Autor Tópico: Existe racismo no Brasil?  (Lida 3515 vezes)

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Offline Luis Dantas

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Re: Existe racismo no Brasil?
« Resposta #25 Online: 19 de Setembro de 2006, 13:28:46 »
Vejo dois problemas sérios com o sistema de cotas atual: primeiro, ele alimenta o racismo ao se guiar por um critério étnico (pior ainda, um critério escancaradamente arbitrário, que na UnB pelo menos depende unicamente da declaração do próprio interessado de que "é negro"); segundo, ele está concentrado no ensino superior, o que não resolve problema algum, já que nosso gargalo é o ensino básico e médio, não o superior.  Nos EUA é exatamente o contrário; as cotas existem no ensino de formação, não no superior, e lá a distinção étnica é pelo menos um pouco menos arbitrária já que há menos miscigenação.
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Offline Dobrado

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Re: Existe racismo no Brasil?
« Resposta #26 Online: 19 de Setembro de 2006, 17:52:17 »
É estranho como alguns negros procuram racismo onde simplesmente não existe. Vi algumas comunidades no orkut com tópicos tipo, "Naquele filme o assaltante é negro, isso é preconceito", pô, isso é exagero. Tem pessoas que veêm racismo em tudo. Minha mãe (negra) era assim, se alguém olhasse torto pra ela, era racismo. Mas na verdade era porque ela era chata mesmo! :D
O dia que algumas pessoas se sentirem bem com o que realmente são, o racismo vai "diminuir", ai é lutar pra esclarecer o resto do pessoal que realmente é racista.
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Offline Herf

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Re: Existe racismo no Brasil?
« Resposta #27 Online: 19 de Setembro de 2006, 18:58:55 »
O mero fato de existirem mais pretos pobres que brancos, e mais brancos ricos que pretos, ainda mais no grau que temos, já não deixa margem pra dúvida.
Se os pretos não tem o mesmo grau de acesso à prosperidade, e se eles não são diferentes em capacidade, o problema é de oportunidade mesmo.

Ora, mas o fato de existirem mais ricos brancos do que negros é por questões históricas, muito pouco por racismo nos dias de hoje.

E se negros não têm o mesmo acesso à properidade do que brancos, isso é por que a maioria da população negra do mundo é pobre. A questão é que pobres têm menos acesso e oportunidades. Um branco pobre tem as mesmas oportunidades que um negro igualmente pobre.

Tarcísio

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Re: Existe racismo no Brasil?
« Resposta #28 Online: 19 de Setembro de 2006, 19:02:17 »
Já que parece que o assunto central do tópico não teve a abordagem merecida, o extremista aqui vai chutar o balde, quer dizer, iniciar o debate.

Se um negro tem direito de exaltar sua posição de negro com camisas como "100% Negro", eu tenho o direito de achincalhar com esse negro.

*Lembrando que ter direito não significa que é obrigatório. Eu mesmo pouco impotância dou para etnia de uma pessoa ou a opnião dela sobre as demais.*

Pro inferno esse papinho de que somos todos um grande amuntuado de racistas. Parece aquele discurso que passa de boca em boca "Olha, todo político é ladrão...", mas quem fala isso é justamente aquele que fica na espreita, o oportunista de plantão. Conheço sim muitos racistas, mas todos  fazem parte das "minorias oprimidas".

Judeu por exemplo, aqui num encontro ecumênico teve uma judia palestrante que necessitou de todo um tratamento especial e passar na frente de todos os outros, fez birra e não durmiu na minha cidade nem para o segundo dia da reunião comunal. Será que todos são assim? Não sei, mas essa foi.

Negros se sentindo ofendidos e criação de legislação apropriada? Vixe... isso vai longe... mas o que gera essa crença de que se está sendo chicoteado de todos os lados?

O ETNOCENTRISMO!

A maldição do orgulho da "singularidade racial" que acaba por encontrar-se em qualquer comentário, seja exaltando sua raça ou ofendendo-a.

Outro dia, entre amigos, rolou um comentário sobre o nicho dos macacos e um amigo negro saiu ofendido! Isso não existe, o assunto já seria abordado e ele em nada tinha a ver com aquilo. Depois disso o mesmo comentário foi feito com outro amigo negro participando da conversa e ele simplismente agiu como os demais.

Qual a diferença, se os dois são negros?

Enquanto existir um orgulho de ser minoria que haja o ódio. Ou somos todos iguais ou não somos nada.

Offline Herf

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Re: Existe racismo no Brasil?
« Resposta #29 Online: 19 de Setembro de 2006, 19:07:28 »
É isso aí. Pior do que cotas racistas só orgulho racial mesmo. Não há nada mais nojento.

Offline Sr. Alguém

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Re: Existe racismo no Brasil?
« Resposta #30 Online: 19 de Setembro de 2006, 19:25:51 »
Racismo velado forte no país ... sem dúvida.

Com relação ao racismo "cor", atualmente ando muito preocupado com o que eu falo.
Já repararam quantas expressões que podem sugerir algum tipo de racismo são usadas no nosso dia a dia, mesmo sem que percebamos ? Como uma frase que começa com "aí o neguinho chegou e disse...". Não é fácil, mas depois que passei a dar aulas, a minha vontade em eliminar isto ficou muito forte. Apesar de que os negros são realmente minoria em aulas de cursos superiores. Em dois ou três anos lecionando não me lembro de 10 alunos negros. Mais racismo ?

  Onde moro pelo menos, as expressões "meu nêgo" e "minha nêga" são carinhosas.Quanto ao racismo, ele existia aqui mesmo antes da chegada dos portugueses.Havia várias etnias indigenas e algumas sequer consideravam humanos os que pertenciam a outras tribos.
Se você acha que sua crença é baseada na razão, você a defenderá com argumentos e não pela força e renunciará a ela se seus argumentos se mostrarem inválidos. (Bertrand Russell)
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Offline Huxley

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Re: Existe racismo no Brasil?
« Resposta #31 Online: 19 de Setembro de 2006, 23:29:53 »
Não vejo tanto racismo assim no Brasil.O que existe de racismo aqui é correlacionado com o preconceito social.Se vocês verem as estatísticas, a proporção de pobres brancos também é grande.É claro que a maioria dos pobres é negra, mas isso se deve que nossa sociedade sempre foi altamente estratificada.E como os negros são descendentes modificados de escravos sem recursos, eles tenderam a continuar pobres.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Existe racismo no Brasil?
« Resposta #32 Online: 20 de Setembro de 2006, 00:11:35 »
O mero fato de existirem mais pretos pobres que brancos, e mais brancos ricos que pretos, ainda mais no grau que temos, já não deixa margem pra dúvida.
Quer dizer que, sendo branco, asiático ou índio, só se é pobre se quiser, ou se for um inepto total?

Acho que não, que a riqueza e a pobreza vêm de consideravelmente longe no passado e na maior parte do tempo se acumula aos poucos, ainda que hajam períodos de maior prosperidade.
 
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Se os pretos não tem o mesmo grau de acesso à prosperidade, e se eles não são diferentes em capacidade, o problema é de oportunidade mesmo.
Assim parece até que racismo é o problema do subdesenvolvimento Brasil... os empresários brancos, deixando de ser racistas, parando de ocultar/negar as vagas disponíveis (negligenciadas por alguns não-negros desempregados por alguma razão), empregariam toda essa gente, e virarímos país de primeiro mundo, sem desemprego (exceto pelos brancos, asiáticos e índios que não querem trabalhar).

rizk

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Re: Existe racismo no Brasil?
« Resposta #33 Online: 20 de Setembro de 2006, 01:28:02 »
Amigo, aí já é exagerar demais o que eu disse.

MEUS NEGOS, de "razão histórica" o inferno está cheio. Olhar pra trás é muito bom para elaborar políticas eficazes, mas não é desculpa. E racismo não é só cota (ou falta dela).

Offline Rodion

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Re: Existe racismo no Brasil?
« Resposta #34 Online: 20 de Setembro de 2006, 01:42:50 »
Amigo, aí já é exagerar demais o que eu disse.

MEUS NEGOS, de "razão histórica" o inferno está cheio. Olhar pra trás é muito bom para elaborar políticas eficazes, mas não é desculpa. E racismo não é só cota (ou falta dela).

então você acha mesmo que negros ganham, em média, menos do que brancos, por motivos racistas? é comum que o empregador privado leve em conta o critério racista?
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Offline Luis Dantas

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Re: Existe racismo no Brasil?
« Resposta #35 Online: 20 de Setembro de 2006, 03:23:59 »
Amigo, aí já é exagerar demais o que eu disse.

MEUS NEGOS, de "razão histórica" o inferno está cheio. Olhar pra trás é muito bom para elaborar políticas eficazes, mas não é desculpa. E racismo não é só cota (ou falta dela).

então você acha mesmo que negros ganham, em média, menos do que brancos, por motivos racistas? é comum que o empregador privado leve em conta o critério racista?

Eu acredito que sim.  Não é algo particularmente assumido, nem necessariamente um ato de empregadores malvados e insensíveis. 

Em muitos empregos a receptividade do público-alvo conta e cria ou afasta oportunidades de remuneração.  Se há racismo na sociedade, esse é um fator que pode sim prejudicar as chances profissionais de muita gente.

Um dos meus ex-diretores é negro.  Um rapaz BRILHANTE, jovem, bem preparado, bem humorado e muito hábil em lidar com as pessoas tanto acima quanto abaixo dele.  Foi na minha opinião uma grande perda quando ele decidiu deixar o cargo de direção.  Os motivos eram pessoais - ele queria se dedicar mais à família - mas nem por isso deixa de ser verdade que sendo negro ele tinha de lidar com obstáculos que um "branco" não encontraria.  Não é culpa dele, claro, mas é uma realidade.  É correto e louvável que seus superiores optem por lhe dar uma chance de mostrar sua competência apesar disso, mas também podem se sentir tentados a preferir uma pessoa que não tenha de lidar com esses obstáculos, alguém que não seja alvo de preconceito racial.
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Existe racismo no Brasil?
« Resposta #36 Online: 20 de Setembro de 2006, 16:26:44 »
será que esse tipo de coisa não está mais ou menos igualado em proporção, ainda que seja numericamente superior, a casos de discriminação simplesmente estética, independentemente de raça?

Dizem freqüentemente e acho que há até estudos mais sérios a respeito sobre que pessoas mais bonitas vêem "as portas se abrir" para elas, mais facilmente que pessoas mais comuns ou meio feias (não que negros e negras sejam feios!!! por favor, nem me venham com essa). No RV alguém (apeasar que acho que tem uns 16 anos...) colocou que achava que deveria ser permitido colocar "medidas" explicitamente como critério de avaliação para secretárias, porque na prática pode ocorrer veladamente (o que segundo ele, faria de uma proibição de algo nesse sentido algo hipócrita)... mas acho que acontece isso mesmo.

O que quero dizer é...... não que esteja tudo bem em ser assim, mas se esse tipo de racismo não seria na verdade uma subcategoria de "estetiquismo", apenas mais representada por razões históricas. Sendo, faz sentido fazer um caso especial apenas para discriminação estética de fundo racial?

Lembrando que, ser negro ou de alguma raça não é um critério necessariamente "binário" (ou seja, privilegiando ou desfavorecendo invariavelmente de acordo com a raça, a despeito de quaisquer outros fatores estéticos de candidatos concorrentes de outras raças. Pode ser que o fator racial de qualquer forma em alguns casos "conte mais pontos" do que fatores estéticos que se aplicassem à qualquer raça), mas o estetiquismo se aplica também dentro, ou seja, pessoas negras, índias ou asiáticas mais bonitas terão maiores chances que outras pessoas de suas respectivas raças, menos bonitas. Havendo mais negros do que pessoas de outras raças na pobreza ou abaixo ([vitrola quebrada]por razões históricas[/vitrola quebrada][/size]), há conseqüentemente mais pessoas que não seriam consideradas bonitas dentro dessa parte da população, dentro da população contingente de pessoas na pobreza ou abaixo. Assim é apenas numericamente maior a discriminação contra negros, apenas por haverem mais negros.

Não que isso seja a explicação absoluta e invariável da coisa, há os redutos neonazistas/verdadeiramente racistas, mas eu acho (e quero crer) que esses não são a maioria.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Existe racismo no Brasil?
« Resposta #37 Online: 22 de Setembro de 2006, 14:36:31 »
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0609200613.htm

ELIO GASPARI
Professores negros sumiram da fotografia

A política de ação negativa existe. Ela branqueou o magistério do Rio de Janeiro nos anos 20

O PROFESSOR AMERICANO Jerry Dávila, da Universidade da Carolina do Norte, escreveu um livro que permite uma visita às políticas de ações negativas que afastaram os negros do andar de cima do sistema educacional brasileiro. É "Diploma de Brancura: Raça e Política Social no Brasil, 1917-1945" ("Diploma of Whiteness", publicado em 2003, infelizmente inédito em português). No início do século 20, havia um número razoável de professores negros na rede de ensino municipal do Rio de Janeiro. Dez anos depois, sumiram.
Argumenta-se contra as ações afirmativas com base no critério de mérito: o negro tem acesso a tudo, desde que tenha capacidade. Dávila captou um momento curioso na história da meritocracia pedagógica nacional. Um capítulo do seu livro chama-se "O que aconteceu aos professores de cor?" Ele achou a pergunta num arquivo excêntrico, o acervo de 15 mil imagens de Augusto Malta, fotógrafo oficial da prefeitura da cidade. Contratado por Pereira Passos, Malta trabalhou de 1900 a 1936. Registrava obras, cerimônias e paisagens. Dávila separou cerca de 400 fotografias de escolas, salas de aula e grupos de professores. Resulta que, antes de 1920, cerca de 15% dos professores fotografados eram "de cor", no dialeto da época, afrodescendentes no de hoje. Muitos deles estavam em escolas vocacionais. Era negro o diretor da escola municipal que formava professores. Depois de 1939, a percentagem cai para 2%. Há registros esparsos e superficiais da ocorrência desse mesmo fenômeno em Campinas e Pelotas, onde algumas professoras viraram costureiras. (É possível que o arquivo de Malta guarde outra surpresa: podem ter sumido também os jornalistas negros.)
Os mestres negros dos anos 20 foram substituídos por professoras brancas. Dez anos depois, surgiu o Instituto de Educação, a gloriosa escola normal do Rio. Era uma instituição modelo, onde as alunas passavam por um duro exame de qualificação intelectual e médico. Havia até cursinhos preparatórios para normalistas. Exigia-se um custoso enxoval, com luvas brancas. Uma filha de ferroviário só conseguiu comprar os uniformes porque sua família cotizou-se. Dávila esclarece: não há indício de normas destinadas a excluir deliberadamente os negros, havia apenas o sonho de fabricar uma "fina flor" de educadores.
Continuando sua pesquisa nos acervos fotográficos, Dávila foi ao álbum de formatura das normalistas de 1942. De 171 professoras diplomadas, só 12 (7%) eram afrodescendentes. Conseguira-se o branqueamento dos diplomas. Foi um processo elitista, racional e bibliograficamente sofisticado. Fernando de Azevedo, secretário de educação do Distrito Federal de 1926 a 1930, acreditava que "sem a criação de elites capazes de guiá-las, a educação das massas populares resultará num movimento na direção da pior demagogia".
"As massas", sempre, são os outros. É a velha demofobia. Se não fizerem o que eu digo, a choldra descerá dos morros e destruirá nosso paraíso tropical. Os negros dirão que são negros. Professoras brancas com luvas brancas prometiam um quadro melhor que o das fotografias dos professores enfatiotados de Augusto Malta. As normalistas trabalharam duro, mas o estado atual do sistema escolar nacional indica muitas coisas, uma delas é o fracasso da política de ações negativas. Tirar o negro da fotografia não resolve o problema.

rizk

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Re: Existe racismo no Brasil?
« Resposta #38 Online: 22 de Setembro de 2006, 22:17:32 »
será que esse tipo de coisa não está mais ou menos igualado em proporção, ainda que seja numericamente superior, a casos de discriminação simplesmente estética, independentemente de raça?

Dizem freqüentemente e acho que há até estudos mais sérios a respeito sobre que pessoas mais bonitas vêem "as portas se abrir" para elas, mais facilmente que pessoas mais comuns ou meio feias (não que negros e negras sejam feios!!! por favor, nem me venham com essa). No RV alguém (apeasar que acho que tem uns 16 anos...) colocou que achava que deveria ser permitido colocar "medidas" explicitamente como critério de avaliação para secretárias, porque na prática pode ocorrer veladamente (o que segundo ele, faria de uma proibição de algo nesse sentido algo hipócrita)... mas acho que acontece isso mesmo.

O que quero dizer é...... não que esteja tudo bem em ser assim, mas se esse tipo de racismo não seria na verdade uma subcategoria de "estetiquismo", apenas mais representada por razões históricas. Sendo, faz sentido fazer um caso especial apenas para discriminação estética de fundo racial?

Lembrando que, ser negro ou de alguma raça não é um critério necessariamente "binário" (ou seja, privilegiando ou desfavorecendo invariavelmente de acordo com a raça, a despeito de quaisquer outros fatores estéticos de candidatos concorrentes de outras raças. Pode ser que o fator racial de qualquer forma em alguns casos "conte mais pontos" do que fatores estéticos que se aplicassem à qualquer raça), mas o estetiquismo se aplica também dentro, ou seja, pessoas negras, índias ou asiáticas mais bonitas terão maiores chances que outras pessoas de suas respectivas raças, menos bonitas. Havendo mais negros do que pessoas de outras raças na pobreza ou abaixo ([vitrola quebrada]por razões históricas[/vitrola quebrada][/size]), há conseqüentemente mais pessoas que não seriam consideradas bonitas dentro dessa parte da população, dentro da população contingente de pessoas na pobreza ou abaixo. Assim é apenas numericamente maior a discriminação contra negros, apenas por haverem mais negros.

Não que isso seja a explicação absoluta e invariável da coisa, há os redutos neonazistas/verdadeiramente racistas, mas eu acho (e quero crer) que esses não são a maioria.
Olha, a gente não tem estatísticas. Mas vc vai ver quando negro reclama na justiça, não se fala de feiúra. O mais perto que chega em motivos estéticos é chamar de fedido. Parece-me que sempre consta algo de "voltar pro seu lugar", vagabundo e ladrão, o que indicaria uma posição "casa-grande" do xingador, mas nunca contei nem nada.

Parece-me que beleza interfere positivamente, mas feiúra não interfere negativamente.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Existe racismo no Brasil?
« Resposta #39 Online: 22 de Setembro de 2006, 23:38:16 »
Bem, antes de mais nada, como disse, acho que não é a explicação geral-universal-absoluta... estava só tentando imaginar uma explicação extra-histórica e não exatamente racista para a discriminação em especial no que se refere ao emprego e etc (um pouco relacionado... acho que o Daniel Reynaldo disse alguma vez algo no sentido do requisito de emprego "boa aparência" significar veladamente ser branco).

Fora isso, quando várias pessoas disputam uma dada vaga, e pessoa que acabou sendo oconsiderada qualificada foi uma gostosona apesar dos currículos de outros candidatos serem melhores, as outras pessoas não teriam algo como uma recusa oficial dizendo que não foram escolhidos para a vaga por serem feios(as) ou insuficientemente gostosos(as)... e tampouco acho que negros tenham recusadas vagas de emprego com ofensas desse tipo na maior parte do tempo.

Fora isso, meio que advogando pelo diabo um pouco, mas não exatamente, acho que até esse tipo de xingamento não seja necessariamente racismo, ainda que sejam tecnicamente racistas as palavras... o que quero dizer, é que talvez em muitos casos se não fosse um negro na situação em que ele foi ofendido, não ficaria tudo numa boa apenas pela pessoa ser da mesma raça; apenas o xingamento (mais provavelmente) não seria de cunho racial e teria menor repercussão, se tivesse alguma sequer. Poderia ser gordão, elefante, magrelo, cabeçudo, dentuço, pobretão, favelado, burguês, playboy, patty, branquelo, ou na falta de alguma inspiração estética ou social, FDP.  As pessoas simplesmente tem a intenção de ofender a pessoa, e tentam explorar algum "ponto fraco".

Não que seja sempre isso, como aquele caso do "natal racista", onde muito mais provavelmente não era a menos que tivesse alguma longa história que não soubéssemos, o que acho improvável pelo pouco que lembro... mas pode-se eventualmente presenciar negros xingando (pra valer) negros de termos que normalmente seriam vistos como racismo se aquele que ofende não fosse negro... eu não sei se isso seria "auto-racismo", acho que cai mais no primeiro caso que eu disse, de tentar atingir a pessoa tanto quanto puder através de uma ofensa. (por outro lado pode ser que seja e também que isso não seja uma parte significativa dos casos)

 

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