Autor Tópico: Sobre o ateísmo  (Lida 4531 vezes)

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Luz

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Sobre o ateísmo
« Online: 03 de Agosto de 2006, 12:01:01 »
   
   Que atualmente, com tantas descobertas científicas,  muitos homens sejam ateus é algo bastante compreensível, mas que tenham sempre existido ateus ao longo da história é algo realmente extraordinário.

   Quando ainda não existia a Ciência Moderna e suas incríveis descobertas, quando ainda acreditava-se que o Universo girava em torno da Terra, quando não se conhecia a Relatividade de Einstein ou mesmo a Realidade de Newton, quando sequer imaginava-se pisar o solo lunar, as sondas espaciais, a Física Quântica, a Seleção Natural entre milhares de coisas que poderíamos citar aqui – em um cenário totalmente dominado pelo misticismo, pela crença em deuses e a magia, é algo surpreendente que existissem ateus.

   Afinal, o que levava o homem ao ateísmo no passado? O que o fazia estar assim tão certo de sua opinião se não havia “fatos” que a embasasse? Se não havia respostas científicas as perguntas mais ingênuas?

   A única resposta que consigo encontrar é a “ausência de crença”, pura e simplesmente. O homem faz suas escolhas em cima do que acredita e não o contrário. Nenhum homem “decide” ser ateu quando ainda possui algum tipo de crença, ele se torna ateu porque as perde. Simples assim, afinal nenhum homem luta contra suas próprias crenças se acredita nelas.

   Quando muitos ateus defendem sua condição por causa de fatos, indícios e evidências que a Ciência Moderna oferece, parecem se esquecer que antes de tudo isso sequer ser imaginado já existiam ateus. E que o ateísmo é o mesmo desde antes do próprio termo “ateu” ter sido cunhado – como é evidente na História.

   Quando muitos ateus defendem sua condição por uma questão de lógica e razão, parecem se esquecer que muitos dos grandes “pensadores” históricos não foram ateus.

   Quando muitos ateus defendem sua condição em função do conhecimento que possuem, perecem se esquecer que existem homens que possuem o mesmo conhecimento e possivelmente um conhecimento superior, mas nem por isso são necessariamente ateus.

   Nenhum motivo parece justificar melhor o ateísmo que a “ausência de crença”, mas isso tão pouco justifica qualquer condição, pois ao contrário de defender, condições ofendem a liberdade de escolha que não necessita de uma razão, lógica ou conhecimento diferenciados. O ateísmo se justifica por si mesmo como qualquer outra postura, pois está ao alcance tanto do homem diferenciado quanto do homem comum. 

Offline Luis Dantas

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #1 Online: 03 de Agosto de 2006, 12:28:25 »
Afinal, o que levava o homem ao ateísmo no passado? O que o fazia estar assim tão certo de sua opinião se não havia “fatos” que a embasasse? Se não havia respostas científicas as perguntas mais ingênuas?

Não é preciso ter certeza particularmente forte para ser ateu.  Basta constatar que este mundo não se parece com algo criado por uma Vontade Maior.

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A única resposta que consigo encontrar é a “ausência de crença”, pura e simplesmente. O homem faz suas escolhas em cima do que acredita e não o contrário. Nenhum homem “decide” ser ateu quando ainda possui algum tipo de crença, ele se torna ateu porque as perde. Simples assim, afinal nenhum homem luta contra suas próprias crenças se acredita nelas.

Não entendi. A crença não deveria ser algo que se constrói espontaneamente e se mantém por falta de vontade de deixar de lado.

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Offline LIAN

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #2 Online: 03 de Agosto de 2006, 12:35:52 »
Concordo Luis! A crença que devia ser fundamentada e não a falta dela. Mas nesse momento que eu imagino que entre em cena o dogma, onde você não precisa de justificativas lógicas ou questionamentos, esses são apontados como indicativos de falta de fé.
"Não consigo me convencer de que um Deus caridoso e onipotente teria propositalmente criado vespas parasitas com a intenção expressa de alimentá-las dentro de corpos vivos de lagartas." Charles Darwin

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #3 Online: 03 de Agosto de 2006, 13:24:30 »

   Quando muitos ateus defendem sua condição por uma questão de lógica e razão, parecem se esquecer que muitos dos grandes “pensadores” históricos não foram ateus.

   Quando muitos ateus defendem sua condição em função do conhecimento que possuem, perecem se esquecer que existem homens que possuem o mesmo conhecimento e possivelmente um conhecimento superior, mas nem por isso são necessariamente ateus.

Não é questão de esquecer qualquer dessas coisas. É simplesmente explicar o que os leva a pensar dessa forma. Explicações como "por que eu sou racional", ou "porque tenho muito conhecimento", claro, não são a coisa em si, mas uma explicação resumidíssima da coisa; não se pensa em implicar que qualquer pessoa racional ou com algum conhecimento tivesse que ter chegado às mesmas conclusões. Acho que, se colocadas dessa maneira, o que acho que não vejo ser feito muito comumente, serve apenas para diferenciar de coisas como "porque eu não gostaria que existisse um deus", "porque deus seria provavelmente mau", "porque minha religião não prega esse dogma", ou sei lá o que.

Da mesma forma, pode-se defender resumidamente a medicina atual ou outras coisas diversas com descrições resumidas iguais a essas... ao mesmo tempo em que algumas outras pessoas ao longo da história e atualmente tenham defendido ou defendam coisas bastante diferente, e usassem a mesma descrição resumida dos argumentos.

Apenas terem existido pessoas "pensadoras" e a par de vários fatos, com opiniões conflitantes diversas, não faz com que qualquer dessas opiniões tenha simplesmente um status igual, relativista de "crença"; "é tudo crença da mesma forma". Não que não se possa dizer que são crenças, mas ficar batendo nessa tecla é só uma encheção de saco semântica e inútil, a menos que queria se defender mesmo um relativismo absurdo, de que qualquer coisa imaginável em que se possa acreditar é tão válida como qualquer outra apenas por se tratar de uma "crença".


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A única resposta que consigo encontrar é a “ausência de crença”, pura e simplesmente. O homem faz suas escolhas em cima do que acredita e não o contrário. Nenhum homem “decide” ser ateu quando ainda possui algum tipo de crença, ele se torna ateu porque as perde. Simples assim, afinal nenhum homem luta contra suas próprias crenças se acredita nelas.
Concordo com que não se "decide" crer em qualquer coisa. Crença voluntária é algo surreal, não dá. Mas isso não significa que as pessoas tenham que "lutar" contra as crenças para perdê-las. Pode simplesmente ficar ciente de algo que contradiz suas crenças, o que pode levar a abandoná-las, sem que haja qualquer "luta" contra a evidência, necessariamente.

Luz

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #4 Online: 03 de Agosto de 2006, 14:56:05 »
Não é preciso ter certeza particularmente forte para ser ateu. Basta constatar que este mundo não se parece com algo criado por uma Vontade Maior.

Hoje, com todas as explicações científicas que temos eu concordo com você que muitos têm porquê constatar isso, mas na total ignorância desse conhecimento que possuímos, num cenário, como citei, dominado pelo misticismo e a crença em deuses não me parece assim tão óbvia essa constatação.

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Não entendi. A crença não deveria ser algo que se constrói espontaneamente e se mantém por falta de vontade de deixar de lado.

Se a crença é algo espontâneo - existe porque a pessoa "acredita realmente" e não porque teima em mantê-la. Quem tem uma crença qualquer, só tem essa crença porque realmente acredita nela. Quem não acredita realmente, questiona e ou se mantém cético ou se torna ateísta. Não é questão de ignorância. Muitos crentes tem conhecimento científico, mas conseguem enxergar por trás da realidade uma outra verdade - não sei explicar. O que sei é que acreditam realmente.
« Última modificação: 03 de Agosto de 2006, 15:02:04 por Luz »

Marcell

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #5 Online: 03 de Agosto de 2006, 15:06:47 »
Complementando:
O ateísmo pressupõe a ausência. Ateísmo é o estado natural, pois fora da razão não existem diferenças teológicas.
A propósito, como sou novo no fórum, alguém poderia me dizer se já houve um tópico sobre a diferença entre a razão e o instinto? Grato desde já.

Offline Luis Dantas

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #6 Online: 03 de Agosto de 2006, 15:18:29 »
Hoje, com todas as explicações científicas que temos eu concordo com você que muitos têm porquê constatar isso, mas na total ignorância desse conhecimento que possuímos, num cenário, como citei, dominado pelo misticismo e a crença em deuses não me parece assim tão óbvia essa constatação.

Mas injustiças, acidentes e ocorrências tais como nascimentos de hidrocéfalos não são nada novo.  O que impediria pessoas de tempos mais antigos de concluir que se houvesse Deus não haveria tais coisas?

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Não entendi. A crença não deveria ser algo que se constrói espontaneamente e se mantém por falta de vontade de deixar de lado.

Se a crença é algo espontâneo - existe porque a pessoa "acredita realmente" e não porque teima em mantê-la. Quem tem uma crença qualquer, só tem essa crença porque realmente acredita nela. Quem não acredita realmente, questiona e ou se mantém cético ou se torna ateísta. Não é questão de ignorância. Muitos crentes tem conhecimento científico, mas conseguem enxergar por trás da realidade uma outra verdade - não sei explicar. O que sei é que acreditam realmente.

Então você está usando crença como sinônimo de dogma, coisa que eu não recomendo.  Dogma não é algo natural exceto talvez como uma reação quase fóbica aos medos e inseguranças, e não convém a ninguém, dentro ou fora das religiões e da crença em Deus.
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Offline Agnostic

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #7 Online: 03 de Agosto de 2006, 15:43:52 »
Citação de: Luz
Afinal, o que levava o homem ao ateísmo no passado? O que o fazia estar assim tão certo de sua opinião se não havia ?fatos? que a embasasse? Se não havia respostas científicas as perguntas mais ingênuas?

É interessante lembrar que uma considerável parcela da humanidade, especialmente os seguidores de religiões/sistemas filosóficos orientais não eram exatamente "teístas" no sentido abraâmico do termo, ou seja, boa parte das religiões pós-império romano-não-abraâmicas não acreditava que um deus pessoal criou tudo e toma conta de tudo. Religiões não-abraâmicas e algumas até ateístas, como o jainismo, mesmo antes de toda essas descobertas científicas atuais, há mais de 1500 anos já demonstravam utilizando uma simples lógica a impossibilidade de haver qualquer deus criador. Talvez o fato de termos crescido numa sociedade impregnada pelo cristianismo às vezes nos faz pensar que o mundo sempre foi majoritariamente teísta e que o ateísmo se baseia exclusivamente na ciência, o que obviamente é um equívoco. Em suma quero dizer que não é surpresa alguma o fato de o ateísmo ter existido antes de toda "nossa ciência" e talvez até em maior proporção do que nos dias atuais, em nível mundial.
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Luz

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #8 Online: 03 de Agosto de 2006, 20:01:52 »
Mas injustiças, acidentes e ocorrências tais como nascimentos de hidrocéfalos não são nada novo. O que impediria pessoas de tempos mais antigos de concluir que se houvesse Deus não haveria tais coisas?

Que visão pessimista do ateísmo é essa, Luís? Se as mazelas fossem motivos para levar os homens ao ateísmo em qualquer época, todos os homens seriam ateístas.

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Então você está usando crença como sinônimo de dogma, coisa que eu não recomendo. Dogma não é algo natural exceto talvez como uma reação quase fóbica aos medos e inseguranças, e não convém a ninguém, dentro ou fora das religiões e da crença em Deus.

Por dogma eu entendo "regras estipuladas" e não estou me referindo a isso. Estou falando da condição pessoal de cada um. Quero dizer que nem o crente nem o ateu "decidem" seguir um determinado caminho, mas são levados a caminhos diferentes porque acreditam em coisas diferentes.

Luz

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #9 Online: 03 de Agosto de 2006, 20:14:41 »
É interessante lembrar que uma considerável parcela da humanidade, especialmente os seguidores de religiões/sistemas filosóficos orientais não eram exatamente "teístas" no sentido abraâmico do termo, ou seja, boa parte das religiões pós-império romano-não-abraâmicas não acreditava que um deus pessoal criou tudo e toma conta de tudo. Religiões não-abraâmicas e algumas até ateístas, como o jainismo, mesmo antes de toda essas descobertas científicas atuais, há mais de 1500 anos já demonstravam utilizando uma simples lógica a impossibilidade de haver qualquer deus criador. Talvez o fato de termos crescido numa sociedade impregnada pelo cristianismo às vezes nos faz pensar que o mundo sempre foi majoritariamente teísta e que o ateísmo se baseia exclusivamente na ciência, o que obviamente é um equívoco. Em suma quero dizer que não é surpresa alguma o fato de o ateísmo ter existido antes de toda "nossa ciência" e talvez até em maior proporção do que nos dias atuais, em nível mundial.

Talvez o texto não tenha ficado claro - estou pretendendo dizer extamente a mesma coisa, por vias diferentes. Que o ateísmo, assim como o teísmo, independe de religiões, ciências, lógica, razão, conhecimento - pois mesmo sem qualquer uma dessas coisas - como mostra a história, os homens se dividem entre teístas e ateístas, porque os preimeiro possuem crenças e os segundos não.

E é exatamente por isso que citei os argumentos que alguns ateístas apontam como motivos para justificar suas posturas, como se essa postura não fosse um condição natural e necessitasse de justificativas além da "ausência de crença" pura e simplesmente, se esquecendo que esses mesmos argumentos podem servir também para justificar posturas diferentes, dando margem ao questionamento.

Da mesma forma que os teístas não precisam ficar se justificando, pois consideram a crença uma condição natural e ela é, os ateístas também não deveriam se justificar, pois a "ausência de crença" também é uma condição natural que se justifica por si mesma, encerrando a questão.

Offline Luis Dantas

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #10 Online: 04 de Agosto de 2006, 01:06:19 »
Mas injustiças, acidentes e ocorrências tais como nascimentos de hidrocéfalos não são nada novo. O que impediria pessoas de tempos mais antigos de concluir que se houvesse Deus não haveria tais coisas?

Que visão pessimista do ateísmo é essa, Luís? Se as mazelas fossem motivos para levar os homens ao ateísmo em qualquer época, todos os homens seriam ateístas.

Não acho que essa seja uma visão pessimista, muito menos uma visão pessimista do ateísmo.  É antes uma crítica ou contestação ao teísmo.

Quanto à sua última afirmação, você está simplificando em excesso.  Todos os homens _tem_ sim motivos para duvidar da existência de Deus, mas ter motivos é apenas o primeiro passo.

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Então você está usando crença como sinônimo de dogma, coisa que eu não recomendo. Dogma não é algo natural exceto talvez como uma reação quase fóbica aos medos e inseguranças, e não convém a ninguém, dentro ou fora das religiões e da crença em Deus.

Por dogma eu entendo "regras estipuladas" e não estou me referindo a isso. Estou falando da condição pessoal de cada um. Quero dizer que nem o crente nem o ateu "decidem" seguir um determinado caminho, mas são levados a caminhos diferentes porque acreditam em coisas diferentes.

Não seria o contrário?  Não são os caminhos que moldam as crenças em vez de vice-versa?
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #11 Online: 04 de Agosto de 2006, 01:22:30 »
um pouco de cada. Dependendo do crente, iria procurar curas espirituais, em vez de tratamento médico; ateus não procurariam nada que dependesse de deuses para alguma cura...

... e coisas parecidas podem estar envolvidas com até construção de bases mais sólidas de teísmo e ateísmo... a pessoa pode partir de uma crença inicial mínima, e tendenciosamente ir atrás apenas das coisas, leituras, grupos sociais, que confirmam isso em que ele quer acreditar, evitando ver o outro lado, confrontar essa coisa. Mas não é de forma alguma uma regra.

Dessa forma é quase como uma escolha, o que até confronta um pouco o que disse anteriormente. Mas é ainda diferente de escolha no sentido "ah... vou ser ateu. Pronto. Humm.... mudei de idéia, agora creio no Bumba"

Luz

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #12 Online: 04 de Agosto de 2006, 10:15:35 »
Quanto à sua última afirmação, você está simplificando em excesso. Todos os homens _tem_ sim motivos para duvidar da existência de Deus, mas ter motivos é apenas o primeiro passo.

Nem todos os homens têm motivos para duvidar da existência de deus. É só olhar pro mundo real que está lá fora e os bilhões de crentes que o habitam. O que nos parecem evidências, para outros não servem nem como indícios.

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Não seria o contrário? Não são os caminhos que moldam as crenças em vez de vice-versa?

Luís, se você cresceu num lar ateísta, sob influencia ateísta, é uma rara exceção, mas eu, como a maior parte das pessoas, cresci num lar religioso, mas escolhi um caminho diferente, em função do que acredito. Foram as minhas "crenças" pessoais que moldaram meu caminho e não o contrário. Se eu fosse moldar minhas crenças em função do caminho - seria católica.
« Última modificação: 04 de Agosto de 2006, 10:17:39 por Luz »

Offline Led Zeppelin

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #13 Online: 04 de Agosto de 2006, 10:35:11 »
Nenhum motivo parece justificar melhor o ateísmo que a “ausência de crença”

Isso aí.
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Offline Agnostic

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #14 Online: 04 de Agosto de 2006, 13:28:21 »
É interessante lembrar que uma considerável parcela da humanidade, especialmente os seguidores de religiões/sistemas filosóficos orientais não eram exatamente "teístas" no sentido abraâmico do termo, ou seja, boa parte das religiões pós-império romano-não-abraâmicas não acreditava que um deus pessoal criou tudo e toma conta de tudo. Religiões não-abraâmicas e algumas até ateístas, como o jainismo, mesmo antes de toda essas descobertas científicas atuais, há mais de 1500 anos já demonstravam utilizando uma simples lógica a impossibilidade de haver qualquer deus criador. Talvez o fato de termos crescido numa sociedade impregnada pelo cristianismo às vezes nos faz pensar que o mundo sempre foi majoritariamente teísta e que o ateísmo se baseia exclusivamente na ciência, o que obviamente é um equívoco. Em suma quero dizer que não é surpresa alguma o fato de o ateísmo ter existido antes de toda "nossa ciência" e talvez até em maior proporção do que nos dias atuais, em nível mundial.

Talvez o texto não tenha ficado claro - estou pretendendo dizer extamente a mesma coisa, por vias diferentes. Que o ateísmo, assim como o teísmo, independe de religiões, ciências, lógica, razão, conhecimento - pois mesmo sem qualquer uma dessas coisas - como mostra a história, os homens se dividem entre teístas e ateístas, porque os preimeiro possuem crenças e os segundos não.

E é exatamente por isso que citei os argumentos que alguns ateístas apontam como motivos para justificar suas posturas, como se essa postura não fosse um condição natural e necessitasse de justificativas além da "ausência de crença" pura e simplesmente, se esquecendo que esses mesmos argumentos podem servir também para justificar posturas diferentes, dando margem ao questionamento.

Da mesma forma que os teístas não precisam ficar se justificando, pois consideram a crença uma condição natural e ela é, os ateístas também não deveriam se justificar, pois a "ausência de crença" também é uma condição natural que se justifica por si mesma, encerrando a questão.

Agora entendi. :-)

De maneira geral concordo com sua idéia central então neste tópico. Apenas acrescentando ao que você disse abaixo, e embasando no eu que disse acima, que "quando muitos ateus defendem sua condição em função do conhecimento que possuem, perecem se esquecer que existem homens que possuem o mesmo conhecimento e possivelmente um conhecimento superior, mas nem por isso são necessariamente ateus", por outro lado também pode ocorrer que teístas, ou mesmo ateus, se esquecerem que existem e existiram homens com conhecimento "inferior", sem possuírem uma fração de nossa ciência atual, mas que nem por isso eram necessariamente teístas.

« Última modificação: 04 de Agosto de 2006, 13:31:07 por Agnostic »
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Offline Luis Dantas

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #15 Online: 04 de Agosto de 2006, 15:25:31 »
Quanto à sua última afirmação, você está simplificando em excesso. Todos os homens _tem_ sim motivos para duvidar da existência de Deus, mas ter motivos é apenas o primeiro passo.

Nem todos os homens têm motivos para duvidar da existência de deus. É só olhar pro mundo real que está lá fora e os bilhões de crentes que o habitam. O que nos parecem evidências, para outros não servem nem como indícios.

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Não seria o contrário? Não são os caminhos que moldam as crenças em vez de vice-versa?

Luís, se você cresceu num lar ateísta, sob influencia ateísta, é uma rara exceção, mas eu, como a maior parte das pessoas, cresci num lar religioso, mas escolhi um caminho diferente, em função do que acredito. Foram as minhas "crenças" pessoais que moldaram meu caminho e não o contrário. Se eu fosse moldar minhas crenças em função do caminho - seria católica.

Mas a crença dos outros não é o único fato externo significativo no seu ambiente... ou é? 
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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #16 Online: 04 de Agosto de 2006, 15:42:43 »
Mas a crença dos outros não é o único fato externo significativo no seu ambiente... ou é?

Ao contrário, a crença dos outros não é um fato significativo ou eu não entendi sua pergunta!

Offline Luis Dantas

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #17 Online: 04 de Agosto de 2006, 18:44:58 »
Sobre as crenças dos outros, Luz, eu me referia a este seu trecho:

Luís, se você cresceu num lar ateísta, sob influencia ateísta, é uma rara exceção, mas eu, como a maior parte das pessoas, cresci num lar religioso, mas escolhi um caminho diferente, em função do que acredito. Foram as minhas "crenças" pessoais que moldaram meu caminho e não o contrário. Se eu fosse moldar minhas crenças em função do caminho - seria católica.

Parece aqui que você acha que crenças são definidas por algum tipo de impulso interno, ou, na ausência do mesmo, por imitação da crença alheia.

Esses são dois fatores, sem dúvida, mas você não está mencionando a observação externa de outros fatos que não sejam crenças

Eu acredito que basta um certo tipo de atitude crítica e uma observação honesta dos fatos da existência para duvidar da existência de um Deus.  Não tem de "vir de dentro". 

Aliás, você já ouviu falar do Rabino Kushner?  Ele é teísta, mas tornou-se conhecido ao abordar a questão da Teodicéia - talvez o maior argumento prático contra a idéia da existência de Deus - em seu livro "Quando coisas ruins acontecem às pessoas boas", que por sua vez foi motivado pela terrível doença congênita que seu filho manifestou.

A história dele, infelizmente, não é particularmente rara; grandes injustiças acontecem com todos nós.  E esse fato, por si só, é uma forte evidência _externa_ de que Deus não existe.
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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #18 Online: 05 de Agosto de 2006, 11:22:43 »
Sobre as crenças dos outros, Luz, eu me referia a este seu trecho:

Luís, se você cresceu num lar ateísta, sob influencia ateísta, é uma rara exceção, mas eu, como a maior parte das pessoas, cresci num lar religioso, mas escolhi um caminho diferente, em função do que acredito. Foram as minhas "crenças" pessoais que moldaram meu caminho e não o contrário. Se eu fosse moldar minhas crenças em função do caminho - seria católica.

Parece aqui que você acha que crenças são definidas por algum tipo de impulso interno, ou, na ausência do mesmo, por imitação da crença alheia.

Esses são dois fatores, sem dúvida, mas você não está mencionando a observação externa de outros fatos que não sejam crenças.

Eu só usei essa citação para exemplificar a escolha do caminho – claro que não tem que ser uma regra

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Eu acredito que basta um certo tipo de atitude crítica e uma observação honesta dos fatos da existência para duvidar da existência de um Deus. Não tem de "vir de dentro".

Podemos até não admitir, mas vem de dentro sim e não escolhemos. Todo ser humano se questiona ou questiona o que acredita em algum momento, mas essa postura crítica que conclui que não existe um deus só é possível depois de já se ter perdido todas as crenças. Ninguém constata antes que não existe um deus para então se tornar ateu. Quando se constata que um deus não existe é porque já não existe mais crenças. Só o ateu pode constatar que um deus não existe, mas isso não se deve a uma postura crítica, a fatos ou as injustiças sofridas ou observadas, mas apenas a “ausência de crença” pura e simplesmente.

E isso não tem relação com a as influências, com o que sabemos, com religião, Ciência, revoltas, injustiças, nada. Tem relação apenas com o estado em que nos encontramos, com a crença ou a ausência de crença que desenvolvemos, sem que façamos nada para isso.

Aqueles que estão revoltados por algum motivo, brigando com suas próprias crenças, não são ateus. O ateu é aquele que deixou de acreditar natural e espontaneamente, sem que nenhum fato marcante tenha necessariamente acontecido. Aquele em que as circunstâncias, sejam quais forem, não alteram seu estado.

Nenhuma justificativa no mundo explica a “ausência de crença”, mas essa sim explica as justificativas apontadas. O ateu não deixou de acreditar que existe deus porque o mundo  é imperfeito, ele simplesmente deixou de acreditar que existe deus – e é porque deixou de acreditar, que a imperfeição do mundo parece uma justificativa, pois se acreditasse ou tivesse dúvidas não pareceria assim tão óbvio, como não é para quem não é ateu.

E quero deixar claro que não estou tentando impor um visão, mas apenas expondo uma opinião. E quero saber a sua.




Offline Luis Dantas

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #19 Online: 05 de Agosto de 2006, 15:04:38 »
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Eu acredito que basta um certo tipo de atitude crítica e uma observaçăo honesta dos fatos da existência para duvidar da existência de um Deus. Năo tem de "vir de dentro".

Podemos até năo admitir, mas vem de dentro sim e năo escolhemos.

Não entendi a distinção.  Pode me ajudar?

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Todo ser humano se questiona ou questiona o que acredita em algum momento, mas essa postura crítica que conclui que năo existe um deus só é possível depois de já se ter perdido todas as crenças. Ninguém constata antes que não existe um deus para entăo se tornar ateu. Quando se constata que um deus não existe é porque já năo existe mais crenças. Só o ateu pode constatar que um deus não existe, mas isso não se deve a uma postura crítica, a fatos ou as injustiças sofridas ou observadas, mas apenas a “ausência de crença” pura e simplesmente.

Se você quer dizer que certas pessoas "nascem" predispostas a descrer em um Deus, ok.

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E isso năo tem relaçăo com a as influências, com o que sabemos, com religião, Ciência, revoltas, injustiças, nada. Tem relação apenas com o estado em que nos encontramos, com a crença ou a ausência de crença que desenvolvemos, sem que façamos nada para isso.

Aqueles que estăo revoltados por algum motivo, brigando com suas próprias crenças, não são ateus. O ateu é aquele que deixou de acreditar natural e espontaneamente, sem que nenhum fato marcante tenha necessariamente acontecido. Aquele em que as circunstâncias, sejam quais forem, não alteram seu estado.

Nenhuma justificativa no mundo explica a “ausência de crença”, mas essa sim explica as justificativas apontadas. O ateu não deixou de acreditar que existe deus porque o mundo  é imperfeito, ele simplesmente deixou de acreditar que existe deus – e é porque deixou de acreditar, que a imperfeição do mundo parece uma justificativa, pois se acreditasse ou tivesse dúvidas não pareceria assim tão óbvio, como não é para quem não é ateu.

Você acha que todo ateu necessariamente _deixou de acreditar_ (na possibilidade de existir Deus)?  Que eu me lembre eu nunca tive essa crença específica.  Até tentei por um tempo, mas "não desce".


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E quero deixar claro que năo estou tentando impor um visão, mas apenas expondo uma opinião. E quero saber a sua.

Tentei expor o que penso, mas vou querer que você explique a diferença entre vir de dentro e termos feito uma escolha antes de elaborar mais.
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Luz

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #20 Online: 05 de Agosto de 2006, 19:28:56 »
Tentei expor o que penso, mas vou querer que você explique a diferença entre vir de dentro e termos feito uma escolha antes de elaborar mais.

Está certo, vou tentar! Estou querendo dizer que o ateísmo não é uma opção, uma escolha feita deliberadamente, mas apenas uma consequência da "ausência de crença" que se desenvolve sem qualquer esforço - vem de dentro - acontece natural e espontaneamente.

Falando em termos de gramatica - o ateísmo não necessita de complemento - é intransitivo. Não se é ateu por isso ou por aquilo - se é ateu e ponto final, independente disso ou daquilo. Pode até se transitar, alegar motivos, mas isso não justifica a postura que se justifica por si mesma.

É como gostar - não se gosta de maçã, de rock e de azul por algum motivo - apenas gosta-se ou não - pode haver uma explicação, mas não justifica, vem de dentro - acontece natural e espontaneamente.

Offline RogerWaters

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #21 Online: 31 de Agosto de 2006, 11:06:17 »
É claro que o atísmo acontece espontaneamente, a religião surgiu exatamente para tentar explicar as coisas que os homens não entendiam, inventaram um ser divino(ou mais de um) superior que tivesse poderes suficiente para causar terremotos, furacões, etc.
Contudo essa idéia pode não ter satisfeito todos os homens que prefiriram continuar acreditando que tudo tinha uma causa natural, o que realmente é, e não que era responsabilidade do sobrenatural ou divino.
Então não me venha falar que religião é uma coisa natural do homem, pois não é verdade já que o homem é fruto de evolução, ele não pode ter evoluído da irracionalidade para a racionalidade com a religião dentro dele.
“se uma proclamação pública repentinamente anunciasse a anulação de todas as leis criminais, imagino que nenhum de nós teria coragem de ir para casa sob a proteção das causas religiosas.” Schopenhauer

“Não há no mundo amor e bondade bastantes para que ainda possamos dá-los a seres imaginários.” Nietzsche

“A ciência tem provas sem certeza. Os teólogos têm certeza sem qualquer prova.” Ashley Montagu

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Offline Luis Dantas

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #22 Online: 31 de Agosto de 2006, 11:17:15 »
Como eu queria que vocês parassem de confundir "religião" com "crendice"...
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Offline Onaiab

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #23 Online: 01 de Setembro de 2006, 00:15:52 »

Não é preciso ter certeza particularmente forte para ser ateu. Basta constatar que este mundo não se parece com algo criado por uma Vontade Maior.


Me parece que você está afirmando que quem não é ateu, acredita que o nosso planeta foi criado por uma Vontade Maior. Se for isso, eu não concordo. Nem todos que crêem em Deus, o imaginam por aí "construindo seres e coisas". Sei de muita gente que o considera algo incognoscível, para além da capacidade humana.
A dúvida pode ser uma pedra no caminho ou uma ponte sobre o rio.
A simples atitude de negação não conduz a nenhuma certeza.
O improvável pode ser perfeitamente possível.

Offline Luis Dantas

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Re: Sobre o ateísmo
« Resposta #24 Online: 01 de Setembro de 2006, 00:48:45 »
Me parece que você está afirmando que quem não é ateu, acredita que o nosso planeta foi criado por uma Vontade Maior.

É verdade.  Eu costumo usar uma definição mais ou menos abrâamica de divindade.


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Se for isso, eu não concordo. Nem todos que crêem em Deus, o imaginam por aí "construindo seres e coisas". Sei de muita gente que o considera algo incognoscível, para além da capacidade humana.

Agnósticos, portanto?
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