Acabei de ter uma aula sobre alergia (matéria imunologia). O professor emérito da importantíssima universidade da UnB reservou 1 (uma) hora dessa aula para falar sobre metenergia (o que vai além da energia) e suas influências na realidade. Ele curiosamente é cético em relação à homeopatia.
Ele apresentou diversos artigo científicos, em sua maioria do digníssimo "Journal of complementary and alternative medicine", demonstrando a ação dessa energia que é influênciável pela intenção. Veja o nível das coisas em que esse professor acredita: o Ki pode influênciar nas emissões radioativas à distâncias continentares (ele disse em outras palavras: poderia ser um erro do aparelho, mas mesmo isso não provaria que ele estava errado!!!!), combate dependência química, faz uma força sútil enquanto aproxima-se as mãos (tem que estar concentrado, claro!), melhora o bem-estar de pessoas com câncer, deixa cristais de água felizes à distância, e muito mais coisas que não me recordo no momento. Ele usou um artigo legítimo sobre apucuntura em uma revista descente para "comprovar" sua crença. Por fim ele orienta um aluno de doutorado em uma tese importantíssima: "efeitos da biometernergia de praticantes de meditação prânica..." (não consegui anotar o resto do nome).
Mas o ponto que eu quero chegar é: imaginem o impacto que isso pode ter na vida das pessoas (o espírito do ex-dono da Apple que o diga), a legião de médicos que saem da universidade acreditando nesse tipo de bobagem. Não só o impacto na ciência, que deixa de investigar fenômenos reais devido à esses pré-conceitos (a *arrogância* de achar que sabe que não há explicação para um fenômeno), mas também na vida das pessoas, que podem ser tratadas de forma ineficiente por médicos, ou até serem compelidas ao uso de tratamentos não convencionais.
Em uma observação secundária, me parece que a influência da autoridade e da quantidade de pessoas que acreditam em pseudociências são imprecindíveis para a consolidação desse tipo de crença. Em humanas vemos isso fácil por pessoas que leem mil e um livros verborrágicos e acham que isso o torna mais "sábio" que um outro acadêmico qualquer (sempre é: segundo fulano, segundo ciclano, nunca: segundo a evidências tais). Em exatas e biológicas os artigos, como ninguém publica ou faz pesquisas que sabem que o resultado seria negativo, há uma ilusão da existência de evidências somente à favor de um fenômeno.