Tudo isso é muito simples. Capital, todo e qualquer, só é formado quando acumulado. Ora, para que seja acumulado precisa haver poupança. Para que haja poupança deve haver abstenção do consumo. Então o que quero dizer com poupança? Que os habitantes daquela nação ou local se absteram de consumir, formaram poupança que se converteu em capital.
Sem dúvida. Acho que a maior parte do capital atualmente provém de lucros que são reinvestidos pelas empresas, e não de poupanças de trabalhadores; mas mesmo assim podemos ainda considerar esse lucro reinvestido como uma "abstenção de consumo" por parte dos empresários.
Talvez se rastrearmos a história de qualquer empresa privada, poderemos na maioria das vezes descobrir que ela começou como um pequeno negócio montado com a poupança de uma ou algumas pessoas. O que quero dizer aqui é que esse capital
pertence à essas pessoas e elas poderão investí-los da forma que achar melhor para obterem lucro e não estão necessariamente obrigadas a empregar apenas nativos ou mesmo a investir dentro do próprio país. Você fala dos imigrantes empregados em um determinado país como se eles estivessem de alguma forma "usurpando" algum direito dos nativos, como se o capital da empresa na qual estão empregados pertencesse a todos os nativos, e não aos donos da empresa. Amigo, em relação ao capital privado não existe essa de capital "nacional". Capital não tem pátria, tem donos.
Quando você fala que "os habitantes de um local se abstiveram de consumir e formaram poupança", isso não implica que os poupadores que resolverem abrir um negócio com o seu dinheiro poupado ou que os bancos que captam estas poupanças estejam obrigados a empregar somente nativos ou mesmo a investir dentro do país, entendeu? Você fala das poupanças internas de um país como se elas pertencessem a todos, como se fossem bens coletivos, e não que tivessem proprietários que podem dispor delas como bem entenderem.
Em suma, não existe essa de "capital nacional" ou "poupança nacional" em relação aos bens privados. Ninguém está obrigado a investir ou gastar seu dinheiro somente em coisas internas do país. Logo, não há nenhum tipo de "usurpação" de direitos alheios ou de ganho de nada de graça quando um imigrante é empregado em um país e com o seu trabalho adquire os bens que deseja.
Na prática os imigrantes proporcionam mais lucros aos empresários por receberem salários mais baixos, esses baixos salários implicam em menores custos de produção que podem implicar em menores preços de alguns produtos para os consumidores do país. Economicamente falando, só se prejudicam com a imigração os trabalhadores nativos não-qualificados, que ganham concorrência no mercado de trabalho e são obrigados, se quiserem ser empregados, a exigirem menores salários.
Eu não estou defendendo a imigração. Acho que o governo de um país tem todo o direito de restringí-la se entender que poderá gerar concorrência com os trabalhadores nativos e acarretar desemprego, se achar que pode haver choque cultural, etc. Eu somente discordo dessa idéia de que o imigrante ganhe algo de graça e esteja usurpando algum direito dos nativos quando é empregado em um país, conforme mostrei. A não ser que o imigrante ganhe algum tipo de "bolsa-família" ou utilize serviços públicos sem exercer nenhum tipo de trabalho e contribuição, o que é muito improvável (mesmo os trabalhadores informais pagam impostos indiretos quando consomem),
Há muitos argumentos contra a imigração. Este com certeza não é um deles.
Parte do capital retorna como consumo, outra em investimentos sociais - escolas, hospitais, serviços públicos em geral. Assim, cada habitante gasta o capital acumulado pelas gerações anteriores e ajuda a manter ou aumentá-lo, mas esse processo não pode ser infinito - se a população crescer mais do que do que a capitalização da sociedade o capital decairá ocorrendo empobrecimento geral.
Você está se referindo aos impostos e taxas cobrados pelo governo, não é? Com certeza não é sobre o capital privado.
O imigrante empregado em um país também pagará impostos e contribuições dos mais diversos tipos; portanto, ele não receberá nada de graça quando utilizar os serviços públicos do local.
Concordo com o fato de que um controle populacional é necessário para evitar superpopulação em relação às oportunidades de emprego, inclusive controle da natalidade. Porém na prática o que está ocorrendo é o oposto nos países europeus: suas populações estão diminuídas e a oferta de mão-de -obra para os trabalhos não-qualificados está diminuída, o que os fizeram incentivar a natalidade e a imigração. Eu particularmente acho que o maior problema gerado pela imigração é puramente cultural, produto de uma espécie de "sentimento de superioridade" por parte dos nativos aliado a intolerância e a uma espécie de "ciúme" do seu país ou local. As razões "materiais" são mínimas.
Sobre as poupanças que os nativos fizeram, acho que os imigrantes fariam o mesmo em seus locais de origem se lá pudessem ganhar além do necesário para comer. Tanto é que quando são empregados nos locais desenvolvidos e conseguem ganhar além das necessidades básicas, também fazem poupança (que é dele e ele poderá dispor como quiser, inclusive montando negócios e empregando nativos, da mesma forma que os nativos dispõem das suas, como já falei)
Eu não tenho nada contra os imigrantes. Apenas entendo a economia como um sistema inexorável de leis. A imigração só pode ser feita até um limite, depois ela provocará queda de capital e empobrecimento geral. Se esse sistema de leis está certo ou errado pode-se discutir. Mas deve existir um princípio na qual a economia funciona, como tudo mais no universo. Agora, se o princípio é bom ou ruim, cabe ao homem fazer alguma coisa para mudá-lo. A pobreza é a condição natural, não a riqueza - basta observar o número de pobres e ricos em todas as eras.
As leis econômicas são tendências e limitações naturais que existem dentro de uma sociedade com um determinado conjunto de intituições políticas e legais. Mas a política pode se sobrepor à economia. A própria propriedade privada e liberdade comercial são garantidas por instituições políticas e jurídicas, e deixariam de existir, juntamente com algumas "leis" econômicas, se essas instituições deixarem de existir.
Numa economia totalmente livre e desimpedida, a imigração é apenas mais um processo lógico: deslocamento de pessoas para onde há mais oferta de empregos e maiores preços por sua força de trabalho. Porém, o governo pode tomar uma decisão
política e restringir a imigração para proteger os interesses dos trabalhadores nativos não-qualificados, da mesma forma que pode impor tarifas de importação para proteger suas indústrias.