A divisão do trabalho fez com que nos tornássemos profundamente dependentes dos nossos vizinhos. Por isso, deve existir uma pressão evolutiva para o desenvolvimento do altruismo
É preciso levar em consideração o seguinte: não é pela coerção (estatal, partidária, ideológica, religiosa, biológica?, etc.) que se deve obrigar o indivíduo ao altruísmo (levando em consideração que altruísmo é apenas um conceito que pode variar muito, dependendo da perspectiva).
Não é pela apenas imposição de uma organização socialista (fadada sempre ao fracasso econômico, visto que o Estado não pode gerir os preços e a economia por si só*, levando à miséria generalizada; veja as críticas ao comunismo da Austrian School of Economics) que o altruísmo virará um “sentimento” universal. Será imposto, mas não necessariamente funcional, já que o cidadão é coagido, através das leis, a participar da idéia institucionalizada de divisão do dinheiro, concordando ou discordando dela, e tendo seu dinheiro - antes, talvez uma fonte de investimento - seqüestrado pela mão ociosa do Estado.
Numa sociedade em que cada indivíduo decide o que fazer com o próprio dinheiro, o altruísmo fica a cargo de sua própria consciência. Ou seja, ele pode, por exemplo, sustentar/criar uma instituição privada de ajuda a um grupo qualquer (sejam os pobres, sejam os pandas, sejam os ursos polares).
Sem contar, obviamente, que a diminuição do controle Estatal e da taxação propicia o crescimento econômico, absorvendo os excluídos. Só não absorve quando há intervenção estatal (do tipo controle de preços, controle de salários, dentre outros). Visto que a burocracia estatal e sua ineficiência na gestão dos próprios gastos acaba destruindo sua própria estrutura (que só continua a existir por causa dos impostos; todos nós pagamos pela sua ineficiência, sem poder cobrar dele muita coisa, pois ele mesmo cria as leis tributárias que o beneficiam, e tem o monopólio do uso da força), as instituições de caridade privadas são mais profícuas em seus empreendimentos filantrópicos do que os programas sociais do governo (só pelo fato da gestão ser privada, dependente da boa-vontade dos patronos e não do cidadão-explorado-pelos-impostos, já podemos entender isso; mas há outros fatores, também, como a concorrência entre instituições pela obtenção de dinheiro, a contratação de pessoas especializadas nesse tipo de assunto filantrópico, etc.).
Alguém vai argumentar que a Social-Democracia taxa muito o cidadão e possui uma economia includente e produtiva. Admitamos que isso é verdade (contrapontos:
http://www.mises.org/story/1274 http://www.brusselsjournal.com/node/510). Entretanto, para atingir tal estágio (Suécia, por exemplo) foi necessária uma cultura cooperativista, uma economia liberal, um governo muito eficiente para que ela crescesse e se desenvolvesse; se ela taxasse migalhas, tornaria a todos uma massa de miseráveis (como ocorre no Brasil), destruindo seu crescimento econômico. Sem contar que, no momento, a taxa de desemprego em 1990 foi alta, e , atualmente, boa parte da população fica de licença do trabalho por motivos arbitrariamente alegados só para ter direito à licença remunerada (preciso dizer que isso destrói a competitividade? E a produtividade? Sem produtividade, sem crescimento, sem novos empregos). É preciso uma economia extremamente forte, desenvolvida e em crescimento para sustentar o modelo social-democrata e o peso dos impostos. Enfim, não é só a distribuição que traz "justiça social", mas crescimento econômico. Trata-se de utopia querer que os problemas de todos sumam do dia pra noite, em uma mítica revolução ou em uma mítica intervenção gloriosa da supostamente virtuosa nomenklatura.
*Sobre a gerência de preços e a inevitável implosão dos Estados Socialistas ou empobrecimento generalizado, vejam
http://www.mises.org/books/socialism/part2_ch6.aspx#_sec2ou
http://en.wikipedia.org/wiki/Economic_calculation_problemSe não quiserem ler, apenas reflitam sobre o que aconteceu com a URSS (não levando em consideração idéias meio esquisitas, como a que afirma coisas como "teoria do valor-trabalho": ou seja, se eu passar a vida cavando um buraco enorme, ele será muito valioso.

O Keynes mesmo tinha aquela frase, de que era preciso que o Estado contratasse pessoas para cavar buracos de dia e outras que os tapassem de noite, para não haver desemprego, para haver consumo, etc. O intervencionismo é uma desgraça, mas deixemos isso para um outro tópico ^^).