado isso, apenas pelos EUA, Inglaterra e Israel, ou, “o eixo do mal”, de acordo com a comunidade Islâmica mundial.
O Hizbollah também pode ser considerado um grupo nascido do sentimento de medo, e, pelo sentimento de vingança. Em seu início, constituído por uma maioria de jovens e orfãos, e, outros homens prejudicados pela ocupação israelense no sul do Líbano na década de 80, desenvolveu-se como maior amparo à população pobre do sul do país, e, recrutou milhares de homens, nutridos de sentimento de revolta, em suas fileiras. Cresceu, e, começou uma campanha de inimizade ao povo vizinho, logo, recebendo apoio das nações extremistas do islã, especificamente e principalmente, a Síria, vizinho do leste, e o Irã. Desenvolveu um mediano arsenal de foguetes e demais poderio bélico, e, criou-se uma grande tensão na fronteira entre Líbano e Israel.
Devido à opressão do governo israelense, ao povo palestino na faixa de Gaza, o Hizbollah iniciou uma campanha contra o estado de Israel, provocando-os, com lançamentos de foguetes em seus territórios e matando civis e soldados, principalmente na cidade de Haifa, terceira maior cidade do país. O governo do Líbano, sempre optou por uma dissimulada negociação com o Hizbollah, ao invés de tomar medidas mais rígidas e impôr sua autoridade. O ponto culminante para o início da guerra, foi o sequestro de alguns soldados israelenses, em seu próprio território, e, um ostensivo bombardeio em Israel. Assim, começou a guerra Líbano-Israelense.
Chegamos então aqui, duas semanas de guerra, e, quase 2500 homens prejudicados, mortos e feridos. Tudo isso, devendo-se estritamente à intolerância de povos para com outros povos. A falta de fraternidade e humanismo, a falta de diplomacia, o desejo irracional pela imposição. Imposição? De quê? Do que julgo ser o principal causador da intolerância: a religião. Se não fosse ela, não haveria uma definição étnica tão forte entre árabes e judeus, que, se analisarmos essas mesmas questões étnicas, seriam na verdade irmãos, todos semitas. Se não fosse ela, judeus não seriam considerados “estranhos usurpadores de terras”, e sim, cidadãos comuns. Se não fosse ela, não haveria tanta xenofobia, tanta discriminação, tanto racismo. Não haveria tanto medo entre iguais. A intolerância só gera ódio e mais violência, e morte, e, o homem, perde, pois o tempo que perde por causa das suas “diferenças”, poderia ser usado pela busca do bem comum e da evolução. No nosso século, intolerância religiosa, intolerância étnica, xenofobia, e demais fatores que impedem o humanismo e a fraternidade, não existem, e devem ser recusados, rejeitados, jogados fora do pensamento humano. Deve-se cultuar, somente, o homem e a união racial. Quando digo racial, refiro-me ao homo sapiens, e não, ao judeu, ao muçulmano, ao budista, ao católico, ao hindu ou a qualquer outro. Também não me refiro ao americano, ao europeu, ao asiático ou ao africano. Refiro-me ao homem, fraterno e humanista, unido em prol do bem-estar social mundial e nada mais.
Concluo que, tanto o povo judeu, quanto o povo libanes, estão totalmente errados. E não é o governo desses países que estão errados. É o povo, pois reflete perfeitamente aquilo que seu governo é. Intolerante, covarde e ignorante. Israel e Líbano precisam andar no tempo, e chegarem na era contemporânea. Devem esquecer diferenças e eliminar rancores da alma. Para isso, é preciso que, tanto árabes como judeus, sofram internamente, e, tenham o verdadeiro confronto em si mesmos. O que me refiro?
Analisando o caso de Israel e fazendo uma projeção, digo-lhes, que, a oposição interna terá um enorme crescimento, devido ao grande prejuízo emocional e sentimento de repúdio que essa violência trará. A minoria pacifista e mais racional, será inflamada por um sentimento de mudança, e, a coesão do estado irá ser abalada. Além do mais, tal força contará com apoio do resto do mundo, que, provavelmente apoiará essa nova “onda” que surgirá. Obviamente, que, essa é uma probabilidade, e, “oxalá” seja verdadeira.
Quanto aos libaneses, apenas crescerá a revolta anti-semita, e, o sentimento de intolerância, para com Israel e para com “a América”. Será uma semente ruim plantada no lugar. Além disso, não só em Israel, mas em vários lugares do mundo, o sentimento “anti-semita”, terá um lampejo de crescimento, e, isso não é bom para um povo com “predisposição a ser odiado”.
Enfim, fica aqui um protesto contra intolerância de caratér étnico, e, principalmente, de caráter religioso. Basta às diferenças! A humanidade quer ser una e fraterna!
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Ruti Gur, diretora de uma ONG feminista e moradora de Haifa, faz parte dessa minoria.
No último domingo, dia 23, a casa de Gur foi diretamente atingida por um míssil disparado pelo Hezbollah.
Por sorte, no momento do bombardeio a casa estava vazia, mas foi severamente danificada e ficou inabitável. Partes da construção terão que ser demolidas.
Gur, o marido e seus dois filhos terão de procurar um lugar alternativo para morar, e a reconstrução da casa poderá levar mais de seis meses.
"Dois dias antes do ataque em casa, participei de uma manifestação de mulheres pela paz, em Haifa. Várias pessoas na rua nos chamaram de 'traidoras' e chegaram a nos agredir fisicamente", disse Gur à BBC Brasil.
"Depois que senti, na minha pele, o que significa ter a própria casa atingida por mísseis, sinto mais empatia ainda pelas mulheres do Líbano e pretendo continuar participando dos protestos contra a guerra."
"Mas quero deixar bem claro que também sinto muita raiva do Hezbollah por ter destruído minha casa, e condeno a concepção militarista dos dois lados, tanto de Israel como do Hezbollah", concluiu Gur.
O jornalista Gideon Levy escreveu recentemente um artigo, no jornal Haaretz, afirmando que a guerra deve ser "interrompida imediatamente". "Era desnecessária desde o inicio, mesmo se o pretexto era justificado, e é chegado o momento de pará-la."
Levy recebeu 513 reações de internautas, a maioria delas extremamente violentas, o chamando de "traidor", "lixo" ou dizendo "tomara que um missil do Hezbollah acerte a sua cabeça".
Mas o jornalista afirmou que "prefere o ódio à indiferença".
"Assim, pelo menos se cria uma discussão na sociedade, e a violência das reações indica rachaduras no consenso. As pessoas começam a ter dúvidas se realmente estão com a razão, pois quem tem segurança de suas posições não grita, é capaz de falar calmamente", disse Levy.
Retirado do site
http://www.bbc.co.uk/portuguese/"O mal do Líbano é Israel e a América. Hizbollah!" - Pichação de criança libanesa ao ver exército israelense aproximando.
Abraços a todos!