Autor Tópico: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras  (Lida 4955 vezes)

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Offline Eleitor de Mário Oliveira

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A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Online: 05 de Novembro de 2006, 17:43:44 »
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A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
INTRODUÇÃO
A pseudociência chegou à última fronteira do pensamento crítico. Depois que os mapas
astrológicos se espalharam pelas revistas femininas e o feng-shui e a radiestesia fincaram pé nas revistas de decoração; depois que a homeopatia tornou-se prática médica reconhecida e a memória da água virou citação comum nas revistas de ciência; depois que as correntes de e-mail convenceram os legisladores de um estado brasileiro que o uso de celulares deveria ser proibido nos postos de gasolina e enquanto o criacionismo se avizinha das aulas de ciência das escolas públicas de outro estado... agora a pseudociência e o pensamento mágico travestido de ciência chegaram à universidade.

O PROBLEMA
O fato não é realmente novo mas nunca antes se viu tantas atividades vindas de dentro da universidade destinadas a difundir e legitimar a pseudociência. A cada dia surgem na imprensa notícias de novos cursos de extensão, pós graduação e até mesmo graduação, pesquisas científicas, palestras e seminários promovendo as pseudociências.
A universidade privada já é terra arrasada há tempos. Com um estrito compromisso com o lucro, a universidade particular oferece ao cliente o que ele quiser. Assim pode-se encontrar cursos de pós-graduação e de extensão em praticamente qualquer pseudociência que se imagine: “Astrologia Clínica” na respeitada Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e "Astrologia Aplicada na Gestão de Pessoas" na UBC; “Terapias Naturais e Holísticas” na Universidade Castelo Branco; “Feng-Shui” na Universidade Veiga de Almeida; “I-Ching” na Faculdade Cândido Mendes; “Florais de Bach” na Faculdade Helio Afonso (FACHA) e na Estácio de Sá (UNESA); Reflexologia na UNISUL... só para citar uma minúscula fração dos
cursos oferecidos.
Mas é quando a pseudociência passa a ser difundida com o dinheiro público que a situação se agrava. A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), por exemplo, ministra regularmente cursos de extensão em Reiki – técnica oriental de cura com as mãos – Aromaterapia e Mandalas. Os cursos são oferecidos pelo CCSA, Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Já a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), certamente uma das mais conceituadas universidades do país, é a instituição pública brasileira com a maior oferta de cursos de extensão para a formação de profissionais esotéricos: “Terapia Floral”, “Fisiologia Chinesa e Práticas Energéticas”, “Astrologia, Corpo e Saúde“, “Cromoterapia” e especialmente o “Ecologia da Mente”, guarda chuva místico sob o qual se abrigam Radiestesia, I-Ching, Feng-Shui e Tarô. Para ser honesto, nenhum dos cursos citados causaria estranheza no triste cenário atual não fosse o fato de estarem catalogados na área de “Ciências da Saúde” e serem oferecidos pela Divisão de Ensino, Pesquisa e Extensão do Hospital Escola São Francisco de Assis. De fato, um dos projetos em andamento neste hospital universitário é a implantação destas técnicas no tratamento dos pacientes, buscando
a “redução de custos hospitalares e melhoria da qualidade de vida e saúde (...)
aprofundando e construindo o conhecimento das terapias naturais numa perspectiva
multidisciplinar”.
Depois de ganhar os cursos de extensão, a pseudociência chegou a graduação. Já se
espalham pelo país os cursos superiores em naturologia. A princípio a proposta parece
inatacável. Afinal, seria muito bem vindo um profissional que pudesse prescrever
tratamentos naturais reconhecidamente eficazes, separando-os de inócuos, e às vezes
perigosos, curandeirismos. Mas como todo cético escaldado sabe, o rótulo de terapias
naturais geralmente é uma fachada para as velhas esotéricas técnicas “milenares”.
Realmente, uma análise mais cuidadosa do programa desses cursos revela o que se espera: radiestesia, florais de Bach, cromoterapia e reflexoterapia são algumas das disciplinas que um bom naturólogo terá em seu currículo.
Além das terapias naturais e artes divinatórias, também a religião vem ganhando espaço na universidade, o que não seria problema nenhum desde que a ocupação não se desse no território das ciências. Uma destas iniciativas está na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, que criou em 2001 o NIETE - Núcleo Interdisciplinar de Estudos Transdisciplinares Sobre Espiritualidade, atualmente coordenado pela a professora Malvina do Amaral Dorneles. Uma das atividades recentes do NIETE foi estabelecer uma parceria com a Sociedade Brasileira de Apometria para a formação de um grupo de estudos em apometria (GEPEA) a fim de “contribuir para a promoção da saúde da população de nossa comunidade (...) inserindo-se nas discussões contemporâneas da Organização Mundial da Saúde”. Bem, para quem não conhece, a apometria é uma técnica espírita, controversa mesmo entre os adeptos desta religião, que consiste em aplicar “pulsos magnéticos concentrados e progressivos no corpo astral do paciente”. Cursos de apometria incluem técnicas de desobssessão (exorcismo) e defesa contra vampirismo e espíritos parasitas. Outro filhote do NIETE é o Grupo Psi-Alfa-Ômega, coordenado pelo professor da UFGRS, Cícero Marcos Teixeira. Um das principais linhas de pesquisa do grupo é a Transcomunicação Instrumental (TI), a arte de receber mensagens do além através de ondas de rádio ou televisão. Quem pratica, jura que pode captar mensagens dos mortos nos ruídos de velhos rádios valvulados ou ver espíritos em difusas imagens de televisão; um update do velho mito
das mensagens subliminares em discos de rock. "Queremos contribuir em termos
acadêmicos para a compreensão do ser humano, uma vez que ele não vive somente no plano físico", diz Cícero, que também é autor do livro “Internautas do Além”.
Já na UNIFESP, o biólogo Ricardo Monezzi defendeu sua dissertação de mestrado:
“Avaliação de efeitos da prática do Reiki sobre o sistema imunológico de camundongos
machos”. No estudo, um terço do grupo de ratos recebia tratamento por impostação de mãos, outro terço tinha uma luva colocada sobre as gaiolas (para simular a impostação) e o restante não recebia nenhum tipo de tratamento. Ao final do experimento, Monezzi detectou um aumento do número de linfócitos e monócitos dos ratos submetidos ao tratamento. O trabalho já seria controverso o bastante sem a afirmação non sense com que foi divulgado por Monezzi na imprensa: “O corpo humano é um emissor de energias que ainda não foram qualificadas, mas exames como o eletrocardiograma e eletroencefalograma mostram que existem”. O estudo de Monezzi, mesmo sem ter sido replicado por nenhum outro pesquisador, é utilizado pelo GenteComSaude, Grupo de Meditação e Técnicas Complementares em Saúde, da UNIFESP, na promoção do curso de extensão do Centro de Aperfeiçoamento em Saúde: “Gerenciamento das doenças através do REIKI/impostação das mãos”, do qual, aliás, Monezzi é professor.
O caso UnB Neste quadro, a Universidade de Brasília certamente representa o caso mais grave. Esta prestigiada instituição, sediada na capital do País, criou em 1989 o Núcleo de Estudos de Fenômenos Paranormais (NEFP), ligado ao CEAM - Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares. O que parecia uma interessante iniciativa acabou se revelando um verdadeiro cavalo de tróia, com o qual astrólogos, radiestesistas, ufólogos, médiuns, entortadores de colheres e outros tantos vêm invadindo a academia, utilizando-a para difundir suas crenças pessoais.
O coordenador do NEFP é o engenheiro civil e astrólogo, Paulo Celso dos Reis Gomes.
Paulo Celso é autor do trabalho “Verificação dos efeitos das posições dos astros na eclíptica com respeito à formação do homem e seu cotidiano”. Na pesquisa, os astrólogos (os próprios autores) confeccionaram o mapa astral de 100 voluntários conhecendo apenas as datas e locais de nascimento de cada um. Depois de receber seu perfil astrológico, os voluntários preencheram um questionário onde pontuaram, numa escala de 1 a 5, o grau de acerto ou relevância de cada uma das características levantadas. Somente 40 dos 100 questionários foram analisados; destes, os  esquisadores verificaram o impressionante índice de 95% de acertos.
É evidente que a única coisa que o estudo de Paulo Celso mediu foi a capacidade que as pessoas têm de se identificar com perfis vagos, especialmente os positivos e lisonjeiros, sobre si mesmas – o velho conhecido Efeito Forer. Esta falha grosseira de metodologia, contudo, não ficou no caminho do NEFP, que assim mesmo divulgou o trabalho nos maiores meios de comunicação do país. O astrólogo Francisco Seabra, também membro do NEFP, chegou a declarar à revista ISTOÉ, segunda maior revista de notícias do país: “A universidade faz uma revolução ao reconhecer que a astrologia é uma ciência”. A bisonha afirmação só revela o desconhecimento de Seabra sobre o que é ciência.
Um dos objetivos confessos do NEFP é trabalhar para a “sistematização da Astrologia e sua inclusão no rol das ciências oficiais”. Neste esforço já se encontra em sua quarta edição o Curso de Astrologia para Pesquisadores, promovido pela UnB e coordenado por Hiroshi Masuda, outro membro do NEFP. O curso tem uma missão bem definida: “formar astrólogos pesquisadores que venham a comprovar, de forma racional, os fundamentos da astrologia”.
Firme em sua missão, recentemente o NEFP conseguiu aprovar a realização do “1o Encontro Nacional de Astrologia”, ocorrido em agosto deste ano. O tema central do encontro foi a capciosa pergunta “Até que ponto a astrologia deve ser entendida como ciência?”. Francisco Seabra declarou a imprensa meses antes: “Vamos debater pesquisas que têm contribuído para aproximar o conceito astrológico do conceito científico”. Como se vê, à rigor não teria sido um debate muito amplo...
O vice coordenador do NEFP é físico PhD Álvaro Luis Tronconi. Pródigo em alegações que desafiam o bom senso, Tronconi já entregou à imprensa pérolas como: “Queremos saber por que a força do pensamento desorganiza a configuração dos átomos dos metais e se ela pode ser identificada e calculada como se faz com a energia elétrica, que não conhecemos por inteiro, mas todos acreditam que existe e a usam”, e “Se podemos melhorar nossa oratória, também podemos dominar a bioenergia e usá-la para nos teletransportar ou curar doenças”.
O objeto de estudo de Tronconi é o famoso paranormal brasileiro Luiz Carlos Amorim que, assim como o paranormal ícone dos anos 70, Uri Geller, exercita seus poderes em talheres e ganha a vida como oráculo de políticos, atores e qualquer um que possa pagar seus gordos cachês. Na verdade Tronconi e os demais pesquisadores do NEFP parecem considerar as habilidades paranormais de Amorim suficientemente  demonstradas, já que o convidaram em 2003 a apresentar seus poderes durante uma palestra na UnB. Segundo a assessoria de imprensa da UnB, a demonstração foi um fiasco. A platéia, constituída em sua maioria pelos estudantes da universidade, compareceu decidida a desmascarar o paranormal e conseguiram fazê-lo perder a compostura (e aparentemente os poderes) em mais de uma ocasião - um interessante caso em que os alunos demonstraram mais senso crítico que seus professores. Como seria de se esperar, também este pequeno obstáculo de credibilidade não ficou no caminho do NEFP, que manteve agendado o curso “Despertando o Eu Paranormal”
que Amorim ministraria na universidade. (O valor de aproximadamente 100 dólares que o interessado deveria desembolsar pelo curso pode ser visto como um grande investimento, já que aumentar a sorte em bingos e loterias é uma das artes que Amorim ensina em seus cursos.)
A relação de Luiz Carlos Amorim com o NEFP vem de longa data. O ex-coordenador do
Núcleo, o psicólogo Joston Miguel Silva, estudou durante oito anos 13 pessoas que diziam possuir alguma habilidade paranormal, entre eles Amorim e Thomas Green Morton, outro paranormal brasileiro badalado entre os famosos. Dos 13, o pesquisador da UnB confirmou as habilidades de cinco. Outros cinco tiveram seus poderes parcialmente comprovados e sobre os três restantes não houve nenhuma conclusão. A técnica de Joston para validar os paranormais? a kirliangrafia, em que se usa uma Máquina Kirlian para fotografar a aura do sujeito.
O interesse do vice-coordenador do NEFP, pelo estudo da paranormalidade nasceu de uma marcante experiência pessoal. Tronconi atribui a cura de uma hérnia-de-disco ao poder mental da enfermeira que o tratou utilizando passes de mão. Arrebatado pela experiência, Tronconi hoje é coordenador e professor do curso de extensão “Ensaios Parapsíquicos”, promovido pela UnB. O programa do curso é um pout pouri esotérico envolvendo viagem astral, regressão a vidas passadas, kirliangrafia, chacras, interpretação de sonhos, retrocognição e outros assuntos que nos fazem imaginar como são as aulas de física que Tronconi leciona na universidade.

Onde está o limite?
Criticar qualquer tipo de pesquisa na universidade é caminhar em uma linha muito tênue. Uma escorregadela e se atravessa para o lado do preconceito e do patrulhamento da liberdade acadêmica. Por isso é importante responder muito claramente: por quê a presença da pseudociência na universidade é tão nociva?
Como ponto de partida é preciso deixar claro que nenhum tema jamais deve ser considerado tabu na universidade. Muito pelo contrário. As pesquisas acadêmicas sobre as pseudociências são o necessário ferramental para o cético que promove a razão e o pensamento crítico. Afinal não se deve esperar que as alegações da astrologia e outras artes divinatórias, de diversas terapias alternativas e de inúmeros fenômenos paranormais sejam descartadas somente por desafiar o senso comum. Pesquisar é preciso.
O que torna o quadro atual preocupante é que o que se está fazendo em grande parte dentro da universidade não é somente pseudociência, é ciência ruim; ciência ruim em nome da legitimização da pseudociência. Os astrólogos, ufólogos, terapeutas alternativos e religiosos que vêm utilizando o nome da universidade em suas pesquisas não estão em busca da verdade, mas apenas da validação, custe o que custar, de suas crenças pessoais. Estes pesquisadores invertem o caminho que devem trilhar as novas idéias e levam suas controversas pesquisas aos meios de comunicação leigos antes de fazê-las chegar aos periódicos científicos, onde poderiam ser avaliados por seus pares. Na verdade, bem poucos destes trabalhos chegam a ver a luz de um revista peer-review. Trabalhos com resultados extraordinários, que se verdadeiros fossem obrigariam a ciência a rever seus conceitos mais básicos e introduzir novas entidades, forças e “energias”, são divulgados entusiasticamente sem a devida análise crítica dos resultados e sem que as potenciais fontes de erros sejam apontadas. Citações bibliográficas são seletivas e simplesmente ignoram toda a massa de
dados, geralmente abundante nestes casos, que se opõem à visão dos autores. Acima de tudo não há replicação dos trabalhos; um único resultado favorável é considerado suficiente para confirmar as hipóteses do ansioso autor – muito pouco para quem está dirigindo na contra-mão do conhecimento estabelecido. O que estes pesquisadores estão fazendo é o que Richard Feynman chamava de “ciência de culto a carga”: algo que usa a linguagem científica, que segue os preceitos básicos do método científico e que até mesmo parece ciência – pelo menos tanto quanto um boneco parece um homem – mas no qual falta um elemento fundamental: integridade científica.
Mas a universidade também contribui para a legitimização do pensamento mágico quando serve de fórum para debate com a pseudociência. Tome-se como exemplo a recente palestra sobre “criacionismo científico” (uma contradição a partir do título) ocorrida na Universidade Federal do Estado de São Paulo (UNIFESP) sob (tímidos) protestos da comunidade científica.
Sabe-se que para o criacionismo não interessa o resultado do debate, mas apenas ser
debatido; o simples fato de ocupar o palanque em uma grande universidade e ser ouvido pela elite intelectual do país já empresta ao movimento criacionista a imagem de cientificismo que ele tanto busca para se colocar como alternativa ao ensino da evolução.
Novamente não se trata de impor nenhum tipo de censura ou de “inquisição sem fogueiras” - como rapidamente protestam os que se consideram censurados ou perseguidos. Mas permitir que tudo seja dito em nome da ciência e esperar que as evidências falem por si mesmas, decididamente não funciona em um país onde grassa a ignorância científica e onde a mídia, vilã e vítima, noticia apenas a parte sensacional da notícia. Além disso, mesmo o mais ferrenho defensor da liberdade irrestrita de expressão concordará com o cético mais radical que há uma linha em algum lugar entre, por exemplo, a quiromancia e a apuncultura. Onde está a linha descobre-se checando-se as evidências e não emprestando o púlpito à primeira cigana interessada. E evidentemente ninguém está mais apto a investigar evidências do que a universidade.
Por fim é preciso lembrar que a crença em certas pseudociências traz um ônus para a
sociedade. Este ônus pode não ser óbvio enquanto a astrologia fica restrita aos inocentes horóscopos das páginas dos jornais e o feng-shui às revistas de decoração. Mas e quando mapas astrológicos estiverem sendo usados em entrevistas de emprego ou nas salas dos tribunais? Alguém gostaria de perder um emprego ou uma causa judicial por causa da hora em que foi retirado da barriga de sua mãe? E quando pêndulos estiverem auxiliando os diagnósticos médicos e a imposição de mãos for prática comum nos hospitais públicos, no lugar dos tratamentos convencionais? E quando tudo isso estiver acontecendo porque a universidade deu a astrólogos e radiestesistas a mesma credibilidade profissional de engenheiros e médicos? Quanto tempo ainda temos até que cirurgias espirituais, devidamente abalizadas pelas pesquisas “científicas” da academia, sejam cobertas pelos planos de saúde? É bom lembrar que no Brasil, a homeopatia já chegou lá.

A CAUSA
O Brasil tem um quadro desanimador no que diz respeito ao combate à pseudociência. O movimento cético no país é um fenômeno relativamente recente, 100% amador e que não surgiu dentro da universidade e sim na internet em torno de grupos de discussão e uns poucos sites. Sendo um grupo formado em sua maioria por jovens ainda sem credenciais científicas, o Movimento Cético Brasileiro, se podemos chamá-lo assim, sofre por falta de credibilidade, o que até agora tem lhe permitido atingir apenas de raspão a mídia. Já a comunidade científica nacional está muito mais ocupada em concorrer pelos minguados recursos oficiais e lutar contra as dificuldades diárias de infra-estrutura, sucateamento de laboratórios, cargas horárias excessivas e toda a sorte de problemas, do que em combater voluntariamente a penetração da pseudociência em seu quintal.
Mas não faltam apenas as pessoas para combater o pensamento mágico, faltam os meios de divulgação. Dizer que as revistas de ciência no Brasil são tolerantes com as pseudociências é dizer pouco. Dizer muito seria chamar de “revistas de ciência”, revistas que já produziram suplementos especiais sobre astrologia e feng-shui. Sobre este tema Allan Novaes em seu artigo “Ciência em crise, jornalismo em queda?” mostra que de 2000 a 2004, 75% das capas da revista Superinteressante, maior revista de seu gênero no Brasil, foram sobre ciências sociais ou humanas e 42% foram de temas religiosos, místicos ou pseudocientíficos. Aqui, a crise do jornalismo científico se confunde a tal ponto com a questão da infiltração da pseudociência nas universidades que fica difícil distinguir causa e efeito.
Há outros motivos por que pseudociências e misticismos encontraram um terreno fértil nas universidades. O Brasil é um país que respira religiosidade, e onde existe uma mistura, talvez única no mundo, de religiões, cultos e seitas. Projetos de pesquisa e extensão como os que a UnB, UFRJ e UFRGS vêm realizando são populares porque mostram uma aproximação entre ciência e espiritualidade que muitos acreditam ser saudável. A idéia de que a ciência deveria dar as mãos à religião em uma espécie de “retorno às origens”, e que deste casamento forçado entre o materialismo e o espiritualismo nasceria o melhor dos dois mundos é muito promovida pelas ciências humanas e bastante apreciada pelo público leigo.
Condenar esta promiscuidade científico-místico-religisosa, modernamente camuflada por palavras como “interdisciplinaridade” e “multidisciplinaridade”, tem soado cada vez mais politicamente incorreto, e os cientistas não raro o evitam. Some-se a este quadro a natureza do povo brasileiro, hábil em conciliar o inconciliável – por exemplo, no sincretismo religioso que mescla os cultos africanos com o cristianismo – e sua aversão a qualquer tipo de confrontamento que possa ser levemente confundido com intolerância religiosa.
O que nos leva a maior de todas as causas para disseminação da pseudociência nas
universidades: o Relativismo. O Relativismo é a idéia de que todos os saberes são apenas questão de opinião, fruto do seu contexto histórico e social. O relativista acredita que todos os pontos de vista são igualmente válidos e vê a ciência apenas como mais uma maneira de representar o mundo, em pé de igualdade com a não-ciência. A verdade científica, nesta onda relativista, é vista apenas como um produto social, uma questão democrática, de consenso da maioria. Desta maneira as teorias mais exóticas tornam-se irrepreensíveis e passam a ser escudadas por bordões como: “Você tem a sua opinião, eu tenho a minha” ou “tudo é relativo”. Novamente torna-se uma imperdoável intolerância criticar qualquer saber, por mais primitivo e desligado da realidade que seja. Francamente impulsionado pelas ciências humanas e sociais, esse relativismo paralisante não reconhece como final nenhum conhecimento científico (o que rigorosamente falando não é mesmo), mas tampouco descarta nenhuma alegação extraordinária; tudo pode ser, como pode não ser. Se a ciência
ainda não comprovou a eficácia daquela “técnica milenar”, o problema é da ciência; dê-lhe mais alguns milênios e ela chegará lá.

CONCLUSÃO (temporária)
Não se propõe com este trabalho nenhum tipo de censura à produção universitária, mesmo em se tratando de fenômenos supostamente paranormais, místicos ou esotéricos; pelo contrário este trabalho propõe o acirramento da discussão sobre estes fenômenos, mas definindo o escopo e o valor da Ciência, que parece ter se esmaecido em algum lugar do passado.
Acima de tudo este trabalho propõe o estabelecimento de políticas vindas de dentro dos comitês universitários, que restringam o impacto de pesquisas levianas, sejam elas naquilo que hoje se considera pseudociência ou não. Este trabalho propõe que núcleos de pesquisa de borda, como o NEFP e o NIETE, sejam julgados periodicamente por sua produção científica, publicada em revistas indexadas e que isso determine seu subsidiamento pela universidade pública; isto sempre foi sinônimo de pesquisa de qualidade em qualquer área e a pesquisa em fenômenos paranormais não deve ser exceção. E finalmente este trabalho sugere que cursos de extensão e pós graduação em terapias médicas alternativas promovidas pelas ciências da saúde, sejam julgados e aprovados por comitês multidisciplinares (similares aos comitês de ética normalmente requeridos para aprovar estudos que trabalham com populações) que possam atestar a cientifidade e segurança das técnicas ensinadas. No mínimo isso servirá para mover estas terapias alternativas para fora do escopo da ciência.

Offline Zizou

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #1 Online: 06 de Novembro de 2006, 13:02:26 »
Dante, entrei no fórum a pouco tempo e não conhecia o Movimento Cético Brasileiro...gostaria de saber se ele existe mesmo e como podemos atuar nessa "luta" contra as pseudociências. Estudo em uma universidade pública e tentarei divulgar esse texto entre os discentes e docentes, mas acredito que grande parte das pessoas não irão ler pelo tamanho. :(

Eu lembro que quando entrei na universidade, esperava que a maior parte das pessoas entendessem ou mesmo compartilhavam da posição cética que eu estava começando a desenvolver, ainda mais em um curso de ciências (faço biologia), mas pelo contrário, a maior parte das pessoas com quem convivo, utilizam e defendem essas pseudociências, os céticos são tachados de chatos e fechados a "multidisciplinariedade", como o texto cita, de forma correta. O grande problema realmente é ver nossos professores, ou mesmo univesidades dando crédito a essas práticas, sem que elas sejam testadas e verificadas de forma científica. É uma situação difícil...
" Meu objetivo é ensinar minhas aspirações a se conformarem com os fatos, em vez de tentar fazer com que os fatos se harmonizem com elas." Thomas Henry Huxley
"Vai lá, vai lá, vai lá, vai lá de coração...vamo São Paulo, vamo São Paulo, vamo se campeão!!!"

Offline Rodion

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #2 Online: 06 de Novembro de 2006, 18:10:21 »
outro dia mesmo ouvi sobre uma tese de doutorado na usp sobre glândula pineal...
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Fred

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #3 Online: 06 de Novembro de 2006, 20:59:43 »
É lamentável ver instituições como a PUC ou a UFRJ equipararem pseudociências a ciência verdadeira. E ainda por cima com dinheiro público ou de fundações sem fins lucrativos. Isto apenas ajuda a validar o argumento de místicos e charlatães, que podem assim citar centros universitários como reforço para suas teorias mirabolantes. Dá vontade de chorar ao ler algo assim.
“Não tenho medo das perguntas difíceis: tenho pavor das respostas fáceis.” A. Malcot

APODman

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #4 Online: 06 de Novembro de 2006, 21:11:52 »
Triste, verdadeiramente triste, o retorno a idade média tem apoio das Universidades !

Cometeram um engago no texto a UNISUL oferece muitos outros cursos além de Reflexologia, vc pode mesmo se formar um "Naturologo" nesta Universidade, um profissional das seguintes práticas:

Radiestesia, Irisdiagnose, Trofoterapia, Fundamentos de Medicina Energética III, Mineralogia Aplicada, Geoterapia, Cromoterapia e Florais !

- ../forum/topic=6774.0.html

O mais incrível é a OMS que possui projetos de incentivo mundiais a integração das terapias alternativas ao sistema de saúde oficial dos paises.

Veja aqui:
http://www.who.int/medicines/areas/traditional/en/index.html

Vá em Publications  General e leia os arquivos das diretrizes e programas


Entretanto o que se nota é que a OMS não apoia a eficácia da Homeopatia quanto a seus mecanismos de funcionamento, ou mesmo quanto a eficácia da terapia em sí como algo acima do placebo, mas sim que tais terapias alternativas são um "apoio" tendo em vista que trazem conforto emocional ao paciente.

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Offline Kill Bill

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #5 Online: 21 de Novembro de 2006, 19:01:32 »
a UNB está com um curso de astrologia e galera da antropolgia pegou firme!

Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #6 Online: 21 de Novembro de 2006, 21:59:26 »
a UNB está com um curso de astrologia e galera da antropolgia pegou firme!

O pessoal da humanas nunca foi ligado em fazer ciência de verdade.

Offline Kill Bill

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #7 Online: 21 de Novembro de 2006, 22:44:29 »
valeu, deve ser pq /  Humanities have the stars in its future ... /

muito obrigada!


Offline Kill Bill

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #9 Online: 22 de Novembro de 2006, 01:14:21 »
olá, muita gente das sociais está fazendo o tal curso de astrologia da UnB / vc é de lá?

Offline Agnostic

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #10 Online: 22 de Novembro de 2006, 03:08:45 »
a UNB está com um curso de astrologia e galera da antropolgia pegou firme!

O pessoal da humanas nunca foi ligado em fazer ciência de verdade.

É uma generalização um tanto estereótipa, não?

Aqui vejo muita gente das biológicas partindo principalmente para acupuntura e homeopatia. E meus professores das disciplinas exatas (curso Economia numa universidade pública) são beeeem menos céticos dos que os das humanas em relação a pseudociências e temas místicos em geral. Nenhuma área está isenta, infelizmente.
Who cares?

Offline Kill Bill

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #11 Online: 22 de Novembro de 2006, 06:29:46 »
Maybe, sorry ... " Não se gaste com argumentações vãs..."


Offline Buckaroo Banzai

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #13 Online: 22 de Novembro de 2006, 09:33:23 »
a UNB está com um curso de astrologia e galera da antropolgia pegou firme!

O pessoal da humanas nunca foi ligado em fazer ciência de verdade.

É uma generalização um tanto estereótipa, não?

Aqui vejo muita gente das biológicas partindo principalmente para acupuntura e homeopatia. E meus professores das disciplinas exatas (curso Economia numa universidade pública) são beeeem menos céticos dos que os das humanas em relação a pseudociências e temas místicos em geral. Nenhuma área está isenta, infelizmente.

boa parte daquele pessoal do "quem somos nós" e os que ficaram impressionados com ele, não são de humanas.

Offline Kill Bill

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #14 Online: 22 de Novembro de 2006, 10:28:47 »
será que?

Offline Kill Bill

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #15 Online: 22 de Novembro de 2006, 10:29:13 »
aliás, que que vc achou daquele filme?

Offline Res Cogitans

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #16 Online: 22 de Novembro de 2006, 10:37:38 »
a UNB está com um curso de astrologia e galera da antropolgia pegou firme!

O pessoal da humanas nunca foi ligado em fazer ciência de verdade.

É uma generalização um tanto estereótipa, não?

Aqui vejo muita gente das biológicas partindo principalmente para acupuntura e homeopatia. E meus professores das disciplinas exatas (curso Economia numa universidade pública) são beeeem menos céticos dos que os das humanas em relação a pseudociências e temas místicos em geral. Nenhuma área está isenta, infelizmente.

boa parte daquele pessoal do "quem somos nós" e os que ficaram impressionados com ele, não são de humanas.

Até agora: uma de exatas (computação), duas de letras, uma de psicologia e uma de pedagogia.
"Conhecer a verdade não é o mesmo que amá-la, e amar a verdade não equivale a deleitar-se com ela" Confúcio

Offline Dbohr

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #17 Online: 22 de Novembro de 2006, 11:41:55 »
aliás, que que vc achou daquele filme?

Muito ruim.

E só para não perder a prática: a produtora daquele filme é uma picareta. Seu nome é J.Z. Knight e ela afirma canalizar o espírito de um guerreiro Atlante de 50 mil anos chamado Ramtha. Procure no site do James Randi (www.randi.org) por maiores informações.

Pensei em fazer como o Pedroac e mandar links cada vez que alguém pergunta sobre o filme, mas acho que a propaganda a favor dele é tão grande que não custa eu fazer propaganda contra repetidas vezes :-)

Ahh, e nada pessoal, killbill :ok: Eu apenas gosto de falar mal desse filme a cada oportunidade!


Offline Buckaroo Banzai

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #18 Online: 22 de Novembro de 2006, 12:59:44 »
boa parte daquele pessoal do "quem somos nós" e os que ficaram impressionados com ele, não são de humanas.

Até agora: uma de exatas (computação), duas de letras, uma de psicologia e uma de pedagogia.

das pessoas que conhece ou do que?


do artigo da WP, os participantes do filme:

Physicists
William A. Tiller, Ph.D.
Amit Goswami, Ph.D.
John Hagelin, Ph.D.
Fred Alan Wolf, Ph.D.
David Albert, Ph.D.

[edit]
Neurologists, anesthesiologists and physicians
Dr. Masaru Emoto (certified by the Open International University for Alternative Medicine in Calcutta, India as a Doctor of Alternative Medicine — a one year program)
Stuart Hameroff M.D.
Dr. Jeffrey Satinover
Andrew B. Newberg, M.D.
Dr. Daniel Monti
Dr. Joseph Dispenza

[edit]
Molecular biology
Dr. Candace Pert

[edit]
Spiritual teachers, mystics and scholars
JZ Knight speaking as Ramtha
Dr. Miceal Ledwith


Com a ressalva de que: "David Albert, a professor and the director of the Philosophical Foundations of Physics program at Columbia University states that the film completely misrepresented his views."

Offline Res Cogitans

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #19 Online: 23 de Novembro de 2006, 00:26:05 »
boa parte daquele pessoal do "quem somos nós" e os que ficaram impressionados com ele, não são de humanas.

Até agora: uma de exatas (computação), duas de letras, uma de psicologia e uma de pedagogia.

das pessoas que conhece ou do que?

Que eu conheço que tem mestrado e/ ou doutorado e viram o filme com bons olhos.
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Eriol

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #20 Online: 23 de Novembro de 2006, 11:53:49 »
ora, o povo de antropologia estudar astrologia faz sentido, desde que seja história da astrologia; teve grande influência nas decisões passadas.

CuritibaCetica

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #21 Online: 08 de Fevereiro de 2007, 20:13:29 »
Pelo visto o fenômeno não é exclusivo das universidades brasileiras:
http://www.explorejournal.com/current

Offline Alexandre

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #22 Online: 09 de Fevereiro de 2007, 00:13:48 »
    Eu não tinha lido este tópico ainda, realmente é algo escandaloso. Nunca poderia imaginar que as faculdades mais sérias e respeitadas deste país dariam aval ás pseudociências e afins... Lembro-me de que uma vez, há alguns anos atrás, minha mãe me levou a um ortopedista que trabalhava com um tipo de medicina á base de ervas (naquela época eu não conhecia os "fundamentos" dessa "medicina alternativa") para tratar uma rinite alérgica que obstruia minha respiração, me fazendo ficar com o nariz entupido durante a maior parte do dia.
O doutor então, começou a fazer alguns movimentos com as mãos, apontando os dedos indicadores na minha direção, como se estivesse tentando encontrar o meu "chacra", eu imagino, para fazer um diagnóstico ou algo assim. Eu fiquei chocado na hora, e posteriormente decepcionado; primeiro com minha mãe, por acreditar naquela bobagem, e depois com o próprio médico, que ao me receber no consultório, e ter uma conversa breve comigo sobre o meu problema, parecia sereno demais para oferecer esse tipo de tratamento. Resovi não dizer nada, mas fiquei com aquilo na cabeça. Ele ainda me receitou alguns medicamentos naturais, á base de essências florais e minerais, ou coisa do tipo.
    Acho que ateísmo e ceticismo andam de mãos dadas, e eu não sei se isso soa óbvio ou não. No meu caso, eu passei a desenvolver meu senso crítico em relação ao mundo a partir do momento em que comecei a questionar a existência de um deus. Logo que se chega a conclusão de que não existe uma divindade, todas as crenças sobrenaturais caem por terra: Espíritos, fantasmas, videntes, ovnis, vida pós-morte, telecinese e telepatia são coisas que um dia eu já acreditei (por mais vexatório que isso possa parecer), ou ao menos cogitei serem possíveis.
    Há 3 ou 4 anos atrás, talvez eu fosse indiferente, ou considerasse á posição cética proposta pelo artigo acima quanto ás pseudociências, radical demais ou preconceituosa. Hoje eu partilho do mesmo sentimento de indignação que muitos colegas céticos desse fórum. Acho que o ateísmo está me fazendo muito bem.
   
"Como te atreves a perturbar o sagrado repouso do nada, para criares este mundo de angústia e de dôres?" --- Arthur Schopenhauer

"Não posso convencer-me de que um Deus benéfico e onipotente tenha criado as Ichneumonidae, com a intenção expressa de que estas buscassem o seu alimento no corpo vivo das lagartas." --- Charles Darwin

“Devemos questionar a lógica que afirma um Deus onipotente e onisciente, que criou um homem falível e o culpa por seus defeitos.” --- Gene Roddenberry

Atheist

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #23 Online: 09 de Fevereiro de 2007, 00:17:07 »
outro dia mesmo ouvi sobre uma tese de doutorado na usp sobre glândula pineal…

Bom, a glândula pineal (ou hipófise) existe, não há nada de mais haver teses sobre ela.

Atheist

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Re: A Pseudociência nas Universidades Brasileiras
« Resposta #24 Online: 09 de Fevereiro de 2007, 00:19:16 »
Pelo visto o fenômeno não é exclusivo das universidades brasileiras:
http://www.explorejournal.com/current

Pior é que esta não é a única:
http://www.scientificexploration.org/jse.php

 

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