Números são representações conceituais da aritmética. As operações com números também são representações subjetivas. Porém se baseiam na observação e sua relação como uma descrição do universo é demonstrável.
Exemplo: não há nenhum número 5 caminhando por aí... mas posso dizer que tenho 5 laranjas, e não são nem 3 nem 10 laranjas. O fato de substrair uma e ficar com quatro é um evento objetivo e demonstrável. E, novamente, não temos um número 4 correndo por aí.
Não sei aonde quer chegar, mas é isso.
Sim. Os números não são entidades físicas, mas só por isto eles são subjetivos? Por acaso "2+2=4" muda de significado em função do estado emocional do sujeito?
Concordo. Abstratos, porém objetivos.
E o que no nosso conhecimento não é abstração?
quando eu falo em uma porta, ambos "sentimos" a porta, entendemos do que se trata imediatamente. claro que eu posso pensar em uma porta marrom de fechadura de ferro e você em uma porta de geladeira... de qualquer maneira, abstraímos características comuns a tudo a que chamamos de "porta" e temos mais ou menos alguma idéia comum do que seja uma porta. o conceito de porta é, portanto, uma abstração, estou correto?
pois bem, falemos de algo menos palpável. invoco a pentelha da chauí;
Assim, por exemplo, costumamos dizer que uma montanha é real porque é uma coisa. No entanto, o simples fato de que essa "coisa’ possua um nome, que a chamemos "montanha", indica que ela é, pelo menos, uma "coisa-para-nós", isto é, algo que possui um sentido em nossa experiência. Suponhamos que pertencemos a uma sociedade cuja religião é politeísta e cujos deuses são imaginados com formas e sentimentos humanos, embora superiores aos dos homens, e que nossa sociedade exprima essa superioridade divina fazendo com que os deuses sejam habitantes dos altos lugares. A montanha já não é uma coisa: é a morada dos deuses. Suponhamos, agora, que somos uma empresa capitalista que pretende explorar minério de ferro e que descobrimos uma grande jazida numa montanha. Como empresários, compramos a montanha, que, portanto, não é uma coisa, mas propriedade privada. Visto que iremos explorá-la para obtenção de lucros, não é uma coisa, mas capital. Ora, sendo propriedade privada capitalista, só existe como tal se for lugar de trabalho. Assim, a montanha não é coisa, mas relação econômica e, portanto, relação social. A montanha, agora, é matéria-prima num conjunto de forças produtivas, dentre as quais se destaca o trabalhador, para quem a montanha é lugar de trabalho. Suponhamos, agora, que somos pintores. Para nós, a montanha é forma, cor, volume, linhas, profundidade — não é uma coisa, mas um campo de visibilidade."
ok, a chauí criou um monte de abstrações aí confusas e de utilidade duvidosa. utilidade duvidosa, digo, para fins honestos, porque isso logo pode ser usado pra fundamentar alguma asneira comunista daquelas dela.
a questão que eu quero por, dante, é; dá pra colocar a abstração porta no mesmo patamar da abstração "montanha-capital"?
não sei se, aliás, não acho que tenha me expressado claramente. quero passar uma impressão que tenho faz tempo mas não consigo por em palavras. basicamente que abstrair demais pode levar ao engano, dependendo de quem o faz.