Autor Tópico: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo  (Lida 3148 vezes)

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Skorpios

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Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Online: 01 de Novembro de 2006, 16:01:55 »
Este artigo faz parte de uma série bem interessante . Quem estiver interessado em ver a visão do Brasil de fora para dentro pode ler os outros nesse endereço :

http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,2219044,00.html

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Pesquisa da Fundação Konrad Adenauer mostra contradição entre populismo e desenvolvimento democrático na região. Brasil melhora da 12ª para 8ª posição. Tendência populista de Lula é freada pela mídia, diz perito.

O Chile, Costa Rica e Uruguai são as democracias latino-americanas mais desenvolvidas. A Nicarágua, Venezuela, Bolívia e Equador ocupam os últimos lugares. O Brasil melhorou da 12ª para a 8ª posição, mas ainda mostra deficiências na educação e no combate à pobreza.

É o que aponta o Índice de Desenvolvimento Democrático na América Latina (IDD-Lat), que acaba de ser publicado pela Fundação Konrad Adenauer (ligada ao partido alemão União Democrata Cristã) e o portal Polilat.com. O estudo, realizado pela quarta vez, analisou o comportamento político dos governos e da opinião pública em 18 países do continente.

Os critérios usados no levantamento feito até o final de 2005 foram a existência de condições básicas para a democracia, o respeito aos direitos políticos e civis, qualidade das instituições e eficiência política, e governabilidade. Neste último quesito foi considerada a competência para implementar uma política de bem-estar social e de melhora do desempenho econômico.

Divisão das sociedades

Um aspecto especialmente analisado foi a contradição entre populismo e desenvolvimento democrático. "A existência de políticos que se apresentam como salvadores às sofridas sociedades latino-americanas fecha um lamentável círculo vicioso", constatam os peritos.

Segundo o estudo, enquanto os governos de alguns países estão dispostos a usar o superávit da balança comercial para ampliar e fortalecer suas redes de clientelismo político, "a realidade regional é caracterizada por uma falta de organização do poder, desgaste das instituições, decepção política, esfacelamento social e o aumento do fosso entre ricos e pobres".

"A globalização, a derrocada das ideologias, as  reformas econômicas iniciadas, a insatisfação social, a apatia, a fraqueza crônica das instituições e as conseqüências das novas tecnologias combinadas com um comportamento pouco democrático das elites formam um cenário que facilita o retorno do populismo. E este populismo afiado e tecnocrático atinge uma intensidade com a qual consegue dividir as sociedades e destruir as instituições e qualidades civis", escrevem os autores do IDD-Lat.

Eles ressaltam, porém, que nem todos os países latino-americanos seguem esta tendência, especialmente os que lideram o ranking de desenvolvimento democrático. A retomada do desenvolvimento econômico teve até um leve efeito positivo sobre a média do IDD da região.

Segundo o IDD-Lat, somente o Chile, Uruguai, Costa Rica – apesar de suas turbulências políticas – destacam-se por estruturas democráticas sólidas, distantes do populismo. Já a Nicarágua, Venezuela, Bolívia e Equador estariam se afastando das metas do desenvolvimento democrático.

Brasil melhora

Em relação ao índice publicado em 2005, o Brasil conseguiu melhorar em 17% sua pontuação no IDD-Lat 2006, passando da 12ª para a 8ª posição no ranking. Esta melhora é atribuída às boas condições básicas para a democracia e à melhora na garantia dos direitos políticos e liberdades civis. Neste ponto, o país obteve a melhor pontuação desde 2002.

O Brasil piorou no fator "segurança", caiu levemente na questão do gênero e, em termos de governabilidade, marcou passo. A qualidade das instituições e a eficiência política brasileira melhoraram levemente, revela.

Favela Novo Mundo, em São PauloBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  Favela Novo Mundo, em São PauloSegundo o estudo, apesar dos resultados positivos na redução da mortalidade infantil e do desemprego, o fraco desempenho nas áreas da educação e no combate à pobreza pesaram negativamente sobre a avaliação da dimensão social.

O Brasil melhorou sua competência na aplicação da política econômica, o que, segundo o IDD-Lat, é perceptível na redução da dívida, melhora da distribuição da renda e maior liberdade econômica, "embora o nível de investimentos tenha caído levemente".

Discurso populista de Lula é freado

Em recente palestra em Berlim, o diretor do Centro de Estudos da Fundação Konrad Adenauer, Wilhelm Hofmeister, disse que o Brasil "não está ameaçado, mas é atingido", sobretudo por efeitos externos do populismo que retornou à América Latina.

"No Brasil em si, o populismo não tem chance de obter grande apoio. A diversidade do país, a consolidação da democracia (apesar de todos os problemas ainda existentes) e principalmente a desconfiança de muitos brasileiros em relação à política e aos políticos, alimentada por muitas decepções, fomentam uma saudável desconfiança em relação a promessas messiânicas. Acrescente-se a isso a vigilância da mídia brasileira, que desempenha um importante papel de observadora crítica e, em parte, mostra uma incrível capacidade analítica e criminalística para descobrir promessas falsas e tentativas de sedução", disse.

Segundo Hofmeister, Lula tenta conquistar votos na atual campanha eleitoral com apresentações "populistas". "Mas toda vez em que ele exagerou no discurso populista, no auge da crise dos útimos 12 meses, foi repreendido pela mídia. Além disso, o poder do presidente é restringido pelo Congresso Nacional, o que é um bom instrumento para conter tentações populistas. Em termos de política econômica, o governo brasileiro está livre da suspeita de populismo", concluiu.
 


Eriol

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #1 Online: 01 de Novembro de 2006, 16:21:16 »
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Fundação Konrad Adenauer (ligada ao partido alemão União Democrata Cristã)
:ok:

Populismo Boliviano = Grandes conquistas populares que o Brasil e o Chile conseguiram a mais de 50 e 30 anos respectivamente.

Populismo Bolivariano = Povo se opõe à golpe e consegue, pacificamente, trazer o presidente eleito, em eleições limpas ao poder. Esse mesmo presidente será re-eleito esse ano, em eleições limpas. A prensa desse país é tão perseguida que em horário nobre chama ao presidente eleito democraticamente de louco e retardado, sem nenhuma consequencia.

Populismo Brasileiro = Governo impedindo que os pobres morram de fome.

quem se meta com a ordem natural das coisas é populista.

tsc tsc... esses populistas...  ::)

Offline DDV

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #2 Online: 02 de Novembro de 2006, 00:51:30 »
Eu acho que às vezes há um uso excessivamente permissivo da palavra "populismo" (parecido com o uso da palavra "comunismo" antes e à época da ditadura). Qualquer politicazinha social besta e "inofensiva" é chamada de populismo. Se continuar assim, dentro de alguns anos o termo perderá o caráter pejorativo e passará a soar bem e, consequentemente, a ser desejado.

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Felius

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #3 Online: 02 de Novembro de 2006, 00:53:57 »
Entao vai ser o contrario do neo-liberal.
"The patient refused an autopsy."

Offline DDV

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #4 Online: 02 de Novembro de 2006, 01:51:42 »
Entao vai ser o contrario do neo-liberal.

Justamente.
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline Rodion

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #5 Online: 02 de Novembro de 2006, 14:40:24 »
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Populismo Boliviano = Grandes conquistas populares que o Brasil e o Chile conseguiram a mais de 50 e 30 anos respectivamente.

e descaso tremendo pelas instituições.
vá lá rapaz, se quer ser de esquerda, assuma a bandeira de uma esquerda sensata. se bobbio estivesse vivo, condenaria esse tipo de coisa.
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Eriol

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #6 Online: 02 de Novembro de 2006, 16:32:25 »
descaso

como o teve Allende com o Cobre e Cárdenas com o Petróleo

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Offline Quereu

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #7 Online: 02 de Novembro de 2006, 17:33:27 »
O estudo está errado.

Não é somente a democracia que o populismo destrói. Ele destrói tudo. Ele vence a civilização. Onde existia comunidade hoje há taba. É o império dos índios.

A Irlanda é uma porca gorda que come toda a sua cria - James Joyce em O Retrato do Artista Quando Jovem

Offline Rodion

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #8 Online: 02 de Novembro de 2006, 20:01:14 »
descaso

como o teve Allende com o Cobre e Cárdenas com o Petróleo

Heróis.

como teve o allende com as instituições, também. se eu falasse de "estado de direito" pra ele suspeito que ele riria.
quebrou todo tipo de garantia constitucional e depois ainda saiu posando de herói... (e veja só, reconhecer o traste que allende era não implica em justificar as atrocidades de pinochet).
já quanto ao cárdenas, não estudei o caudilho a fundo.
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Offline CoqueiroVermelho

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #9 Online: 03 de Novembro de 2006, 21:15:17 »
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como teve o allende com as instituições, também. se eu falasse de "estado de direito" pra ele suspeito que ele riria.

Allende chegou ao poder respeitando as instituições, e seu governo tinha um grande respeito pela ordem democrática, já Pinochet... ::)
...

Offline Rodion

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #10 Online: 03 de Novembro de 2006, 23:45:41 »
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como teve o allende com as instituições, também. se eu falasse de "estado de direito" pra ele suspeito que ele riria.

Allende chegou ao poder respeitando as instituições, e seu governo tinha um grande respeito pela ordem democrática, já Pinochet... ::)


é bom dar pitaco sem entender do assunto, né?
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Offline Kao

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #11 Online: 04 de Novembro de 2006, 09:28:53 »
Uma das coisas mais ridículas da esquerda latino-americana é essa obsessão com minerias, vivemos em um mundo cada vez mais tecnológico onde as grandes riquezas das nações são o conhecimento e a tecnologia, em que países pobres em recursos mineirais como a Coréia do Sul, Cingapura e Irlanda estão enriquecendo e acabaram com a pobreza em seus países sem ter grandes riquezas minerais, enquanto por aqui se discute se petróleo, minério de ferro ou cobre devem ser estatizados ou não.

Lamentável.

 




descaso

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Offline Kao

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #12 Online: 04 de Novembro de 2006, 09:34:47 »
De todos os países exportadores de petróleo apenas a Noruega e Canadá são países desenvolvidos, todos os outros são países pobres e atrasados.

E mesmo esses dois países já eram desenvolvidos antes, seriam mesmo se não tivesse petróleo, já que eles possuem uma economia diversificada.

O que mostra que o problema da pobreza boliviana e da América Latina não está no fato de que os estrangeiros "roubam" as riquezas naturais da Bolívia mas em outros fatores como a falta de liberdade econômica, falta de investimentos em educação, falta de segurança jurídica.

Offline Dbohr

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #13 Online: 04 de Novembro de 2006, 11:10:21 »
[mode=Cristóvam Buarque]

A Coréia do Sul deu um salto fantástico em 50 anos porque investiu tudo o que tinha em educação, em todos os níveis - mas especialmente no equivalente ao nosso Ensino Fundamental.

Não adianta ter tecnologia de ponta em extração de petróleo em grandes profundidades, não adianta termos programas de distribuição de renda e nem mesmo de cotas universitárias se não conseguimos erradicar o analfabetismo de fato ou o funcional no país.

Educação não é a Panacéia Universal, mas ajuda muito. Se ficarmos eternamente dependentes de programas assistenciais e cotas, poderemos até ter um aumento de Mestres e Doutores, mas estaremos sempre atrás na corrida de Pesquisa e Desenvolvimento, que é a área em que os países desenvolvidos se destacam.

[/mode]

E como um investimento em Educação desse porte leva uma geração ou duas para dar frutos, não vejo muitas chances de acontecer no Brasil com os políticos de visão estreita que temos.

Offline Luis Dantas

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #14 Online: 04 de Novembro de 2006, 11:19:34 »
Quem me dera fossem só os políticos quem tem visão estreita no Brasil... o problema mesmo é a falta de consciência e responsabilidade social do eleitorado.
Wiki experimental | http://luisdantas.zip.net
The stanza uttered by a teacher is reborn in the scholar who repeats the word

Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Dbohr

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #15 Online: 04 de Novembro de 2006, 11:27:54 »
Somos todos políticos, de uma certa forma. Mas sofismas à parte, você tem razão. A gente vota pensando no Bolsa Família que ganhamos, no emprego público que conseguimos ano passado, nas cotas universitárias, etc.

E francamente, como poderia ser diferente? Se dez, doze anos atrás o público desses programas assistenciais não tinha quase nada, esse pouquinho, essa esmola pública que recebem é muito significativa. Visto desse ângulo, esses eleitores estão mais do que certos. E é por isso que eu não sou totalmente contra esses programas.

O problema reside no fato de que a gente sabe (ou desconfia, vá lá) que esses programas assistenciais vão ficar do jeito que estão, qualitativamente falando. Não haverá um estratégia de progresso de forma que daqui 20, 30 anos eles não se façam mais necessários. Eles permanecerão como estão agora, porque assim garantirão votos a quem quer que os realize.

Meu lado otimista supõe que esse mesmo estrato social que vota agora para continuar a receber assistência vai perceber que poderia estar muito melhor se essa estratégia de progresso fosse implementada, e passará a votar de acordo. Diferente do que os jornais falam por aí, o povo não é idiota.

Só que o que poderia ser feito em 2 ou 3 gerações levará então 5 ou 6. E eu realmente gostaria de ver isso acontecer antes de morrer...

Offline CoqueiroVermelho

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #16 Online: 04 de Novembro de 2006, 22:00:58 »
Citar
como teve o allende com as instituições, também. se eu falasse de "estado de direito" pra ele suspeito que ele riria.

Allende chegou ao poder respeitando as instituições, e seu governo tinha um grande respeito pela ordem democrática, já Pinochet... ::)


é bom dar pitaco sem entender do assunto, né?
Vou reformular em sua homenagem :),  Allende chegou ao poder, por meio pacifico, respeitando as instituições, PELO VOTO DO POVO! Entendeu agora? O governo procurou respeitar integralmente a ordem democrática sabe? coisa do tipo Imprensa livre e oposição cantando, coisa bonita de se ver não?
...

Offline Huxley

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #17 Online: 04 de Novembro de 2006, 22:42:42 »
Pois é, uma ameaça a democracia é a ameaça a liberdade de imprensa.Chavez já fez isso.Lula tá quase:

Ameaça de criação de uma agência reguladora de jornalismo, o apoio a existência de meios de comunicação em massa "independente" (bajulador do PT), e declaração que jornalistas da Veja foram forçadamente feitos de vítimas em depoimento na PF.
"A coisa mais importante da vida é saber o que é importante". Otto Milo

Meu blog: http://biologiaevolutiva.blogspot.com

Offline Eremita

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #18 Online: 05 de Novembro de 2006, 03:00:08 »
Eu acho que às vezes há um uso excessivamente permissivo da palavra "populismo" (parecido com o uso da palavra "comunismo" antes e à época da ditadura).
Bingo.

Historicamente, populismo é o fenômeno político, iniciado no Brasil por Vargas, que dissolveu as oligarquias rurais e promoveu a urbanização. Um dos pilares centrais do populismo é demagogia, mas nem todo demagogo é populista, aliás, o populismo latinamericano já morreu faz tempo.


(adicionado depois)

O problema reside no fato de que a gente sabe (ou desconfia, vá lá) que esses programas assistenciais vão ficar do jeito que estão, qualitativamente falando. Não haverá um estratégia de progresso de forma que daqui 20, 30 anos eles não se façam mais necessários. Eles permanecerão como estão agora, porque assim garantirão votos a quem quer que os realize.
Bem-vindo ao PT, que prometeu mudar grandes coisas mas virou um bando de tucanos vermelhos.
« Última modificação: 05 de Novembro de 2006, 03:05:37 por Eremita »
Latebra optima insania est.

Offline Steven

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #19 Online: 13 de Novembro de 2006, 16:58:29 »
Olha qm vm falar do "populismo"...latinoamericano...a instituição Konrad Adenauer(nome do 1° chanceler da RFA)...essa instituição q mal conhece Am.Latina e fica sendo papagaio de Washington.

Offline Quereu

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #20 Online: 19 de Novembro de 2006, 12:40:13 »
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O peruano Alvaro Vargas Llosa, do Instituto Independente em Washington, aponta três razões para a crescente falta de importância da América Latina. A primeira explicação é externa: os grandes temas que preocupam o mundo, como o papel determinante reservado à China neste novo século e a luta contra o fundamentalismo islâmico, não envolvem diretamente a América Latina. As outras duas razões estão ligadas a fatores internos. O primeiro é o desempenho econômico modesto. Nas últimas três décadas, a economia latino-americana cresceu 2,8% ao ano, contra 3,3% da média mundial e 7,7% da Ásia. O segundo fator doméstico é a incapacidade da elite pensante de definir um rumo para seus países. "Ainda perdemos tempo debatendo questões básicas, como o tipo de relação que queremos ter com o mundo desenvolvido, o que fazer com nossas instituições políticas e que modelo de desenvolvimento devemos adotar", disse Vargas Llosa a VEJA. Esse debate já foi encerrado nos países emergentes da Ásia. Eles optaram pela democracia, pela economia de mercado, por aumentar a produtividade e a competividade de sua indústria e, sobretudo, pela integração à economia global.

Link: http://veja.abril.com.br/221106/p_074.html


« Última modificação: 19 de Novembro de 2006, 12:42:09 por quereu »
A Irlanda é uma porca gorda que come toda a sua cria - James Joyce em O Retrato do Artista Quando Jovem

Eriol

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Re: Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #21 Online: 19 de Novembro de 2006, 12:54:43 »
"Instituto Independente em Washington"...

co-autor do "Manual do perfeito idiota latino-americano"...

não é um liberal fanático

e a China é um exemplo de democracia...

Offline JJ

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Re:Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #22 Online: 13 de Maio de 2016, 09:51:33 »



Gloria Álvarez: Combatendo o populismo com tecnologia


Gloria Álvarez é a face de um vídeo que não tem parado de circular pela Internet nas últimas semanas. Ela foi participante do Parlamento Iberoamericano de la Juventud que ocorreu em setembro em Zaragoza, Espanha, organizado pela Red Iberoamericana Líder, a qual busca unir jovens líderes comprometidos com a democracia, o respeito aos direitos humanos e a liberdade individual.


“É acolhedor e impressionante. Não esperava por isso”, disse sobre a fama que tem tido a filmagem do seu discurso numa defesa ferrenha das instituições republicanas, o qual alcançará [no vídeo original] muito em breve mais de 1 milhão de visualizações.


Ela é cientista política, locutora de rádio e diretora de projetos do Movimiento Cívico Nacional da Guatemala (MCN), ONG que promove uma participação cidadã informada, responsável e ativa na política nacional.

“Agora surge o desafio do que fazer depois do discurso – explica ela -, como manter essa unidade e fazer algo para desmantelar o populismo”, sustenta.

Poderia ser Álvarez a “Camila Vallejo” do liberalismo?

[Belén Marty/PanAm Post] Acredita que vale a pena adentrar no mundo da política para lutar pelas instituições republicanas que menciona no vídeo?

Sim, eu acredito que vale muito a pena, mas não é algo para todo mundo. Você como cidadão deve se interessar por questões de economia, políticas públicas, história universal, então primeiro deve se definir como indivíduo para saber o que gostaria de ver num governo, e só então poder dele exigir.

Creio que é muito importante nosso papel de cidadãos, ainda que nunca nos envolvemos na política. Somos os guardiões para que estes empregados públicos façam bem seu trabalho.

Qual o rol das novas tecnologias?

No caso da Guatemala tem ocorrido que a tecnologia dos smartphones e tablets estão chegando a lugares onde nem se quer há água potável. Existem aldeias onde as pessoas não tem eletricidade em sua casa, então vão até os municípios para carregar seus telefones. Está chegando a tecnologia antes de outros serviços básicos, incluindo a educação.

É importante utilizar, dentro das ferramentas tecnológicas que oferece a internet, diferentes documentários, tutoriais, cursos e livros em PDF, vídeos; qualquer ferramenta que possamos utilizar para levar a educação que estas populações necessitam.

Oportunidades, como bolsas, que permitem ter uma carreira de forma gratuita, é uma grande aposta. Sobretudo quando vemos que os governos populistas não estão interessados em nos educar: dependem de nossa ignorância para se manterem no poder.

Eu aposto na tecnologia como o substituto de um Ministério da Educação irresponsável, ou de professores que ficaram presos no século passado.

É muito interessante o conceito de gratuidade que menciona em seu discurso. Que quer dizer com aquilo?

O populista em seus discursos sempre fala de entes abstratos, a nação sente, a nação opina, a nação pensa, e realmente quando se põe a pensar, tanto o Estado como a nação, não são mais que um conjunto de indivíduos tomando decisões.

Quando alguém utiliza essa generalização de abstratos e te diz “o Estado paga“, as pessoas esquecem que o Estado não é um ente que gera dinheiro por si mesmo, mas que são um monte de indivíduos que recebem recursos de outro monte de indivíduos, que decidem como vão se administrar esses recursos.

Nada é grátis. Ou seja, temos que está conscientes de que tudo vem com o custo de algo. E no meu país, de cada 10 atividades econômicas só duas pagam impostos. Todo mundo quer exigir do Estado, e é muito fácil exigir sem contribuir.

O que diria as mulheres que estão te lendo?

Em primeiro lugar o mesmo que digo aos jovens. Ser jovem não é uma virtude em si mesmo. Ser mulher tem suas virtudes, mas para questões políticas o que importa é sua capacidade mental para liderar uma nação, o poder de resolver problemas.

Eu sou contra as famosas cotas, creio que cada um merece seu lugar, não pelo aparato reprodutor que tenha, mas por como demonstre que vá melhorar as condições de um país.

A primeira mensagem para a mulher é que não se agarre ao ser mulher para obter espaço: isso não tem validez dado não ter fundamento lógico. A segunda: por ser mulher nos associam muito com o papel das mães, e as mães dão, dão e dão, sem pedir nada em troca. Por isso muitas mulheres utilizam-se das ferramentas populistas na hora de fazer política.

Posso pensar em Eva Perón, Cristina Kirchner, Michelle Bachelet, Angela Merkel e em Michelle Obama. As poucas mulheres que se metem na política caem nesse discurso populista de dar e dar, e são muito bem acolhidas pela população, porque lembram da figura de suas mães.



Por que acredita que não existe uma forte defesa das ideias liberais entre os parlamentares?

O desafio que o liberalismo clássico te impõe é que cada um é livre para buscar o modelo de vida que queira, mas isso exige responsabilidade sobre as consequências dos seus atos.

Então, isso é como que eu te diga que nos vamos a uma festa nos embebedarmos, mas ninguém quer ter a responsabilidade de ir para a cadeia se dirigir um automóvel e atropelar alguém. Todo mundo quer farrear, mas nem todo mundo quer carregar a responsabilidade e a consequência que isso lhe traz.

O liberalismo clássico exige responsabilidade, é a face de uma mesma moeda. E nossos políticos também tem feito um maravilhoso trabalho em dizer as pessoas que elas não são responsáveis por suas vidas, mas que são tão somente vítimas.

Na Guatemala vejo mulheres que engravidam com o propósito de cobrar mais auxílio do Estado. Caem em atitudes completamente irresponsáveis, mas porque, por um lado, o político está aplaudindo. O político te diz, “você não deve se preocupar, isto não é sua culpa”.

Quais são os próximos objetivos do Movimiento Cívico Nacional?

Nosso objetivo é posicionar a República como o antídoto ao populismo, a vacina do mesmo. A República é justamente o sistema que resguarda os direitos individuais e mantém a institucionalidade e o governo das leis.

Para o próximo ano, que é ano eleitoral na Guatemala, nosso desafio é seguir empreendendo as visitas que estamos fazendo as áreas rurais.

Trabalhamos, por exemplo, com comunidades indígenas que tem sido facilmente manipuladas por líderes populistas. Lhes contamos quais são seus direitos, suas obrigações e como funciona o Estado da Guatemala.

E agora, com o boom que tem tido o vídeo, buscaremos fazer uma rede de trocas de informações e conhecimento. Também poderemos fazer, por exemplo, uma coleta massiva de objetos tecnológicos em desuso que se podem doar.

O que a popularidade deste vídeo tem demonstrado é que padecemos de maus muito similares [na América Latina], assim as soluções podem ser as mesmas.

Estão te tentando a participar da política? Políticos tem te procurado por causa do vídeo?

Desde as eleições passadas, como eu trabalha numa rádio, vários partidos políticos tem me procurado buscando que eu lhes desse aval, um selo de aprovação, mas pelo trabalho que sempre tenho feito nos meios de comunicação me mantenho neutra.

Por conta do vídeo, vários partidos políticos tem sim me convidado para participar, mas a verdade é que não me interessa. Tenho visto como eles tem utilizado companheiros meus só para usar seus nomes e limpar o passado sujo de políticos anteriores. Portanto não, não me interessa.

Traduzido e revisado por Adriel Santana. | Artigo original


http://www.libertarianismo.org//artigos/gloria-alvarez-combatendo-populismo-tecnologia/



Rhyan

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Re:Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #23 Online: 13 de Maio de 2016, 11:21:50 »

Offline JJ

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Re:Populismo destrói democracia na América Latina, diz estudo
« Resposta #24 Online: 10 de Junho de 2016, 17:23:13 »

Democracia ou populismo



É grande o retrocesso político em alguns países da América Latina (AL). Num ciclo de democratização ainda não consolidado, iniciado na década de 80, surge a presença cada vez mais forte do populismo. O fenômeno, onipresente no cenário político venezuelano de Chávez e boliviano de Morales, com forte expressividade na Argentina de Kirchner, ameaça também o futuro de países como México, Peru e Brasil. O populismo não é novo, mas a atual onda tem componentes singulares.


A forte carga autoritária do velho populismo associado a setores reacionários do militarismo latino-americano, característica da atuação de Vargas e Perón, por exemplo, foi repudiada pela maioria dos intelectuais. Mas esse passado foi esquecido e o populismo retorna prestigiado. O retrocesso tem, portanto, duas caras: votos para populistas em vários países da AL e legitimidade ideológica no campo democrático – uma confusão entre democracia e populismo extremamente prejudicial aos processos democráticos em andamento no continente. O elogio ao populismo não é justificado com os mesmos argumentos antidemocráticos do passado. Ao contrário, a sua retórica democrática é que preocupa. Na AL, o populismo tem sido associado ao apoio de grandes massas da população, mas nunca foi pensado, como agora, como ferramenta para a construção das bases da democracia política. O antigo populismo foi construído como reivindicação de direitos sociais antes que políticos. Mas o elogio atual inverte isso: o fenômeno ganha novo conceito, função de sua suposta racionalidade política. Agora o populismo aparece construindo a democracia! Por meio dele, os “excluídos” entrariam no sistema politico democrático. O grande desafio da democracia é criar oportunidades para que todos os habitantes do país se tornem cidadãos. Mas será que o populismo e os processos políticos detonados por lideranças como Perón, Vargas, Chávez, Morales e Kirchner criam cidadania? A política supõe certo grau de inimizade entre os atores que disputam o mesmo espaço, sem dúvida. Os atores que constroem e consolidam a democracia, no entanto, não são aqueles que enfrentam seus adversaries sempre como inimigos, como é o caso dos populistas. Por isso, não existe populismo de centro. O fenômeno populista emerge e se fortalece nos extremos do espectro, em que a preeminência da noção de inimigo é maior.


A democracia, por outro lado, só é possível a partir da lógica contrária à do inimigo: um palco de ação comum e de relativa confiança entre os diversos atores. Nos anos 60, Roberto Campos mostrava a AL como terra fértil para o surgimento de dois protagonistas funestos para o desenvolvimento da democracia: o demagogo e o extremista, ambos pretendendo resolver todos os problemas com fórmulas sedutoras e rápidas. A ampla maioria dos atores políticos do continente reivindica hoje a ideia de democracia, é verdade, mas os que antes agiam separadamente contra a democracia agora estão juntos numa convergência “democrática” de demagogos e extremistas de esquerda, fruto do fracasso histórico da revolução socialista no mundo. A democracia promete procedimentos para, principalmente, garantir as liberdades econômicas e políticas; ela nunca foi sedutora, nem pode ser. Mas para o populista ser sedutor é fácil: ele gasta o que não produz e culpa os outros quando a festa acaba. O populismo sempre foi contrário à economia de mercado, vendendo a imagem de que as riquezas são fruto do Estado e, assim, ninguém parece ter de fazer esforço maior para melhorar de vida. Se algo vai mal, a culpa é do capitalismo e do imperialismo! A sedução dos discursos de demagogos e extremistas deriva, em grande parte, desse superficialismo. As promessas da democracia, ao contrário, são de igualdade de oportunidades para os cidadãos cuidarem de seu destino de acordo com seus méritos. O antigo populismo não prejudicava a democracia com seu fracasso. Ela surgia como sua alternativa. Hoje, porém, as experiências populistas afetam negativamente as democracias que as albergam. Quando chega ao governo, o populista que prometeu solução imediata de todos os problemas da nação terá de cometer violências contra o sistema institucional estabelecido. Esses governos terão de queimar etapas para justificar sua existência entre uma eleição e outra (não seria esta a melhor explicação para a corrupção inesperada e desmedida do governo Lula?). E que acontece com a cidadania quando se banalizam as instituições? Acontece que não se geram cidadãos, mas maiorias desprovidas de consciência a serviço das elites do momento. A utopia populista não se preocupa com o aumento da produtividade da economia nem com a criação de um Estado eficiente, neutro e previsível.


Nesse sentido, se existe algo que os populistas não sabem nem querem fazer é cuidar do Estado. Para eles o Estado é sempre um butim de guerra! Como o que conduz os movimentos populistas ao poder é a lógica da guerra, o Estado só pode ser enxergado como patrimônio do vencedor. O assistencialismo clientelista, a tributação excessiva, a multiplicação dos cargos de confiança para os militantes, a apropriação indevida de recursos e outros casuísmos e violências jurídicas destinados à perpetuação no poder são evidências de que o avanço do populismo está intimamente associado à decadência do Estado e do livre mercado. Quanto mais fracas são as instituições de um país, mais exposto ele fica à aventura populista. Quanto mais avança o populismo, mais se enfraquecem as instituições. Como quebrar esse círculo vicioso? Defendendo o princípio da liberdade com a maior firmeza possível contra as aventuras coletivistas do populismo. O populismo de ontem era coletivista de direita, hoje é coletivista de esquerda, mas o que está em jogo sempre são as liberdades políticas e econômicas dos cidadãos.

Fonte: O Estado de S. Paulo, 12/02/2006



http://www.institutomillenium.org.br/artigos/democracia-ou-populismo/



 

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