Fonte: SciAm
http://www.sciam.com/article.cfm?chanID=sa003&articleID=000CC991-C24A-151A-824A83414B7F00002006-10-05 19:20:00
Faz cinqüenta anos os cientistas descobriram um micróbio capaz de resistir à radiação de raios gama dentro de enlatados de carne.
Seu nome: Deinococcus radiodurans.

O microorganismo pode sobreviver a doses de radiação 500 vezes superiores a doses que matariam um humano. Estas doses danificam o DNA do microorganismo, o mesmo que sucederia a um humano, porém o microorganismo pode reparar seu DNA em questão de horas, dependendo da dose.
Investigadores franceses determinaram finalmente como realiza este “truque” a mais resistente das extremófilas. “Descobrimos o mecanismo por meio do qual uma célula clinicamente morta volta à vida”, explica Miroslav Radman do INSERM, uma instituição francesa de investigação biomédica. “Esta resistência à radiação extrema é um efeito secundário de sua seleção para a resistência à desidratação”. Tanto a desidratação como a radiação rompem os cromossomos do D. radiodurans em pequenos fragmentos.
Radman e seus colegas submeteram o micróbio com 1,0 megarad de radiação gama, o suficiente para esterilizar alimentos, porém abaixo do limite de resistência do D. radiodurans. Apesar disso, seus cromossomos se romperam. Durante a hora e meia seguinte, as células pareciam estar mortas, mas passadas três horas, os cromosomas de D. radiodurans estavam reconstruídos e em completo funcionamento.
Uma observação detalhada revelou que a síntese de DNA funcionava perfeitamente. Cada fragmento se estende eliminando os extremos danificados, preenchendo-o com um fragmento que encaixa em parte de sua seqüência de nucleotídeos, tudo isso com a ajuda de uma enzima conhecida como PolA. Ao final o resultado é o DNA reparado de um tamanho 30 vezes mais longo que a mais longa das seqüências repetitivas do DNA do D. radiodurans.
O processo resolve o mistério de como D. radiodurans sobrevive à radiação e repara os danos que esta causa. Os resultados também mostram que o microorganismo sintetiza o DNA em maior velocidade durante a recuperação que durante sua própria replicação normal.
Segue, no entanto, sem resolver-se o mistério de como as enzimas comuns como PolA, funcionam melhor em D. radiodurans que em outros organismos que morrem sob a radiação.
Os cientistas estão agora mais próximos de compreender a extraordinária capacidade deste organismo e assim obter algum beneficio dela. “Dado que Deinococcus pode ‘sobreviver à morte’, posso sonhar que talvez possamos aprender como ressuscitar neurônios mortos”, declara Radman”.